Nesta sexta-feira, 2 de março, celebra-se em todo o mundo a jornada de meditação que une cristãos de diversas tradições.
[Maria TP Pederiva, Vatican Insider/IHU, 1 mar 2012] Em antecipação ao tradicional Dia da Mulher, celebra-se neste ano, no dia 2 de março, o “Dia Mundial de Oração das Mulheres”, uma iniciativa que tem suas origens no século XIX, quando grupos de mulheres de fé protestante dos Estados Unidos e do Canadá haviam iniciado atividades comuns em prol de muitas mulheres em dificuldade, tanto em sua pátria quanto no exterior. Logo, seguiu-se a ideia de um dia unitário dedicado à oração “das” e “pelas” mulheres, depois fixado para a primeira sexta-feira do mês de março.
Embora em diferentes partes do mundo a ideia já havia sido acolhida até por grupos no âmbito católico, foi apenas em 1969, depois da abertura ecumênica doConcÃlio, que a União Mundial das Organizações Femininas Católicas encorajou abertamente as mulheres católicas de todo o mundo a participar.
No dia 2 de março, pelo menos três milhões de mulheres de todo o mundo estarão envolvidas em uma oração coral, desta vez inspirada pelos habitantes da Malásia sobre o tema Let justice prevail (Que a justiça prevaleça). Quase 180 paÃses contarão com grupos de mulheres pondo-se em ação para uma sensibilização que não conhece barreiras de idade nem de condição social.
É único o objetivo plasticamente representado no logotipo de 2012, idealizado pela malasiana Hanna Cheriyan Varghese, esposa, mãe e avó, além de professora de artes plásticas e artista de grande valor, falecida há três anos: um grupo de mulheres que ajuda uma outra a se levantar e pôr-se de volta em pé.
Porque é exatamente esse o propósito da jornada de oração: contribuir para que as muitas situações – muitas vezes dramáticas e ainda mais escondidas ou esquecidas – de injustiça, marginalização e degradação à s quais são forçadas as mulheres de muitos paÃses do mundo possam finalmente ter fim ou pelo menos tomar o caminho de uma resolução.
“É uma liturgia mundial que só pode provocar o desejo de participar”, escreve o dominicano Alberto Simoni, no sÃtio Koinonia, citando amplas passagens da celebração proposta e das motivações.
As mulheres malasianas escrevem: “No dia 2 de março, buscaremos trabalhar com Deus e entre nós para criar um mundo em que sejam honrados o sexo, a raça, a cultura, a religião e o Estado”.
Se as neurociências nos revelam que o cuidado pelos semelhantes é uma caracterÃstica da outra metade do céu, as mulheres do movimento nos dão um exemplo de como pode se alargar o coração que bate para ajudar o próximo, quem quer que seja. Não se reza apenas pelas mulheres, mas por todos, pelo mundo inteiro. Surge claramente a mensagem de que é preciso coragem, empatia, compaixão para que a justiça possa despontar no mundo de hoje.
“Senhor, viemos diante de vós para pedir misericórdia e para vos pedir que cuide dos nossos sofrimentos. Ao nosso redor, vemos injustiça e maldade. Vimos surgir a violência para sedar as diferenças, tanto no âmbito polÃtico quanto religioso. As vozes em favor da verdade e da justiça foram silenciadas; a corrupção e a ganância ameaçam o caminho da verdade. Confessamos a falta de consciência e de interesse por essas injustiças. Perdoai-nos porque muitas vezes somos relutantes a denunciar situações difÃceis da sociedade, sabendo que essa atitude traz indiferença à s vÃtimas de leis injustas, à queles que estão sujeitos aos opressores, à queles que são privados de direitos e de dignidade, à queles que são destruÃdos no corpo, na mente e no espÃrito”: essa é a confissão das mulheres que se faz oração de invocação a um Deus que é acima de tudo justiça.
Não falta nem uma invocação pelos governantes de todas as nações: “Dai-lhes sabedoria para reconhecer o que é certo. Dai-lhes compaixão e força de vontade para fazer a tua vontade. Dai-lhes amor pela verdade e pela justiça. Dai-lhes o temor de Deus e fazei com que trabalhem pela justiça de todo o povo”.
Mas as mulheres – especialmente aquelas que vivem em paÃses em desenvolvimento, muitas vezes carregadas de trabalhos extenuantes a nós desconhecidos – certamente não estão sem fazer nada, e declaram todos o seu compromisso para alcançar o objetivo. Agradecidas ao Senhor que as criou, querem se tornar instrumentos de paz e reafirmar com coragem que irão contribuir, de todos os modos, para melhorar as condições da sociedade em que vivem, começando pelas suas famÃlias, pelos locais de trabalho e também pelas comunidades cristãs de origem, que deverão vê-las na primeira linha, ativas para denunciar a injustiça e promover a paz, a tolerância e a dignidade. Quase como um cÃrculo destinado a se expandir e do qual é quase impossÃvel ficar de fora, sem excluir ninguém.
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