[Estado SP, 13 jun 11] A detenta F.N., de 25 anos, ficou três anos e meio no regime fechado por tráfico de drogas. Foram 912 “longos e duros dias” sem receber nenhuma visita. “Fiquei sem ver minha mãe e minha filha, que hoje tem 7 anos. O pai dela é Minas Gerais e nunca apareceu”, diz ela, que é de Aparecida, no Vale do ParaÃba, e pediu para não ser identificada. A história dela não é exceção. O abandono é como uma pena automática para as mulheres que vão para atrás das grades. Das 5.198 mulheres entrevistadas por Mutirão da Defensoria Pública de São Paulo, 36% declararam nunca terem recebido uma visita.
Outras 18% recebem apenas raramente – menos de uma vez por mês. A situação é ainda pior entre as casadas ou com união estável: cerca de 80% nunca receberam alguém. Como ressalta o 1º Subdefensor Público Geral, Davi Eduardo Depiné, as mulheres sofrem com o abandono dos parceiros e da familiares, que em geral não aceitam o fato delas terem sido presas. “A maioria dos homens recebe visitas semanalmente.” Apenas 14% das mulheres têm esse privilégio, mostrou o levantamento.
F.N. foi presa em 2007 quando tentava levar um pacote de droga para uma cidade no norte do Estado de Rio de Janeiro. Conheceu um rapaz em um bate-papo na internet. Ele ofereceu-lhe R$ 1 mil para “o corre”. “Uma amiga tinha feito e deu certo. Achei que daria para mim”, lamenta. Desde julho está no regime semiaberto e trabalha há 4 meses como costureira na Dasprê, grife de roupas e acessórios criada pela Fundação de Amparo ao Preso (Funap).
Todos os dias, por volta de 17 horas, F.N. sai da sede da Funap, na região central da cidade, e corre de volta para dormir na Penitenciária Feminina do Butantã, zona oeste de São Paulo. Pela pena que recebeu, afirma que já teria o direito de ir para o regime aberto. “Era para eu estar indo para casa agora. Dá um desespero ter de voltar para a cela”, disse ela, enquanto seguia para o ponto de ônibus na Rua da Consolação.
Um dos objetivos da Defensoria de São Paulo é, ao fim do mutirão, apresentar ao governo do Estado uma série de reivindicações de polÃticas públicas. Entre elas, está um pedido de facilitação de visitas para as mulheres, projeto de acompanhamento psicológico para as egressas e mais unidades prisionais adaptadas para as condições das mulheres – principalmente as grávidas. Atualmente, só existe uma penitenciária construÃda para as mulheres no Estado. É a Tremembé 2, no interior do Estado, inaugurada em abril.
Li a matéria e gostei,em 2009 fui presa injustamente,fiquei em Franco da Rocha 7 meses, trabalhei muito meu psicológico  p viver um mundo totalmente diferente ao meu,graças a Deus sobrevivi sem traumas e hoje continuo como prof. no Estado,tentando ser o exemplo de superação.E a realidade é essa mesma,sem contar que cartas  tbem eram raros….muitas histórias, fui uma Fernanda Montenegro…