A senadora Marina Silva (PV-AC) comentou nesta quarta-feira (21) sua visita à terra indÃgena Yvy Katu, em Mato Grosso do Sul, onde foi realizada a Grande Assembléia Guarani Kaiowa. Ela explicou que, durante esse evento anual, os Ãndios praticam suas rezas e discutem os problemas da comunidade.
Segundo a senadora, os problemas enfrentados pelos indÃgenas “são de natureza muito grave” e de difÃcil solução. A senadora explicou que os Ãndios guarani-kaiowá estão distribuÃdos em comunidades, mas grande parte deles se localizam à s margens de estradas federais da região, em acampamentos, esperando o reconhecimento do direito de posse de suas terras tradicionais. Na reserva que fica perto de Dourados (MS), informou a senadora, 13 mil indÃgenas habitam apenas 3.500 hectares.
– Essas pessoas vivem em uma espécie de confinamento na reserva de Dourados, o que promove uma série de mazelas, entre elas, assassinatos, disputas constantes entre os próprios Ãndios e suicÃdios – disse a senadora, acrescentando que a média de suicÃdios na população guarani-kaiowá é de 145 suicÃdios para cada cem mil habitantes, um dos Ãndices mais altos do mundo.
Segundo Marina Silva, a maioria dos suicÃdios acontece entre os Ãndios jovens pela falta da “sensação de pertencimento”. Ela disse que os 45 mil Ãndios do Mato Grosso do Sul enfrentam um verdadeiro “apartheid social”, devido à falta de garantias para que possam exercer seus direitos.
– Eles não têm um lugar no mundo dos brancos e não têm um lugar no mundo dos Ãndios – disse.
Marina Silva relatou que várias das crianças da comunidade visitada não têm acesso à saúde nem à educação e muitas estão desnutridas.
A senadora visitou a terra indÃgena na quinta-feira (15), como representante da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Ela informou ainda que enviará relato da visita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pedirá audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro, para tratar da situação dos guarani-kaiowá.
Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome ajude a encontrar soluções para diminuir o alto Ãndice de suicÃdio entre os Ãndios.