A criação de uma bactéria sintética pelo americano Craig Venter e sua equipe é considerada um divisor de águas na biologia, segundo especialistas.
“Este é um momento histórico na biologia e na biotecnologia”, afirmou o filósofo Mark Bedau, do Reed College (Portland, EUA), em entrevista à revista “Science”.
“O trabalho de Venter o coloca numa posição próxima a Deus: a criação de vida que nunca poderia ter existido naturalmente”, disse Julian Savulescu, professor de ética da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
A equipe de Venter inseriu um genoma artificial dentro de uma bactéria sem genoma e conseguiu fazer com que essa bactéria passasse a obedecer os comandos do novo genoma.
O experimento custou cerca de US$ 40 milhões, necessitou do trabalho de 20 cientistas e levou mais de 10 anos para ser concluÃdo.
Segundo Venter, a possibilidade de inserir genomas artificiais em bactérias é o inÃcio de uma nova era. Venter cita a possibilidade de bactérias sob medida produzirem biocombustÃveis, absorverem gás carbônico da atmosfera e até manufaturarem vacinas.
A equipe agora pretende usar organismos sintéticos para descobrir qual o número mÃnimo de genes necessários para sustentar vida. Isso permitiria criar novos organismos, simplesmente adicionando genes a esse genoma mÃnimo.
CrÃticos, incluindo grupos religiosos, condenaram o trabalho. Eles temem que organismos artificiais possam escapar dos laboratórios e causar danos imprevisÃveis ao meio ambiente.
Venter já era figura polêmica nos anos 1990 quando entrou com pedidos de patente para 300 genes sequenciados.
Fonte: Folha Online, 20 maio 2010