Relatório lançado nesta segunda-feira (31) pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) afirma que 250 Ãndios foram assassinados em Mato Grosso do Sul nos últimos oito anos.
[Rodrigo Vargas, Folha SP, 31 out 11] Segundo o documento, foram registrados 27 assassinatos de Ãndios apenas nos nove primeiros meses de 2011 –71% do total verificado no paÃs no mesmo perÃodo. “Os números das violências continuam expondo uma realidade de guerra, desesperança e morte”, diz o conselho, em nota à imprensa.
Além dos assassinatos, a entidade contabilizou 190 tentativas de homicÃdio, 176 suicÃdios e 70 conflitos relacionados a disputas violentas por terra. “Atualmente, 98% da população originária do Estado vivem efetivamente em menos de 75 mil hectares, ou seja, 0,2% do território estadual”, diz a entidade.
Segundo dados da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Mato Grosso do Sul abrigava em 2010 a segunda maior população indÃgena do paÃs: 68,8 mil indivÃduos, atrás apenas do Estado do Amazonas, que abriga quase 150 mil.
O relatório analisa a expansão no número de acampamentos indÃgenas à beira de rodovias ou dentro de fazendas cuja área é reivindicada pelos Ãndios. De 22 há dois anos, passaram para 31.
“São mais de 1.200 famÃlias vivendo em condições sub-humanas à beira de rodovias ou sitiados em fazendas”, afirma o Cimi.
Entre as violências sofridas pelos Ãndios, o Cimi também cita o caso dos que trabalham no corte de cana de açúcar em Mato Grosso do Sul. Desde 2004, segundo o Cimi, um total de 2.600 “indÃgenas e não indÃgenas” foram identificados em situação análoga à escravidão em lavouras de cana.
“Tal realidade configura-se como uma das principais violações de direitos humanos do paÃs”, diz a entidade.
Na nota, o Cimi critica o tratamento dado à questão ao longo dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. “Em oito anos de governo Lula, as promessas de solucionar os problemas territoriais dos povos indÃgenas em MS não passaram de mero formalismo.”