[Amanda Cieglinski, Agência Brasil, 1 abr 12] BrasÃlia – A BÃblia continua sendo o livro mais lido pelos brasileiros – ganha dos livros didáticos e dos romances. Foi o que apontou pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto Pró-Livro sobre os hábitos de leitura da população. Ao questionar os cerca de 5 mil participantes sobre os gêneros que costumam ler, a BÃblia foi citada por 42% e manteve-se no primeiro lugar da lista, mesma posição ocupada na edição anterior da pesquisa, em 2007. Os livros didáticos foram citados por 32%, os romances por 31%, os livros religiosos por 30% e os contos por 23%. Cada entrevistado selecionou em média três gêneros.
Os tÃtulos religiosos ganharam espaço na estante dos brasileiros. Na lista dos 25 livros mais marcantes indicados pelos entrevistados, o livro Ãgape, do padre Marcelo Rossi, aparece em segundo lugar na lista. Perde apenas para a própria BÃblia e para A Cabana, do canadense William Young.
Luiz Alves de Moraes, vendedor de uma livraria em BrasÃlia, disse que os mais vendidos são os tÃtulos de filosofia, teologia e religião. “Pessoalmente, eu consumo mais livros de filosofia. O hábito de ler garante um amadurecimento da leitura. Comecei a ler aos 13 anos, por interesse pessoal, sem incentivo de ninguémâ€, conta. O colega dele, Edmar Rezende, concorda que a venda de religiosos cresceu. “Tem saÃdo muito, principalmente o do padre Marceloâ€.
A professora Vera Aguiar, da PontifÃcia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), avalia que os livros religiosos podem ser uma porta de entrada para a literatura, especialmente para uma parte da população que não tem o hábito da leitura. Para ela, o aumento das vendas desse gênero está ligada ao avanço das religiões neopentecostais. “Há uma atitude de leitura. Depois ele pode abrir seus gostos para outros tipos de literatura, os clássicos, o entretenimento. É muito significativa essa atitude leitora, a pessoa se decidir uma atividade introspectivaâ€.
Em seguida na lista das obras mais marcantes aparecem O SÃtio do Picapau Amarelo, O Pequeno PrÃncipe, Dom Casmurro e as coleções Crepúsculo e Harry Potter. O livro da escritora britânica J. K. Rowling foi o primeiro que a estudante de 16 anos Evelyn Cabral comprou. Ela disse que sempre gostou de ler e foi muito incentivada pela mãe quando criança por meio dos contos de fada.
“Eu tinha 11 anos quando comprei o primeiro livro do Harry Potter com a minha mesada. Daà em diante, não parei mais, gosto muito desse tipo de história. Na escola eles pedem para a gente ler os clássicos da literatura como Machado de Assis e Guimarães Rosa. Só que eles têm uma linguagem complicada. As histórias até são legais, mas é difÃcil ler, têm palavras que eu nem conheçoâ€.
Mesmo depois de mais de 60 anos da sua morte, Monteiro Lobato continua no imaginário da população. O escritor paulista permaneceu no topo da lista dos autores brasileiros mais admirados. “Há muitos escritores que são conhecidos, mas na verdade não são lidos. Dá até para dizer que existem duas leituras de Monteiro Lobato: a primeira é aquela que a gente faz do imaginário coletivo, todos ouviram falar de Reinações de Narizinhoâ€, acredita Vera.
Na sequência aparecem Machado de Assis, Paulo Coelho, Ariano Suassuna e outros autores de best sellersrecentes como o pastor Silas Malafaia e o padre Marcelo Rossi. Confira a lista completa.