Ãndia e Chile também fornecem o livro a preço inferior; gráfica já demitiu e ameaça mais 40
[Marcelo Rehder, O Estado de SP, 02 jul 12] Depois do livro didático, as gráficas brasileiras enfrentam agora forte concorrência das importações de bÃblias. A Palavra de Deus está sendo impressa em português em gráficas na China, na Ãndia e no Chile, entre outros paÃses, a custos considerados imbatÃveis pela indústria.
Para driblar o chamado “custo Brasil” e ainda obter alguma vantagem com o câmbio, editoras de publicações católicas e evangélicas aceleraram as encomendas no exterior. A vantagem comparativa em relação ao impresso nacional chega a superar 50%.
“É um negócio estranho”, queixa-se Jair Franco, vice-presidente da Gráfica Imprensa da Fé, uma das grandes do setor, que trabalha com livros religiosos e didáticos. “Para fazer a BÃblia aqui, temos de comprar o papel de fora, a capa especial de fora e a cola de fora, e tudo isso vem com imposto. AÃ, o editor vai lá e faz a BÃblia completa e vende aqui dentro sem pagar imposto nenhum. Como é que pode?”, questiona o executivo. De acordo com a Constituição Federal, as importações de livros, jornais, revistas e outras publicações são imunes e não pagam imposto.
O avanço das importações de bÃblias e livros didáticos não aparece nas estatÃsticas oficiais porque não existe posições aduaneiras especÃficas para as publicações. Mas os efeitos são sentidos.
Só a Imprensa da Fé chegou a imprimir 3 milhões de bÃblias por ano, há cerca de dois anos. Hoje, não passa de 1 milhão. A consequência foi que a gráfica demitiu 40 trabalhadores nos últimos seis meses e atualmente emprega 280 pessoas. Mas os cortes não devem parar por aÃ: “Vamos ter de dispensar mais 40″, admite Franco.
A situação da Imprensa da Fé não é diferente da vivida pelas demais empresas do mercado gráfico editorial. Tanto que as principais empresas do setor, com a Associação Brasileira da Indústria Gráfica, encabeçam um movimento em defesa da indústria nacional. Amanhã, eles vão se encontrar em BrasÃlia com a senadora Ana Amélia (PT/RS), autora de Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estende a imunidade de livros, jornais e periódicos para outros insumos.
A PEC 28/2012 está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania desde 14 de junho, aguardando designação de relator. Nossa bandeira é desonerar o produto brasileiro”, diz Fabio Arruda Mortara, presidente da Abigraf.