Brasil melhora em avaliação internacional, mas continua um dos piores do mundo

País superou barreira em leitura e ciências; exame internacional avalia estudantes a cada 3 anos

[Texto de Lisandra Paraguassú, O Estado de SP, 7 dez 2010]

O Brasil pode comemorar, mesmo que sem muita empolgação, os resultados do o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O País teve a terceira maior evolução nas médias de 65 nações e conseguiu superar a barreira dos 400 pontos em leitura e ciências, mas ficou abaixo desse patamar em matemática. O resultado, no entanto, ainda está longe de ser positivo. Nas três áreas, pelo menos a metade dos jovens brasileiros não consegue passar do nível mais básico de compreensão.

O Pisa avalia estudantes de 15 anos completos em todos os países membros da OCDE, mais os convidados – como Brasil, México, Argentina e Chile, entre outros. Em 2009, ano da prova mais recente, foram selecionados 400 mil jovens em todo o mundo, incluindo 20 mil brasileiros de todos os Estados. A escolha pela faixa etária permite uma comparação entre os diferentes países, mesmo que os sistemas de ensino sejam diferentes.

A matemática ainda é o ponto mais fraco dos estudantes do País. Apesar de ter subido 16 pontos, a média nacional – de 386 – ainda fica 111 pontos abaixo da média da OCDE. Em ciências, a média brasileira subiu 15 pontos e chegou a 405, enquanto em leitura, onde houve a maior evolução – 17 pontos -, alcançou 412.

Os melhores números, no entanto, ainda deixam uma boa parte dos alunos pelo caminho. Em leitura, quase metade dos brasileiros avaliados alcança apenas o nível 1. Em três anos, houve uma melhoria de apenas 6 pontos percentuais. O nível 1 significa que esses adolescentes são capazes de encontrar informações explícitas nos textos e relacioná-las com o dia-a-dia deles. E só. Não são analfabetos, mas têm somente o grau mínimo de habilidade de leitura.

Em matemática, 69% dos estudantes do País chegam apenas ao nível 1, contra 73% em 2006. Esses jovens não conseguem ir além dos problemas mais básicos e têm dificuldades de aplicar conceitos e fórmulas. Na avaliação da OCDE, eles teriam inclusive dificuldades de tirar proveito de uma educação mais avançada.

Em ciências, 54,2% dos brasileiros avaliados ficaram no nível 1 – ou seja, conseguem apenas entender o óbvio e têm enormes dificuldades de usar ou compreender essa disciplina. Em 2006, 61% estavam nesse patamar.

Na outra ponta, apenas 1,3% dos estudantes atinge os níveis 5 e 6 em leitura, 0,8 % em matemática e 0,6% em ciências.

A evolução revelada na prova foi comemorada pelo governo, já que em apenas três anos o País conseguiu mostrar, pela primeira vez, resultados consistentes. Entre 2003 e 2006, a média geral brasileira havia crescido apenas um ponto. Em leitura, havia caído 10, e permanecido estável em ciências. Apenas matemática havia crescido. Nesta edição, o Brasil conseguiu superar, na América Latina, Colômbia e Argentina, mas ainda está atrás do Chile, Uruguai e México.

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Dez Estados tiveram desempenho acima da média nacional

Dez Estados brasileiros alcançaram resultados no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) melhores que a média nacional. Todos eles estão nas regiões Sul e Sudeste, com exceção do primeiro lugar: o Distrito Federal, que já foi campeão do Pisa 2006 e agora obteve 439 pontos na média das três áreas avaliadas.

No último lugar do ranking, aparece Alagoas, com 354 pontos, seis a menos que sua última média. O Estado perdeu pontos em ciências e leitura e melhorou um pouco em matemática.

Outras seis Unidades da Federação – Amapá, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Roraima – pioraram em ciências. Distrito Federal, Sergipe e Santa Catarina caíram em matemática, e apenas Alagoas baixou a média em leitura.

A maioria dos Estados, no entanto, teve resultado significativamente melhor que os de 2006. O Maranhão, último colocado naquele ano, conseguiu aumentar em 43 pontos sua média em leitura – ainda assim, mantém-se como penúltimo no ranking brasileiro.

São Paulo, que em 2006 ficou em 11º lugar, atrás de Estados mais pobres, como Paraíba e Sergipe, melhorou sua posição: agora aparece em 7º. Nas médias gerais, ainda está abaixo de todos os Estados do Sul, de Minas Gerais e do Espírito Santo.

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Prova dura 2h e é formada por questões abertas e de múltipla escolha

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) testa conhecimentos e habilidades em leitura, matemática e ciências de alunos de 15 anos dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e, em 2009, de outros 31 países convidados, entre eles o Brasil.

Em 2009, foram selecionados, aleatoriamente, 400 mil jovens dos 75 países participantes

A prova tem duração de duas horas e é formada por questões de múltipla escolha e perguntas abertas. Além disso, os estudantes respondem a questionários sobre a família e aspectos ligados ao aprendizado, como motivação, interesses e métodos de estudo. Diretores também fornecem informações sobre suas escolas.

Em 2009, ano da última prova, foram selecionados, aleatoriamente, 400 mil jovens dos 75 países, sendo 20 mil do Brasil, em todos os Estados. A escolha pela faixa etária permite uma comparação entre os diferentes países, mesmo que os sistemas de ensino sejam diferentes.

O Pisa é realizado a cada três anos. A primeira avaliação, em 2000, envolveu 43 nações. Em 2003, foram 41 participantes e, em 2006, 57. A cada ciclo, o exame foca um domínio diferente – em 2009, foi a leitura.

O principal objetivo do Pisa é monitorar os resultados dos sistemas de ensino para oferecer informações empíricas que possam dar base a pesquisas e políticas públicas.

O exame quer saber se o aluno domina os processos de aprendizagem, entende os conceitos e aplica conhecimentos e habilidades adquiridos na escola em situações da vida real. Para isso, os avaliadores atribuem notas detalhadas às respostas. Em cada área, o índice varia de 0 a 800 – a margem de erro é de 5 pontos para mais ou menos.

Além do desempenho dos estudantes, os resultados são analisados de acordo com fatores como gênero, situação socioeconômica e diferenças entre escolas – se é pública ou privada.

Os países-membros da OCDE que participaram da prova em 2009 são: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia.

Os convidados para essa última edição foram: Albânia, Argentina, Azerbaijão, Brasil, Bulgária, Catar, Casaquistão, China, Cingapura, Colômbia, Croácia, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Jordânia, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Panamá, Peru, Quirguistão, República da Moldávia, República da Sérvia, República de Montenegro, República Dominicana, Romênia, Rússia, Tailândia, Taiwan, Trinidad e Tobago, Tunísia e Uruguai.

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