Arquivo da categoria: Meio Ambiente

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 [Resumo]

Entre 2000 e 2008, o percentual de municípios brasileiros que tinham rede geral de abastecimento de água em pelo menos um distrito aumentou de 97,9% para 99,4%; o manejo dos resíduos sólidos (que inclui coleta e destinação final do lixo e limpeza pública) passou a existir em todos os municípios em 2008, frente a 99,4% deles em 2000;e os serviços de manejo de águas pluviais (drenagem urbana), que existiam em 78,6% dos municípios em 2000, chegaram a 94,5% em 2008. Nesses oito anos, o único serviço de saneamento que não chegou próximo à totalidade de municípios foi a coleta de esgoto por rede geral, que estava presente em 52,2% dos municípios em 2000 e passou a 55,2% em 2008. Entretanto, nos municípios em que o serviço existia, houve, no mesmo período, um aumento dos que registraram ampliação ou melhoria no sistema de esgotamento, de 58% para 79,9% do total, e dos domicílios atendidos, de 33,5% para 44%. Em 2008, 68,8% do esgoto coletado era tratado – percentual bastante superior aos 35,3% de 2000, embora menos de um terço dos municípios (28,5%) fizessem o tratamento, com acentuadas diferenças regionais nesse percentual, que alcançou 78,4% dos municípios no estado de São Paulo e 1,4% no Maranhão.

Em oito anos, o percentual de municípios que destinavam seus resíduos a vazadouros a céu aberto caiu de 72,3% para 50,8%, enquanto os que utilizavam aterros sanitários cresceram de 17,3% para 27,7%. Ao mesmo tempo, o número de programas de coleta seletiva dobrou, passando de 451 em 2000 para 994 em 2008, concentrando-se, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste, onde, respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram ter coleta seletiva em todos os distritos. Esses são alguns dos destaques da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2008, que investiga os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de águas pluviais e manejo de resíduos sólidos, tendo como fonte de informação as entidades formais (com CNPJ) prestadoras desses serviços em todos os municípios brasileiros. Essas entidades englobam órgãos públicos ou privados, tais como autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, consórcios públicos, empresas privadas, fundações, associações etc. A pesquisa foi realizada em convênio com o Ministério das Cidades e contou com a participação de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de técnicos especialistas da área.

De acordo com a PNSB 2008, em somente 17% dos municípios as prefeituras realizavam o abastecimento de água de forma exclusiva, ficando a prestação desse serviço, em maior medida, com outras entidades (58,2%) ou de forma combinada (24,7%). A situação se invertia quando se tratava do serviço de coleta de esgoto: em 55,6 % dos municípios, as prefeituras executavam o serviço de forma exclusiva, e 41,6% tinham a execução sob a responsabilidade de outras entidades. O manejo de águas pluviais era executado quase que exclusivamente pelas prefeituras municipais (98,6%). No manejo dos resíduos sólidos a maior parte das prefeituras se incumbia exclusivamente da prestação dos serviços (59,1%), enquanto em 31,2% delas a forma de execução compreendia outras entidades.

Quanto à existência de instrumentos legais reguladores dos serviços de saneamento básico, constatou-se que o abastecimento de água era regulado em 32,5% dos municípios, o esgotamento sanitário, em 18,4%, e o manejo de águas pluviais, em 18%.

Em 2008, 5.531 (99,4%) dos 5.564 municípios brasileiros tinham abastecimento de água por rede geral, mesmo que apenas em parte do município. Entre 1989 e 2008 a cobertura desse serviço cresceu 3,5%, sendo que o maior avanço foi na região Norte (de 86,9% para 98,4% dos municípios). Desde 2000, o Sudeste é a única região com todos os municípios abastecidos por rede geral de água em pelo menos um distrito.

Em 33 municípios distribuídos em nove estados não havia rede geral de abastecimento de água, afetando cerca de 320 mil pessoas. Essa situação vem diminuindo sistematicamente no país: em 1989, eram 180 municípios sem rede de água, e em 2000, 116. Dos 33 municípios sem rede de água em 2008, 21 se localizavam na região Nordeste, com destaque para os estados da Paraíba (11 municípios) e Piauí (5), e 7 estavam na região Norte, com destaque para o estado de Rondônia (4 municípios).

Além desses 33 municípios sem rede geral de abastecimento de água em nenhum distrito, outras 794 cidades tinham ao menos um distrito em que também não havia rede, somando 827 municípios (14,9% do total) em que a água era fornecida por formas alternativas, como carros-pipas e poços particulares. O Nordeste tinha o maior percentual de municípios com outras formas de abastecimento (30,1%), sendo que os maiores percentuais entre os estados estavam no Piauí (58,3%), Ceará (35,9%) e Maranhão (30,4%).

6,6% dos municípios fornecem água sem tratamento

Em 2008, a maior parte dos municípios (87,2%) distribuía a água totalmente tratada. Em 6,2% dos municípios a água distribuída era apenas parcialmente tratada e em 6,6% a água não tinha nenhum tratamento. Em 2000, os municípios onde não se realizava nenhum tipo de tratamento na água representavam 18,1% do total. A região com maior percentual de municípios distribuindo água sem nenhum tratamento em 2008 era a Norte (20,8%), onde Pará (40%) e Amazonas (38,7%) tinham os maiores percentuais. Em seguida vinha o Nordeste (7,9%), com destaque para Piauí (24,3%) e Maranhão (21,8%).

Dos municípios que forneciam água sem tratamento, 99,7% tinham população de até 50 mil habitantes e densidade demográfica menor que 80 mil habitantes por quilômetro quadrado. A fluoretação da água para prevenção da cárie dental era realizada em 3.351 municípios (60,6% do total).

Em 1.296 municípios (23,4%) ocorreu racionamento de água em 2008, e as regiões com maior ocorrência foram Nordeste (40,5%) e Norte (24,9%). No Nordeste chama a atenção o conjunto de municípios em Pernambuco (77,3%), Ceará (48,9%) e Rio Grande do Norte (46,7%); no Norte, os de Amazonas (43,5) e Pará (41,4%). Os motivos mais apontados pelos municípios eram seca/estiagem (50,5%), insuficiência de água no manancial (39,7%), deficiência na produção (34,5%) e deficiência na distribuição (29,2%).

Menos de um terço dos municípios têm leis para proteção de mananciais

Em 1.749 municípios havia legislação municipal sobre proteção de mananciais (fontes de água utilizadas para abastecimento) em 2008. Dentre os 3.141 municípios (56,4% do total) que efetuam captação superficial de água, 83,2% informaram alguma proteção: isolamento com cerca (85,7%), preservação da vegetação (54,3%) e a proibição de despejos (44,6%). Menos da metade (45,1%) dos municípios brasileiros tinham legislação que exigia aprovação e implantação de sistema de abastecimento de água para loteamentos novos.

Domicílios atendidos por rede de água aumentam 30,8% entre 2000 e 2008

O número de domicílios abastecidos por rede geral de água cresceu 30,8%, de 34,6 milhões, em 2000, para 45,3 milhões, em 2008, segundo a PNSB. O maior crescimento foi no Nordeste (39,2%) e no Centro-Oeste (39,1%), e o menor no Norte (23,1%).

Os 5.531 municípios do país com abastecimento de água por rede geral tinham mais de 40 milhões de ligações das quais 84,2% contavam com medidores. Nos últimos oito anos, cresceu 30,8% no país o uso de hidrômetros, com destaque para o Norte (54,2%) e Centro-Oeste (53,1%). Os menores crescimentos foram no Sudeste (28,9%) e Nordeste (38,8%). No Sudeste, o baixo crescimento deveu-se aos avanços já obtidos: a região tem 92,5% das ligações de água com medidores.

Em 2008, em 94% dos municípios beneficiados por rede geral de distribuição, havia cobrança pelo serviço de abastecimento de água. A região Sul apresentava o menor percentual de municípios que não faziam cobrança (0,7%) e a Norte, o maior (13,6%).

A PNSB 2008 indica que 55,2% dos municípios brasileiros tinham serviço de esgotamento sanitário por rede coletora, três pontos percentuais acima do índice verificado em 2000 (52,2%). Os melhores desempenhos foram encontrados nos estados de São Paulo (apenas 1 dos 645 municípios não tinha o serviço) e Espírito Santo (2 de 78 sem coleta de esgoto). A principal solução alternativa adotada pelos municípios que não possuíam rede de coleta de esgoto sanitário, foi a construção de fossas sépticas, que aumentou 7,4% em relação ao levantamento de 2000.

Apenas o Sudeste registrava percentual elevado de municípios com rede coletora de esgoto em 2008 (95,1%). Nas outras quatro regiões, menos da metade dos municípios tinham o serviço: Nordeste (45,7%), Sul (39,7%), Centro-Oeste (28,3%) e Norte (13,4%). Apenas oito unidades da federação possuíam mais da metade dos municípios com rede geral coletora, sendo os casos extremos São Paulo (99,8%) e Piauí (4,5%).

Entre 2000 e 2008, o avanço no percentual de municípios com rede coletora de esgoto foi considerável no Norte (de 7,1% em 2000 para 13,4% em 2008) e no Centro-Oeste (de 17,9% para 28,3%). Já nas regiões com maior número de municípios, as melhoras foram pouco significativas: Sudeste (de 92,9% em 2000 para 95,1% em 2008) e Sul (de 38,9% para 39,7%). No Nordeste, houve pouca variação no registro dos municípios cobertos pelo serviço (de 42,9% em 2000 para 45,7% em 2008).

A presença de rede geral coletora de esgoto era mais elevada nos municípios de maior população. Todos aqueles com mais de 500 mil habitantes possuíam esse serviço, que também estava presente em mais de 90% dos municípios com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. Com cobertura abaixo da média nacional estavam apenas os municípios com menos de 50 mil habitantes.

No conjunto do país, entre os municípios que possuíam o serviço, o número de domicílios com acesso à rede geral de esgotamento sanitário teve um avanço de 39,5% no período. As maiores altas foram registradas no Nordeste (64,7%) e no Norte (89,9%). O percentual de domicílios com acesso à rede geral de esgoto passou de 33,5% em 2000 para 44% em 2008. Apenas no Sudeste mais da metade dos domicílios (69,8%) tinham acesso à rede geral, seguido do Centro-Oeste (33,7%), Sul (30,2%), Nordeste (22,4%) e Norte (3,8%). As únicas unidades da federação com mais da metade dos domicílios atendidos eram Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%), e Minas Gerais (68,9%). Rio de Janeiro (49,2%) e Paraná (46,3%) ficavam próximos da marca de 50% e se situavam acima da média nacional (44%). Os demais estados tinham menos de um terço dos domicílios atendidos, ficando Amapá (3,5%), Pará (1,7%) e Rondônia (1,6%) com as menores coberturas.

Em 2008, 79,9% dos municípios ampliaram ou melhoraram o sistema de esgotamento

De 2000 para 2008 aumentou o percentual de municípios com serviço de coleta de esgoto sanitário que realizaram ampliações ou melhorias no sistema ou em parte(s) dele. Em 2008, 79,9% deles estavam ampliando ou melhorando o serviço, contra 58% em 2000. O avanço ocorreu em quase todas as regiões, com destaques para o Centro-Oeste, cuja taxa de melhorias ou ampliações passou de 50% dos municípios em 2000 para 78% em 2008; e para o Nordeste, de 47,6% para 73,1%. A exceção foi o Norte, cujo percentual de ampliações e melhorias se reduziu (de 53,1% para 48,3%). Os maiores percentuais foram encontrados no Sudeste (85,4%), Centro-Oeste (78%) e Sul (77,5%). Em 2008 a ampliação ou melhoria do sistema deu-se principalmente na rede coletora (88%) e nas ligações prediais (78,6%).

Menos de 1/3 dos municípios fazem tratamento de esgoto

Apenas 28,5% dos municípios brasileiros com esgotamento por rede geral fazia tratamento de esgoto (pelo menos um distrito do município tratava o esgoto coletado, mesmo que parte dele). Entre as regiões, o Sudeste liderava (48,4%), seguido do Centro-Oeste (25,3%), Sul (24,1%), Nordeste (19%) e Norte (7,6%). Com exceção do Distrito Federal, em apenas três unidades da federação mais da metade dos municípios tratavam seu esgoto: São Paulo (78,4%), Espírito Santo (69,2%) e Rio de Janeiro (58,7%). Os menores percentuais foram registrados em Sergipe (9,3%); Amazonas (4,8%); Pará (4,2%); Rondônia (3,8%); Piauí (2,2%) e Maranhão (1,4%).

Apesar de menos de um terço dos municípios terem tratamento de esgoto, o volume tratado representava 68,8% do total coletado no país. Houve melhora considerável frente a 2000 e 1989, quando o percentual de tratamento era, respectivamente, de 35,3% e 19,9%. E em grandes produtores como são os municípios com mais de 1 milhão de habitantes, o percentual de esgoto tratado foi superior a 90%.

Os vazadouros a céu aberto, conhecidos como “lixões”, ainda são o destino final dos resíduos sólidos em 50,8% dos municípios brasileiros, mas esse quadro teve uma mudança significativa nos últimos 20 anos: em 1989, eles representavam o destino final de resíduos sólidos em 88,2% dos municípios. As regiões Nordeste (89,3%) e Norte (85,5%) registraram as maiores proporções de municípios que destinavam seus resíduos aos lixões, enquanto as regiões Sul (15,8%) e Sudeste (18,7%) apresentaram os menores percentuais. Paralelamente, houve uma expansão no destino dos resíduos para os aterros sanitários, solução mais adequada, que passou de 17,3% dos municípios, em 2000, para 27,7%, em 2008.

Em todo o país, aproximadamente 26,8% dos municípios que possuíam serviço de manejo de resíduos sólidos sabiam da presença de catadores nas unidades de disposição final de resíduos sólidos. A maior quantidade estava nas regiões Centro-Oeste e Nordeste: 46% e 43%, respectivamente. Destacavam-se os municípios do Mato Grosso do Sul (57,7% sabiam da existência de catadores) e de Goiás (52,8%), na região Centro-Oeste, e, na região Nordeste, os municípios de Pernambuco (67%), Alagoas (64%) e Ceará (60%).

Número de programas de coleta seletiva aumentou de 58 para 994 em 20 anos

Os programas de coleta seletiva de resíduos sólidos aumentaram de 58 identificados em 1989 para 451 em 2000 e alcançando o patamar de 994 em 2008. O avanço se deu, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste, onde, respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram ter programas de coleta seletiva que cobriam todo o município.

Os municípios com serviço de coleta seletiva separavam, prioritariamente, papel e/ou papelão, plástico, vidro e metal (materiais ferrosos e não ferrosos), sendo que os principais compradores desses materiais eram os comerciantes de recicláveis (53,9%), as indústrias recicladoras (19,4%), entidades beneficentes (12,1%) e outras entidades (18,3%).

A erosão (destruição e arrastamento do solo pela chuva) no perímetro urbano afetava, em 2008, 27,3% dos municípios brasileiros que faziam manejo de águas pluviais (5.256 no total). Entre os principais fatores indicados como causas desse problema, estavam as condições geológicas e morfológicas (47,8%) e as ocupações intensas e desordenadas do solo (46,4%).

Dos municípios que informaram ter manejo de águas pluviais, 48,7% declararam não ter tido problemas com inundações nos últimos cinco anos, nem pontos de estrangulamento no sistema de drenagem. Já 27,4% informaram condição exatamente oposta; deles, 60,7% disseram haver ocupação urbana em áreas inundáveis naturalmente por cursos d’água e 48,1% informaram que havia áreas urbanas irregulares em baixios naturalmente inundáveis. A ocupação irregular era o principal fator agravante de inundações e alagamentos nas regiões Norte (50%) e Nordeste (45,8%) e dividia a mesma percentagem (35,5%) com a obstrução de bueiros e vias na região Centro-Oeste. No Sul e no Sudeste, a situação se invertia, e a obstrução era o principal fator (54,5% e 50,3%, respectivamente).

Um em cada três municípios tem áreas de risco urbanas que demandam drenagem especial

Um grupo de 1.933 municípios (34,7% do total) relatou ter, em seu perímetro urbano, áreas de risco que demandam drenagem especial. Os municípios declararam que as áreas sem infraestrutura de drenagem (62,6%) e as áreas de baixios (depressões) sujeitas a inundações e/ou proliferação de transmissores de doenças (56,8%) eram os tipos mais encontrados e suscetíveis a riscos no perímetro urbano. No Sudeste, percentual significativo (56%) era atribuído às áreas em taludes (planos inclinados que limitam aterros) e encostas sujeitas a deslizamentos, configuração geomorfológica peculiar aos estados desta região.

Fonte: IBGE – Comunicação Social, 20 ago 2010

Quase metade das cidades não tem acesso à rede de esgoto

Quase metade dos municípios brasileiros, ou 44,8% do total, não era servida com uma rede de saneamento em 2008, de acordo com um levantamento divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A oferta do serviço também era bastante desigual. Enquanto no Estado de São Paulo a rede de esgoto chegava a 99,8% das cidades, no Piauí apenas 4,5% dos municípios eram atendidos.

Quando o cálculo é feito por domicílios, o resultado é ainda mais preocupante: 56% dos brasileiros, ou seja, a maioria da população, não tinham acesso ao serviço de coleta de esgoto há dois anos.

Ainda de acordo com o levantamento, de todo o volume de esgoto gerado no país em 2008, 31% não passou por qualquer tipo de tratamento.

Ao contrário de outros serviços básicos, como luz e coleta de lixo, que evoluíram nos oito anos anteriores, o saneamento deixou a desejar no período. Em 2000, esse serviço chegava a 52,2% das cidades.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2008 investiga a oferta de diversos serviços básicos, tendo como fonte de informação as entidades prestadoras desses serviços em todos os municípios brasileiros.

Água encanada, por exemplo, chegava a 99,4% dos municípios em 2008, enquanto a coleta de lixo atingia a totalidade (100%) das cidades brasileiras.

Fonte: BBC Brasil, 20 ago 2010

Nordeste é a região do país mais vulnerável às mudanças climáticas

O primeiro quadrimestre de 2010 foi o mais quente já registrado no planeta, de acordo com dados de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos. No Brasil, a situação não foi diferente, principalmente na região Nordeste do país. Entre 1980 e 2005, as temperaturas máximas medidas no estado de Pernambuco, por exemplo, subiram 3ºC. Modelos climáticos apontam que, nesse ritmo, o número de dias ininterruptos de estiagem irá aumentar e envolver uma faixa que vai do norte do Nordeste do país até o Amapá, na região Amazônica.

Os dados foram apresentados pelo pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), durante a 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Natal, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A conclusão é que a região Nordeste do país é a mais vulnerável às mudanças climáticas.

Além da expansão da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste deverá sofrer também com as alterações nos oceanos, cujos níveis vêm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre não somente pelo derretimento das geleiras, mas também devido à expansão natural da água quando aquecida. Cidades que possuem relevos mais baixos, como Recife, sentirão mais o aumento do nível dos oceanos. E Nobre alerta que a capital pernambucana já está sofrendo as alterações no clima.

– Com o aumento do volume de chuva, Recife tem inundado com mais facilidade, pois não possui uma rede de drenagem pluvial adequada para um volume maior – disse.

Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento da região Nordeste seria a constante associação entre seca e pobreza. A pobreza, segundo o pesquisador, vem de atividades não apropriadas ao clima local e que vêm sendo praticadas ao longo dos anos na região. Plantações de milho e feijão e outras culturas praticadas no Nordeste não são bem-sucedidas por não serem adequadas à caatinga, segundo Nobre.

– A agricultura de subsistência é difícil hoje e ficará inviável em breve. Para que o sertanejo prospere, teremos que mudar sua atividade econômica – disse.

O cientista citou um estudo feito na Universidade Federal de Minas Gerais e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indicou que o desemprego no Nordeste tenderá a aumentar caso as atividades econômicas praticadas no interior continuem.

Nobre sugere a instalação de usinas de energia solar como alternativa.

– A Europa está investindo US$ 495 bilhões em produção de energia captada de raios solares a partir do deserto do Saara, no norte da África. O mercado de energia solar tem o Brasil como um de seus potenciais produtores devido à sua localização geográfica e clima, e o Nordeste é a região mais adequada a receber essas usinas – indicou.

– Ficar sem chuva durante longos períodos é motivo de comemoração para um produtor de energia solar – disse Nobre, que ressaltou a importância dessa fonte energética na mitigação do aquecimento, pois, além de não liberar carbono, ainda economiza custos de transmissão por ser produzida localmente.

O potencial do Nordeste para a geração de energia eólica também foi destacado pelo pesquisador do Inpe. Devido aos ventos alísios que sopram do oceano Atlântico, o Nordeste tem em seu litoral um constante fluxo de vento que poderia alimentar uma vasta rede de turbinas.

Além da economia, Nobre chamou a atenção para as atividades que visam a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, que seriam importantes também para o Nordeste.

– Os efeitos dessas mudanças são locais e cada lugar as sofre de um modo diferente – disse.

Um dos efeitos dessas alterações é o aumento dos eventos extremos como tempestades, furacões e tsunamis. Em Pernambuco, as chuvas de volume superior a 100 milímetros em um período de 24 horas aumentaram em quantidade nos últimos anos.

– Isso é terrível, pois as culturas agrícolas precisam de uma precipitação regular. Uma chuva intensa e rápida leva os nutrientes da terra, não alimenta os aquíferos e ainda provoca assoreamento dos rios, reduzindo ainda mais a capacidade de armazenamento dos açudes – disse.

Nobre propõe que os governos dos estados do Nordeste poderiam empregar ex-agricultores sertanejos em projetos de reflorestamento da caatinga com espécies nativas. A reconstrução dessa vegetação e das matas ciliares ajudaria a proteger o ecossistema das alterações climáticas e ainda contribuiria para mitigá-las.

A implantação de uma indústria de fruticultura para exportação é outra sugestão de Nobre para preparar o Nordeste para as mudanças no clima e que poderia fortalecer a sua economia.

– A relação seca-pobreza é um ciclo vicioso de escravidão e que precisa ser rompido. Isso se manterá enquanto nossas crianças não souberem ler, não aprenderem inglês ou não conseguirem programar um celular, por exemplo – disse.

Por isso, o cientista defendeu também o acesso à educação de qualidade a toda a população, uma vez que a porção mais afetada é aquela que menos tem acesso a recursos financeiros e educacionais.

Fonte: O Globo, 29 jul 2010

Uso do solo favoreceu tragédia, diz professor

Recife – A ocupação irregular das margens dos rios, ausência de mata nativa e ciliar, além da monocultura da cana-de-açúcar como característica da região contribuíram para transformar dias de chuvas intensas em Pernambuco e Alagoas em uma calamidade sem precedentes na história dos municípios atingidos – mesmo em cidades com histórico de cheias.

Essa é a opinião do professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Abelardo Montenegro, especialista em hidrologia e tecnologia rural. O problema, segundo o especialista sobre a causa da destruição, começa com a forma como as cidades são construídas, perigosamente próximas da planície dos rios. De acordo com ele, além das cidades ocuparem uma área que deveria ser mantida como área de segurança para o leito do rio, a colocação de dejetos, lixos e entulhos também prejudica o curso das águas.

Em volta das cidades atingidas pelas enchentes, a paisagem é de cana-de-açúcar. “A monocultura não favorece a absorção da água da chuva, nessa região falta uma cobertura natural com árvores de grande porte que permitam a infiltração da água”, explica Abelardo Montenegro.

Antes das cheias, ocorreram quatro dias de chuvas intensas na região. O volume pluviométrico variou de 300 a 400 milímetros – mais do que o volume de todo mês de junho em Pernambuco (junho é o mês mais chuvoso). Antes das chuvas mais fortes, chuvas fracas, mas persistentes, deixaram o solo encharcado, saturado. Esse fenômeno levou toda a água que caía para os rios.

As chuvas atingiram as nascentes dos rios Paraíba, Canhoto e Mundaú, que nascem em Pernambuco e seguem curso para Alagoas, além do Rio Una, que corta Pernambuco. Como a vazão média desses rios é de 50 metros cúbicos por segundo. No momento mais intenso da cheia, a vazão chegou a 1 mil metros cúbicos por segundo, isso ocasionou a força da destruição.

Com o debate no Congresso Nacional sobre o Código Florestal, o professor Abelardo Montenegro defende a preservação. “A mata ciliar dos rios é extremamente importante, mas não é tudo. Além da preservação dessa proteção natural contra o assoreamento, deve-se ter ao longo da bacia hidrográfica reservas de mata nativa capaz de apoiar a conservação natural do leito do rio”.

Celso Calheiros

Fonte: Portal oEco, 1 jul 2010

Aumento da temperatura no sertão nordestino ultrapassa média global

Segundo o especialista Paulo Nobre, do Inpe, algumas regiões do semiárido nordestino, como a cidade de Vitória de Santo Antão, apresentaram aumento de temperatura de 3ºC nos últimos 40 anos, enquanto a média global apontou um crescimento de 0,4ºC na temperatura do planeta

A sensação compartilhada pelos sertanejos nordestinos de que o clima da região onde vivem está se tornando mais quente e seco nos últimos anos e que as chuvas estão cada vez mais raras e fortes já tem comprovação científica. Segundo o metereologista Paulo Nobre, do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, as temperaturas máximas registradas no semiárido do Nordeste estão, de fato, ficando mais altas a cada ano.

Estudos do Instituto, baseados em séries históricas de dados meteorológicos, mostram, inclusive, que algumas regiões do sertão nordestino, como a cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão, já apresentam aumento de 3ºC na temperatura máxima diária, se comparado há 40 anos. O crescimento é preocupante e bastante superior à média global de aumento da temperatura, que registrou “apenas” 0,4ºC a mais nas últimas quatro décadas.

Com isso, a disponibilidade de água no solo nordestino é cada vez menor, o que compromete a agricultura de sequeiro na região, que depende da chuva para o cultivo de culturas de subsistência, como feijão e milho. A solução, na opinião de Nobre, é investir em novas atividades econômicas na região, que apresentem menor dependência da água: como as dos setores de tecnologia e energias renováveis.

Ainda de acordo com o especialista, o fenômeno não é exclusividade do semiárido do Nordeste. Em outras regiões do país, como São Paulo e Amazônia, a temperatura também vem aumentando rapidamente. No entanto, ainda não é possível sentir o calor com tanta facilidade porque são regiões onde há maior incidência de chuvas.

Diante dos novos dados, Nobre defende uma maior capacitação nos estudos de metereologia regional no Brasil, para que os governantes de cada região saibam exatamente o que está acontecendo no clima e o que pode ser feito para evitar a intensificação das mudanças climáticas.

Fonte: Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky
Planeta Sustentável – 25/06/2010

A terceira revolução industrial ~ por Georg Meck

Um gigantesco parque eólico offshore no mar do Norte, uma grande usina geotérmica perto de Hannover e um projeto bilionário de energia solar no deserto. A Alemanha enfrenta, em grande estilo, os desafios da mudança climática com alta tecnologia verde

A Alemanha está surfando na onda verde. A indústria ambiental irá se transformar, até o ano 2020, no mais importante ramo e, assim, na máquina de empregos do país. “A tecnologia ambiental é a indústria guia do século 21”, diz Burkhard Schwenker, presidente da empresa de consultoria Roland Berger. Os consultores analisaram as perspectivas do ramo e ouviram 1300 empresas e 200 instituições de pesquisa. O resultado é motivo para esperanças impressionantes. O faturamento da indústria ambiental mundial deverá mais que dobrar até o ano 2020, alcançando 3100 bilhões de euros. E a Alemanha está marchando bem à frente, graças a seus campeões verdes. Negócios com sol, vento e água são hoje vitoriosos bens de exportação.

Empresas alemãs estão entre as líderes tecnológicas mundiais. Suas fatias no mercado internacional, em ramos promissores como o fotovoltaico, o termo-solar e o de energias eólica e hidráulica, estão entre 21 e 35%. Na produção de biogás, a Alemanha domina o mercado. “90% das instalações são fabricadas em nosso país”, diz o consultor Torsten Henzelmann. No ano 2020, 14% do produto interno bruto alemão virão da conta do novo ramo. Em uma década, 2,2 milhões de pessoas encontrarão trabalho no setor. No momento, o número está pela metade, com 1,1 milhão de postos de trabalho.

A economia, consequentemente, está diante de uma mudança profunda. Não será mais a indústria automobilística, nem a química, nem a mecânica que irá marcar o país, mas sim a alta tecnologia verde. Ela gerará empregos e bem-estar. Fato é que, há tempos, a alta tecnologia verde deixou de ser um nicho para tornar-se o centro das atenções. Nesta evolução, o movimento ecológico dos primeiros anos favoreceu o sucesso, sem dúvida. Ele preparou o terreno na sociedade e na formação política. Leis ambientais rigorosas e apoio, na forma de subvenções, contribuíram para o despontar das empresas ambientais. “A tecnologia ambiental é um dos filhos mais queridos da política e recebe o correspondente apoio”, diz Henzelmann.

Afinada com o espírito da contemporaneidade, a habilidade engenheira alemã pôde desdobrar-se e comprovar sua maestria numa série de áreas: energias renováveis, eficiência em matérias-primas e em materiais, mobilidade sustentável, economia hídrica ecológica e eliminação de resíduos. A tecnologia verde made in Germany disputa sempre a dianteira. Os Estados Unidos e a China, entretanto, estão recuperando terreno, diz Dietmar Edler, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) de Berlim. “A Alemanha poderá manter sua posição competitiva. Sua vantagem tecnológica e seu know how são apreciáveis”.

Como os lucros no ramo ambiental são atraentes, investidores privados destinam cada vez mais recursos para a tecnologia verde. Empresas start up associam-se a indústrias consolidadas. Elas colocam no ramo seu capital e sua experiência. A empresa de autopeças Bosch, por exemplo, declarou a tecnologia ambiental como um novo pilar de existência e está engajando-se, com altas somas, em firmas do setor. Mesmo representantes da velha economia não demonstram medo algum de interagir no setor ambiental. Assim, a indústria suábia Voith, um conglomerado familiar, com seus orgulhosos 140 anos, está realizando um projeto de geração de energia a partir das ondas do mar na costa da Escócia.

A Siemens, um dos maiores global players alemães e também já com 160 anos de idade, igualmente reconheceu a tendência, designando ultimamente a si própria “o maior conglomerado de infraestrutura verde do mundo”. Sob a palavra de ordem “­Complete Mobility”, a empresa de Munique se faz presente em todo o mundo quando se trata de eficiência energética. No Estado da Renânia do Norte-Vestfália, sob o título “Ruhr­pilot”, acontece o maior projeto europeu de gestão de trânsito. Em metrópoles como Oslo e Lisboa, a Siemens atua no transporte público urbano. E o conglomerado está entre a dúzia de renomadas firmas que propuseram o visionário projeto Desertec.

A ideia é ousada. O sol no Saara resolverá problemas energéticos. No deserto do norte da África, espera-se produzir energia sem CO2, que deverá satisfazer 15% das necessidades da Europa e grande parte da demanda nos países produtores. Os custos do projeto são estimados em aproximadamente 400 bilhões de euros. O início das obras ainda está em aberto. A energia deverá ser obtida em usinas termo-solares. Neste processo, a luz solar refletida por espelhos aquece um meio condutor de calor em tubos. Através de uma nova rede de condutores, a eletricidade será transportada por 3 mil quilômetros à Europa. Com seu alto grau de eficiência e os baixos custos de geração de eletricidade com tecnologias solares, usinas termo-solares já oferecem potencial para produzir, em médio prazo, eletricidade em regiões próximas à linha do Equador a custos comparáveis aos das usinas a combustíveis fósseis. Em outubro, deverá ser fundada a empresa planejadora do empreendimento. “Tanto o potencial ecológico quanto o econômico são enormes”, diz Torsten Jeworrek, membro do conselho diretor da Münchner Rück, uma das impulsionadoras do projeto.

A tecnologia necessária já pode ser vista em Jülich, cidade próxima a Aachen, mesmo que ainda em proporções modestas. Lá entrou em operação em agosto uma inédita usina solar: 2500 espelhos conduzem a luz do Sol para o topo de uma torre com 50 metros de altura. Nela, a energia solar é transformada em eletricidade. “Um portão para o futuro das energias regenerativas”, diz o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel. Por ano, a instalação, que custou 22 milhões de euros, deverá colocar 1,5 megawatts na rede: o suficiente para abastecer 350 residências.

A busca por energias renováveis permanece como um dos maiores desafios da atualidade. Pesquisa-se e desenvolve-se em todas as direções, em geral com participação dos grandes conglomerados de energia, como no caso do primeiro parque eólico em alto-mar, o Alpha Ventus, 45 quilômetros ao norte da ilha Borkum, no mar do Norte. Nos próximos anos, devem surgir nos mares do Norte e Báltico, instalações com até 40 mil megawatts de potência. Elas irão abastecer então oito milhões de residências com eletricidade.

Sol, vento e água já são empregados para a geração de energia. O calor do interior da Terra desponta igualmente como alternativa. Esta auspiciosa tecnologia chama-se geotermia. O governo alemão dotou um programa de fomento a ela com 400 milhões de euros. Em 2008, o número de profissionais nesta área dobrou, de cerca de 4500 para 9100. Perto de Hannover, está nascendo uma usina geotérmica, na qual calor do interior da Terra é trazido à superfície. Um propósito sedutor, uma vez que a fonte de energia é inesgotável e o calor está disponível a qualquer tempo, ao contrário do Sol e do vento.

Em junho de 2009, o projeto piloto GeneSys começou a realizar as primeiras perfurações. Em quatro anos, a usina deverá estar extraindo do solo dois megawatts de energia calorífica. Os tubos irão penetrar quatro quilômetros até encontrar o calor. A cada quilômetro, a temperatura no interior da Terra sobe cerca de 30 graus. Mas como transformar o calor em energia? A usina geotérmica bombeia água até as profundezas, onde é aquecida pelo calor da Terra até aproximadamente 150 graus. Depois, é conduzida novamente para cima, onde aquece prédios. O projeto visa economizar 15 milhões de euros em combustíveis. Se tudo correr bem com o experimento, “teremos conquistado um modelo para grandes áreas da Europa”, diz o gerente do projeto, Michael Kosinowski.

Seja qual for a tecnologia verde pesquisada e testada pelos conglomerados alemães, tem-se sempre o mercado mundial em vista. Os prognósticos para o setor ambiental apontam ricas chances mundialmente. Os indícios disso são claros. A população mundial não para de crescer, mas os recursos naturais são esgotáveis. No ano 2030, dois terços da população viverá em metrópoles, que terão de administrar gigantescos desafios ecológicos. Se os países emergentes superarem o atraso industrial e o bem-estar social global crescer, a demanda por energia limpa e mobilidade ambientalmente sustentável aumentará obrigatoriamente e a proteção ao clima ganhará um valor ainda maior.

Com o presidente Barack Obama, os Estados Unidos também apostam pesado em energia verde. Até 2025, 25% da eletricidade deverá vir de fontes energéticas renováveis – brilhantes chances de vendas de fotocélulas e cata-ventos made in Germany. A eficiência de tais instalações cresce continuamente, enquanto os custos caem dramaticamente. E não está longe o dia em que serão competitivas. “Logo que as energias renováveis tiverem preços compatíveis com os das energias tradicionais, a demanda por elas explodirá”, acredita Torsten Henzelmann, da Roland Berger.

A atual crise econômica mundial poderia prejudicar um pouco os campeões verdes. Entretanto, alguns estão até lucrando com ela. Finalmente eles têm maior facilidade para encontrar engenheiros. E ainda mais importante: os governos elaboram pacotes conjunturais contra a recessão, com critérios ecológicos. Praticamente não há país em que não exista um programa de fo­mento às tecnologias verdes.

Os EUA, por exemplo, estão investindo 112 bilhões de dólares em tecnologias verdes. O aperfeiçoamento de automóveis híbridos e a pesquisa de baterias de alto rendimento estão no centro das atenções. A China está destinando quase 20 bilhões de dólares às tecnologias ambientais. Pacotes conjunturais da Europa colocaram à disposição seis bilhões de euros para energias renováveis, 3,5 bilhões para a infraestrutura energética, 500 milhões para instalações eólicas offshore, sete bilhões para eficiência energética, isto é, automóveis, prédios e fábricas mais econômicos. O governo alemão aplicará de 2009 a 2011 o total de 500 milhões de euros em pes­quisa na área da mobilidade elétrica. O investimento visa tecnologias-chave para a integração de veículos elétricos e híbridos em redes de trânsito.

O potencial para tecnologias pobres em emissões para os automóveis é enorme, enfatiza a consultoria de empresas McKinsey. Em breve, o faturamento no setor poderá chegar a 325 bilhões de euros. Os consultores preveem crescimento anual de 30%. Veículos híbridos, nos quais um motor elétrico apoia um motor a combustão, deverão, segundo eles, responder no ano 2020 por 16% a 24% do mercado. O motor a combustão vem igualmente sendo aperfeiçoado em sua eficiência. Os componentes para a redução do consumo geram um movimento de 30 a 35 bilhões de euros. Afinal, automóveis elétricos e os chamados veículos híbridos plug in (a bateria pode ser carregada a partir da rede elétrica) irão ter igualmente um papel significativo para a indústria automobilística.

“O futuro, isto é certo, pertence aos automóveis elétricos, sem emissões”, confirma o presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, que lançou o Golf Twin Drive em Berlim, que é também a capital da e-mobilidade. A Mercedes está testando na cidade, com a RWE, o Smart elétrico, e a BMW, com a Vattenfall, o Mini E, com uma tomada atrás da tampa amarela do tanque. Os fabricantes estão investindo maciçamente em tecnologias para baterias, embora, durante muito tempo, tenha parecido que os japoneses estavam muito à frente. “Se tudo continuar a correr como agora, a Alemanha tem boas chances de integrar a liderança mundial no desenvolvimento do carro elétrico”, diz Martin Winter, professor de ciências de materiais.

Não há dúvida: ecológico é in. Ecológico cria empregos. Mesmo conglomerados automobilísticos, que reduzem seus quadros de pessoal, procuram engenheiros eletricistas que os ajudem a preparar-se para a era pós-motor a combustão. Para bons profissionais, as campeãs do setor verde são um campo recompensador, diz o consultor Henzelmann: “É possível subir na carreira mais depressa do que nos ramos clássicos da engenharia. Pode-se fazer mais e assumir responsabilidades mais rapidamente”.

Fonte: Deutschland Online, 07 set 2009

Água contaminada mata mais do que outros tipos de violência

No dia internacional da água, estudo mostra que não há motivos para comemoração: a cada dia, mais de dois milhões de toneladas de dejetos são lançados no esgoto, tornando a água um bem cada vez mais escasso.

No Dia Internacional da Água, nesta segunda-feira (22/03), um relatório publicado pela ONU informa que o uso de água poluída mata mais do que qualquer forma de violência, inclusive as guerras. O estudo intitulado Água Doente foi elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em Nairóbi, no Quênia.

Segundo o estudo, a convivência com resíduos seria o desafio central da sociedade urbana. A população das cidades deverá dobrar nas próximas décadas, podendo atingir seis bilhões de pessoas. Além disso, a industrialização continua crescendo, assim como a procura por carne, o que aumenta a demanda por água.

Segundo Christian Nellemann, um dos autores do relatório, estima-se que cerca de dois milhões de toneladas de resíduos são lançados nos esgotos diariamente. “Isso poderia gerar mais de dois bilhões de toneladas de água contaminada por dia”, afirmou.

Planeta água

A maior parte da superfície da Terra é composta por água. Porém, apesar de parecer que o líquido existe em abundância no planeta, apenas 2,5% da água é doce, sendo que parte dela está congelada. No total, resta apenas 0,003% deste recurso mundial para a utilização pelo homem.

Atualmente, cerca de 884 milhões de pessoas em todo o mundo não têm água potável e cerca de 2,6 bilhões – quase um terço da população mundial – não dispõem de água suficiente para o saneamento básico.

As regiões do mundo que mais sofrem com a falta do precioso líquido são o Sahel, o Oriente Médio e parte da Ásia. Porém, em muitos países em desenvolvimento o problema tem uma causa econômica: por falta de dinheiro e mesmo de instituições, as reservas de água potável não são aproveitadas de forma eficiente.

Em algumas regiões do mundo, a escassez de água é causa de conflitos. No norte do Quênia e em Darfur, as disputas por água geraram rivalidade entre agricultores e nômades. Enquanto isso, na Ásia Central, a má qualidade da água causou danos à saúde, levando a inquietações sociais.

Causas da escassez

Embora a água seja um recurso renovável, em muitos lugares ela não é encontrada em quantidade suficiente ou com boa qualidade. A escassez não é decorrente da mudança climática ou da poluição ambiental. Algumas das causas são o aumento da demanda, o crescimento da população mundial e a elevação do padrão de vida.

Além do consumo humano, a água é necessária para a produção de alimentos e outros produtos. Estima-se que de 70% a 90% da água sejam usados na agricultura. Entre os produtos que mais necessitam do recurso estão o algodão, o arroz e o café.

Mazelas sociais

Segundo uma estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 1,5 milhão de crianças morrem anualmente com doenças causadas pela ingestão de água suja. Este problema atinge principalmente regiões em crise ou afetadas por catástrofes.

No Haiti, por exemplo, o perigo de epidemia devido à falta de higiene é grande. Atualmente, o Unicef assegura água limpa para 900 mil pessoas no país, por meio de caminhões-pipa, estações de distribuição e reservatórios.

“Depois do primeiro temporal, as crianças vêm sofrendo cada vez mais com diarréia e vômito”, informou Rudi Tarneden, porta-voz da entidade.

Fonte DW, 22 março 2010

Revisão: Roselaine Wandscheer

Caatinga teve 16 mil quilômetros quadrados desmatados em seis anos

Luciane Kohlmann – CANAL RURAL

A Caatinga perdeu mais de 16 mil quilômetros quadrados de mata em seis anos, o equivalente a 2% da área total. Mas o maior problema é que quase a metade da vegetação típica do nordeste brasileiro não existe mais.

O balanço do Ministério do Meio Ambiente mostra que, entre 2002 e 2008, Bahia e Ceará foram os Estados que mais desmataram a Caatinga.

As cidades que lideram o ranking de destruição do bioma são:

1 – Acopiara (CE)
2 – Tauá (CE)
3 – Bom Jesus da Lapa (BA)
4 – Campo Formoso (BA)
5 – Boa Viagem (CE)

A produção de lenha e de carvão foram as grandes responsáveis pelo desmatamento da Caatinga, segundo o governo federal. Em seguida, aparece a pecuária bovina que, ao contrário da criação de cabras e ovelhas, acaba destruindo totalmente a vegetação. O Ministério pretende lançar até 28 de abril, Dia Nacional da Caatinga, um plano para preservar essa vegetação.

– Não haverá solução para a defesa da caatinga sem mudar a matriz energética, com o uso de energia eólica, de pequenas centrais hidrelétricas e do gás natural. Tudo isso tem que ser pensado como alternativas para ter atividade econômica, que gere emprego e renda sem destruir a Caatinga num ritmo de 16 mil quilômetros quadrados em seis anos – diz o ministro Carlos Minc.

Nesta quarta, dia 4, começa em Juazeiro, na Bahia, e em Petrolina, em Pernambuco, um encontro entre os governos federal e dos Estados da região Nordeste, além de produtores e bancos para discutir o combate ao desmatamento da Caatinga.

Surge no Piauí o maior parque de caatinga do Brasil

Fonte: O Globo – 24 fev 2010

O Parque Nacional da Serra das Confusões, no Piauí, vai anexar 300 mil hectares de terra a partir de março, tornando-se a maior área de preservação de caatinga no Brasil. No total, serão mais de 802 mil hectares de um bioma único no mundo, onde a terra, seca na maior parte do ano, faz surgir plantas de raízes fortes e profundas e animais resistentes.

A área a ser incorporada é a da Serra Vermelha, uma grande chapada de 4.900 km quadrados que abriga água que não se vê. Estão nela as nascentes do Rio Piauí, onde a água só corre nos períodos de chuva, e do Rio Itaueira, onde a calha, sempre seca, forma um corredor de absorção de toda a chuva que cai na região.

Sem que se aviste a olho nu, este rio sem água abastece aquele que é um dos maiores lençóis freáticos do país, o do Vale do Gurgueia, e grandes lagoas piauienses, como a Lagoa do Rio Grande.

– O chapadão funciona como uma enorme esponja. Absorve a água e abastece rios e lagoas da região – explica José Wilmington Paes Landim Ribeiro, agrônomo que dirige o Parque das Confusões desde 1999.

Para se ter uma idéia, o Vale do Gurgueia inclui poços que jorram água a 60 metros de altura. Conhecidos como ‘poços jorrantes’, eles foram abertos na década de 70, quando exploradores perfuraram a região atrás de petróleo e descobriram ali o líquido bem mais precioso.

Sem valor imediato para a descoberta, a água jorrou a céu aberto por 30 anos no meio do semiárido, conhecido justamente pela carência dela. Só recentemente foram providenciados registros para conter o desperdício.

Dois municípios vão doar terras

Criado em 1998, o Parque Nacional da Serra das Confusões abrange atualmente, com seus 502.411 hectares, terras de sete municípios – Jurema, Tamburil do Piaui, Canto do Buriti, Alvorada do Gurgueia, Cristino Castro, Bom Jesus e Guaribas – este último considerado exemplo da pobreza no país, por ter o menor PIB per capita, e, por isso mesmo, escolhido para o lançamento do Programa Fome Zero.

Com a nova área a ser anexada, serão incorporadas partes dos municípios de Bom Jesus – o maior doador de terra para a ampliação – e Santa Luz.

A delimitação da área, já negociada entre os governos federal e do Piauí, deve ficar pronta até o início de março, a tempo de aproveitar uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao estado para que o decreto seja assinado.

A idéia é que o novo perímetro do parque contorne os bolsões comunitários, evitando desapropriações desnecessárias e pendências por ocupações a serem indenizadas.

Em todo o Nordeste, apenas um parque hoje é maior do que o da Serra das Confusões. Trata-se do Parque das Nascentes do Rio Parnaíba, com sede no Piauí e que abrange parte dos estados da Bahia, Maranhão e Tocantins. São 733 hectares. O bioma, porém, é o cerrado.

Outros parques de caatinga são o da Serra da Capivara (Piauí), Catimbau (Pernambuco), Chapada Diamantina (Bahia) e Cavernas Peruaçu (Minas Gerais). Juntos, porém, eles somam cerca de 400 hectares, apenas metade da nova área do Parque Nacional das Confusões

– O país está devendo muito para a proteção da caatinga. É o bioma mais alterado pela ação do homem e nunca se deu muita importância a ele. Achavam que era um bioma pobre, sem muito a desvendar – diz Ribeiro.

Com a importância crescente dos temas ligados ao meio ambiente no planeta, os pesquisadores começaram a perceber que a caatinga, única no mundo, abriga espécies que nenhum outro lugar é capaz de acolher.

Castigada pelo clima, a flora é rica. São cerca de 930 espécies lenhosas, herbáceas, de cactos ou bromélias. Nos períodos de seca, as folhas de muitas delas caem justamente para evitar transpiração e perda de água. As raízes são profundas e exuberantes, capazes de captar umidade na maior profundidade possível.

A fauna é de bichos fortes. O Carcará, árvore de rapina, é uma delas. Os lagartos que seguem a cor da vegetação para se camuflar durante o inverno e a seca são, pelo menos, de 47 espécies – sete deles sem pés. A mais recente encontrada está sendo descrita por pesquisadores da USP e chama-se Calyptommatus confusionibus. Só de serpentes, são 45 espécies.

Das 18 espécies de aves endêmicas da caatinga, 13 estão presentes do Parque da Serra das Confusões. Há ainda o veado catingueiro, a onça parda, o tamanduá e o tatu-bola, muitos na lista de ameaçados de extinção.

– A caatinga, depois de anos de esquecimento, tem agora prioridade máxima de preservação para que sua biodiversidade seja protegida – diz o diretor do parque.

A pressão da soja

Rodeado pela agricultura familiar e de subsistência, o Parque Nacional da Serra das Confusões vai crescer para não diminuir. Esta é a tese das autoridades e ambientalistas envolvidos no projeto.

A paisagem cinematográfica, repleta de cânions, vales, formações rochosas, grutas e sítios arqueológicos sofreu, ao longo do tempo, a ação das carvoarias clandestinas.

A vegetação da caatinga, à primeira vista escassa, sempre abasteceu fornos industriais no Nordeste, onde o carvão ainda hoje é importante matriz energética. O corte, porém, era com machados, feitos por gente que nasceu e sempre morou ali e tem no carvão e na lenha única fonte de renda.

A ameaça, agora, vem da soja. Dono de plantações mais recentes e consideradas das mais produtivas de todo o país, o Piauí corre o risco de ver a expansão da soja passar das áreas de cerrado para as de caatinga por causa da especulação em torno do preço da terra.

As chamadas terras de altitude, não exploradas pela agricultura familiar, para os grandes produtores de soja se tornam uma nova fronteira de ocupação. Com plantio e colheita mecanizados e uso de adubo em larga escala, fazendeiros de outros estados lançam olhos sobre o chão árido que, até agora, parecia ser só dos lagartos.

O preço compensa: a diferença entre o cerrado e a caatinga é de R$ 1.000 para R$ 50 por hectare.

O desmatamento e a interferência no bioma é a principal questão.

– Na medida em que desmata e o solo deixa de absorver, a água vai correr em superfície e a esponja deixa de existir – explica Ribeiro, referindo-se ao chapadão da Serra Vermelha.

Turismo ecológico

No projeto do parque ampliado, a compensação financeira parece mais distante, mas pode incluir mais gente. No lugar de grandes fazendas mecanizadas, com uso restrito de mão-de-obra, o projeto propõe a criação de infraestrutura para o turismo ecológico, atraindo inicialmente os estrangeiros, já interessados na área da Serra da Capivara, diante apenas 80 km da Serra das Confusões na medida portão a portão.

Estruturas para turismo em grutas, trilhas e até museus a céu aberto nas áreas de sítios arqueológicos e pinturas rupestres estão em fase licitação.

– A preocupação maior é conter o avanço da soja em direção ao parque. Nossa obrigação é proteger a unidade – afirma Ribeiro.

O bioma

Segundo informações do Ibama, a caatinga corresponde a 6,83% do território nacional e se estende por 10 estados. A caatinga ocupa 100% do Ceará, 95% do Rio Grande do Norte, 92% da Paraíba, 83% de Pernambuco e 63% do Piauí. Na Bahia (54%), Alagoas (48%) e Sergipe (49%) corresponde a cerca de metade do território. Áreas menores estão em Minas Gerais (2%) e Maranhão (1%).

O termo Caatinga é originário do tupi-guarani e significa mata branca. Na seca, as folhas caem. No período de chuvas, ficam verdes. Os rios também são intermitentes e ficam secos durante parte do ano.

‘Se não vos converterdes, todos perecereis’

Leonardo Boff

Disse Jesus nos evangelhos: “Se não vos converterdes, todos vós perecereis”.

Quis dizer: “Se não mudardes de modo de ver e de agir, todos vós perecereis”.

Nunca estas palavras me pareceram tão verdadeiras como quando assisti a Crônica de Copenhague, um documentário da TV francesa e passada num canal fechado no Brasil e, suponho, no mundo inteiro.

Na COP-15 em Copenhague, em dezembro último, se reuniram os representantes das 192 nações para decidir a redução das taxas de gases de efeito estufa, produtores do aquecimento global.

Todos foram para lá com a vontade de fazer alguma coisa. Mas as negociações depois de uma semana de debates acirradíssimos chegaram a um ponto morto e nada se decidiu.

Quais as causas deste impasse que provocou decepção e raiva no mundo inteiro?

Creio que antes de mais nada não havia suficiente consciência coletiva das ameaças que pesam sobre o sistema-Terra e sobre o destino da vida.

É como se os negociadores fossem informados de que um tal de Titanic estaria afundando sem se dar conta de que se tratava do navio sobre o qual estavam, a Terra.

Em segundo lugar, o foco não estava claro: impedir que o termômetro da Terra suba para mais de dois graus Celsius, porque então conheceremos a tribulação da desolação climática.

Para evitar tal tragédia, urge reduzir a emissão de gases de efeito estufa com estratégias de adaptação, mitigação, concessão de tecnologias aos países mais vulneráveis e financiamentos vultosos para alavancar tais medidas.

A preocupação agora não é garantir a continuidade do status quo mas dar centralidade ao sistema Terra, à vida em geral e à vida humana em particular.

Em terceiro lugar, faltou a visão coletiva. Muitos negociadores disseram claramente: estamos aqui para representar os interesses de nosso país. Errado.

O que está em jogo são os interesses coletivos e planetários e não de cada pais. isso de defender os interesses do país é próprio dos negociadores da Organização Mundial do Comércio, que se regem pela concorrência e não pela cooperação.

Predominando a mentalidade de negócios funciona a seguinte lógica, denunciada por muitos bem intencionados, em Copenhague: não há confiança pois todos desconfiam de todos; todos jogam na defensiva; não colocam as cartas sobre a mesa por temerem a crítica e a rejeição; todos se reservam o direito de decidir, como num jogo de pôquer, só no último momento.

Os grandes jogadores se omitiram: a China observava, os EUA calavam, a União Européia ficou isolada e os africanos, as grandes vítimas, sequer foram tomados em consideração. O Brasil no fim mostrou coragem com as palavras denunciatórias do Presidente Lula.

Por último, o fracasso de Copenhague – bem o disse Lord Stern lá presente – se deveu à falta de vontade de vivermos juntos e de pensarmos coletivamente. Ora, tais coisas são heresias para espírito capitalista afundado em seu individualismo.

Este não está nada interessado em viver juntos, pois a sociedade para ele não passa de um conjunto de indivíduos, disputando furiosamente a maior fatia do bolo chamado Terra.

Jesus tinha razão: se não nos convertermos, vale dizer, se não mudarmos este tipo de pensamento e de prática, na linha da cooperação universal jamais chegaremos a um consenso salvador. E assim iremos ao encontro dos dois graus Celsius de aquecimento com as suas dramáticas consequências.

A valente negociadora francesa Laurence Tubiana no balanço final disse resignadamente:”os peixes grandes sempre comem os menores e os cínicos sempre ganham a partida, pois essa é a lógica da história”.

Esse derrotismo não podemos aceitar. O ser humano é resiliente, isto é, pode aprender de seu erros e, na urgência, pode mudar. Fico com o paciente chefe dos negociadores Michael Cutajar que no final de um fracasso disse: “amanhã faremos melhor”.

Desta vez a única alternativa salvadora é pensarmos juntos, agirmos juntos, sonharmos juntos e cultivarmos a esperança juntos, confiando que a solidariedade ainda será o que foi no passado: a força secreta de nossa melhor humanidade.

Livro ‘Ecos do Cerrado’ narra a destruição do Cerrado no Piauí

Do portal Ecodebate

Metade da área agricultável do cerrado piauiense já foi desmatada. E o que é pior, tudo aconteceu nos últimos cinco anos. O dado consta no livro “Ecos do Cerrado: bichos imploram contra a destruição do cerrado”, do ambientalista Judson Barros. Continue lendo

Exploração e extração de urânio ameaçam moradores e sistemas ecológicos no Brasil e na Guiana

Por Norbert Suchanek, para o EcoDebate

Febre de urânio na Amazônia – A Amazônia e seus habitantes estão ameaçados pela mineração de urânio. De fato, já há 30 anos foram descobertas reservas enormes do metal pesado radioativo na Amazônia brasileira (Rio Cristalino, no Pará, Pitinga, no Estado do Amazonas, e na região dos Ianomâmi em Roraima), assim como também no país vizinho Guiana. Mas só agora começou a febre do urânio na região. À procura de jazidas mais produtivas, atualmente várias mineradoras perfuram o solo da Guiana com equipamento pesado.

Continue lendo