Arquivo da categoria: Africa

Mulheres estupradas em conflito líbio correm risco de ser mortas por ‘honra’

[Pascale Harter, BBC Brasil, 15 jun 11] Mulheres e meninas líbias que engravidaram durante estupros correm o risco de serem assassinadas por suas próprias famílias, em atos chamados de “mortes honrosas”, advertem agentes humanitários.

Se ao redor do mundo o estupro é um tema sensível, na Líbia o tabu é ainda maior.

“Na Líbia, quando um estupro ocorre, parece que toda a cidade ou aldeia é considerada desonrada”, explica Arafat Jamal, da agência de refugiados da ONU (UNHCR).

Entidades beneficentes do país dizem estar recebendo relatos de que, no oeste do país, que é especialmente conservador, as forças do líder Muamar Khadafi teriam abusado sexualmente de meninas e mulheres diante de seus pais e irmãos. Continue lendo

ONU alerta sobre violência sexual na Costa do Marfim, Líbia, no Congo e em regiões de Angola

[Renata Giraldi, Agência Brasil, 15 abr 11] Aumentou o número de denúncias de violência sexual nos conflitos armados na Costa do Marfim, Líbia, no Congo e em algumas regiões de Angola. O alerta foi feito ontem (14) pela  representante especial do secretário-geral sobre a Violência Sexual em Conflito nas Nações Unidas,  Margot Wallström. Para ela, é urgente que as autoridades tomem providências efetivas antes que a situação se agrave.

As informações são das Nações Unidas. “Mesmo na  tirania da urgência, as provas concretas aparecem”, afirmou Wallström durante apresentação no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “Nossos esforços são para defender a segurança internacional e isso não será completo se não incluir o fim da violência sexual antes mesmo de ela começar.”

A representante lembrou que em dezembro de 2010, o Conselho de Segurança aprovou a resolução que define a necessidade de acabar com a impunidade para os crimes sexuais e recomenda a adoção de medidas para lidar com a “violência sexual generalizada e sistemática” em situações de conflito armado. Continue lendo

“Poção milagrosa” gera filas de até 26 km na Tanzânia

 

[BBC Brasil, 30 mar 11] Um pastor da Tanzânia pediu a seus seguidores que parem de ir à remota região em que ele vive em busca de uma “poção milagrosa”. As visitas à sua casa começaram a causar caos na região, porque atraem milhares de pessoas, e as filas se estendem por dezenas de quilômetros.

O reverendo Ambilikile Babu Mwasapile, 76, disse que não quer que ninguém mais compareça a suas sessões de curandeirismo até a sexta-feira, dia 1º de abril, prazo que deu para que as multidões de peregrinos diminuam.

Uma repórter da BBC contou que as filas para uma visita a Mwasapile chegam a ter 26 quilômetros de comprimento.

De acordo com a mídia local, cerca de 52 pessoas morreram quando esperavam para vê-lo.

A crença na magia e nos poderes dos curandeiros tradicionais são costumeiras na Tanzânia. Continue lendo

Crise líbia: Perigo de contágio na África subsaariana

[Voz da América, 30 mar 11] Os confrontos na Líbia poderão provocar o êxodo de muitas pessoas desde meros refugiados até mercenários e militares

Os confrontos na Líbia poderão provocar o êxodo de muitas pessoas, desde meros refugiados até mercenários e militares, em direcção aos países situados a sul. Contudo, salientam muitos analistas, aqueles países não têm condições de acolhimento.

A cidade de Dirkou no deserto do Níger situa-se a mais de 1.600 km da costa líbia onde os rebeles apoiados pela NATO lutam contra as forças governamentais.

Contudo aquela cidade de poucos recursos poderá debater-se com uma crise humanitária se os confrontos alastrarem para o sul da Líbia.

Prevê-se com efeito que vagas de mercenários e de desalojados se desloquem para cidades tais como Dirkou através de toda a região do Sará. Segundo Jeremy Keenan, um especialista britânico em assuntos africanos, nenhum dos países vizinhos tem capacidade de resposta para um tal afluxo.

A principal preocupação, diz Keenan, são os mercenários. Segundo ele, Gadhafi contratou alguns milhares de mercenários da África subsaariana e o seu exército inclui igualmente cerca de 10 mil homens de comunidades nómadas tuaregues provenientes não só da Líbia como também do Mali, Níger, Chade e Burkina Fasso. Continue lendo

Energia limpa obtida do sol é oportunidade para a África

Instalações solares como essa poderiam reduzir rapidamente a emissão de CO2

[DW, 22 fev 2011] A energia solar limpa vinda do deserto poderá superar instalações poluentes movidas a carvão, bem como usinas nucleares. Em particular na África, onde as condições de incidência solar são excelentes.

Quando o assunto é África, frequentemente os noticiários abordam a falta de alimentos, deficiências na educação e a falta de condições para uma vida saudável. Uma coisa, porém, o continente tem de sobra: o sol.

E é por esse motivo que a energia solar poderia resultar em uma mudança expressiva para o continente – tanto em termos econômicos, quanto sociais. Hoje, tal estimativa é compartilhada simultaneamente por pesquisadores, ambientalistas e profissionais de ajuda ao desenvolvimento.

Fatos e números

De acordo com a Agência Internacional de Energia, o sol irradia permanentemente mais de 120 mil terawatts para a superfície terrestre. Isso corresponde ao desempenho de 100 milhões de grandes usinas atômicas. A luz solar oferece 7.700 vezes mais energia do que toda a demanda mundial medida em 2006 (136 mil terawatts-hora). Continue lendo

Coleção História Geral da África ~ Unesco

[Publicado pela Unesco]

8 volumes da edição completa.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.

Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

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Albinos africanos lutam contra o tráfico de órgãos, o preconceito e as crenças tribais

[Eduardo Castro, publicado na Agência Brasil, 13 dez 2010]

Maputo (Moçambique) – No interior da África, ainda é forte a crença de que portadores de albinismo são presságio de muita sorte ou grande azar. Na Tanzânia, desde 2007, pelo menos 59 pessoas foram assassinadas por traficantes de órgãos, usados em rituais de magia. “As crenças existem. De que o albino não morre, desaparece. E de que o sangue ou o cabelo do albino pode ajudar a acumular riquezas”, disse Ana Gabriela Eugênio, presidenta da primeira associação moçambicana a lidar com o tema.

Entretanto, em pouco mais de um ano de existência, a Associação Diferentes Somos Iguais não registrou nenhum caso de assassinato de crianças motivado pelo tráfico de órgãos. Em Moçambique, o problema maior, disse ela, é o preconceito. “Nós temos alguns membros que foram abandonados pelos pais porque a mãe preferiu conservar o lar. Existe a crença forte de que um albino na família é sinal de azar”. Continue lendo

Irmandade Muçulmana não consegue eleger representantes para o Parlamento egípcio

Protestos de partidários da Irmandade Muçulmana no Cairo: derrota nas urnas

[BBC Brasil, 1 dez 2010]

A Comissão Eleitoral do Egito divulgou nesta quarta-feira os resultados oficiais das eleições legislativas do país, confirmando que o principal grupo de oposição, a Irmandade Muçulmana, não conseguiu sequer uma só cadeira no Parlamento. O governista Partido Nacional Democrático (PND), do presidente Hosni Mubarak, obteve 95% dos assentos no primeiro turno da votação. A oposição, que vinha acusando o governo de fraudar a votação, manifestou revolta com o resultado.

A Irmandade Muçulmana, que no último Parlamento detinha um quinto das cadeiras, foi banida no Egito, mas muitos de seus integrantes concorreram como independentes.

De acordo com os resultados divulgados, o PND conquistou 217 dos 508 assentos no primeiro turno. No total, os partidos do bloco opositor elegeram somente cinco candidatos. O partido liberal Wafd obteve dois assentos, enquanto que o esquerdista Tagammu, o partido Justiça Social e o liberal Ghad conquistaram um assento cada.

Outros seis candidatos independentes conquistaram cadeiras. O restante das 280 será disputado em um segundo turno, marcado para o próximo domingo. Continue lendo

Quilombola brasileira revela emoção de primeira visita à África

Maria José Palhano (à direita) foi a Guiné-Bissau como parte de projeto

[Texto de Mirella Domenich, publicado na BBC Brasil, 26 nov 2010]

Um grupo de quilombolas – descendentes dos escravos que fugiram de seus donos no Brasil e fundaram refúgios, os quilombos – está pela primeira vez na África para conhecer a terra de seus ancestrais.

A viagem, financiada pela ONG portuguesa Instituto Marques do Valle Flor e pela União Europeia, começou no último dia 17, em Guiné-Bissau, e termina em 2 de dezembro, em Cabo Verde.

A excursão faz parte do projeto “O Percurso dos Quilombos: da África para o Brasil e o Regresso às Origens”. O grupo de viajantes é formado por 21 quilombolas brasileiros – todos do Maranhão – e cinco acompanhantes.

“O calor com o que nos acolheram deu a impressão de que já nos conhecíamos há milhares de anos, que realmente somos da mesma família”, disse a lavradora e quilombola Maria José Palhano, 50 anos, sobre o contato com os africanos.

“Deu um sentimento de pertencimento, que realmente somos da mesma família e que fomos levados daqui”, afirma ela, que é coordenadora da Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (Aconeruq), ONG brasileira parceira do projeto.

Deu um sentimento de pertencimento, que realmente somos da mesma família e que fomos levados daqui. Maria José Palhano, quilombola

De acordo com dados do Conselho Ultramarino, o Maranhão recebeu 31.563 escravos entre os anos de 1774 e 1799, quase metade deles vindos de Guiné-Bissau. Continue lendo

População da África passou de 1 bilhão em 2009

[Texto de Agostinho Vieira, O Globo, 24 nov 2010]

Pela primeira vez, em 2009, a população total da África passou de 1 bilhão de pessoas, com cerca de 40% vivendo em áreas urbanas. Com isso, a África junta-se à China e à Índia e passa a ser a terceira região do mundo que alcança essa marca. Os dados foram divulgados hoje pela agência Habitat, da ONU, num relatório especial feito sobre o continente. A previsão da ONU é que esse número ainda possa dobrar até 2050. Já a população urbana, que em 1950 era de mais ou menos 500 mil pessoas, pode triplicar até 2050, chegando a quase 1,3 bilhão de habitantes ou 60% da população total.

O fato de a África estar se tornando mais urbana do que rural não é necessariamente um problema. Mas o relatório da ONU adverte para o risco de uma favelização maior das cidades e pede que os governos africanos tentem planejar melhor o seu crescimento: “O padrão tem sido oceanos de pobreza com ilhas de riqueza. As condições de vida na África hoje são as mais desiguais do mundo. Um continente inundado de favelas, com a população urbana triplicando é um prenúncio claro de desastre. A menos que seja feita alguma coisa imediatamente”, registra o documento da ONU. Continue lendo

Conflitos na Somália superlotam campo de refugiados no Quênia

Foto: AP – Crianças somalis em campo de refugiados de Dadaab, no leste do Quênia

Mesmo em condições de vida ruins e sob recrutamento de islâmicos radicais, somalis que cresceram em Dadaab se negam a voltar

Quando era um jovem em 1991, Abdullahi Salat chegou a Dadaab, no Quênia, fugindo da guerra civil em seu país, a Somália, e encontrou pouco mais do que arbustos e algumas barracas. A mulher que trabalhava para as Nações Unidas e saudou-o no porto seguro, então quase vazio, mostrou-lhe a sua barraca e colocou um punhado de sementes na palma de sua mão.

“Plante-as. Aqui é quente”, lembra-se Salat, agora com 29 anos, de ter ouvido a mulher falar. Mas, em resposta, ele disse que não plantaria naquele dia, que Dadaab não era seu lar e acreditava que iria se mudar em breve. Hoje, conta, “as árvores estão bastante grandes”.

Ao longo dos anos desde que Salat chegou a Dadaab – região árida do Quênia, a cerca de 50 quilômetros da fronteira com a Somália – a população de refugiados local aumentou para cerca de 300 mil, praticamente todos somalis, tornando-a o maior complexo de refugiados no mundo, segundo oficiais da ONU, e uma das maiores cidades do Quênia.

No próximo ano, Dadaab comemorará o seu 20º aniversário. Mas, conforme os conflitos da Somália seguem adiante, a atitude do Quênia para com os somalis têm esfriado e esse conjunto de campos de refugiados se tornou um incômodo problema político e, alguns afirmam, fonte de insegurança. Continue lendo