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Brasil vira rota de bengalis em busca de refúgio

bengalisO Brasil vem sendo destino, nos últimos anos, de uma nova onda de imigrantes que, em 2013, passaram a assumir a primeira posição na lista de estrangeiros que pediram refúgio no país. Trata-se de cidadãos de Bangladesh, um país asiático a milhares de quilômetros do Brasil.

[Mariana Della Barba, BBC Brasil, 5 fev 2014] Segundo dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), no ano passado, até novembro, 1.830 bengalis entraram no Brasil e solicitaram status de refugiados – mais que o dobro do total de cidadãos do segundo país que mais fizeram a mesma solicitação no mesmo período, Senegal (799).

Apesar de não terem o pedido de refúgio atendido – por não se encaixarem nos critérios do governo para isso -, os bengalis acabaram permanecendo no país, recebendo direito a residência permanente. Sem isso, e sem o status de refugiados, eles poderiam ter sido deportados do país.

O fato reflete um crescimento crescente no número de imigrantes de Bangladesh nos últimos anos. Em 2011, o Conare contabilizou 74 pedidos de refúgio feitos por pessoas do país asiático. No ano seguinte, elas haviam subido para 280.

Projeção atraente

A chegada de imigrantes ou refugiados vindos de Bangladesh ou de nacionalidades que tradicionalmente não migravam em massa ao país é um fenômeno recente.

Essa diversificação, segundo autoridades, é fruto da crescente projeção brasileira no exterior, aliada às crescentes restrições à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos.

Segundo Ricardo Felix, advogado da Cáritas, ONG de direitos humanos que ajuda refugiados em várias cidades brasileiras, muitos bengalis com quem ele conversou nos últimos meses contam ver o Brasil como um país em paz, cheio de oportunidade e com histórico acolhedor.

“Fora que é um país em evidência, pelo crescimento econômico e pelos grandes eventos. E, junto com isso, também vêm as consequências”, diz Ricardo Felix.

De acordo do Felix, muitos que ele entrevistou nos últimos meses contam que chegam no Brasil, diretamente em cidades como Rio ou São Paulo, de avião, portando visto de turistas, para em seguida pedirem refúgio. Outros tantos, porém, chegam por rotas muito mais complicadas.

A Polícia Federal diz que parte dos bengalis entra no Brasil pelas fronteiras com a Bolívia – caso de Hussain – ou com o Paraguai. Muitos vêm ao país para trabalhar em fábricas – especialmente no Paraná.

As primeiras vindas de bengalis, assim como de paquistaneses, ganeses e senegaleses, ocorreu, segundo o Ministério da Justiça, “em razão da crescente necessidade de mão de obra para o abate halal (preparação de carne seguindo os preceitos islâmicos), em consequência do crescimento do mercado no Oriente Médio e da obrigação de que o abate das aves fosse feito exclusivamente pelos praticantes da religião muçulmana”.

O abate com o método halal fornece um selo requerido pelos países de maioria islâmica que importam a carne brasileira.

Miséria e política

Mas por que tantos bengalis estão deixando seu país e encarando uma jornada que incluiu atravessar dois continentes e dois oceanos para pedir refúgio aqui?

Em um das pontas desse trajeto está um país miserável, onde 31% da população vive abaixo da linha de pobreza e 40% tem subempregos, trabalhando apenas algumas horas por semana, segundo dados do Banco Mundial.

Os problemas econômicos são agravados pela tensão política latente no país. A rivalidade entre os dois principais partidos – o governista Liga Awami e o opositor Partido Nacional de Bangladesh (PNB) – se reflete no cotidiano do país e gera uma multidão de perseguidos políticos, entre governistas ou opositores, dependendo da região do país.

Um exemplo desse conflito é o fato de mais de cem pessoas terem sido mortas desde o fim do ano passado, em uma escalada de violência que precedeu as eleições do início de janeiro, consideradas uma das mais violentas da história do país.

“Os relatos que recebemos de Bangladesh é que, no conflito entre os dois partidos, é comum que ambos os lados façam a coação de pessoas, às vezes pessoas simples, para levar a cabo a perseguição”, disse Ricardo Felix.

Refugiados?

A legislação brasileira prevê a aprovação do pedido de refúgio quando há temores fundamentados de que o estrangeiro no caso sofre perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas.

Em uma revisão dos casos de 4 mil estrangeiros que haviam pedido o status, realizada em dezembro de 2013, o governo concluiu que os 1.830 bengalis não se encaixavam nessa categoria, já que se concluiu que estavam no Brasil por razões econômicas, em busca de melhores condições de vida e trabalho.

No mesmo mês, esses casos foram enviados para a análise do Conselho Nacional de Migração (CNIg), e o governo lhes concedeu residência permanente.

“A grande questão era como solucionar, de forma que esses milhares de trabalhadores estrangeiros não ficassem em situação migratória irregular em caso de decisão desfavorável”, afirmou Paulo Sérgio Almeida, presidente do CNIg, na cerimônia que anunciou a concessão da residência aos estrangeiros, justificando a decisão: “A grande maioria possui emprego e vêm conseguindo se integrar de forma satisfatória ao nosso país.”

Segundo o governo brasileiro, não há uma conduta específica para os solicitantes de refúgio vindos de Bangladesh, já que a política segue sendo avaliar caso a caso. “As análises dos procedimentos no âmbito do Conare se dão de maneira individualizada. As regras e acordos internacionais, bem como as reconhecidas boas práticas brasileiras nesse sentido, devem continuar sendo cumpridas”, afirmou a assessoria do Ministério da Justiça.

“O esforço do governo brasileiro é criar uma capacidade de atendimento em prazo razoável à demanda a nós apresentada e que vem crescendo a cada ano, por meio de acordos de cooperação já firmados com a Defensoria Pública da União e com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR).”

Malásia proíbe o uso da palavra ‘Alá’ por não muçulmanos

Malaysia Allah Dispute

Um tribunal de apelações da Malásia, país de maioria muçulmana, confirmou nesta segunda (14 out 2013) uma decisão do governo contra o uso da palavra Alá para se referir a Deus em religiões não muçulmanas.

A decisão anula reclamações de cristãos de que a restrição viola os seus direitos religiosos.

Alá é a palavra árabe para Deus, e é comumente usada na língua malaia para se referir a Deus.

Mas o governo malaio insiste em que a palavra Alá deva ser reservada exclusivamente para os muçulmanos, temendo que seu uso por outras religiões possa confundir os muçulmanos e poderia servir para tentar convertê-los.

As minorias budistas (cerca de 20%), cristãs (9%) e hindus (6%) do país frequentemente se queixam de que o governo infringe o direito constitucional que têm de praticar livremente sua religião. Acusações que o governo nega.

Há quatro anos, um tribunal de primeira instância havia decidido contra a proibição do governo, o que provocou uma série de ataques a igrejas e a outros locais religiosos.

JORNAL

A disputa judicial decorre de esforços por parte do jornal católico “The Herald” para usar Alá em seu semanário em língua malaia.

Representantes da Igreja Católica negam que haja tentativas de converter muçulmanos e dizem que a proibição do governo não é razoável, porque cristãos que falam malaio usam há muito tempo a palavra Alá em suas Bíblias, na literatura e na música.

Para o juiz Mohamed Ali Apandi, do tribunal de apelações, o uso da palavra Alá não é parte integrante da fé e da prática do cristianismo. “Não há nenhuma violação de quaisquer direitos constitucionais da proibição. Não encontramos nenhuma razão para que o jornal católico seja tão inflexível na intenção de usar a palavra Alá. Se tal uso for permitido, inevitavelmente causará confusão na comunidade.”

O reverendo Lawrence Andrew, editor do “The Herald”, disse que vai apelar do veredicto na suprema corte do país.

“Estamos muito desapontados e desanimados. É um retrocesso no desenvolvimento do direito em relação à liberdade fundamental de minorias religiosas”, disse.

Para Arlene Elizabeth Clemesha, diretora do Centro de Estudos Árabes da Universidade de São Paulo, como a língua local já incorporou a palavra árabe para Deus (Alá), o governo da Malásia, país que não é árabe e onde não se fala árabe, teme que o emprego de ‘Alá’ por todas as religiões no país favoreça a conversão de muçulmanos ao cristianismo, ao budismo, ao hinduísmo, já que isso os aproxima dessas religiões minoritárias.

“A atitude desse governo é, no mínimo, lastimável. Ergue muros fictícios onde deveria quebrar barreiras e aproximar as várias comunidades que compõem o seu país.”

Para ela, trata-se de mais um caso de utilização da religião para fins de poder e de controle, incentivando o crescimento da população muçulmana e criando divisões entre as comunidades.

“Infelizmente, o governo da Malásia não está sozinho nesse tipo de atitude”, diz.

[Publicado originalmente na Folha de SP, 14 out 2013]

Polícia indiana interrompe ritual de enterro de bebê vivo

A polícia indiana prendeu nesta quinta-feira o pai e o tio de um bebê do sexo feminino que seria enterrado vivo.

[Ram Dutt Tripathi, BBC Ásia, 10 mai 12] Autoridades da província de Uttar Pradesh, no norte do país, afirmaram que os dois homens haviam cavado um buraco no cemitério local e foram detidos em flagrante enquanto tentavam enterrar o bebê de apenas dois meses.

Os pais da criança alegaram que seguiam um conselho de um guru espiritual, segundo o qual o enterro da menina protegeria o próximo filho do casal de doenças graves. Continue lendo

Urbanistas da Índia querem importar ‘jeitinho brasileiro’ para favelas de Mumbai

Um grupo de arquitetos da Índia quer levar algumas lições aprendidas nas favelas brasileiras para Mumbai para melhorar as condições de moradia em regiões pobres da cidade indiana.

[BBC Brasil, 3 abr 12] Arquitetos e urbanistas do Institute of Urbanology – uma fundação dedicada à pesquisa e difusão de ideias de urbanismo, com sede em Mumbai – acreditam que várias iniciativas do governo indiano de reconstruir conjuntos habitacionais acabaram produzindo apenas corrupção, prédios decrépitos e vizinhanças miseráveis.

Em alguns casos, as condições de vida dos moradores nos novos blocos até mesmo piorou quando eles trocaram seus casebres nas favelas por esses novos apartamentos. Continue lendo

Nobel da Paz Aung San Suu Kyi ganha mandato parlamentar em Mianmar

Mianmar realizou eleições parlamentares históricas. Após dezenas de anos de resistência contra o regime, a Nobel da Paz conquistou um assento no Parlamento, que ainda continua sendo dominado pelos militares.

[DW, 1 abr 12] Isolado internacionalmente, Mianmar realizou eleições parlamentares históricas neste domingo (1°/04). Segundo informações de seu próprio partido, aludindo à contagem aberta dos votos, a Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi conquistou um assento no Parlamento do país, que continua sendo dominado em grande parte pelos militares.

Nas duas eleições anteriores – em 1990 e 2010 – Suu Kyi estava presa, sob o jugo da junta militar que governou o país do Sudeste da Ásia. Cerca de 6,8 milhões de pessoas estavam aptas a votar na eleição deste domingo. Continue lendo

Imagem do Dia: Jovem tibetano, Janphel Yeshi, se imola em protesto

Tibetano se imola antes de visita de Hu Jintao à Índia

[Reuters, 26 mar 12] Nova Déli – Um tibetano ateou fogo ao próprio corpo em Nova Déli nesta segunda-feira, em um protesto contra a visita do presidente chinês, Hu Jintao, que chegará à Índia no final da semana para uma cúpula.

Fotos tiradas por um fotógrafo da Reuters mostram o manifestante envolvido em chamas, antes de ser levado ao hospital com queimaduras no tronco. Não ficou claro quão grave eram os seus ferimentos.

O homem, de 27 anos, identificado como Janphel Yeshi, colocou fogo no corpo em pleno centro da capital indiana, segundo fontes policiais.

Trinta tibetanos atearam fogo a si mesmos, a maioria no sudoeste da China, no último ano em protesto contra o regime da China no Tibet, de acordo com grupos tibetanos de direitos humanos. Pelo menos vinte deles morreram.

Pobreza leva mulheres a casamentos precoces, no Tajiquistão

A pobreza no Tajiquistão é uma das principais causas dos casamentos precoces. Nas famílias rurais, os filhos homens se convertem no sustento da família, e as meninas são, em geral, consideradas uma carga financeira.

[Envolverde/IPS, 7 mar 12] Dusambé, Tajiquistão  – Quando Kibriyo Khaitova tinha 16 anos seus pais lhe disseram que se não casasse se converteria em uma solteirona. Assim, como muitas jovens do Tajiquistão, casou-se com o homem sugerido pela sua família. Agora tem 20 anos, dois filhos e foi abandonada pelo marido. “Meus pais me disseram que já tinha idade e que precisava casar”, contou a jovem, que vive no Vale de Ferghana, zona da Ásia central onde seguem fortemente arraigados costumes sociais conservadores.

“Eu disse a eles que queria continuar estudando, mas responderam que os homens não gostam de jovens educadas e que não é preciso estudar para ser uma boa esposa. A primeira vez que vi meu marido foi no casamento. Tinha muito medo, mas minha avó me falou que tudo sairia bem”, recordou. A propagada pobreza no Tajiquistão é uma das principais causas dos casamentos precoces, segundo um informe da Fundação Eurásia. Nas famílias rurais, os filhos homens se convertem no sustento da família, e as meninas são, em geral, consideradas uma carga financeira. Continue lendo

Contra a infidelidade, região indonésia transfere salário de homens às esposas

O governo da Província de Gorontalo, na Indonésia, transformou em política pública um imbróglio envolvendo o salário de maridos supostamente infiéis e suas esposas e amantes.

[BBC Brasil, 9 fev 12] A partir de março, o salário dos funcionários públicos casados será depositado diretamente na conta de suas mulheres oficiais.

Segundo o porta-voz do governo provincial, Rudi Iriawan, a decisão foi tomada para combater a infidelidade, devido à crescente reclamação das esposas de que recebiam de seus maridos “dinheiro apenas para comprar a comida do dia”. A principal razão seria a partilha do salário entre amantes e esposas.

De acordo com o governo, a iniciativa visa diminuir os casos extraconjugais.

As esposas também reclamavam da falta de transparência dos maridos nas questões financeiras. Continue lendo

Dissidente é indiciado na China por poema “subversivo”

As autoridades chinesas indiciaram por subversão o veterano dissidente Zhu Yufu, autor de um poema que conclama as pessoas a defenderem sua liberdade, disse o advogado dele nesta terça-feira.

[Sui-Lee Wee, Reuters, 17 jan 12] Vários dissidentes têm sido alvo de uma onda de repressão na China. Zhu, de 60 anos, foi preso em abril por “incitar à subversão do poder estatal”, acusação frequentemente imputada a críticos do regime comunista. O advogado Li Dunyong disse à Reuters por telefone que o julgamento dele ainda não tem data marcada

“A principal razão para o indiciamento foi um poema que ele escreveu convocando as pessoas a se unirem. Ele havia escrito o poema mais ou menos na mesma época em que havia caos (no Oriente Médio)”, disse Li. “Ele acredita na liberdade de expressão.” Continue lendo

Coreia do Norte estaria punindo quem não chorou por ditador

As autoridades estão impondo uma pena de pelo menos seis meses em campos de trabalho pra qualquer um que não tenha participado das concentrações organizadas durante o período de luto ou para quem participou mas não chorou e não pareceu autêntico.

[O Globo, 13 jan 12] Durante dias, o mundo inteiro assistiu, intrigado, à onda de histeria coletiva que tomou milhões de norte-coreanos após o anúncio da morte de Kim Jong-il, no mês passado. Cenas como desmaios em praças de Pyongyang e do choro convulsivo de milhares de mulheres diante de monumentos em homenagem ao Querído Líder invadiram os jornais — oficiais ou não — enquanto muitos se perguntavam o motivo de tanta tristeza pela morte de um ditador que teria mergulhado o país num dos maiores episódios de fome de sua história.

Mas a resposta pode estar numa reportagem do jornal sul-coreano “Daily NK”, publicada nesta sexta-feira: os norte-coreanos que não participaram das homenagens — ou não foram convincentes na demonstração de tristeza — estariam sendo enviados a campos de trabalho forçado por no mínimo seis meses. Continue lendo

Dissidente chinês cristão busca asilo nos EUA

[Reuters, 13 jan 12] Um dos dissidentes cristãos mais conhecidos da China, Yu Jie, afirmou nesta sexta-feira que encaminhou aos EUA um pedido de asilo.

Ele prometeu também revelar pelo que passou durante um ano sob prisão domiciliar e a tortura a que foi submetido durante uma repressão do regime a opositores no ano passado.

Yu declarou que vai relatar os abusos em depoimento perante uma comissão do Congresso dos EUA na semana que vem, dando destaque assim à questão dos dissidentes antes da provável visita a Washington do vice-líder Xi Jingping –cotado para assumir o comando do país. Xi deve ir aos EUA nos próximos meses. Continue lendo

Indianos são presos por sacrificar menina em troca de boa colheita

[EFE/Folha SP, 3 jan 11] A polícia indiana deteve duas pessoas suspeitas de degolar e extrair o fígado de uma menina de sete anos para oferecê-lo aos deuses em troca de boas colheitas, informou nesta terça-feira uma fonte policial.

Identificada pela imprensa como Lalita Tati, a menina desapareceu dois meses atrás em uma região de floresta do distrito de Bijapur, na região de Chattisgarh (centro do país), e seu corpo foi localizado por aldeões dias depois que avisaram seus pais.

“No princípio pensamos que se tratava de um caso de assassinato por causas desconhecidas após um estupro, mas depois soubemos que dois tios da menina, de cerca de 40 anos, foram os responsáveis pela morte em um ritual para terem melhores colheitas”, afirmou à agência de notícias Efe o superintendente do distrito, R. N. Das. Continue lendo