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Revoluções no mundo árabe ameaçam Al Qaeda, dizem especialistas

No Cairo terror não tem apoio da população

Desde o início dos distúrbios no mundo árabe, a Al Qaeda mantém um estranho silêncio. Especialistas suspeitam que a democratização da região é uma ameaça ao poder da rede terrorista.

[DW, 16 mar 11] As manchetes da imprensa mundial têm sido claras: “Al Qaeda tateia no escuro”; “Revoltas populares árabes decepcionam Al Qaeda”; “Al Qaeda está vendo a história passar”. Todos os jornais concordam em um ponto: a organização radical islâmica a não teve qualquer papel significativo nas revoluções no mundo árabe. Até agora ela foi a grande ausente, e tem que se conformar com o fato de que sua propaganda, repetida há décadas, não impressiona mais ninguém.

“É uma lacuna que sempre houve. Só por causa dos ataques parcialmente bem sucedidos em países árabes ou no Ocidente, acreditávamos que a Al-Qaeda era mais forte do que realmente é”, afirma o especialista em islamismo Albrecht Metzger. Continue lendo

As profecias equivocadas sobre o islamismo ~ Gilles Kepel

[IHU, 9 mar 11] “O extremismo islâmico, do qual Bin Laden era o emblema, não conseguiu arrastar as massas do mundo muçulmano. A Al Qaeda se reduziu a uma seita sem fecundidade política.”

A análise é de Gilles Kepel, estudioso do extremismo islâmico e professor de ciências políticas em Paris, em artigo para o jornal La Repubblica, 05-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Eis o texto.

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Lembro-me de um café da manhã no Clube dos Professores de Harvard com Samuel Huntington, alguns anos depois da publicação do seu famoso artigo, depois do seu livro, sobre o Choque de Civilizações. Gostaria de saber por que, para elaborar o seu argumento, ele havia usado, dentre outros, o meu livro A Revanche de Deus (Ed. Siciliano, 1999). Nessas páginas, eu explicava como, nos anos 70, se desenvolveram os movimentos políticos religiosos dentro do cristianismo, do judaísmo e do Islã.

Quis traçar paralelos transreligiosos entre esses fenômenos; demonstrar como, embora de modo diverso, cada um dos três nasceu em reação à crise da modernidade e do mundo industrial, ao enfraquecimento das solidariedades sindicais e operárias depois do desaparecimento do trabalho na fábrica, do aumento do desemprego e assim por diante. Continue lendo