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Onde está a verdadeira crise da Igreja ~ Leonardo Boff

A crise da pedofilia na Igreja romano-católica não é nada em comparação à verdadeira crise, essa sim, estrutural, crise que concerne à sua institucionalidade histórico-social. Não me refiro à Igreja como comunidade de fiéis. Esta continua viva apesar da crise, se organizando de forma comunitária e não piramidal como a Igreja da Tradição. A questão é: que tipo de instituição representa esta comunidade de fé? Como se organiza? Atualmente, ela comparece como defasada da cultura contemporânea e em forte contradição com o sonho de Jesus, percebida pelas comunidades que se acostumaram a ler os envangelhos em grupos e então a fazer a suas analises.

Dito de forma breve mas não caricata: a instituição-Igreja se sustenta sobre duas formas de poder: um secular, organizativo, jurídico e hierárquico, herdado do Império Romano e outro espiritual, assentado sobre a teologia política de Santo Agostinho acerca da Cidade de Deus que ele identifica com a instituição-Igreja. Em sua montagem concreta não é tanto o Evangelho ou a fé cristã que contam, mas estes poderes, considerados como um único “poder sagrado” (potestas sacra) também na forma de sua plenitude (plenitudo potestatis) no estilo imperial romano da monarquia absolutista. César detinha todo o poder: político, militar, jurídico e religioso. O Papa, semelhantemente detém igual poder: “ordinário, supremo, pleno, imediato e universal” (canon 331), atributos só cabíveis a Deus. O Papa institucionalmente é um César batizado.

Esse poder que estrutura a instituição-Igreja foi se constituindo a partir do ano 325 com Imperador Constantino e oficialmente instaurado em 392 quando Teodósio, o Grande (+395) impôs o cristianismo como a única religião de Estado. A instituição-Igreja assumiu esse poder com todos os títulos, honrarias e hábitos palacianos que perduram até os dias de hoje no estilo de vida dos bispos, cardeais e papas.

Esse poder ganhou, com o tempo, formas cada vez mais totalitárias e até tirânicas, especialmente a partir do Papa Gregório VII que em 1075 se autoproclamou senhor absoluto da Igreja e do mundo. Radicalizando, Inocêncio III (+1216) se apresentou não apenas como sucessor de Pedro mas como representante de Cristo. Seu sucessor, Inocêncio IV(+1254), deu o último passo e se anunciou como representante de Deus e por isso senhor universal da Terra que podia distribuir porções dela a quem quisesse, como depois foi feito aos reis de Espanha e Portugal no século XVI. Só faltava proclamar Papa infalível, o que ocorreu sob Pio IX em 1870. O circulo se fechou.

Ora, este tipo de instituição encontra-se hoje num profundo processo de erosão. Depois de mais de 40 anos de continuado estudo e meditação sobre a Igreja (meu campo de especialização) suspeito que chegou o momento crucial para ela: ou corajosamente muda e assim encontra seu lugar no mundo moderno e metaboliza o processo acelerado de globalização e ai terá muito a dizer, ou se condena a ser uma seita ocidental, cada vez mais irrelevante e esvaziada de fiéis. O projeto atual de Bento XVI de “reconquista” da visibilidade da Igreja contra o mundo secular é fadado ao fracasso se não proceder a uma mudança institucional. As pessoas de hoje não aceitam mais uma Igreja autoritária e triste como se fosse ao próprio enterro. Mas estão abertas à saga de Jesus, ao seu sonho e aos valores evangélicos.

Esse crescendo na vontade de poder, imaginado ilusoriamente vindo diretamente de Cristo, impede qualquer reforma da instituição-Igreja, pois tudo nela seria divino e intocável. Realiza-se plenamente a lógica do poder, descrita por Hobbes em seu Leviatã: “o poder quer sempre mais poder, porque não se pode garantir o poder senão buscando mais e mais poder”. Uma instituição-Igreja que busca assim um poder absoluto fecha as portas ao amor e se distancia dos sem-poder, dos pobres. A instituição perde o rosto humano e se faz insensível aos problemas existenciais, como da família e da sexualidade.

O Concílio Vaticano II (1965) procurou curar este desvio pelos conceitos de Povo de Deus, de comunhão e de governo colegial. Mas o intento foi abortado por João Paulo II e Bento XVI que voltaram a insistir no centralismo romano, agravando a crise.

O que um dia foi construído pode ser num outro, desconstruído. A fé cristã possui força intrínseca de nesta fase planetária encontrar uma forma institucional mais adequada ao sonho de seu Fundador e mais consentânea ao nosso tempo.

Fonte: Adital, 12 jul 2010

O Evangelho do Reino e o hospital de guerra ~ por José Roberto Prado

Alguém já disse que, independente da cidade, a maior igreja não se reúne num prédio específico.

Ao contrário, ela não se reúne, pois é formada pelos afastados, desiludidos, amargurados e decepcionados.

Concordo. Já fiz parte deste grupo. Conheço muitos deles.

Mas é fato que mudei. Na verdade não sei nem quando, nem como, nem onde. O que sei é que fui encontrado e tratado, preenchido por uma nova vida, percepção e esperança.

É isso que quero compartilhar com você neste texto.

Este fenômeno – chamo de “outra igreja” – não é de forma nenhuma novo nem tampouco brasileiro. Por toda história, infelizmente, encontramos pessoas mal interpretando o Evangelho, produzindo comunidades que ao invés de curar, enfermaram; ao invés de acolher, isolaram; ao invés de integrar, alienaram.

Bem sabemos que milhares vivem hoje à margem da graça do Reino.

Tais quais enfermos ruminantes, em isolamento e tristeza, regurgitam culpas falsas e reais, alienados de si, dos outros e de Deus.

Não lhes foi anunciado o evangelho do Reino, mas um ‘outro evangelho’ que Deus não avaliza.

Atraídos por falsas e não realizáveis expectativas, buscaram vida tranqüila, próspera e saudável; casamentos perfeitos, filhos e netos exemplares; carreira profissional sempre ascendente, sucesso. Porém…

Apesar de todos os esforços, orações, dízimos e incontáveis participações em eventos, para a imensa maioria a pressão ainda sobe, a artéria entope, o menisco se desgasta, a unha encrava, o carro quebra, a empresa fali, e em alguns casos, até o casamento não resiste.

Derrotados por uma teologia equivocada e um mundo cruel, saem pela porta dos fundos, ressentidos com Deus, com a igreja, com a vida.

Há aqueles que se afastam decepcionados com os próprios crentes.

Isto porque no ‘outro evangelho’ a conversão é percebida como transformação instantânea.

Nesta perspectiva a igreja é o lugar de congraçamento dos perfeitos, um grande clube vip.

Mas a verdadeira igreja não é isso…

É verdade que somos abençoados na igreja, que irmãos maduros nos acolhem, enxugam nossas lágrimas, tratam nossas feridas e nos ensinam a caminhar. Mas é também verdade que na igreja somos julgados, traídos, difamados e explorados por gente do nosso próprio grupo, seja o coral, o louvor, ou a terceira idade.

Na linguagem bíblica, parece haver muito joio pra pouco trigo.

O ‘outro evangelho’ nos aliena ainda quando cobra de nós mesmos a instantânea transformação.

É verdade que algumas coisas podem e de fato, devem mudar na conversão.

Há aqueles que são curados milagrosamente de vícios que os acorrentavam há anos; outros são libertos de espíritos malignos que os aprisionavam desde pequenos.

Isto de fato acontece. É o poder do Evangelho. Mas outros não…

Não demora muito, porém, mesmo estes que foram milagrosamente libertos, percebem que apesar destas mudanças reais e significativas, outras áreas, antes dormentes, apresentam-se agora como grandes fontes de luta.

Acabam, enfim, por identificar em seu próprio coração resistentes laços de avareza, preguiça, lascívia e orgulho.

Quanto mais luz, mais percebemos as rachaduras…

Esta constatação os faz viver cabisbaixos ou lhes empurra numa busca desesperada por uma experiência catártica que, de uma vez por todas, expulse seus domesticados e obesos demônios.

Na verdade, como diz o ditado: “De perto ninguém é normal”!

Melhor: “De perto, todos são miseráveis pecadores”, mesmo após a conversão.

O que é, então, a igreja?

Qual a proposta do evangelho do Reino?

Igreja é a congregação dos perdoados, a comunidade que sinaliza o Reino anunciado por Jesus.

É como um hospital; mas não um hospital comum, destes modernos que mais se parece um hotel.

A igreja é como um hospital de guerra, onde feridos graves são recebidos a todo o momento. Há macas no corredor, sangue e outros não tão nobres fluídos pelo chão. Faixas usadas estão pelo canto. O odor não é de forma alguma agradável. Ainda há dor, choro, e pode-se ouvir gemidos pelos corredores…

Mas há, sim, curas, restaurações, cicatrizações e alegrias.

Crianças nascem o tempo todo! Adolescentes jogam bola no pátio improvisado. A cantina é sempre movimentada e barulhenta, e o médico-diretor é atencioso, paciente e muito capaz. Um hospital assim é tudo o que um soldado ferido almeja. Ele sabe que ali encontrará alívio e restauração. Todos, sem exceção, trabalharão por sua restauração. Essa é a igreja do evangelho do Reino.

Evangelho é boa notícia! A paz já foi feita, a Lei foi cumprida por Jesus! A reconciliação foi estabelecida, pois a justiça foi feita na cruz! Deus perdoa a todos os que se reconhecem pecadores. Estão salvos da ira vindoura todos os que crêem em seu amor e pela fé apropriam-se da morte de seu Filho na cruz. Não precisamos mais nos esconder; não precisamos mais representar; não precisamos mais nos afastar.

O Evangelho do Reino é liberdade, compaixão, esperança, amor. É comunhão, integração, acolhimento.

O Evangelho do Reino é uma santa celebração!

A igreja-hospital-de-guerra tem uma equipe especializada em recolher feridos. Eles se arriscam em meio a bombas para trazer os solitários, os abatidos, os fracassados…

Que tal buscar aqueles que foram surpreendidos pela crueldade da vida, dos irmãos e do seu próprio coração? Anuncie-lhes o Evangelho! A boa notícia! Eles não precisam mais fazer hora no boteco aguardando surgir a pureza de coração. O médico os recebe da forma que estão. O perdão precede o arrependimento! O hospital está aberto!

Isto é graça, este é o Reino. Nele, na igreja-hospital-de-guerra é proibida e entrada de pessoas perfeitas!

Em suas celebrações alguns aparecem enfaixados, outros de muleta, outros com tampões nos olhos. Que cena! Mas todos estão vivos e celebram a vitória de seu médico-general. Ainda há luta lá fora, mas é só uma questão de tempo. Em breve soará a trombeta da vitória! E nós? Nós pularemos pelos campos, cheios de alegria, saúde e paz…

Enquanto a trombeta não toca, nós celebramos!

Não nosso bom comportamento, saúde, sucesso profissional ou familiar. Celebramos não nossa performance ou capacidade de permanecer em pé… Celebramos nosso Médico, nosso Redentor, nosso Salvador, nosso Amado Pai! Celebramos a graça de sermos perdoados, feitos santos, santificados, justificados. Celebramos sermos amados.

Brennan Manning em seu livro “O Evangelho Maltrapilho” (Editora Textus, 2005) nos lembra: somos santos maltrapilhos.

Nossas fardas estão rasgadas. Algumas feridas ainda sangram. Nós mancamos, sim…!

Mas nosso manquejar é vitorioso!

Bem vindo maltrapilho!

Vamos celebrar!

Papa representa cristianismo conservador e reacionário, diz teólogo Boff

Teólogo brasileiro Leonardo Boff critica Bento 16 em uma entrevista publicada no final de semana no jornal alemão “Süddeutsche Zeitung”, de Munique, por ocasião dos cinco anos do pontificado do alemão Joseph Ratzinger.

Para o teólogo brasileiro Leonardo Boff, um dos teóricos da Teologia da Libertação, os cinco anos de pontificado de Bento 16, completados nesta segunda-feira (19/04) “são caracterizadas por conflitos: com os muçulmanos, os judeus, as Igrejas não católicas, as Igrejas às quais negou o status de Igrejas, a Igreja Anglicana, os seguidores de Lefebvre, mulheres, homossexuais. Ele cometeu diversos erros em seu papado. Conforme o Evangelho, sua tarefa é fortalecer a fé, e isso ele não está conseguindo”.

Questionado sobre o que admira em Bento 16, Boff, respondeu: “Quase nada. Talvez a obstinação com que se dedica ao seu projeto da Restauração, em que considera o primeiro Concílio Vaticano mais importante do que o segundo. Isto é, ele coloca o Papa como figura central, e não a comunidade cristã. Ele tem muito medo. Deveria acreditar mais no espírito do que em tradições e doutrinas”.

Boff, de 71 anos, que renunciou ao sacerdócio em 1992, após ser suspenso várias vezes pelo Vaticano por suas críticas à Igreja, diz que Bento 16 “nunca entendeu a Teologia da Libertação, e muitas conferências de bispos foram severamente controladas por ele”.

“Falta-lhe quase tudo”

Em sua entrevista publicada no Süddeutsche Zeitung neste final de semana, Boff disse que tentou convencer sem êxito o ex-prefeito da Congregação da Doutrina da Fé sobre a necessidade de a Igreja ocupar-se com os desamparados. “Mas foi tudo em vão. Nada mudou, ou até piorou”, sentenciou. Para o teólogo brasileiro, Ratzinger é refém de uma visão conservadora e reacionária do cristianismo, o que o impediria de efetuar reformas fundamentais.

“Ele não consegue deixar o papel de maestro e se sentir pastor. Falta-lhe quase tudo, e especialmente carisma”. “A Teologia da Libertação tornou-se uma obsessão para este papa. No final de março, diante de bispos do sul do Brasil, ele voltou a criticar a Teologia da Libertação marxista. Mas esta teologia existe apenas em sua cabeça e não na realidade. […] Desde a queda do Muro de Berlim ninguém mais fala em marxismo na Teologia da Libertação.”

“Pedofilia é crime a ser levado a tribunal”

Boff também criticou a forma como a Igreja trata os casos de abuso sexual registrados em vários países. Segundo suas palavras, a hierarquia católica tentou esconder o acontecido para não perder credibilidade.

“Esta posição é falsa e farisaica. A pedofilia é um crime que deve ser levado a tribunal.” Na opinião de Boff, o Vaticano tenta separar o tema da pedofilia do celibato. “O celibato fica fora de discussão porque ele revela muito sobre a estrutura da Igreja. Ela é uma comunidade religiosa, autoritária, centralizada e monossexual, porque só pode ser servida por homens celibatários.”

Questionado sobre o que diria a Bento 16 por ocasião dos cinco anos de papado, Boff respondeu que diria: “Sua Santidade, o senhor é um homem velho, cansado e bastante doente. O senhor serviu à Igreja com as melhores intenções, apesar das contradições que provocou. Chegou a hora de se preparar para o grande encontro com Deus. Retire-se para um mosteiro, cante o canto gregoriano, de que tanto gosta, celebre sua missa em latim e continue rezando pela Terra ameaçada pelo aquecimento global, pela humanidade que talvez seja extinta, e acima de tudo pelos que sofrem e pelas crianças, que se tornaram vítimas da pedofilia na Igreja e na sociedade”.

Joseph Ratzinger foi eleito papa a 19 de abril de 2005 no primeiro conclave do século 21, o mais numeroso da história (115 cardeais da Igreja Católica) e um dos mais breves (26 horas). Mão direita de João Paulo 2º, o oitavo papa alemão e sétimo chefe de Estado do Vaticano escolheu para seu pontificado o nome Bento 16.

Em cinco anos, publicou três encíclicas e efetuou 14 viagens fora da Itália. Bento 16 começou 2010, o seu quinto ano de pontificado, afetado pelos escândalos de pedofilia dentro da Igreja Católica.

O cardeal Joseph Ratzinger, nasceu em Marktl (Baviera), na diocese de Passau, em 16 de abril de 1927. Recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1951, a episcopal em 1977 e, no mesmo ano, foi nomeado cardeal no consistório convocado por Paulo 6º.

Fonte: DW, 19 abril 2010

RW/lusa/dpa
Revisão: Augusto Valente

A pedofilia e a questão do celibato ~ por Nazir Hamad

“Pode-se ser pedófilo tanto dentro da Igreja como fora dela. O pedófilo pode ser tanto um clérigo seguindo a regra do celibato, como um leigo, casado e pai de vários filhos”, escreve Nazir Hamad, em artigo que nos foi enviado e publicamos na íntegra. Segundo ele, “um adulto que trabalha com crianças cai nisso que Ferenczi chama de confusão de linguagens”.

Nazir Hamad é psicanalista libanês, radicado em Paris. Especialista na área de adoção de crianças, é psicanalista da Association Freudienne Internationnale (AFI) e atuou durante anos junto à ASE (Action Sociale à l’Enfance), órgão francês responsável pela emissão dos certificados que orientam a habilitação dos candidatos à adoção. Escreveu, entre outros, A criança adotiva e suas famílias (Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2004) e Um homem de palavra (Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2004).

Eis o artigo.

As recentes revelações sobre os numerosos casos de abusos sexuais perpetrados por membros do clero católico são, certamente, chocantes, mas isso é algo específico à vida da Igreja?

Minha resposta é simples: não é o pedófilo que quer. Pode-se ser pedófilo tanto dentro da Igreja como fora dela. O pedófilo pode ser tanto um clérigo seguindo a regra do celibato, como um leigo, casado e pai de vários filhos. A pedofilia diz respeito nesse caso preciso a uma estrutura perversa e quando este é o caso, não há nenhuma diferença entre leigo e eclesiástico. É preciso aceitar, mesmo que seja difícil de admitir, que é possível ser clérigo e ter escolhido consagrar sua vida a serviço da Igreja e ser perverso.

Entretanto, qualquer abuso sexual de uma criança não é necessariamente obra de um comprovado perverso. Acontece que um adulto que trabalha com crianças cai nisso que Ferenczi chama de confusão de linguagens. Eu ouvi adultos se defenderem afirmando com toda a boa fé que o que lhes aconteceu foi culpa da criança. A criança seria culpada aos seus olhos de ter provocado neles o desejo sexual. Consideremos esse caso que encontramos em cada casa. Uma filha ou um filho que toca seu sexo sentado no colo de seus pais ou de outros adultos, ou que se esfrega contra eles, é alguma coisa que está longe de ser incomum. Basta que uma criança caia nas mãos de um homem que se deixa subjugar por sua excitação sexual para que esta ela se torne sua vítima. A criança que se esfrega no adulto não é perversa no sentido patológico da palavra. A criança sofre de ondas pulsionais que colocam seu corpo em tensão, e sob a influência desta tensão, ela vive sensações que não têm nada a ver com a sexualidade propriamente dita. Ora, quando a criança se comporta desta maneira, trata-se para ela de uma questão dirigida ao adulto. E é justamente aí que o sapato aperta. O que acontece se o adulto em questão interpreta o contato da criança como uma mensagem sexual? O adulto reage como um macaco que obedece ao apelo de seu instinto.

Eu mesmo vi um educador que chorava, abatido, por ter abusado de uma criança de que ele particularmente gostava. Toda a equipe de educadores testemunhou a favor dele afirmando que ele sempre tinha sido exemplar em seu trabalho com as crianças. Ninguém compreendeu o que lhe aconteceu e menos ainda ele próprio. Ele chorava porque não tinha resposta para o que aconteceu. Ele havia tomada essa criança em seu colo e eis que se viu tomado de um estado de excitação que o dominou e ele se perdeu. Atrás do devotado educador se escondeu um macaco em estado de ereção, como frequentemente vemos em Jardins Zoológicos.

O adulto é a vítima da criança, como às vezes se alega? Sim e não. É vítima da interpretação que ele dá à mensagem da criança. Com outras palavras, ele é sua própria vítima. Mas dizer isso não o inocenta. O adulto que sucumbe dessa maneira não se interrogou suficientemente sobre seu interesse pelas crianças e sobre o amor que tem para com elas. Quanto mais se sente atraído por elas, mais deve estar atento ao que isso revela em si, especialmente que a criança, contrariamente ao que se pensa, não é um inocente angelical; ela é, muitas vezes, sobrecarregada por seu corpo e isso pode contaminar um adulto que tem problemas com a sua própria castração.

Não é Jesus que quer. É possível ser um padre que consagrou sinceramente a sua vida a serviço da Igreja e ter dificuldades com a abstinência sexual. Pode-se ter fé, mas não conseguir calar completamente o desejo sexual. Por que a Igreja tem tanta dificuldade para admitir isso? Penso que esta pergunta deve ser feita sem tabu. Além disso, de onde vem o voto do celibato? Nada no Novo Testamento confirma isso. Pedro e os outros discípulos de Cristo eram casados. No Ocidente, o celibato foi instituído no século XI, sob a influência dos monges, que eram celibatários por opção.

Devemos a Santo Agostinho o termo “feminino gramatical” para descrever o estado de Maria no ato da encarnação que representa para a Igreja o nascimento de Jesus. Para se encarnar, Deus recorre à carne e não ao corpo. O corpo é sexuado, mas a carne não. Deus se encarna no seio de uma mulher, mas esta mulher é o feminino o que o significante que é para a coisa. E agora, a pergunta que se impõe: o que fazer do corpo quando é um mero mortal? A fé pode mover montanhas, nos é dito, mas ela fracassa diante do desejo que mora em nós e que nos torna a vida impossível presa em nossa sexualidade.

Talvez seja necessário que a Igreja considere o celibato escolhido para o clero que o deseja, e libere os outros de uma tarefa humanamente impossível. Isso comporta, certamente, menos hipocrisia, mas isso definitivamente não a salva de seus perversos.

Fonte: Instituto H Unisinos, 15 abr 2010

Secretário de Estado do Vaticano relaciona pedofilia à homossexualidade

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Cardeal disse a uma rádio do Chile que este é ‘o verdadeiro problema’ dos casos de abuso

SANTIAGO – O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, disse na segunda-feira, 12, no Chile, que os múltiplos casos de pedofilia envolvendo membros da Igreja Católica estão vinculados à homossexualidade, e não ao celibato sacerdotal. No Chile, um dos casos mais famosos de pedofilia envolvia um sacerdote que mantinha relações sexuais com meninas adolescentes.

“Demonstraram muitos psicólogos, muitos psiquiatras, que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos demonstraram – e disseram isso recentemente – que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia”, afirmou Bertone. “Isso é verdade, este é o problema”, disse, em declarações transmitidas pela Rádio Cooperativa.

Em visita ao país sul-americano, Bertone abriu a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal chilena. O religioso reiterou que a Igreja Católica nunca impediu investigações de pedofilia envolvendo padres e bispos.

Reações

A fala de Bertone levou a reações fortes por parte dos defensores dos direitos dos homossexuais no Chile. “Nem Bertone nem o Vaticano têm a autoridade moral” para oferecer lições de sexualidade, afirmou Rolando Jiménez, presidente do Movimento para a Integração e Liberação Homossexual no Chile.

Jiménez também notou que não há um estudo bem elaborado respaldando as declarações do cardeal. “É uma estratégia perversa do Vaticano para fugir de sua própria responsabilidade”, afirmou ele.

Pelo menos um dos pedófilos mais famosos da Igreja Católica do Chile atacava meninas – uma das jovens ficou grávida. O arcebispo de Santiago recebeu muitas queixas sobre o sacerdote José Andrés Aguirre por parte de famílias preocupadas com suas filhas. Apesar disso, o sacerdote, conhecido por seus paroquianos como o padre Tato, manteve contato com um grupo de meninas católicas da cidade.

Depois, por causa das acusações, Aguirre foi enviado em duas ocasiões para fora do Chile, e acabou condenado a 12 anos de prisão por abusar de dez jovens. Uma delas, identificada como Paula, disse que começou a ter relações sexuais com o sacerdote aos 16 anos e continuou até os 20 anos.

Paula disse ao jornal chileno La Nación ter pensado que não havia problemas em fazer sexo com ele, porque quando relatou o caso a outros sacerdotes, na confissão, eles disseram para ela orar e que isso era tudo. A jovem afirmou que eles sabiam e alguns supunham que se tratava do padre Tato, mas nenhum a ajudou.

Renúncia

Um desses sacerdotes procurados por Paula foi o arcebispo Francisco José Cox, também envolvido em acusações de pedofilia. Arcebispo da cidade de La Serena, 470 quilômetros ao norte de Santiago, Cox foi obrigado a renunciar em 1997. Foi transferido para Santiago, depois para Roma, em seguida para a Colômbia e agora está recluso na Alemanha.

Em 2002, o cardeal arcebispo de Santiago, Francisco Javier Errázuriz, confirmou que Cox foi transferido por “condutas impróprias” com menores.

Fonte: Estadão, 13 de abril de 2010

Conheça os escândalos mais recentes na Igreja em vários países

Vadstena church, Sweden

A denúncia de mais um caso de abuso sexual de menores por padres da Igreja Católica – desta vez nos Estados Unidos – contribuiu para aumentar a pressão sobre o papa Bento 16. Aqui, um resumo dos escândalos mais recentes em vários países.

ESTADOS UNIDOS

Na quinta-feira, o jornal The New York Times trouxe a notícia de que, em 1996, o cardeal Joseph Ratzinger, que veio a se tornar o papa Bento 16 em 2005, não respondeu a cartas vindas de clérigos americanos acusando um padre do Estado do Winsconsin de abusar sexualmente de menores.

O padre Lawrence Murphy, que morreu em 1998, é suspeito de ter abusado de até 200 meninos em uma escola para surdos entre 1950 e 1974.

Uma das supostas vítimas disse à BBC que o papa sabia das acusações há anos, mas não tomou nenhuma atitude.

Nas duas últimas décadas, a Igreja Católica dos Estados Unidos – principalmente a Arquidiocese de Boston – esteve envolvida em uma série de escândalos de abuso sexual infantil.

Um dos que mais chocou a população veio à tona há alguns anos, quando foi revelado que dois padres de Boston, Paul Shanley e John Geoghan, estavam envolvidos em casos de abuso nos anos 90 e foram supostamente acobertados por líderes da Igreja, que os transferiam de paróquia em paróquia.

Em 2002, o então papa João Paulo 2º convocou uma reunião de emergência com cardeais americanos, mas novos escândalos surgiram.

O arcebispo Bernard Law acabou renunciando ao posto no fim daquele ano, e, em 2003, a Arquidiocese de Boston concordou em pagar US$ 85 milhões depois de receber mais de 500 processos por abuso e omissão.

Um relatório encomendado pela Igreja em 2004 concluiu que mais de 4 mil padres americanos enfrentaram acusações de abuso sexual nos últimos 50 anos, em casos envolvendo mais de 10 mil crianças – principalmente meninos.

Em 2008, em uma visita aos Estados Unidos, Bento 16 se encontrou com vítimas dos abusos e falou “da dor e dos danos” provocados.

ALEMANHA

Desde o início de 2010, pelo menos 300 pessoas acusaram padres católicos da Alemanha de abuso sexual ou físico.

As alegações estão sendo investigadas em 18 das 27 dioceses da Igreja Católica no país natal do papa Bento 16.

Entre as acusações, está o abuso de mais de 170 crianças por padres em escolas jesuítas, além de casos dentro de um coral de meninos dirigido durante 30 anos pelo monsenhor Georg Ratzinger, irmão do papa.

Em março, o padre Peter Hullermann, que foi condenado por molestar crianças quando servia na Arquidiocese de Munique e Freising, foi suspenso de suas funções após violar uma proibição de trabalhar com menores.

No último dia 22, a diocese de Regensburg confirmou novas acusações contra quatro padres e duas freiras, em casos que teriam ocorrido nos anos 70.

O governo alemão anunciou em seguida que vai formar uma comissão de especialistas para investigar todas as acusações.

IRLANDA

No ano passado, dois documentos que examinaram acusações de pedofilia entre clérigos irlandeses relevaram a profundidade do problema no país, com casos de abuso, acobertamentos e falhas hierárquicas envolvendo milhares de vítimas durante várias décadas.

Um dos documentos mostrou que quatro arcebispos de Dublin fizeram vista grossa para casos de abuso ocorridos entre 1975 e 2004.

Quatro bispos renunciaram e toda a hierarquia da Igreja irlandesa foi convocada ao Vaticano para depor pessoalmente diante do papa Bento 16.

Em meio a isso, um novo escândalo veio à tona neste mês de março com a informação de que o chefe da Igreja Católica Irlandesa, cardeal Sean Brady, estava presente em reuniões realizadas em 1975, quando crianças fizeram um voto de silêncio sobre reclamações contra um padre pedófilo, Brendan Smyth.

Dias depois, em 20 de março, o papa Bento 16 se desculpou a vítimas de abuso sexual por clérigos da Irlanda, mas não mencionou denúncias em outros países.

HOLANDA

Ainda neste mês de março, bispos da Holanda pediram uma investigação independente diante de mais de 200 acusações de abuso sexual de crianças por padres, além de três casos ocorridos entre 1950 e 1970.

Inicialmente, as acusações envolviam a escola do mosteiro de Don Rua, no leste da Holanda.

O escândalo fez surgir dezenas de novas alegações de supostas vítimas em outras instituições do país.

ITÁLIA

Em janeiro de 2009, vários homens deficientes auditivos vieram a público para dizer que foram abusados quando eram crianças no Instituto para Surdos Antonio Provolo, na cidade de Verona, entre 1950 e 1980.

No fim do ano passado, a agência de notícias Associated Press obteve uma declaração por escrito de 67 ex-alunos da escola nomeando 24 padres e outros religiosos a quem acusavam de abuso sexual, pedofilia e castigos físicos.

A diocese de Verona disse que pretendia entrevistar as vítimas, depois de uma solicitação do Vaticano.

ÁUSTRIA

Acusações independentes de abuso sexual infantil por padres surgiram em várias regiões do país.

Após um dos escândalos, cinco padres de um mosteiro em Kremsmuesnter foram suspensos.

Em Salzburgo, o chefe de um mosteiro local renunciou ao cargo após confessar ter abusado de um menino há 40 anos, quando ele era monge.

SUÍÇA

Uma comissão formada pela Conferência dos Bispos da Suíça em 2002 vem investigando acusações de abuso envolvendo religiosos do país.

Este mês, um membro da comissão, o abade Martin Werlen, disse em uma entrevista que cerca de 60 pessoas fizeram acusações sobre casos que teriam ocorrido nos últimos 15 anos.

Um padre do cantão de Thurgau foi preso no último dia 19 sob suspeita de abuso sexual de menores.

Fonte: BBC Brasil, 26 mar 2010

Milionário britânico doa fortuna para pagar promessa

Um milionário britânico anunciou a doação de quase toda sua fortuna, estimada em 480 milhões de libras (cerca de R$ 1,3 bilhão), para pagar uma promessa feita quando era jovem e pobre.

Albert Gubay, de 82 anos, diz ter feito um “acordo com Deus” quando trabalhava como vendedor de rua na juventude, para torná-lo milionário.

Em troca, segundo declarações feitas há alguns anos a um programa de TV, ele prometeu dividir “meio a meio” sua fortuna, acumulada com a venda da cadeia de supermercados Kwik Saver, fundada por ele, e por investimentos em imóveis e em uma rede de academias de ginástica.

“Faça-me um milionário, e você poderá ter metade de meu dinheiro”, prometeu ele, segundo contou no programa.

Agora, porém, ele decidiu doar quase tudo, ficando com pouco menos de 10 milhões de libras (R$ 27 milhões) para si.

Doações

Gubay passou sua fortuna para o nome de uma fundação que ficará encarregada de distribuir suas doações para caridade. Metade do dinheiro irá para a Igreja Católica, para cumprir com seu acordo.

Mesmo após a doação de sua fortuna, o milionário deverá continuar à frente de suas empresas e disse esperar conseguir elevar o montante de suas doações para mais de 1 bilhão de libras até morrer.

Em 2009, Gubay havia sido listado pela revista Forbes como a 647ª pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada então em US$ 1,1 bilhão, mas ficou fora da lista de bilionários da revista neste ano, por causa da desvalorização da libra, que derrubou o valor nominal de sua fortuna em dólares.

Fonte: BBC Brasil, 21 março 2010

Catholic Church, and religion in general, losing Latinos in USA

Latino population growth over the past two decades has boosted numbers in the Catholic Church, but a new, in-depth analysis shows Latinos’ allegiance to Catholicism is waning as some move toward other Christian denominations or claim no religion at all.

A report out today by researchers at Trinity College in Hartford, Conn., finds Latino religious identification increasingly diverse and more “Americanized.”

The analysis, based on data from the 2008 American Religious Identification Survey, compares responses to phone surveys in 1990 and 2008 conducted in English and Spanish. The 2008 sample included 3,169 people who identified themselves as Latinos.

“What you see is growing diversity — away from Catholicism and splitting between those who join evangelical or Protestant groups or no religion,” says report co-author Barry Kosmin, a sociologist and director of the Institute for the Study of Secularism in Society and Culture at Trinity College. Among findings:

•From 1990 to 2008, the Catholic Church in the USA added an estimated 11 million adults, including 9 million Latinos. In 1990, Latinos made up 20% of the total Catholic population, but by 2008, it rose to 32%.

•Those who claimed “no religion” rose from fewer than 1 million (6% of U.S. Latinos) in 1990 to nearly 4 million (12% of Latinos) in 2008.

“As Latinos or any other ethnic group assimilates to American culture, they pick up the values of the broader American culture and are somewhat less likely to identify with the religious identification, or any other identification, that marked their parents or grandparents,” says Mary Gautier, a senior researcher at the Center for Applied Research in the Apostolate at Georgetown University.

The new data send a clear message, says Allan Figueroa Deck, a Catholic priest and executive director of the Secretariat of Cultural Diversity in the Church, a program of the U.S. Conference of Catholic Bishops.

“The biggest challenge the Catholic Church faces is the movement of Latino people not to other religions but rather to a secular way of life in which religion is no longer very important,” he says. “We really need to ask ourselves why that is and what response the church can develop for this challenge.”

By Sharon Jayson, USA TODAY, March 16, 2010

Escândalo de prostituição gay atinge o Vaticano

BBC Brasil – 5 mar 2010

Um assessor do papa Bento 16 foi afastado nesta semana por causa de um escândalo sexual envolvendo prostituição gay que sacudiu o Vaticano.

Ângelo Balducci, um dos Cavalheiros de Sua Santidade, uma espécie de assistente de elite para o papa quando recebe visitas importantes, foi flagrado em gravações feitas pela polícia dando instruções a um interlocutor sobre detalhes físicos de homens que gostaria que fossem levados a ele.

Segundo a imprensa italiana, o interlocutor era Thomas Ehiem, 29 anos, integrante do famoso coral do Vaticano, que também foi afastado.

A polícia italiana havia grampeado o telefone de Balducci durante uma investigação de corrupção separada e não relacionada ao Vaticano.

Em uma das transcrições vazadas para a mídia, Ehiem descreve um homem como tendo “dois metros, 97 quilos, 33 anos e diz que é ‘completamente ativo’”.

Em outra, Balducci pergunta a Ehiem se ele já “falou com o seminarista”, ao que ele responde “ele provavelmente está na missa, ou algo assim”.

Um representante do Vaticano disse que o Bento 16 está ciente do escândalo.

A transcrição das gravações sugere que Ehiem procurou pelo menos dez homens para Balducci, entre eles, modelos e um jogador de rúgbi.

Thomas Ehiem seria integrante do coro que se apresentou para o papa Bento 16 em uma apresentação de Natal.

Entre as atribuições de Balducci estavam a de ciceronear chefes de Estado e carregar o caixão em funerais papais.

Líder protestante alemã renuncia após escândalo de embriaguez ao volante

DW, 24 fev 2010

Depois ter sido flagrada dirigindo embriagada, Margot Kässmann, líder da Igreja Evangélica na Alemanha (EKD), renunciou ao posto nesta quarta-feira (24/02). Apesar de ter recebido o apoio do Conselho da Igreja, a bispa não resistiu à repercussão do caso.

No último sábado (20/02), o veículo de Kässmann foi parado por policiais em Hannover depois de avançar o sinal vermelho. Levada à delegacia da cidade, a bispa foi submetida a um exame de sangue que detectou 1,54 grama de álcool por litro de sangue – o triplo da quantidade permitida, 0,5 grama.

Segundo promotores que acompanham o caso, Kässmann se encontrava “completamente inapta para dirigir”. Pelo delito, ela deve perder a carteira de motorista por um ano, além de ter que pagar multa pesada. Depois de o caso se tornar público, a líder religiosa admitiu ser consciente dos riscos de dirigir alcoolizada.

“Estou chocada comigo mesma por ter cometido um erro tão grave”, declarou posteriormente jornal alemão Bild, acrescentando que aceitaria as consequências legais da transgressão.

Apoio da Igreja

Depois de ter manifestado apoio à bispa, Günther Beckstein, vice-presidente do Conselho da EKD, lamentou a renúncia de Kässmann. “A decisão é dela, e eu a respeito”. E acrescentou: “Mas por mim ela poderia ficar”.

Segundo manifestou a liderança da Igreja Evangélica, a bispa recebeu o voto de confiança dos colegas porque, segundo os preceitos religiosos, todos os seres humanos são passíveis de erro, mesmo os que exerçem uma função na Igreja.

Com a renúncia de Kässmann, o Conselho da Igreja Evangélica deve escolher em breve um novo líder. Há chances de que isso ocorra em outubro, quando acontece a próxima reunião do sínodo.

Liderança marcante

Margot Kässmann, 51 anos, era bispa em Hannover e presidente do conselho nacional da Igreja Evangélica, que tem cerca de 25 milhões de seguidores na Alemanha.

Kässmann se tornou a bispa mais jovem da Alemanha ao ser nomeada aos 41 anos, em 1999. Em outubro do ano passado chegou ao topo da Igreja Evangélica alemã e fez história ao ser a primeira mulher a ocupar o posto – mandato que duraria seis anos.

Ela também ganhou notoriedade em 2007 ao se separar do marido, o qual também fazia parte da liderança da Igreja. Kässmann tem quatro filhos e já publicou 30 livros.

NP/edp/ap/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente

How Should Churches and Leaders Be Preparing to Address These Big Issues Facing the Church? by Tim Keller

1. The local church has to support culture-making. Most of the young evangelicals interested in integrating their faith with film-making, journalism, corporate finance, etc, are getting their support and mentoring from informal networks or para-church groups. Michael Lindsay’s book Faith in the Halls of Power shows that many Christians in places of influence in the culture are alienated from the church, because they get, at best, no church support for living their faith out in the public spheres, and, at worst, opposition.

At the theological level, the church needs to gain more consensus on how the church and Christian faith relate to culture. There is still a lot of conflict between those who want to disciple Christians for public life, and those who think all “engagement of culture” ultimately leads to compromise and distraction from the preaching of the gospel. What makes this debate difficult is that both sides make good points and have good arguments.

At the practical level, even the churches that give lip-service to the importance of integrating faith and work do very little to actually equip people to do so. Seminary only trained us ministers to disciple people by pulling them more out of the world and inside the walls and ministries of the church. So how does a church actually help its members in this area? Leaders who want to get started should look at Redeemer’s Center for Faith and Work.

2. We need a renewal of apologetics. There is a lot of resistance right now among younger evangelical leaders toward apologetics. We are told we don’t need arguments any more because people aren’t rational. We need loving community instead. But I think this is short-sighted for two reasons.

First, Christians in the West will finally be facing what missionaries around the world have faced for years–how to communicate the gospel to Muslims, Buddhists, Hindus, and adherents of various folk religions. All young church leaders should take courses in and read the texts of the other major world religions. They should also study the gospel presentations written by missionaries engaging those religions. Loving community will be extremely important, as it always is, to reach out to neighbors of other faiths, but if they are going to come into the church, they will have many questions that church leaders today need to be able to answer.

Second, there a real vacuum in western secular thought. When Derrida died I was surprised how many of his former students admitted that High Theory (what evangelicals call ‘post-modernism’) is seen as a dead end, mainly because it is so relativistic that it provides no basis for political action. And a leading British intellectual like Terry Eagleton in recent lectures at Yale (published as Religion, Faith, and Revolution by Yale Press) savaged the older scientific atheism of Dawkins and Hitchens as equally bankrupt. Eagleton points out that the Enlightenment’s optimism about science and human progress is dead. Serious western thought is not going back to that, no matter how popular Dawkins’ books get. But postmodernism cannot produce a basis for human rights or justice either.

This is a real opening, apologetically, in reaching out to thoughtful non-Christians, especially the younger, socially conscious ones. We need to think of new ways to engage, asking people how they can justify their concerns for human rights and social justice. (For a great recent form of this approach, see Chris Smith’s “Does Naturalism Warrant a Moral Belief in Universal Benevolence and Human Rights?” in The Believing Primate: Scientific, Philosophical, and Theological Reflections on the Origin of Religion (Oxford, 2009.)

Over the last twenty years my preaching and teaching has profited a great deal from doing the hard work of reading philosophy, especially the work of older Christian philosophers and scholars (Plantinga, Wolterstorff, Mavrodes, Alston) and the younger ones. Ministers need to be able to glean and put their arguments into easy to understand form, both in speaking and in evangelism.

I agree with the critics that say the old, rationalistic, ‘evidence that demands a verdict’ makes people’s eyes glaze over today. But that doesn’t mean that people don’t still use reason and still make arguments. There is a big chink in the armor of western thought right now. People don’t want to go back to religion, which still scares them, but they are not so sanguine about the implications and effects of non-belief.

3. We need a great variety of church-models. Avery Dulles’ book Models of the Church does a good job of outlining the very different models of churches in the west over the centuries. After qualifying his analysis by saying these are seldom pure forms, he lays out five models. Each one stresses or emphasizes: a) Doctrine, teaching, and authority, or b) deep community and life together, or c) worship, sacraments, music and the arts, or d) evangelism, proclamation, and dynamic preaching, or e) social justice, service, and compassion.

Many evangelicals today have bought in to one or two of these models as the way to minister now in the post-Christendom west. So for example, those who believe in the ‘incarnational’ (vs. ‘attractional’ approach) emphasize being and serving out in the neighborhood, smaller house churches and intimate community (a combination of Dulles’ b and e models.) Meanwhile, many evangelicals who are afraid of the ‘liberal creep’ of the emerging church, stress the traditional combination of a and d emphases. Each side is fairly moralistic about the rightness of its model and seeks to use it everywhere.

I feel that our cultural situation is too complex for such a sweeping way to look at things. There are too many kinds of ‘never-churched-non-Christians’. There are Arabs in Detroit, Hmongs in Chicago, Chinese and Jews in New York City, Anglos in the Northwest and Northeast that were raised by secular parents–some are artists and creative types, some work in business. All of these are growing groups of never-churched, but they are very different from one another. No model can connect to them all–every model can connect to some.

4. We must develop a far better theology of suffering. Members of churches in the west are caught absolutely flat-footed by suffering and difficulty. This is a major problem, especially if we are facing greater ‘liminality’–social marginalization–and maybe more economic and social instability. There are a great number of books on ‘why does God allow evil?’ but they mainly are aimed at getting God off the hook with impatient western people who believe God’s job is to give them a safe life. The church in the west must mount a great new project–of producing a people who are prepared to endure in the face of suffering and persecution.

Here, too, is one of the ways we in the west can connect to the new, growing world Christianity. We tend to think about ‘what we can do for them.’ But here’s how we let them do something for us. Many or most of the church in the rest of the world is used to suffering and persecution. They have a kind of faith that does not wilt, but rather grows stronger under threat. We need to become students of theirs in this area.

5. We need a critical mass of churches in the biggest cities of the world.

I know I’m always expected to say this! But this is not a mere tack-on to the other measures for addressing the Big Issues. In some ways, this is the ‘Big Idea’ that will help us move forward on all fronts.

If there were vital, fast-growing movements of churches–orthodox in theology, wholistic in ministry, and committed to culture-making–in the great global cities, so that 5-10% of the residents of the 50 most influential cities were gospel-believers, a) it would have a great impact on culture-making, b) it would help the church learn new ways of reaching the never-churched (since they concentrate in cities), c) it would connect western churches more readily to the new churches in the non-western world, d) it would unite churches across traditions and models.

http://www.redeemercitytocity.com/blog/view.jsp?Blog_param=136

Bispos criticam lei antiblasfêmia motivada por imagem de Jesus fumando na Índia

Fonte Folha SP, 25 fev 2010

Os bispos indianos repudiaram nesta segunda-feira a introdução de novas leis contra a blasfêmia, promovidas pelo governo de Meghalaya, no nordeste da Índia, e motivada pela divulgação de uma imagem de Jesus Cristo fumando e segurando uma lata de cerveja em um livro usado nas escolas do Estado.

Em um comunicado da Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI), os religiosos dizem estar “profundamente ofendidos pela imagem blasfematória de Cristo publicada nos livros escolares”, mas criticam a reação exagerada do Estado de criar uma lei “antiblasfêmia”.

Eles defendem que o governo deve promover “ações legais contra os responsáveis” pela blasfêmia e não contra toda a população.

Os bispos dizem ainda que já existe no Código Penal indiano um artigo que prevê penas contra ações que “firam os sentimentos religiosos da população”.

“Este tipo de lei pode ser distorcido ou manipulado por grupos fundamentalistas, como ocorre no vizinho Paquistão, o que não faz bem aos crentes”, esclarecem os bispos, que pedem ainda ao governo do país que “promova, garanta e defenda o respeito aos símbolos religiosos de todas as comunidades crentes, em toda a Índia”.

No Paquistão, a lei contra a blasfêmia é apontada como um dos motivos da constante violência contra os cristãos. A medida, de 1973, estabelece que a difamação de Maomé ou a profanação do Alcorão seja punida com a morte e prisão perpétua.

No segundo semestre do último ano, um massacre deixou pelo menos sete cristãos mortos e 20 feridos em Gorja, no centro paquistanês. As casas de cem religiosos também foram queimadas porque eles teriam profanado uma cópia do livro sagrado muçulmano.