Arquivo da categoria: Cibercultura

Uso do Facebook para atrair jovens a combater na Síria preocupa UE

jovem europeu na síriaAutoridades da Uniao Europeia estão preocupadas com o uso de sites de mídia social como Facebook para engajar jovens europeus na guerra da Síria.

A Comissão Europeia recomendou recentemente aos governos do bloco “ir além da proibição ou remoção de material ilegal” postado no Facebook e “passar a publicar mensagens opostas para contrariar as versões dos extremistas” e reduzir o impacto das redes sociais na radicalização de jovens.

[Márcia Bizzotto, BBC Brasil, 3 fev 2014] Diversas páginas foram abertas no Facebook com mensagens explícitas para tentar recrutar jovens europeus. Páginas supostamente criadas por outros jovens que já lutam em território sírio, exibem um objetivo claro: promover a causa e atrair mais simpatizantes à luta.

A maioria dessas páginas seria de jovens que teriam se convertido ao islamismo radical contra a vontade de suas famílias e passado a integrar os batalhões do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL), um grupo ligado à Al-Qaeda que pretende instalar a sharia (lei islâmica) na Síria.

As autoridades francesas estimam que cerca de 250 cidadãos desse país participam do combate na Síria e outros 150 teriam manifestado o desejo de participar.

Na Bélgica, o ministério de Assuntos Exteriores já identificou cerca de 200 cidadãos que lutam em território sírio, além de 20 já mortos, mas afirma que esses números variam rapidamente.

Incentivo

As páginas trazem estampadas fotos dos supostos combatentes com o rosto à mostra e mensagens disponibilizadas a todo o público da rede social não apenas contra o governo de Bashar al-Assad, mas também contra grupos rebeldes moderados e contra toda forma de democracia.

Em contas abertas com pseudônimos religiosos, são publicadas regularmente fotos mostrando esses jovens em mansões em que viveriam, na região de Aleppo, expropriadas de ricos habitantes que fugiram das cidades depois da chegada dos radicais, e nelas eles comentam seu dia a dia.

“Coloco minhas fotos para dar força aos irmãos para vir (à guerra)”, afirma a página do suposto francês Abou Shaheed ao lado de uma imagem na qual aparece em uniforme camuflado, um grande sorriso no rosto descoberto e um fuzil na mão.

A mesma justificativa é dada por Abu Houdaifa Ahmed, que se diz belga, de 21 anos. Ele exibe orgulhoso suas armas e uma grande jarra de suco fresco de fruta, explicando como os “candidatos ao martírio” têm tudo o que necessitam na “terra de Alá” que tentam conquistar.

O belga Ismail diz que se uniu ao combate há um ano, aos 16 anos. Ele revela um rosto angelical coroado com um turbante em meio a imagens de fuzis AK 47 e lança-granadas.

Nos comentários embaixo das fotos, muitos simpatizantes se dizem “ansiosos por se unir” ao grupo e “combater os infiéis”.

Os combatentes na linha de frente prometem ajudar com a logística e “esperar de braços abertos” os novos recrutas, mas não se limitam às palavras.

Simpatia

Warda Salame, jornalista do semanário belga Le Vif, se passou por um simpatizante e, depois de meses de contatos, recebeu indicações precisas e números de telefone de intermediários que a ajudariam a chegar a uma brigada do EIIL através da fronteira turca.

Até as fotos de cadáveres de companheiros de luta – menos frequentes – despertam simpatia entre os contatos dos combatentes, que louvam a coragem do defunto e desejam “que Alá abra as portas do paraíso” ao “mártir” ou “reserve a mesma honra” a si próprio.

“Viemos todos aqui para isso”, lê-se em um desses comentários.

A rede social também é usada para pedir doações e enviar mensagens às famílias, por intermédio de membros do grupo que ficaram no país de origem.

Exibicionismo

Para François Ducrotté, analista do centro de pesquisa International Security Information Service (ISIS), com base em Bruxelas, essa atividade explícita é também uma forma de exibicionismo para jovens procedentes de classes desfavorecidas.

“É um orgulho para eles (mostrar a vida que levam na Síria). Essas pessoas, que são geralmente esquecidas pela sociedade, podem ter um momento de glória lutando por uma causa que talvez nem conheçam. E elas utilizam as redes sociais para ganhar protagonismo”, afirmou em entrevista à BBC Brasil.

No entanto, “sendo inconscientes e orgulhosos, (os autores das páginas) também ajudam as autoridades a identificar as células de recrutamento e células terroristas” ativas em seus países de origem, acredita o analista.

O Ministério de Interior da Bélgica afirma que esses sites são monitorados pelos serviços antiterrorismo e que as informações divulgadas nessas páginas são usadas nas investigações sobre os combatentes que voltam ao país.

Segundo a Europol, as autoridades europeias não têm poderes legais para controlar publicações em internet realizadas fora de seu território ou perseguir suspeitos em outros países.

Questionado pela BBC Brasil, o Facebook disse que as páginas identificadas pela reportagem violam as regras do site que proíbem a difusão de conteúdo incitando ou apoiando a violência, mas continuavam no ar porque não haviam sido denunciadas por nenhum usuário.

Os perfis foram rapidamente desativados, mas a empresa admitiu que é incapaz de impedir que as mesmas pessoas criem uma nova conta ou de supervisionar o conteúdo publicado por seus mais de um bilhão de usuários, o que poderia ser qualificado como invasão de privacidade.

Facebook registra até mensagens não enviadas, mostra estudo

facebookNão é preciso apertar Enter para um texto digitado no Facebook ser lido por alguém: a rede social registra postagens e comentários cujo autor desistiu de enviá-los, mostra um estudo divulgado pelo Facebook e realizado por um de seus pesquisadores.

Adam Kramer, cientista de dados do Facebook, junto com o pesquisador Sauvik Das, da Universidade Carnegie Mellon (EUA), analisaram mensagens que eles chamam de autocensuradas de 3,9 milhões de usuários da rede durante 17 dias na metade do ano passado, a fim de descobrir quem costuma digitar e não enviar, e em que momentos isso acontece.

Mensagens com mais de cinco letras e retidas por pelo menos dez minutos são as tidas como autocensuradas pelos autores.

Entre as conclusões do estudo, consta que homens se autocensuram ao fazer uma postagem na rede mais do que as mulheres, mas mulheres desistem mais de comentários do que fazem os homens.

Além disso, mensagens são mais comumente autocensuradas do que comentários; usuários com uma rede de contatos mais heterogênea nos quesitos idade e orientação política se censuram menos.

Entre as “não atividades”, o só texto autocensurado não é a única registrada pela rede. O Facebook já divulgou que todos os pedidos de amizade, mesmo que recusados, ficam catalogados. O registro de tudo o que acontece tem como objetivo de impedir que as pessoas desistam das interações, e efetivamente pressionem Enter.

Durante o período estudado, 71% dos usuários hesitaram ao postar ou comentar. Durante o período monitorado, cada um deles desistiu de aproximadamente 5 postagens e de 3 comentários.

“Decidir não postar um comentário politicamente carregado ou imagens de determinadas atividades recreativas podem poupar uma boa quantia de capital social”, escreveram os pesquisadores, no documento que foi inicialmente publicado pela AAAI (Associação pelo Avanço da Inteligência Artificial, na sigla em inglês).

A pesquisa foi realizada durante o verão do hemisfério norte do ano passado, que aconteceu entre junho e setembro, mas as datas exatas de início e término do período de 17 dias não foram divulgadas.

[Matéria publicada na Folha SP, 20 dez 2013]

Crianças sofrem chantagem para praticar atos sexuais online, diz ONG

crianca_internet

Centenas de crianças e adolescentes ao redor do mundo têm sofrido chantagem para praticar atos sexuais e compartilhar fotos pornográficas pela internet, alega um relatório divulgado nesta sexta-feira pela ONG britânica Centro contra a Exploração de Crianças e de Proteção Online (Ceop).

[BBC Brasil, 20 set 2013] Os abusadores, diz a ONG, convencem suas vítimas a enviar fotos de si mesmas com teor sexual. Feito isso, ameaçam mandar as imagens para pais e amigos das vítimas caso estas se recusem a continuar a conversa online.

Andy Baker, porta-voz da Ceop, diz que a organização já teve conhecimento de casos do tipo envolvendo 424 jovens e crianças ao redor do mundo – algumas de oito anos de idade.

A chantagem, segundo ele, já levou sete crianças a cometer suicídio e outras sete a se autoflagelar seriamente.

‘Lado escuro’

Os abusadores geralmente iniciam a conversa se fingindo de crianças ou de pessoas do gênero oposto das vítimas.

O relatório da Ceop diz que as conversas começam em sites abertos ou redes sociais e logo são levadas a fóruns privados, “onde ganham teor sexual”.

“(O abuso) avança rapidamente”, diz Baker à BBC, alegando que em menos de cinco minutos o abusado online “vai de ‘oi, você quer tirar sua roupa’ a alguém cometendo autoflagelo”.

Uma vez que as vítimas enviam imagens sexuais de si mesmas, a chantagem começa, com pedidos de mais fotos de teor sexual – algumas envolvendo autoflagelo – ou até mesmo pedidos de somas em dinheiro, sob a ameaça de as imagens comprometedoras serem enviadas a conhecidos da vítima.

Em um dos casos, um dos acusados de abusos chegou a arquivar as imagens pornográficas que recebia de crianças em uma pasta nomeada “escravos”.

Operação K

Entre os 424 jovens e crianças que sofreram chantagem, 322 deles – principalmente meninos entre 11 e 15 anos, oriundos de todo o mundo – foram descobertos em uma única investigação neste ano, chamada de Operação K.

Os criminosos usavam mais de 40 perfis falsos online e outros tantos endereços de e-mail para perpetrar os abusos, diz a Ceop.

O esquema foi descoberto por autoridades britânicas depois que uma rede social identificou atividades suspeitas e uma criança avisou seus pais.

Na Grã-Bretanha, o assunto ganhou especial relevância em agosto, após o suicídio de um garoto de 17 anos vítima de chantagens.

Daniel Perry pensava estar trocando mensagens e fotos com uma menina de sua idade, até que os abusadores pediram dinheiro para não tornar essas imagens públicas. Ele acabou se jogando de uma ponte.

Logo após sua morte, sua mãe disse que ele era “um menino feliz, não estava deprimido, e não era o tipo de pessoa que você pensaria que iria tirar a própria vida. Queria que ele tivesse me procurado (e contado o ocorrido)”.

Prevenção

É importante que pais eduquem a si mesmos e a seus filhos a respeito de configurações de privacidade e denúncias de eventuais abusos na internet, adverte Scott Freeman, fundador da ONG antibullying online Cybersmile.

Segundo ele, é importante que as crianças e jovens entendam que não devem falar com pessoas que não conhecem e não devem passar “de plataformas públicas a privadas”.

Por outro lado, Freeman opina que os provedores de internet precisam ser mais proativos para coibir abusos, ressaltando que alguns “já começam a adotar procedimentos do tipo”.

A Ceop, por sua vez, adverte que os jovens vítimas de abusos online podem, além de ter mais propensão a se autoflagelar, se tornar mais agressivas e introspectivas.

Mulheres reagem à ‘pornografia da vingança’

porn revancheO que você faria se descobrisse que alguém postou fotos nuas suas na internet, sem sua permissão? Chamado de “pornografia da vingança”, o fenômeno tem feito cada vez mais vítimas à medida que mais pessoas usam câmeras de celulares e mensagens para produzir, trocar e armazenar conteúdo íntimo.

[James Fletcher, BBC Brasil, 15 dez, 2013] Nos Estados Unidos, pessoas que tiveram fotos sem roupa publicadas na rede contra a sua vontade buscam mudanças na lei para punir responsáveis. A americana Hollie Toups, 33, se lembra bem do dia que mudou a sua vida. Ela estava no trabalho quando recebeu um telefonema de um amigo, avisando que tinha visto fotos nuas delas em um site pornográfico.

Ela correu para casa, abriu o computador e se deparou com fotos topless que ela tinha feito para um ex-namorado, quando tinha 24 anos. E não apenas fotos, mas seu nome, um link para suas páginas no Facebook e no Twitter, um mapa do Google com a sua localização – e um mar de comentários.

“Via as pessoas comentando as fotos em tempo real, dizendo que eu tinha de ser estuprada e coisas do tipo. Chorei por dias”, conta. “Você se sente julgada e envergonhada.”

Ela ficou com medo de sair de casa e, quando saiu, chegou a ser abordada por homens que tinham visto as fotos.

Hackers

Toups achou inicialmente que seu ex-namorado havia postado as fotos. Afinal, com o próprio termo (“pornografia da vingança”) faz supor, essa é a forma mais comum que essas imagens acabam online). Até que se deparou com imagens que ela sequer havia mostrado para ele. Seus registros haviam sido roubados ou hackeados.

Há casos de hackers que invadiram e-mails ou “nuvens” online para roubar fotos de mulheres; no caso de Hollie, ela acha que suas fotos foram roubadas quando ela deixou seu telefone na assistência técnica.

Rapidamente, a americana descobriu que não estava sozinha. Dezenas de mulheres da região tiveram fotos suas publicadas pelo site Texxxan.com, sofrendo consequências parecidas. Algumas perderam empregos e namorados. Uma cogitou o suicídio.

Toups e outras vítimas procuraram a polícia e advogados, mas a resposta costumava ser a mesma: não havia nada a ser feito.

Mas, com a ajuda de investigadores, elas começaram a levantar potenciais atos ilegais cometidos pelos sites de pornografia da vingança.

Algumas das meninas fotografadas tinham menos de 18 anos, o que configuraria pornografia infantil. Outras vítimas alegam que sites pediram dinheiro para remover as fotos delas do ar – o que poderia configurar extorsão.

E, se as mulheres forem as autoras das fotos, podem alegar direitos autorais para acionar os sites na Justiça.

Responsabilidade

Mas a quem responsabilizar? A responsabilidade recairia sobre a primeira pessoa que tiver postado as fotos online – ainda que seja muito difícil identificar um usuário anônimo.

No fim das contas, as alegações de pornografia infantil resultaram no fechamento do Texxxan.com neste ano.

Toups e outras vítimas também iniciaram um processo judicial conjunto, com base em leis de privacidade do Estado do Texas, onde moram. O alvo do processo são os donos do site, a empresa de hospedagem do site e alguns dos suspeitos de postarem as fotos.

Até o momento, elas conseguiram impedir a reabertura do Texxxan.com. Mas muitos acreditam que isso não se sustentará por muito tempo.

Hunter Taylor, criador do site, não quis dar entrevistas. Em seu depoimento em juízo, ele negou ter cometido crimes ou ter praticado extorsão e acrescentou que seu site é apenas uma plataforma para usuários postarem o que quiserem.

Criminalização

A experiência de Toups é parecida com a de outras vítimas, e no último ano mais delas têm vindo a público contar suas histórias. Esses casos – muitos deles ocorridos no Brasil – têm humanizado o debate ao redor da pornografia da vingança.

Nos EUA, muitas das vítimas querem que esses atos sejam criminalizados, e que sites de internet percam a imunidade a respeito do conteúdo que seus usuários postam.

“Não queremos dinheiro, queremos que eles sejam responsabilizados”, diz Toups.

Leis antipornografia da vingança começam a ser redigidas em estados como Wisconsin, Nova York e Maryland; Califórnia e Nova Jérsei aprovaram medidas a respeito.

Mas a lei californiana não cobre autorretratos (conhecidos popularmente pelo termo ‘selfie) – que, segundo ativistas, são as fotos mais usadas pelos responsáveis pela pornografia da vingança. A ativista Charlotte Laws diz esperar que a lei possa receber emendas no futuro.

Liberdade

Ao mesmo tempo, nem todos nos EUA concordam que a questão deva se tornar criminal. O advogado criminalista Mark Bennett concorda que a pornografia da vigança seja indesejável, mas argumenta que essa prática está constitucionalmente protegida pelo direito à liberdade de expressão.

“Protegemos os direitos das pessoas más de forma a proteger os direitos de todos nós”, diz. “Se começamos a abrir exceções porque o cara que postou as imagens é claramente um ser humano ruim, damos licença ao governo para decidir quem são as pessoas más. E não queremos que o governo faça essas distinções.”

Nem todo o debate tem argumentos tão elaborados. Após a mudança de lei na Califórnia, Hunter Moore, ex-dono de um site de pornografia da vingança, fez um vídeo se queixando: “Ah, a menina reclama porque mandou fotos nuas para algum idiota que as colocou na internet. Por que proteger essas pessoas? Assuma responsabilidade por suas ações e pare de culpar os outros”.

A ativista Charlotte Laws discorda. “Trinta ou 40 anos atrás as pessoas tiravam polaroides, mas se alguém entrasse em sua casa e roubasse as fotos, não acho que a sociedade consideraria isso culpa delas. É chocante querer culpar a vítima.”

E, se pudesse voltar no tempo, Hollie Toups voltaria a tirar fotos de si mesmo? Ela diz que sim.

“Não fiz nada de errado. Milhares de pessoas tentaram jogar a culpa em mim, (mas) sou muito teimosa.”

Será preciso mais teimosia para mudar as leis federais americanas e criminalizar a pornografia da vingança, mas ela e outras mulheres veem isso como uma busca pela justiça.

Os desdobramentos disso jogam luz sobre uma questão-chave de nossos tempos: à medida que as mudanças tecnológicas geram consequências inimaginadas, será que é a lei ou o comportamento humano que precisam se atualizar?

É preciso entender as redes e as ruas. ~ Laymert

anonymousConfira trechos da entrevista com Laymert Garcia dos Santos, professor de Sociologia da Unicamp. Para ele, o conflito de classes, em escala global, começa a acontecer no meio digital.

[Glauco Faria e Igor Carvalho, Revista Fórum, 20 out 2013]

“O caso Snowden é o último elo de uma cadeia que vem vindo de várias outras que já entenderam o enorme potencial das redes, de politizar as questões simplesmente pela circulação dos fluxos de informação. Por quê? Porque se o Estado e o mercado podem saber tudo sobre a população, explorando isso do ponto de vista do controle, por outro lado os movimentos também podem.” A ponderação é de Laymert Garcia dos Santos, doutor em Ciências da Informação pela Universidade de Paris VII e professor titular do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, e remete à importância de se debater o funcionamento das redes e sua relação com as ruas, algo que veio à tona com as manifestações de junho no Brasil.

Para Laymert, o advento do Wikileaks fez com que se prestasse mais atenção sobre quais informações as elites gostariam que não fossem reveladas. “O conflito de classes, em escala global, começa a acontecer nas redes, porque existe uma política de controle e hierarquização da informação nas redes, e, do outro lado, há gente trabalhando para a desobstrução dos canais”, afirma. “E isso é democracia, porque se você começa a fazer todo o fluxo de informação passar, as pessoas ficam sabendo o que os de cima não querem que elas saibam.” Confira abaixo trechos da entrevista, que está na edição 127 de Fórum.

Dentro dessa sua ideia de entender o digital como o futuro e remetendo um pouco às manifestações. Nós tínhamos esse setor do Gil, com o Juca Ferreira, no governo Lula, que tinha esse entendimento muito claro do papel da tecnologia aliada à cultura. Mas as manifestações também não mostraram para certos setores que estão analógicos demais? Ou seja, nossos partidos de esquerda, muitos sindicatos e movimentos sociais não tratam desse tema ainda.

Laymert – Concordo plenamente com a análise que você faz, tem uma questão que para mim é complicada, a incapacidade que governos do PT tiveram em lidar com a questão da mídia. De certo modo, ela permaneceu intocada, até quando houve momentos em que alguma coisa de mais forte poderia ter sido feito, quando a Globo fez uma aposta errada no mercado financeiro e entrou em uma situação de crise. Ali havia um flanco aberto, mas o governo Lula foi lá e bancou, sem colocar condições.

Isso continua até hoje. Em parte, isso se deve ao fato de a esquerda brasileira nunca ter feito a crítica de fundo da mídia. E nem da tecnologia. A posição de esquerda de partidos, sindicatos etc. é de que os meios são neutros e tudo depende de quem se apropria dessa técnica e, portanto, quando chegar o momento de a esquerda estar no poder, se faz uma inversão de signos. Isso é o máximo que a esquerda pensou sobre essa questão, e há muitos anos venho pensando e batalhando por um outro entendimento, porque não é possível você considerar a tecnologia como algo meramente instrumental, quando ela modifica completamente todos os tipos de relação. A tecnologia, sobretudo depois da virada cibernética, mudou a vida, o trabalho e a linguagem. Ou seja, mudaram as relações. Nessas condições, se você não fizer uma crítica de fundo, vai acabar fazendo aquilo que critica em seu adversário, vai fazer isso achando que colocou um conteúdo de esquerda, mas as práticas serão as mesmas. Assim, vai ser tão manipulatório e antidemocrático quanto antes e, de certo modo, desconhecendo o próprio potencial que a tecnologia traz.

Por exemplo, voltando um pouco, há uma questão que me espantou, que mostra como se pode ao mesmo tempo estar no jogo não sabendo que se está no jogo. Nas grandes manifestações, em junho, todo mundo se volta para o Estado para ver qual será a reação deste Estado. A Dilma vai para a televisão e faz uma proposta de uma Assembleia Constituinte específica para a reforma política. Ela deu uma resposta política que era absolutamente crucial, porque respondeu a uma demanda de poder dos movimentos nas ruas, com algo que ampliava a participação em poder, já não seria o Congresso o ator principal dessa operação. E foi interessantíssimo, bastante elucidativo, porque, ao fazer essa proposta, os conservadores e a classe política inteira se mobilizaram para boicotá-la, primeiro para transformá-la em um plebiscito para que nada acontecesse. Esses setores estão no seu papel, quem não está em seu papel são os manifestantes, que pediam mais poder e, quando você tem a autoridade máxima do Estado acenando e dizendo: “Vamos nessa?”, o outro lado não responde. Não houve manifestações para isso e nem um entendimento sobre o que significava esse gesto. Ouvi gente dizendo: “Ah, mas era um cálculo político”. Não importa. As ruas emitiram um sinal, e a Dilma emitiu um outro sinal em resposta num sentido de ampliação da democracia como nunca havia acontecido. Os setores da direita imediatamente souberam ler o que estava em jogo, e os manifestantes não souberam. Por quê? Despolitização? Não souberam avaliar? O que aconteceu? Isso me fez pensar que as reivindicações do movimento são restritas, de certa maneira têm um certo fôlego, que não é muito grande, e sendo atendidas algumas reivindicações, você consegue esvaziar. De qualquer maneira, se perdeu uma oportunidade naquele momento, havia uma abertura para uma potência, que não se concretizou.

Para mim, essa perda de oportunidade diz muito sobre a leitura de campos de forças e do entendimento sobre o que é este jogo de forças. Em relação às novas tecnologias, para o PT, para os sindicatos e movimentos sociais, ainda não caiu a ficha da sua importância e que isso pode ser trabalhado de uma outra lógica, colocando em xeque políticas de controle global. O caso Snowden é o último elo de uma cadeia que vem vindo de várias outras que já entenderam o enorme potencial das redes, de politizar as questões simplesmente pela circulação dos fluxos de informação. Por quê? Porque se o Estado e o mercado podem saber tudo sobre a população, explorando isso do ponto de vista do controle, por outro lado os movimentos também podem, e isso o Wikileaks começou a fazer, a prestar atenção sobre quais informações os super-ricos querem suprimir. O conflito de classes, em escala global, começa a acontecer nas redes, porque existe uma política de controle e hierarquização da informação nas redes, e, do outro lado, há gente trabalhando para a desobstrução dos canais. E isso é democracia, porque se você começa a fazer todo o fluxo de informação passar, as pessoas ficam sabendo o que os de cima não querem que elas saibam. É o que está acontecendo com o Snowden de novo. Isso a própria tecnologia permite como a lógica de funcionamento em rede auxilia na distribuição da informação. O que as pessoas não entendem de jeito nenhum é que a informação é a diferença que faz a diferença, e também é o valor do capitalismo contemporâneo.

Quando a informação se tornou valor, e isso começou na década de 1970, a questão se colocou: “Como ganhar dinheiro com a informação?”. Porque a informação não tinha preço. Foi reelaborada e inventada uma coisa que se chama direito de propriedade intelectual, que não é só uma extensão do direito autoral e do direito de invenção da propriedade industrial, é muito mais do que isso. É o que alguns especialistas chamam de “a última enclosure”, o último cercado que começou na Inglaterra com o começo do capitalismo, quando se cercou a terra. Agora vamos criar um que vai cercar essa unidade mínima que é a diferença que faz a diferença, para garantir a exploração desse valor como unidade mínima, e, ao mesmo tempo, com um alcance global. A lógica das redes, de seu funcionamento e aperfeiçoamento, é colaborativa, e, sendo colaborativa, ela escapa, é da sua própria lógica que as informações circulem. Se não circulam é porque começam a colocar gargalos para cercar e fazer a captura dentro do sistema que permite que isso vire uma propriedade. A esquerda ainda não entendeu o alcance que isso tem como luta política. Se pegarmos, por exemplo, esse sistema anglo-americano de espionagem, porque são americanos, mas os ingleses estão acoplados, como eles chamam as primeiras operações por meio desses sistemas? Vão dar os nomes das primeiras batalhas imperialistas, tanto dos EUA quanto da Inglaterra. Por quê? Porque começou, em outro plano, um outro tipo de imperialismo, e se você não estiver preparado para lutar neste outro plano, como vai perceber o que está em jogo? Existe uma guerra, hoje, no mundo digital, mas  é real também porque a dimensão virtual da realidade é tão real quanto a física. Mas a ficha ainda não caiu que esse conflito está lá, e é claro que isso precisa ser entendido, se tornar uma questão política de ponta. Ainda não vi as pessoas se mobilizando para defender o marco regulatório da internet; inclusive, se a gente fizer isso, ou vier a fazer num futuro próximo, vamos ser modelo para outros países que estão com o mesmo problema. Mas precisamos fazer.

Não se faz democracia sem informação, e a maneira de fazer democracia atualmente é expondo, para os ricos, aquilo que eles fazem para o resto da população. Se eles podem fazer tudo e levantar tudo sobre a população, e estão o tempo inteiro se protegendo e protegendo essa informação, sobretudo para destruir aquilo que não deve ser conhecido, os caras que aparecem, de certa maneira, e levantam esse movimento, mostram como essa lógica de captura funciona, estão trabalhando para uma desobstrução de canais, algo absolutamente fundamental. Só pela desobstrução de canais e por uma luta entendendo o que é a propriedade intelectual e o que é fechar a informação para uma apropriação é que você vai poder lutar no futuro, porque não se pode mais voltar para trás. Quando se observa a geração de agora, de 20 anos, eles não conseguem nem lembrar, aliás, nem conseguem saber o que é o mundo sem internet. Nós também não. Algum de nós consegue viver sem internet? Claro que não.

Esse campo, esse fluxo das redes, já se constituiu num campo de batalha para as grandes potências, para o grande capital também, mas muita gente, inclusive da esquerda, ainda não captou isso. A gente pode dizer hoje que as redes e as novas tecnologias são essa nova expressão da luta de classes, só que ninguém enxergou ainda?

Laymert – Não é que há um determinismo tecnológico, não é essa a questão, se essas máquinas existem é porque as forças produtivas se desenvolveram a ponto de criar essas máquinas. Mas elas colocam a luta política em outro patamar, e esse outro patamar não pode mais deixar de ser levado em conta porque a luta vai se passar lá. Não só lá, mas não é possível entender as ruas hoje, no Brasil e em outros países, sem entender o binômio redes e ruas, com suas especificidades. O modo como o movimento se dá nas redes não é exatamente o mesmo que se dá nas ruas, a relação rede-rua é que tem de ser pensada junto, na sua articulação, e isso é política. Chamo isso de tecnopolítica porque não é mais possível pensar a política sem a tecnologia junto. Estamos vendo agora na política internacional, em que se discute aquilo que se passa nas redes.

Mas ela ainda é excludente…

Laymert – Claro que é excludente, e se você quiser expandir a democracia política no país, tem de ter banda larga pra todo mundo e com preço acessível, mas tem de ser uma política de Estado. Já devia haver uma diretriz nesse sentido, porque o acesso às comunicações no Brasil é muito caro, não só a banda larga como a telefonia celular é extremamente cara para uma qualidade ruim, a relação qualidade-preço é absurda, e isso revela que existe muito caminho para ser trilhado aqui. É preciso garantir o acesso para a população, mas também trabalhar a educação digital dessas pessoas, e acho que foi isso que o Gil sacou, que podia fazer uma relação entre riqueza cultural e um povo sem acesso. O mais importante é abrir canais novos, e o potencial que a pessoa tem na periferia encontra uma maneira de realizar aquilo, não se torna só um consumidor de uma cultura que vem de cima para baixo. É uma diferença enorme. E até a dependência em relação à mídia velha vai sendo cada vez menor.

Em relação à educação, existe também a questão do trabalho imaterial, que começa a ganhar importância; não sei se é possível isolar, mas como isso modifica a luta dos trabalhadores, dos sindicatos e como entra a questão educacional nesse sentido?

Laymert – A virada cibernética começou nos anos 1950 nos laboratórios, e nos anos 1970, as máquinas inteligentes começaram a entrar, com os computadores pessoais, em todos os setores, na vida social, na produção, em tudo. Houve uma alteração que é crescente, e cada vez mais profunda, da vida e do trabalho das pessoas, afetou o modo como se trabalhava, instaurando o que muitos chamam, inclusive, de crise da sociedade de trabalho. Porque as máquinas começaram a substituir não só a força física, como era no século XIX, com as máquinas a vapor substituindo quem fazia a força motora, mas passou a fazer todo tipo de trabalho que não é o de invenção, que a máquina não é capaz de criar ela própria. Fora esse trabalho, a substituição do trabalhador pela máquina é cada vez maior, tanto que vemos, desde que isso começou, um paradoxo enorme no qual todos os governos do mundo dizem que precisam aumentar o nível de emprego, e fomentam políticas que substituem os humanos pelas máquinas. Você diz o tempo todo que vai lutar pelo aumento do emprego e, ao mesmo tempo, implanta uma política que elimina o trabalhador e põe uma máquina no lugar dele.

Claro que não é culpa das máquinas, e sim das relações sociais, pois se elas ocupam o lugar dos humanos, eles poderiam ser liberados e preparados para fazer o trabalho que elas não podem fazer. Mas esse desenvolvimento é usado contra o trabalhador, fazendo com que antes ele fizesse uma greve por melhores condições de trabalho e depois da era cibernética, que ele pedisse pelo amor de Deus pra trabalhar. Essa mudança é o que os especialistas chamam de crise da sociedade do trabalho. Hoje a precarização é tal que você luta para manter o seu trabalho. Ao mesmo tempo, essa nova situação cria condições para que outro tipo de trabalho possa acontecer, de caráter colaborativo, escapando dessa lógica.

É necessário que os sindicatos, os trabalhadores discutam isso, quais são as positividades que podem ajudar para não transformar isso em um ludismo, uma briga contra a máquina. Por outro lado, tem de haver uma educação que já integre essa frente de transformação digital porque o mundo se transformou em algo no qual a dimensão digital é incontornável, e é preciso que a população seja educada pra isso. Qual o problema principal depois que você consegue o acesso? É que é necessário ter uma educação para que, dentro daquele fluxo gigantesco de informações, você possa ter parâmetros para discriminar a informação que vai ser boa para você. Não é só o acesso físico, se não tiver critério para se politizar dentro disso, por exemplo, você vai usar a máquina como uma televisão. Usa 1% dela, e no que ela tem de pior.

A íntegra da entrevista na edição 127 de Fórum. Nas lojas da Livraria Cultura.

A pornografia das frases de efeito ~ Paulo Brabo

palavras soltasPor mais que eu me esforce, não consigo pensar num fator que tenha contribuído mais para a diluição do impacto da Bíblia, tendo aberto maior brecha para uma leitura tendenciosa da sua mensagem, do que o fato de que um dia alguém achou por bem dividi-la em versículos.

Um livro como a carta de São Paulo aos Efésios, que até aquele momento vinha sendo lido como um todo contínuo e orgânico, acordou no dia seguinte esquartejado de modo inteiramente arbitrário, tendo adquirido a graça e a agradabilidade de leitura de uma planilha do Excel. E nunca mais recuperaram-se da operação: foi retalhado dessa forma que cada livro da Bíblia chegou até nós.

A divisão em versículos teve a infelicidade de nascer mais ou menos ao mesmo tempo em que vinha à luz a tecnologia dos tipos móveis de Gutemberg – e tecnologia significou desde sempre uma coisa: não há erro fortuito que não possa ser reproduzido indefinidamente. Continue lendo

A face oculta do novo ~ Lee Siegel

© Martin Waldbauer

A notícia causou frisson na minha cidade suburbana ao lado de Nova York. Um rapaz de 17 anos, a poucas semanas de concluir o ensino secundário, parou diante de um trem de subúrbio em movimento, Teve morte instantânea.

[O Estado de S.Paulo, 9 jun 13] Como sempre ocorre quando se noticia um suicídio, a questão de por que ele o fez torturou familiares e amigos do jovem. Atormentou estranhos, também, porque o suicídio é o mais íntimo dos tipos de violência. Ele nos faz perguntar não somente por que determinada pessoa o cometeu, mas por que alguém o faria, confrontando-nos assim com o aspecto mais despojado da existência. Mas desta vez a tentativa de entender o mistério por trás de um suicídio cobriu-se de especial urgência. É que, segundo estudo divulgado algumas semanas atrás, o número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes.

No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%. Continue lendo

Redes sociais: desabafos, excessos e riscos ~ Denis Mello

O que leva uma pessoa perspicaz e culturalmente preparada à exposição desmedida via redes sociais?

Há pouco tempo, acompanhei de perto um fato que demonstrou, na prática, as consequências negativas geradas pela atitude de emitir opiniões impensadas via internet. O caso envolveu um alto-executivo que teve sua reputação, construída durante anos de esforço e dedicação, comprometida por desabafos expostos nas redes sociais.

[Denis Mello, Portal Administradores, Prestes a ser contratado por uma grande empresa para o cargo de diretor, o executivo teve suas pretensões comprometidas, depois de a área de Recursos Humanos localizar postagens no facebook e twitter, nas quais ele criticava uma companhia onde havia trabalhado. A consequência foi fatal, pelo menos para aquele momento da sua vida. Em poucos minutos, ele teve a imagem profissional, sua “marca”, destruída. Nada mais desalentador para quem estava, em primeiro lugar, entre os três melhores candidatos. Continue lendo

Mídia digital motiva “crentes” autônomos, diz pesquisador

A mídia digital empodera pessoas na escolha religiosa, no desenvolvimento de “crentes” autônomos, disse o professor Stewart Hoover, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. Autoridades eclesiais perderam o controle sobre os símbolos religiosos e têm dificuldades de encontrar modelos para divulgá-los, ao contrário da mídia.

[Edelberto Behs, ALC, 27 mar 2013] Tratados como campos separados até os anos 60 do século passado, mídia e religião passaram a convergir, apontou Hoover em palestra para alunos de Jornalismo, proferida ontem na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Hoje, pesquisadores voltam seus olhares para o fenômeno da religião digital.

As tecnologias digitais, explicou o diretor do Centro para a Mídia, Religião e Cultura, são o espaço específico onde a religião está sendo modificada, trazendo autonomia pessoal, provocando o declínio da autoridade religiosa, transformando a lógica estética da própria mídia e gerando culturas digitais. Continue lendo

Geração desconcentrada

As distrações constantes causadas pelo meio digital já afetam o aprendizado de adolescentes e jovens.

[Larry Rosen*, Estadão, 18 nov 12] Uma pesquisa recente do Pew Internet & American Life Project, em que foram entrevistados 2.462 professores dos ensinos fundamental e médio nos EUA, conclui que: “A vasta maioria concorda que as atuais tecnologias estão criando uma geração que se distrai com facilidade e só consegue se concentrar por breves intervalos de tempo”. Dois terços dos professores concordam que as tecnologias contribuem mais para distrair os alunos do que para o seu desempenho escolar.

Recentemente, minha equipe de pesquisa observou 263 alunos dos ensinos médio e superior estudando em casa por 15 minutos. O objetivo era verificar se os jovens conseguiam se manter concentrados e, em caso negativo, o que motivava a dispersão. A cada minuto, anotávamos o que eles faziam: se estavam estudando, trocando mensagens de celular, se havia um som ou uma TV ligados, se estavam diante de um PC e quais sites visitavam. Continue lendo

Facebook tem 5,6 milhões de crianças em sua rede social

[Diane Bartz, Reuters, 19 set 12] O Facebook tem um segredo, um número não revelado em seus volumosos documentos para tornar-se uma companhia de capital aberto, e agora apenas ligeiramente abordado por representantes da empresa.

Estima-se que 5,6 milhões de clientes do Facebook –cerca de 3,5 por cento de seus usuários norte-americanos– sejam crianças, as quais a companhia diz que estão banidas de participar da rede social. Continue lendo

Tecnologia da desinformação ~ Nathan Gardels

Protestos contra vídeo sobre Maomé revelam que a fé do Oriente e os valores do Ocidente estão em conflito em uma praça pública global.

[Nathan Gardels, Estadão, set 12] Os fatos dos últimos dias no Oriente Médio são apenas um alerta para futuros distúrbios à medida que a democratização da mídia no Ocidente se depara com o despertar político no mundo árabe.

Os hoje marginalizados jovens do Facebook podem ter iniciado a Primavera Árabe, que desencadeou – alguns diriam “libertou” – vozes contrárias ao Ocidente e que durante muito tempo foram caladas por autocratas brutais. Mas agora é a vez do YouTube agitar a região. O trailer de um filme chamado A Inocência dos Muçulmanos colocou a região em chamas à medida que o filme se propaga na internet.

“Esta praça pública global é o novo espaço de poder onde imagens competem e ideias são contestadas”. FOTO: Khalil Hamra/AP Continue lendo