Cerca de 40% dos europeus sofrem de algum transtorno mental, mostra estudo

[O Globo, 5 set 11] Os europeus têm sido mais afetados pelas doenças mentais e neurológicas, e quase 165 milhões de pessoas, ou 38% da população do continente, sofrem todos os anos de uma desordem cerebral como depressão, ansiedade, insônia, ou demência, segundo um grande estudo publicado nesta segunda-feira.

Apesar do número impressionante, apenas cerca de um terço dos casos recebe o tratamento ou a medicação necessária. As doenças mentais implicam em enormes custos econômicos e sociais – calculados em centenas de milhões de euros – já que os pacientes muitas vezes são incapazes de trabalhar e os relacionamentos também são atingidos.

– Os transtornos mentais se tornaram o maior desafio para a saúde da Europa do século XXI – disseram os autores do estudo.

Ao mesmo tempo, algumas grandes companhias farmacêuticas estão diminuindo os investimentos em pesquisas sobre como o cérebro funciona e como ele afeta o comportamento, o que faz a responsabilidade de financiar os estudos recair sobre governos e organizações de financiamento.

– A grande defasagem no tratamento para as desordens mentais tem que terminar – disse Hans Ulrich Wittchen, diretor do Instituto de Psicologia Clínica e Psicoterapia da Universidade de Dresden, na Alemanha, e principal pesquisador do estudo. – Os poucos que recebem tratamento o fazem com um atraso considerável, em média, de anos, e poucas vezes com a terapia apropriada e atualizada.

Wittchen liderou um estudo de três anos que cobriu 30 países europeus – os 27 da União Europeia mais a Suíça, Islândia e Noruega – e uma população de 514 milhões de pessoas. Não havia um dado disponível para comparação direta da prevalência da doença mental em outras partes do mundo porque os estudos adotam parâmetros diferentes.

A equipe de Wittchen observou cerca de cem doenças que agregam todos os grandes transtornos mentais, desde ansiedade e depressão a vício e esquizofrenia, assim como grandes doenças neurológicas, como a epilepsia, o Parkinson e a esclerose múltipla.

Os resultados, publicado nesta segunda-feira na revista “European College of Neuropsychopharmacology”, mostraram uma “carga extremamente alta” de transtornos de saúde mental e doenças cerebrais, disse o autor a jornalistas em Londres.

Os transtornos mentais são uma causa importante de morte e incapacidade, além de representar custos para a economia em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde prevê que em 2020 a depressão será o segundo maior contribuinte para a carga mundial de doenças em todas as idades.

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