[Voz da América, 30 mar 11] Os confrontos na LÃbia poderão provocar o êxodo de muitas pessoas desde meros refugiados até mercenários e militares
Os confrontos na LÃbia poderão provocar o êxodo de muitas pessoas, desde meros refugiados até mercenários e militares, em direcção aos paÃses situados a sul. Contudo, salientam muitos analistas, aqueles paÃses não têm condições de acolhimento.
A cidade de Dirkou no deserto do NÃger situa-se a mais de 1.600 km da costa lÃbia onde os rebeles apoiados pela NATO lutam contra as forças governamentais.
Contudo aquela cidade de poucos recursos poderá debater-se com uma crise humanitária se os confrontos alastrarem para o sul da LÃbia.
Prevê-se com efeito que vagas de mercenários e de desalojados se desloquem para cidades tais como Dirkou através de toda a região do Sará. Segundo Jeremy Keenan, um especialista britânico em assuntos africanos, nenhum dos paÃses vizinhos tem capacidade de resposta para um tal afluxo.
A principal preocupação, diz Keenan, são os mercenários. Segundo ele, Gadhafi contratou alguns milhares de mercenários da Ãfrica subsaariana e o seu exército inclui igualmente cerca de 10 mil homens de comunidades nómadas tuaregues provenientes não só da LÃbia como também do Mali, NÃger, Chade e Burkina Fasso.
Se Gadhafi cair, afirma Keenan, esses homens só terão uma alternativa, regressar a casa: “ poderemos ter entre 10 a 15 mil tuaregues armados e com experiência de combate em paÃses politicamente instáveis. Não é preciso ter muita imaginação para especular que eles podem fÃsica e militarmente apoderar-se sem grande dificuldade da zona centro do Sará e do norte do Sahel.â€
O Sará já era antes desta crise uma região instável. A ala regional da organização terrorista al Kaida, a al-Kaida do Magrebe Islâmico, facturou milhões de dólares raptando funcionários e turistas ocidentais e exigindo elevados resgates.
A região é igualmente atravessada por traficantes de drogas levando cocaÃna da América Latina para a Europa.
Mas, segundo alguns analistas, ainda mais ameaçadora para a região do que os mercenários, os terroristas e os traficantes de drogas, é a possÃvel vaga de desempregados.
David Shinn, o antigo embaixador americano na Etiópia, acha que são exageradas as estatÃsticas relativas aos mercenários e acrescenta que está mais preocupado com o possÃvel regresso aos paÃses de origem dos muitos emigrantes africanos na LÃbia.
Shinn refere que cerca de 20% dos cinco milhões de habitantes da LÃbia são trabalhadores emigrantes subsaarianos: “ alguns deles já deixaram o paÃs,mas, muitos outros ainda lá se encontram visto que não conseguiram escapar. À medida que forem saindo irão aumentando o rol dos desempregados nos paÃses de origemâ€.
Shinn salienta também que as economias daqueles paÃses podem também sofrer com outra consequência da guerra na LÃbia.
Gadhafi e o seu governo controlam milhares de milhão de dólares em investimentos através de Ãfrica, desde hóteis, bombas de gasolina, quintas, telecomunicações e companhias mineiras.
Se o lÃder lÃbio cair, diz Shinn, todos esses negócios correrão o risco de desaparecer.