“O grupo seguirá marchando semanalmente pedindo a libertação de todos os presos polÃticos com ânimo e espÃrito de valentia”
[Reuters, 19 mar 12] Havana – Cerca de 70 cubanas do grupo dissidente Damas de Branco — que haviam sido detidas no fim de semana — foram libertadas depois de uma prisão temporária, disse na segunda-feira uma das envolvidas. Entre as detidas, 18 participam de uma marcha semanal de protesto.
O caso aconteceu a uma semana da visita do papa Bento 16 a Cuba. Os grupos de oposição ao governo socialista têm acirrado suas ações públicas e pedem para ser recebidos pelo sumo pontÃfice a fim de exigir melhorias nas questões de direitos humanos.
“Todas as Damas de Branco estamos em nossas casas desde a noite de domingo. Queremos que o Santo Padre nos conceda ainda que seja um minuto”, disse Laura Labrada Pollán, filha da falecida lÃder do grupo.
O papa Bento 16, de 84 anos, visitará a ilha entre 26 e 28 de março em uma viagem que coincide com as celebrações pelo 400o aniversário do achado da imagem da Nossa Senhora da Caridade do Cobre, a padroeira de Cuba, e considerada o Ãcone religioso mais popular do paÃs.
A autoridade máxima da Igreja Católica chegará procedente do México. Em sua estada em Cuba ministrará duas missas e será recebido pelo presidente Raúl Castro, 14 anos depois da viagem do falecido João Paulo 2o a Havana.
As Damas de Branco, que foram colocadas no domingo em ônibus pela polÃcia, é um grupo opositor formado inicialmente por mães e mulheres de 75 presos polÃticos condenados em março de 2003 a penas que vão de 6 a 28 anos de prisão, em meio a uma ofensiva do governo contra a dissidência.
Nesse fim de semana, prestavam homenagem aos prisioneiros polÃticos no nono aniversário de sua prisão. Todos os presos do grupo dos 75 foram soltos e a maioria viajou para a Espanha com a famÃlia, como parte de um acordo inédito entre o governo e a Igreja Católica.
“O grupo seguirá marchando semanalmente pedindo a libertação de todos os presos polÃticos com ânimo e espÃrito de valentia”, disse Labrada por telefone à Reuters.
Os Estados Unidos criticaram as detenções e disseram que isso era uma mostra do “desprezo” das autoridades aos direitos humanos do povo cubano.
(Reportagem de Nelson Acosta)
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Cuba prende mais de 50 integrantes do grupo Damas de Branco
Mais de 50 ativistas do grupo de direitos humanos Damas de Branco foram presas neste domingo em Cuba, incluindo a porta-voz da organização, Berta Soler.
[BBC Brasil, 19 mar 12] Segundo a correspondente da BBC em Cuba, Sarah Rainsford, as ativistas foram presas durante uma marcha silenciosa rumo a uma igreja de Havana, onde pretendiam se manifestar pedindo a libertação de presos polÃticos.
Membros do grupo Damas de Branco disseram que a pressão das autoridades cubanas aumentou às vésperas da visita do papa Bento 16 à ilha comunista.
O atual chefe da Igreja Católica fará sua primeira visita como papa à ilha na próxima semana. Segundo o Vaticano, Bento 16 não deve se encontrar com dissidentes do regime.
Formado há nove anos por esposas de presos polÃticos, o grupo Damas de Branco já foi reprimido em várias ocasiões pelo governo cubano, que acusa as suas integrantes de serem mercenárias pagas pelo governo dos Estados Unidos.
Igreja Católica
A visita de Bento 16 tem criado expectativas na ilha. Nos últimos dois anos, autoridades católicas vem mediando negociações para a libertação de vários presos polÃticos no paÃs.
Na última quinta-feira, 13 dissidentes que ocupavam uma igreja foram presos pela polÃcia.
Após décadas de repressão a grupos religiosos em Cuba, o regime comunista, declaradamente ateu, estreitou as relações com a Igreja Católica desde a visita do papa João Paulo 2º ao paÃs, em 1998.
Além de mediar conversações para a libertação de prisioneiros, a Igreja Católica também tenta expandir sua influência entre os cubanos.
Segundo pesquisa citada pela Associated Press, menos de 10% dos cubanos se consideram católicos praticantes.