Fonte: globo.com – blog de Jorge Antonio Barros
Lembro-me, idos do inÃcio dessa década, em frente da Universidade Metodista de Rudge Ramos, São Bernardo do Campo, SP, num pequeno e singelo restaurante, conversava com a dra Zilda Arns, sobre uma palestra que darÃamos, na Metodista, sobre segurança alimentar. Éramos membros do CONSEA – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, da Presidência da República.
Lembro-me da presença e da força da Dra Zilda, no CONSEA, sua vigilância para que a questão fosse tratada com a objetividade necessária, em benefÃcio dos despossuÃdos.
Lembro-me de como seu interesse era abrangente, não apenas as crianças, alvo de sua organização, mas de todo o leque de necessitados. Sua preocupação com a população indÃgena, por exemplo, era notória. População que, até hoje, padece de insegurança alimentar.
Lembro-me de sua capacidade de acionar os responsáveis. Bastava um telefonema e o responsável era acionado, fosse Ministro de Estado, fosse o que fosse. Gente, que, muitas vezes, debalde, tentávamos alcançar, a Dra Zilda colocava em linha na primeira chamada.
Lembro-me quando a Visão Mundial, ONG, que, então, eu presidia, decidiu criar o programa de ataque à subnutrição, e, depois de muita pesquisa, concluiu que o método da Pastoral da Criança, liderada por Dra Zilda, era o melhor que se podia utilizar, e passamos a aprender e a replicar o que faziam com eficácia.
Lembro-me que a seriedade da Dra Zilda com a sua fé, não a fez segregar quem quer que fosse, que desejasse somar na causa da proteção a criança e na luta contra a desnutrição. Na conversa, no restaurante, Dra Zilda me dizia que um dos cooperadores locais da Pastoral era membro de denominação protestante. Que a Pastoral vivia um ecumenismo, na prática.
Lembro-me dos enfrentamentos levados a efeito por ela. De como sua opinião era respeitada. De como ela conseguia influenciar o pleno do CONSEA, fazendo-nos lembrar do porquê estávamos ali.
Lembro-me de quando esperava que ela fosse laureada com o Nobel da Paz, e da frustração por ela não o ter sido. Bem… Depois do prêmio para o atual Presidente do EUA, fica a dúvida sobre o significado da homenagem.
Dra Zilda Arns… Como é triste falar dessa brasileira, excelente e por excelência, no passado! Lembro-me da Dra Zilda… E sempre me lembrarei!