O Exército sÃrio executou um grande ataque contra a cidade de Hirak, berço da rebelião, e bombardeou uma ponte pela qual transita a maioria dos habitantes que fogem para o LÃbano, informaram ONGs ligadas à oposição.
[FolhaSP/France Presse, 6 mar 12] Damasco – A pressão militar contra os rebeldes acontece quatro dias antes da viagem a Damasco de Kofi Annan, emissário da ONU e da Liga Ãrabe, para negociar um cessar-fogo.
Durante a manhã, o Exército bombardeou na localidade de Rableh uma ponte usada pelos sÃrios em fuga para o LÃbano, denunciou o OSDH (Observatório SÃrio dos Direitos Humanos).
O bombardeio não provocou vÃtimas, mas inutilizou a ponte, que cruza o rio Orontes, perto da fronteira libanesa.
Quase 2 mil sÃrios, em sua maioria mulheres e crianças, se refugiaram no LÃbano desde o fim de semana passado, informou o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
Segundo o Acnur, 7.058 refugiados sÃrios foram registrados no LÃbano desde o inÃcio da rebelião contra o regime de Bashar Assad.
Além do bombardeio da ponte nesta terça-feira, o OSDH denunciou ainda um grande ataque das forças sÃrias contra a cidade de Hirak, na provÃncia de Deraa, berço da rebelião contra o regime de Assad no sul do paÃs.
Também destacou um reforço do cerco à localidade de Tibet al-Iman, na provÃncia de Hama.
CERCO
Depois da tomada do bairro de Baba Amr, em Homs, na semana passada, as forças do regime intensificaram a pressão sobre os outros redutos do Exército SÃrio Livre, particularmente Rastan, a 20 km de Homs, que foi declarada cidade livre em 5 de fevereiro.
Rastan é submetida a um intenso bombardeio pelo Exército do regime de Assad.
“O que está acontecendo em Rastán é idêntico ao que ocorreu em Baba Amr: bloqueio, tiros de artilharia e foguete”, afirmou Hadi Abdallah, militante em Homs da Comissão Geral da Revolução SÃria.
“Os combatentes do Exército SÃrio Livre estão em Rastan e não cederão facilmente, pois ninguém quer um segundo Baba Amr”, completou.
Outra cidade da provÃncia de Homs, Qusseir, controlada pelos rebeldes, também está sendo bombardeada.
“Resistiremos. É uma questão de vida ou morte. Vamos resistir com todas as nossas forças. O mundo inteiro nos abandonou, mas não abandonaremos a revolução”, afirmou o militante Anas Abu Ali.
DIPLOMACIA
No plano diplomático, o governo sÃrio segue submetido a uma intensa pressão.
O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan pediu nesta terça-feira a autorização imediata para a abertura de corredores humanitários para as populações civis vÃtimas da violência no paÃs vizinho.
“Os corredores na SÃria para o envio de assistência humanitária devem ser abertos imediatamente”, declarou aos deputados do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, saÃdo da corrente islâmica), antes de estimular a comunidade internacional a exercer pressões a este respeito sobre Damasco.
Os paÃses ocidentais aproveitaram a vitória de Vladimir Putin na eleição presidencial de domingo para pedir que a Rússia modifique sua posição de apoio à SÃria.
O vice-ministro russo das Relações Exteriores respondeu, no entanto, que o novo projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, que está sendo discutido em Nova York, “não é equilibrado”.
Rússia e China já vetaram duas resoluções de condenação à SÃria, onde segundo a ONU a violência provocou a morte de 7.500 pessoas.
Além de Annan, a diretora de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, também viajará à SÃria e disse que tentará obter um acesso “sem obstáculos”.
A Cruz Vermelha Internacional continuava negociando, pelo quinto dia consecutivo, a entrada de um comboio de ajuda urgente no bairro de Baba Amr, da cidade de Homs, tomado em 1º de março pelas forças de Assad.