Todos queremos fazer diferença. Deixar nossa marca, ainda que pequena, na história e na vida de outras pessoas. Fomos criados com este “senso de realização”, faz parte da ‘Imago Dei’ que carregamos.

Fomos pragramados para nos completarmos quando nos relacionamos construtivamente. Um amigo já disse: “Pessoas precisam de Deus; Pessoas precisam de pessoas”. Como isso é verdade!

Nós que nascemos “do alto” (Jo.3:3) encontramos realização quando, movidos pelo amor do Pai e das otras pessoas, imprimimos a marca Dele (abençoamos) – não a nossa – na vida dos que nos rodeiam.

A indiferença, o egoísmo e a desequilibrada busca de auto-satisfação, tão comum no nosso mundo consumista-individualista, não representam a normalidade para a qual fomos criados. É enfermidade, e das bravas. Na nova vida que recebemos de Deus com o novo nascimento, normal é vivermos em mutualidade e nos realizarmos uns com os outros.

Quando Ageu, o profeta, se dirige a Zorobabel (Ag. 2.20-23), governador de Judá – Zorô (permitam-me chamá-lo assim) – ele e o sumo sacerdote Josué tinham diante de si uma tarefa nobre, porém imensa: liderar o povo na reconstrução do templo. O povo de Israel já havia retornado do exílio babilônico há alguns anos, mas, por causa da resistência de outros povos e o desânimo do próprio povo, não deram prioridade ao projeto.

O livro de Ageu é em si uma chamada à missão. Um convite amoroso e enérgico para que o povo colocasse o projeto de Deus acima de seus próprios projetos.

Não é difícil nos identificarmos com o povo de Israel. Precisamos sempre vigiar para não valorizar, buscar e nos entreter com projetos não vitais. Digo, “nossos projetos” ao invés de Seu Reino. Esta exortação vale para nós hoje. Mas vale também a palavra de ânimo que o Senhor dirige a Zorobabel.

Todos nós, sem exceção, que nascemos de novo e pertencemos portanto à família de Deus, recebemos Dele um propósito, um ministério, uma missão, se quiser chamar assim. Somos chamados a participar na construção de algo – Reino de Deus – que está muito além de nossa força ou capacidade. É um projeto nobre, que por tão grande e perfeito, quanto mais dele conhecemos, mais conscientes ficamos de nossas próprias limitações. Nesta perspectiva entendemos claramente o que Jesus disse aos seus discípulos: ”Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma!” (Jo. 15.5).

Mas é exatamente para Zorobabel que Deus dirige uma das palavras mais bonitas de todo o Antigo Testamento. Ele diz… “Você é meu servo, meu escolhido… Eu farei de você um “anel de selar”! (Ag. 2.23). A história nos ensina que no “anel do selo” estava gravada a marca real. Era um objeto super precioso, sinal de honra e autoridade, usado unicamente pelo rei para validar todos os documentos oficiais.

O recado de Deus não poderia ser mais claro: Fique firme, Zorô! Apesar de todas as dificuldades, dos desafios à sua frente, EU, o Senhor, o escolhi para “imprimir a minha marca” na sua geração.

Ah, como é bom ouvir isto do Pai!

Minha oração enquanto escrevo estas linhas é que você possa ouvir claramente, quem sabe pela primeira vez, estas mesmas palavras de Deus… para você. Sua vida não é supérflua. Seus esforços não são inúteis; na Cruz, na morte de Seu Filho, Ele lhe amou, perdoou e convida a viver como instrumento (anel de selar), estampando Sua glória na vida das pessoas à sua volta.

Creia nesse amor. Apropríe-se desta verdade. Alegre-se nessa esperança!

Agora considere esta verdade numa perspectiva histórica. Talvez você não saiba, mas a conjugação de 3 fatores, a saber:

a) ter nascido no Brasil,

b) ter nascido de novo e

c) ter nascido nesta geração,

faz de nós um dos grupos humanos mais privilegiados e abençoados da terra nesta geração! Não vou me aprofundar neste argumento, mas menciono um dado para sua reflexão:

Das 12 mil etnias do mundo, cerca de 3,5 mil permanecem ainda totalmente não alcançadas, isto é, não conhecem a graça de Deus e não possuem igrejas que lhes possam comunicar o Evangelho. Exigem trabalho missionário pioneiro. A maioria destes povos está sob um pesado manto religioso (seja do Islamismo, Budismo e Hinduísmo), vivem em lugares de difícil acesso (como os nômades do norte africano) e são “os mais pobres entre os pobres”, exigindo um alto nível de renúncia por parte dos mensageiros.

Por outro lado, nós, igreja evangélica brasileira, somos uma das mais fortes, numerosas e capacitadas de nossa geração. Mais ainda, em sua soberania, Deus nos permite gozar de uma série de bênçãos, como a liberdade religiosa, a estabilidade política e econômica, a ausência de guerras e conflitos étnicos internos, uma só língua em todo território, que somados à aceitação que temos como povo em todos estas etnias não alcançadas, devem nos fazer refletir seriamente no propósito Dele para conosco.

Oro para que as verdades acima sejam eficazes em lhe mover em direção à missão e à sua plena realização como pessoa. Se você é nascido de novo e é parte da igreja brasileira, você foi particularmente talhado (a) e escolhido (a) pelo Pai para estampar sua glória nas nações, na nossa geração.

Não viemos aqui a passeio. Podemos e devemos encontrar significado e realização em tudo que fizermos. Alinhe seu projeto de vida ao projeto de Reino que o Senhor está implementando e que alcançará toda a terra.

E fique firme!

Foi pra isso que Ele lhe deu uma nova vida em Cristo.

Deus te abençoe.

Publicado originalmente em 23 out 2006