Deus tem sido gracioso para com a nossa geração!
Colhemos abundantemente onde outros semearam com lágrimas.
Temos mais recursos, mais qualidade de vida, mais comunicabilidade do que todas as gerações que nos antecederam.
Mesmo assim, o mundo lá fora padece de depressão, de tristeza profunda.
Presenciamos o surgimento de um tipo diferente de ‘crente’, cristão, evangélico…
Gente que vive de evento em evento, de show em show, que consome os produtos da indústria gospel e alimenta o ego das celebridades.
Como adolescentes inseguros e rebeldes, multiplicam-se entre nós pessoas que são somente consumidores religiosos. Prontos para as festas, mas tardios para a vida cristã e seus desafios.
Ao lembrar o alto preço pago pelas gerações passadas, que plantaram suas vidas neste solo sem ver o fruto de seu trabalho, pergunto: como nós, igreja de hoje, podemos responder à tão grande desprendimento? Como administrar fielmente tantos recursos dados por Deus e recebidos com tanto sacrifÃcio?
Triste que não conheçamos nossa história!
Adolescentes normalmente gostam de ficções futuristas….
O testemunho dos pioneiros poderia nos motivar a uma ação responsável, madura. Nos anos em que recebemos nossos primeiros missionários (1860 – 1890), seus paÃses (Estados Unidos e Inglaterra) atravessavam tremendas turbulências (guerra civil e epidemias), com seus efeitos dramáticos sendo sentidos pela igreja. Mesmo assim, estes ventos contrários não foram capazes de abafar a voz do EspÃrito no coração dos que vieram!
A mensagem que estes missionários pregaram, longe de ter a acolhida que a Palavra goza hoje, foi duramente combatida, e aqueles poucos que ousaram crer foram perseguidos, expulsos de casa, deserdados, ridicularizados…
Esta é nossa semente, nossa estirpe.
A igreja brasileira é como uma plantação sacrificialmente plantada, cuidada com zelo e coragem por várias gerações.
Sendo assim, a única resposta digna que nossa geração pode dar é amar ao Senhor de todo coração, vivendo de modo digno, à altura de nosso chamado, e com todas as forças dedicando-nos para que esta semente cresça, multiplique-se de forma sadia, e seja plantada em outras terras.
É preciso confessar, com ações e não somente palavras, que Cristo e seu Reino são mesmo nosso primeiro amor.
É preciso demonstrar, através de nosso estilo de vida, que a igreja, o corpo de Cristo visÃvel, a comunidade que Deus decidiu criar para expressar a beleza de sua glória, é o mais alto projeto de vida que poderÃamos viver.
Nós, como seu povo, não temos o direito de privar quem quer que seja, aonde quer que esteja, de experimentar a graça de Deus nos relacionamentos de uma comunidade do Cordeiro.
Em outras palavras, o mundo lá fora continua com uma sede que só a graça de Cristo pode saciar!
Quando buscamos discernir qual a melhor maneira de dedicarmos nossas vidas, qual projeto é digno bastante para nos fazer abrir mão de tudo novamente e motivar-nos nesta nova caminhada ministerial, encontramos uma só resposta: Igreja! Nenhum outro projeto é grande o suficiente e capaz de nos mover adiante.
Em conseqüência das dramáticas mudanças que nossa sociedade experimenta, muitas das antigas estruturas da comunidade de fé, hoje se diluem diante de nossos olhos. É cada vez mais forte o apelo para que nossa agenda seja preenchida com trabalho, estudo. Por causa disso, multiplica-se o número de cristãos que vivem sua fé de forma solitária, não porque queiram, mas porque não têm conseguido trabalhar sua agenda e (talvez) não encontraram parceiros para caminhar ao seu lado.
Muitos cristãos têm caminhado mais solitariamente do que gostariam.
Poucos para interagir e pouquÃssimos – e na grande maioria das vezes inaccessÃveis – referenciais para lhes orientar.
Estes bravos — vencedores pelo simples fato de continuar na arena — enfrentam heroicamente o desafio de viver e manter sua famÃlia unida.
Por mais difÃcil que seja nosso tempo, nossos desafios, nossa agenda, não podemos caminhar desconectados.
Carecemos do apoio e do encorajamento mútuo.
É possÃvel sermos cristãos saudáveis, vivendo em comunidades de fé que desafiam a ordem caótica lá de fora.
Se olharmos somente para nós, é evidente que não encontraremos todas as respostas. Mas com certeza temos nossos pães e peixes para contribuir.
Ansiamos sermos usados por nosso Deus e fazer diferença na vida de outros.
Foi assim conosco! Se olharmos à nossa volta com cuidado, nos surpreenderemos com a quantidade e qualidade de pessoas com que Ele nos cercou. DiscÃpulos que mesmo sem saber, por seu amor ao Senhor e sua integridade, podem nos inspirar a seguir no Caminho.
Assim como uma pessoa passa por todas as fases de sua vida em direção à maturidade, minha oração é que nós avancemos firmes, com alegria e coragem, de mãos dadas, em direção ao cumprimento de nossa vocação suprema: viver o amor de Deus num mundo que se desintegra a cada dia.
Crescer é preciso e muita vez dói.
Bem vindo à vida adulta.