Em 2010, o paÃs possuÃa 6.329 aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros) em 323 dos 5.565 municÃpios brasileiros.
[JB, 21 dez 11] Eles concentravam 6,0% da população brasileira (11.425.644 pessoas), distribuÃdos em 3.224.529 domicÃlios particulares ocupados (5,6% do total).
Vinte regiões metropolitanas concentravam 88,6% desses domicÃlios, e quase metade (49,8%) dos domicÃlios de aglomerados estavam na Região Sudeste. O levantamento, parte dos dados do Censo Demográfico 2010, foi divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE e também traça o perfil de serviços, como água e esgoto, disponÃveis nesses locais de ocupação irregular.
Os aglomerados subnormais frequentemente ocupam áreas menos propÃcias à urbanização, como encostas Ãngremes no Rio de Janeiro, áreas de praia em Fortaleza, vales profundos em Maceió (localmente conhecidos como grotas), baixadas permanentemente inundadas em Macapá, manguezais em Cubatão, igarapés e encostas em Manaus.
Nos aglomerados, 67,3% dos domicÃlios tinham rede de coleta de esgoto ou fossa séptica; 72,5% recebiam energia elétrica com medidor exclusivo; 88,3% eram abastecidos por rede de água; e 95,4% tinham o lixo coletado diretamente ou por caçamba.
Quase metade (49,8%) dos domicÃlios de aglomerados eram da Região Sudeste
A Região Sudeste concentrava 49,8% dos 3,2 milhões de domicÃlios particulares ocupados em aglomerados subnormais (23,2% em São Paulo e 19,1% no Rio de Janeiro). Os estados do Nordeste tinham 28,7% do total (9,4% na Bahia e 7,9% em Pernambuco). A Região Norte possuÃa 14,4% (10,1% no Pará). A ocorrência era menor nas regiões Sul (5,3%) e Centro-Oeste (1,8%):
Foram identificados 6.329 aglomerados subnormais em 323 municÃpios (5,8% dos municÃpios brasileiros). Na Região Norte eram 48 municÃpios (10,7% dos 449 municÃpios da região), sendo a maioria localizada no interior dos estados do Amazonas, Pará e Amapá. Nessa região, em grande parte dos municÃpios, os aglomerados subnormais se formaram em áreas ribeirinhas, sujeitas a inundações periódicas. No Nordeste, dos 70 municÃpios com aglomerados subnormais (3,9% dos 1.794 municÃpios da região) 52 municÃpios (2,9%) se localizavam nas regiões metropolitanas.
O Sudeste concentrava quase a metade dos municÃpios do paÃs com aglomerados (145, equivalente a 8,7% dos 1.668 municÃpios da região). Um pouco mais da metade deles estava nas regiões metropolitanas (75 municÃpios, ou 4,5%) e o restante em municÃpios do interior dos estados. Em menor escala, a Região Sul apresentou padrões semelhantes ao Sudeste: 51 municÃpios com aglomerados subnormais (4,3% dos 1.188 municÃpios da região), dos quais 38 em regiões metropolitanas. No Centro-Oeste havia somente 9 municÃpios com aglomerados subnormais (1,9% dos 466 municÃpios da região).
No Rio de Janeiro, as ocupações mais antigas situavam-se na área central e nos bairros mais próximos ao centro da cidade, onde se concentra a maior oferta de trabalho. Em São Paulo, havia um predomÃnio de áreas de pequeno porte, distantes da área central. Em Belém, uma das caracterÃsticas dominantes é a grande extensão das áreas de aglomerado subnormal.
20 regiões metropolitanas concentravam 88,6% dos domicÃlios em aglomerados
Os aglomerados subnormais predominam nas regiões metropolitanas: 20 delas abrigavam, em 2010, 88,6% do total de domicÃlios em aglomerados, com destaque para as regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belém, as quais, somadas, concentravam quase a metade (43,7%) do total de domicÃlios em aglomerados subnormais do paÃs. As maiores proporções de domicÃlios ocupados em aglomerados subnormais em relação ao total de domicÃlios ocupados da Região metropolitana estavam em Belém (52,5%) Salvador (25,7%), São LuÃs (23,9%) e Recife (22,4%):
Estados da Região Norte têm os menores percentuais de domicÃlios adequados nos aglomerados subnormais em relação a saneamento e energia elétrica
Os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino do lixo e disponibilidade de energia elétrica foram levantados pelo Censo Demográfico 2010 e fornecem informações essenciais quanto à diferenciação e caracterização dos aglomerados subnormais. Foram criadas proporções para cada um desses serviços considerados como adequados:
No que diz respeito aos serviços de saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo) e fornecimento de energia elétrica, o percentual de adequação dos domicÃlios nos aglomerados subnormais era sempre menor quando comparado com as áreas urbanas regulares dos municÃpios onde se localizavam. Para alguns serviços, porém, os percentuais de adequação dos domicÃlios em aglomerados chegavam a superar o de municÃpios onde não havia aglomerados:
O esgotamento sanitário era o serviço com menor grau de adequação (rede de coleta de esgoto ou fossa séptica) nos domicÃlios em aglomerados subnormais: 67,3% eram adequados, sendo 56,3% de domicÃlios ligados à rede geral de esgoto e 11,0% de domicÃlios ligados à fossa séptica. Era também o serviço que apresentava uma maior diferença percentual de adequação em relação à s áreas urbanas regulares (85,1%). Os aglomerados subnormais de Tocantins (0,9%), Roraima (1,8%) e Amapá (7,7%) não chegavam a atingir 8,0% de adequação dos domicÃlios quanto ao esgotamento sanitário. Minas Gerais (87,2%), Bahia (86,8%) e Rio de Janeiro (83,2%) apresentaram percentuais acima de 80%.
Em relação ao fornecimento de água, 88,3% dos domicÃlios particulares permanentes em aglomerados subnormais eram adequados (abastecimento por rede geral de distribuição). Na Região Norte se encontravam os menores percentuais adequação, com destaque para Rondônia (30,0%) e Acre (48,7%), onde era comum o abastecimento por poço ou nascente (69,1% em Rondônia e 45,5% no Acre). Os maiores percentuais foram encontrados na ParaÃba (98,5%) e Minas Gerais (98,3%).
A adequação do serviço de energia elétrica (fornecimento com medidor exclusivo) atingiu 72,5% dos domicÃlios em aglomerados subnormais, mas 99,7% tinham energia elétrica. A diferença é composta por domicÃlios com energia elétrica de companhia distribuidora, mas sem medidor ou relógio (14,8%), domicÃlios com energia elétrica de companhia distribuidora e medidor de uso comum (8,9%) e domicÃlios abastecidos com energia por outras fontes (3,5%). Estes valores mostram que, apesar da disponibilidade da energia elétrica estar bastante universalizada nos aglomerados, havia problemas na qualidade, segurança e regularização em seu fornecimento. Roraima (15,8%), Distrito Federal (45,3%) e Amapá (45,4%) apresentaram percentuais de adequação em domicÃlios de aglomerados menores que 50,0%. A Região Nordeste possuÃa oito de seus estados com percentuais de adequação do fornecimento de energia elétrica aos domicÃlios acima de 75%, com destaque para o Ceará (92,8%), Maranhão (91,3%) e Bahia (85,7%).
No Brasil, 95,4% dos domicÃlios particulares permanentes em aglomerados subnormais possuÃam destinação de lixo adequada (coleta direta ou por caçamba), sendo que 79,8% eram atendidos por coleta direta e 20,2% por coleta indireta, por meio de caçambas de serviço de limpeza. As menores proporções de adequação em aglomerados subnormais para a coleta de lixo foram encontradas em Roraima (31,5%) e Tocantins (58,2%). Os demais estados possuÃam percentuais de adequação superiores a 84,9%, sendo maiores que 98% no Paraná (99,0%), São Paulo (98,8%), Santa Catarina (98,8%) e Rio Grande do Sul (98,4%).