Fonte: PB Agora e UOL
O “Diário Oficial” da União desta segunda-feira (23) traz os decretos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que regularizam territórios quilombolas na ParaÃba e em mais 13 Estados brasileiros. Para isso, estão sendo desapropriados 342 mil hectares de terra. Mais de 3.800 famÃlias serão beneficiadas. De acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), esses são os primeiros decretos de áreas quilombolas que envolvem desapropriações (áreas que não são em terras públicas).A partir daÃ, o Incra iniciará os processos de avaliação dos imóveis localizados nessas terras. Após o pagamento de indenização aos proprietários, as famÃlias terão acesso a todo o território e, posteriormente, receberão também o tÃtulo de domÃnio definitivo das terras, que é coletivo e inalienável (não pode ser vendido nem cedido).
Para o presidente do instituto, Rolf Hackbart, a regularização representa a reparação de uma dÃvida social histórica, pois dá à s comunidades negras o direito de permanência no território onde vivem, antes ocupado por seus antepassados.
Com o tÃtulo coletivo da terra, essas comunidades podem ter acesso a polÃticas públicas básicas, como o Bolsa FamÃlia, Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
Regularização é ato de justiça
Atualmente, outros 20 processos para a regularização de territórios quilombolas encontram-se em andamento na Superintendência Regional do Incra na ParaÃba.
De acordo com a presidente da Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afro-descendentes da ParaÃba (Aacade-PB), Francimar Fernandes, das 35 comunidades remanescentes de quilombos identificadas na ParaÃba, 31 já possuem a Certidão de Autodefinição expedida pela Fundação Cultural Palmares.
Para o superintendente do Incra-PB, Frei Anastácio, a regularização dos territórios quilombolas é mais uma polÃtica afirmativa do Governo Lula e, acima de tudo, um ato de justiça. “O reconhecimento das terras dessas comunidades é uma questão de justiça em relação à s famÃlias, que guardam no sangue um passado de muita exploração e sofrimentoâ€, afirmou.
Comunidades quilombolas
As comunidades quilombolas são grupos étnicos predominantemente constituÃdos pela população negra rural ou urbana, que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o PaÃs existam mais de três mil comunidades quilombolas.
Para terem seus territórios regularizados, as comunidades quilombolas devem encaminhar uma declaração na qual se identificam como comunidade remanescente de quilombo à Fundação Cultural Palmares, que expedirá uma Certidão de Auto-reconhecimento em nome da mesma. Devem ainda encaminhar à Superintendência Regional do Incra uma solicitação formal de abertura dos procedimentos administrativos visando à regularização.