[Gilberto Costa, Agência Brasil , 8 dez 2010]
Pesquisa feita pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e divulgada hoje (8), em BrasÃlia, pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização não governamental (ONG) Observatório de Favelas mostra que seis de cada sete assassinatos de adolescentes no Brasil é causado por arma de fogo (revólver, pistola, espingarda, fuzil, metralhadora).
Conforme a pesquisa, 2,67 adolescentes morrem por ano a cada grupo de 1.000 jovens em 266 municÃpios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A posse de arma entre adolescentes é ilegal e a maioria das mortes ocorre por meio de armas roubadas ou contrabandeadas. Cabe à s Forças Armadas e à PolÃcia Federal fazer o controle de entrada de armas no Brasil e à s policias estaduais verificar a circulação.
“É fundamental que haja uma polÃtica consistente de desarmamento no Brasilâ€, disse Raquel Willadino, da ONG Observatório de Favelas, ao lamentar que “parte dos agentes dessas forças estão conectados com circuitos que facilitam a entrada de armamentos no paÃsâ€.
Para a secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Silveira de Oliveira, “é preciso que esse controle de armas seja feitoâ€, disse ao lembrar que “o grande papel das Forças Armadas é está no controle das fronteiras e não propriamente na ocupação das favelas urbanasâ€.
Na opinião de Casimira Benge, chefe do Programa de Proteção da Criança à Violência do Unicef, as polÃticas de segurança pública devem estar articuladas à s polÃticas sociais. Ela avalia que no caso da América Latina e do Caribe a morte violenta de adolescentes tem “proporção epidêmica†e pode comprometer ganhos na redução da mortalidade infantil.
Ela ressalta que a morte violenta na região “tem cor, nÃvel social e idadeâ€, fazendo referência aos adolescentes negros, pobres e moradores da periferia. Para a representante do Unicef, o problema é a desigualdade social que afeta a renda, acesso a serviços de atendimento e à moradia.
A pesquisa do Laboratório de Análise da Violência da Uerj aponta que programas de aumento de renda, como o Bolsa FamÃlia, e a melhoria da qualidade da educação repercutem na diminuição da violência e nas mortes precoces.
O consultor da pesquisa, Ignácio Cano, enfatizou que os municÃpios com os melhores Ãndices de educação básica (Ideb) têm menor incidência de mortes violentas de adolescentes. “Esses sistemas educacionais protegem maisâ€, disse.