Acabaram as viagens reservadas com meses de antecedência, pois os turistas conectados de hoje mudam seus planos de um dia para outro, estando sempre à procura de contato humano, analisaram especialistas reunidos no Japão.
[France Presse/FSP, 21 abr 12] “Compreender o uso das novas tecnologias é fundamental para que a indústria do turismo possa continuar a crescer”, destacou Philip Wolf, fundador do centro de análises PhoCusWright.
O Conselho Mundial da Viagem e do Turismo (WTTC, na sigla em inglês) encerrou na quinta-feira (19) sua reunião anual, tentando compreender esses “novos consumidores” que o setor terá que atrair, se quiser atingir seu objetivo de crescimento no longo prazo de 4% por ano e manter sua parte de 9% no Produto Interno Bruto mundial.
Viajantes, hoteleiros e dirigentes das empresas de transporte aéreo viram seu trabalho perturbado pelo emprego da internet, ampliado recentemente pelo boom de smartphones e tablets multimÃdia.
Um terço dos seres humanos estão conectados hoje e 39% estarão em 2016. Mais da metade da humanidade (56%) dispõe de um telefone celular clássico ou “inteligente” – aparelhos que ainda têm margens significativas de desenvolvimento na Ãsia e na Ãfrica.
“Não há mais ‘on’ e ‘off’, os novos consumidores estão conectados todo o tempo e passam de um aparelho a outro. Os profissionais de turismo que não se adaptarem vão perder mercado”, disse Wolf.
A utilização dos meios móveis de telecomunicações modifica radicalmente a relação entre o cliente e os fornecedores dos serviços de viagem.
Dois terços das reservas de hotel feitas a partir de um terminal móvel são logo para a noite seguinte, contra 15% daquelas provenientes de um PC fixo; notebooks, smartphones ou tablets oferecem a possibilidade de reprogramar sem parar o percurso.
Atrair os nômades
Esses novos meios permitem aos profissionais conhecer melhor seus clientes, mas estes últimos são mais desconfiados e exigentes quando usam as ferramentas de comunicação mais modernas.
“Na China, a geração nascida a partir dos anos 80 utiliza em massa os aparelhos digitais e a internet. Seus membros sabem se sair bem sozinhos quando viajam”, destacou CC Zhuang, diretor presidente da Qunar, o principal site chinês dedicado a viagens.
Eles podem ficar bem sem os serviços de uma agência, procurando ativamente na telinha todas as informações necessárias às suas férias antes de partir, transferindo-as aos aparelhos móveis que levam consigo.
Seja ele chinês, japonês, europeu ou americano, o viajante de hoje tem tanta vontade de passar bons momentos e ir ao encontro de amigos, quanto explorar monumentos e apreciar as paisagens.
“As pessoas não viajam para mudar e ver outras coisas. Querem descobrir a si mesmas e a humanidade através de outra ou da própria cultura”, considerou Jabu Mabuza, vice-presidente do grupo hoteleiro sul-africano Tsogo Sun.
A viagem torna-se, então, um momento privilegiado para o indivÃduo conectado, em permanente relação virtual.
“A satisfação do turista será medida em termos de enriquecimento espiritual. Ele quer conhecer as comunidades locais e a cultura do local de destino, fazer trocas, reafirmar suas ligações com a famÃlia e amigos”, enumera Sadahiko Oda, diretor presidente da rede de hotéis japoneses Kagaya.
O desafio para os profissionais do turismo consistirá, no futuro, em atrair e tornar fiéis esses clãs nômades.