Na montanha, o Senhor proverá! ~ por José Roberto Prado

A  expressão acima é reflexo da resposta que o patriarca Abraão dá ao seu seu filho Isaque quando este lhe pergunta a caminho do Monte Moriá: As brasas e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o holocausto? (Gn 22.7)

Isaque, um jovem adolescente na época, acompanhava seu velho pai numa jornada de três dias rumo ao monte Moriá para uma ocasião especial. Não sabia ele que Deus, contrariando todas as promessas feitas a Abraão em relação a sua própria vida, havia ordenado ao seu pai que oferessesse, ele mesmo, Isaque, em sacrifício…

De tão dramática, esta narrativa gerou um provérbio professado em momentos de crise: “Na montanha, o Senhor proverá!

É uma corajosa declaração de fé no Deus que prova, mas que também nos dá o escape.

Contudo, a narrativa nos confronta com um fato inquietante: às vezes, a fim de provar nossa fé, o Senhor nos manda “subir a montanha” e sacrificar algo que realmente amamos muito. Um emprego, um relacionamento, uma oportunidade, um sonho…

Já ouvi várias vezes, em diferentes contextos e por diferentes pessoas, uma confissão mais ou menos assim: “estou pronto para deixar tudo!”, “talvez eu não sirva para esta tarefa…”, “estou a ponto de ir embora agora…”

Estes queridos, como muitas vezes você e eu, têm sido levados à montanha, onde estão experimentando os limites de suas forças físicas, emocionais e principalmente, os limites de sua fé em Deus.

Conhecendo a história de Abraão, percebemos que era um homem normal, sujeito a dúvidas e falhas (veja Gn 20) como nós. Desta forma não é difícil imaginar o conflito interior que se instalou na alma do patriarca ao receber a ordem do Senhor de sacrificar seu único filho, Isaque, por meio de quem iria ser cumprida a promessa de uma grande descendência.

Não sabemos, pois o relato bíblico não nos informa, se entre o momento em que recebeu a ordem do Senhor e a decisão de obedecer houve um período onde frases como estas citadas acima passaram pela mente de Abraão.

Pensando melhor… sim, é muito provável que frases como esta tenham vindo à mente e ao coração de Abraão.

A possibilidade de dar um passo atrás era concreta, possível, e até mesmo de certa forma “justificada”, pois como continuar servindo um Deus que exige tamanho sacrifício?

É exatamente este o questionamento e a prova pela qua estão passando hoje várias pessoas ao redor do mundo. Eles estão buscando obedecê-lo! Sinceramente; humildemente… e mesmo assim estão sendo provados…

Tudo parece ressoar uma inequívoca e melancólica sinfonia: retorne… jogue a toalha… você está sozinho mesmo…

Dentre tantas palavras que poderiam ser usadas para sintetizar esta experiência de Abraão e de tantos outros, obediência, sacrifício e fé parecem-me especialmente pertinentes. Creio também que elas exprimem com propriedade a essência do “negar a si mesmo, tomar sua Cruz” e seguir a Jesus. Desta forma, aplicam-se a nós todos também (Mc 8.34).

A vida cristã, tenho aprendido eu, se é vivida, quando é vivida, só é vivida através da obediência, do sacrifício e da fé.

Isto vale para todos.

Para aqueles que se dedicam ao ministério em tempo integral, e aos que foram chamados a testemunhar em vocações transformadoras em seu dia-a-dia. Vale para igrejas e também para organizações. Sempre envolverá entrega, sempre será uma prova de amor e fé, e sempre, sempre contará com a provisão do Senhor.

Que tal separar os próximos momentos em intercessão por aqueles que, literalmente, tem vivido “no limite” por causa de sua fé no Senhor?

E se eu lhe convidasse também a avaliar o nível de seu compromisso com o avanço do Reino de amor, verdade e justiça de Deus?

Não sei qual é o seu “Isaque”, mas lhe encorajo a continuar a caminhada.

Ah, e não se esqueça de levar o fogo e o cutelo, porque é certo: na montanha, o Senhor proverá!!!

Uma ideia sobre “Na montanha, o Senhor proverá! ~ por José Roberto Prado

  1. CARLOS AUGUSTO FERNANDES

    Super Zé,

    Amei!
    Que bom re-encontrá-lo, e ainda recebendo uma tremenda Palavra como esta. Falou profundamente ao meu coração.
    Pisei a terra de João Pessoa e também Cabedelo, quando estudei no Instituto Bíblico Betel Brasileiro, formando-me em 1989.
    “Pensando melhor, sim, é muito provável que frases como esta vieram à mente e ao coração de Abraão. A possibilidade de dar um passo atrás era concreta, possível, e até mesmo de certa forma “justificada”, pois como continuar servindo um Deus que exige tamanho sacrifício?
    É exatamente este o questionamento e a prova pela qua estão passando hoje vários servos e servas do Senhor que estão buscando obedecê-lo. Assim como Abraão, estão sendo provados, pois na maior parte do tempo, ao olhar para as circunstâncias, tudo parece soar com uma inequívoca voz: retorne… jogue a toalha… você está sozinho mesmo…”
    Grande abraço para você, a a Val e as “crianças”.

    Carlão, Eliane e filhos.
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    43.9995.3421
    Igreja Presbiteriana Ágape
    Londrina

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