[Daniella Jinkings, Agência Brasil, 1 out 11] No Dia do Idoso, celebrado hoje (1º), a psicóloga Vera Lúcia Coelho, professora do curso de psicologia clÃnica da Universidade de BrasÃlia (UnB), faz um alerta: “O Brasil precisa se preparar para o envelhecimento acelerado da população nos próximos anos.†Segundo ela, as autoridades públicas devem ficar atentas a isso: “Temos a ilusão de viver em um paÃs de jovens. A propaganda de que a beleza jovem é a única possÃvel e saudável está impregnada na gente.†Neste sábado, o Brasil também comemora oito anos do Estatuto do Idoso.
Segundo o Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE), o Brasil tem cerca de 20 milhões de idosos, o que corresponde a aproximadamente 10% da população do paÃs. A maioria (6,5 milhões) tem entre 60 e 64 anos. Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com maior número de idosos. Projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que o Brasil terá, em 2050, 22,5% da população com mais de 65 anos.
O Estatuto do Idoso prevê várias polÃticas públicas de valorização dos idosos. No entanto, a professora da UnB entende que elas não estão sendo cumpridas integralmente. Além disso, Vera Lúcia defende que toda sociedade esteja atenta ao envelhecimento populacional. “Ainda não estamos preparados para o envelhecimento da população.†Para a psicóloga , é preciso que haja uma mudança de postura no paÃs em relação a esse tema.
O geriatra Einstein de Camargos, do Hospital Universitário da UnB, concorda com Vera Lúcia. A estrutura familiar e social, assinala, não contempla a inclusão dos idosos. “Quem dava apoio [aos idosos] era a famÃlia, mas essa estrutura se perdeu. Hoje, cada um está envolvido com a sua vida. Além disso, as cidades grandes não estão adaptadas para um idoso.â€
Embora as estatÃsticas indiquem o crescimento do número de idosos e as famÃlias estejam cada vez menos preparadas para conviver com eles, a procura por asilo no paÃs é pequena, observa Camargos. “Apenas 0,8% dos idosos vive em asilos no Brasil.†De acordo ele, o governo não dá o apoio a essas instituições nem fiscaliza suas atividades. “A fiscalização praticamente não existe e a qualidade é aquém do necessário.â€
A professora aposentada Sonia Ferreira, 70 anos, teve uma amiga que passou mais de cinco anos em um asilo em BrasÃlia. Segundo ela, a amiga não era maltratada e acabou ficando doente. “Ela estava debilitada, a famÃlia não cuidava dela. O neto, que era o único parente vivo, a deixou no asilo, onde ficou lá até morrerâ€, contou Sonia, que vive com a famÃlia.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em maio deste ano, mostra que o número de instituições públicas que abrigam os idosos não acompanha o crescimento da terceira idade. O Brasil tem 3.548 asilos, mas apenas 218 são públicos.
Para Marcos Terra, diretor do Lar da 3ª Idade Samaritanos, no municÃpio goiano de Ãguas Lindas, os idosos sofrem abandono em todos as aspectos. Segundo ele, as instituições que abrigam idosos não recebem nenhum tipo de ajuda governamental. “Além disso, há dificuldade da nova geração em aceitar e lidar com o idoso. Faltam polÃticas de conscientização da sociedade. Os que mais sofrem são as pessoas carentes.â€