A reação natural de um pai ao ver seu pequeno filho caÃdo é estender a mão para levantá-lo.
A omissão, neste caso, seria sinal de desequilÃbrio mental, alienação ou desamor.
Jesus argumenta: Se vocês que são maus sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai celestial? (Mt 7.11).
Por que então, tantos de nós rejeitamos a mão estendida de Deus?
Por que insistimos em ficar caÃdos, rastejando pela vida, comendo o pão amassado pelo Diabo, sofrendo nas mãos de nossa própria consciência, ao invés de voltar-nos à Deus?
Uma das razões, talvez a mais grave, seja o fato de que não queremos reconhecer que estamos caÃdos.
Não queremos dar o braço a torcer.
Não nos agrada a idéia de estarmos errados.
Em outras palavras… Nosso orgulho nos afasta de Deus e, ao contrário do que possa parecer, nos impede de andar de cabeça erguida.
A outra razão possÃvel para nossa recusa a aceitar a mão estendida de Deus é que não o conhecemos.
Pelo menos, não o Deus que revelou-se na Palavra, pai do nazareno Jesus, chamado Cristo.
Ou não o conhecemos ou, pior, conhecemos somente uma caricatura dele.
Reconheço com tristeza que a caricatura está tão amplamente incrustada em nossa consciência que parece ser ela, e não a realidade, a verdade.
Blaise Pascal, um renomado filósofo francês, afirmou:
“Deus fez o ser humano, e este em resposta fez um deus à sua própria imagemâ€.
Assim, nossas idéias de Deus, ao invés de serem baseadas na revelação que Ele mesmo deu de si mesmo (seja na Palavra e principalmente na vida de Cristo), são fruto de nossa própria imagem fragmentada e visão mÃope. Uma caricatura grotesca: um Deus distante, alheio, impessoal e intransigente.
Igrejas que têm esta visão de Deus reproduzem pessoas na mesma imagem: gente rancorosa, amargurada, infeliz, legalista, moralista, derrotada. São na verdade uma caricatura de igreja. Como Deus disse ao seu povo: “vocês semeiam vento e colhem tempestade†(Oséias 8.7).
Já não chegou a hora de mudarmos?
Quantos de nós estão dispostos a viver caÃdos, abatidos, desolados, sem esperança?
Quantos de nós queremos nos arrastar pela vida com a sensação de estarmos perdidos, sem conexões, sem amparo, sem possibilidade de recomeçar?
É hora de reconhecer nosso orgulho, nossa falsa imagem de Deus, nossas feridas.
É tempo de voltar-nos para Deus!
Felizes aqueles que descobrem o amor incondicional de Deus por suas vidas.
Bem-aventurados aqueles que se deixam amar pelo Pai Celestial, que recebem o perdão e a reconciliação que jorram da cruz do Calvário.
Isto é boa nova. Isto é Evangelho. Isto é perdão, e isto faz “igreja”: gente sarada, reconciliada, amada e que por isso mesmo, é capaz de amar, de perdoar, de aceitar o outro.
Porque cair é humano, mas o levantar é divino.
Por mais tortos que sejam nossos caminhos, Ele é capaz de endireitar.
Por mais distante que pensemos estar, Ele nos estende a mão.
Por mais sujo que nos vejamos, Ele é capaz de perdoar.
Veja-o como de fato Ele é e está.
Com a mão estendida, em nossa direção, Ele diz:
Venha, LEVANTE-SE!
“O Senhor ampara todos os que caem e levanta todos os que estão prostrados” ~ Davi, no Salmo 145.14
Palavra de quem já caiu e foi levantado várias vezes…
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Publicado em 31 mar 2008