O Deus que nos levanta ~ por José Roberto Prado

A reação natural de um pai ao ver seu pequeno filho caído é estender a mão para levantá-lo.

A omissão, neste caso, seria sinal de desequilíbrio mental, alienação ou desamor.

Jesus argumenta: Se vocês que são maus sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai celestial? (Mt 7.11).

Por que então, tantos de nós rejeitamos a mão estendida de Deus?

Por que insistimos em ficar caídos, rastejando pela vida, comendo o pão amassado pelo Diabo, sofrendo nas mãos de nossa própria consciência, ao invés de voltar-nos à Deus?

Uma das razões, talvez a mais grave, seja o fato de que não queremos reconhecer que estamos caídos.

Não queremos dar o braço a torcer.

Não nos agrada a idéia de estarmos errados.

Em outras palavras… Nosso orgulho nos afasta de Deus e, ao contrário do que possa parecer, nos impede de andar de cabeça erguida.

A outra razão possível para nossa recusa a aceitar a mão estendida de Deus é que não o conhecemos.

Pelo menos, não o Deus que revelou-se na Palavra, pai do nazareno Jesus, chamado Cristo.

Ou não o conhecemos ou, pior, conhecemos somente uma caricatura dele.

Reconheço com tristeza que a caricatura está tão amplamente incrustada em nossa consciência que parece ser ela, e não a realidade, a verdade.

Blaise Pascal, um renomado filósofo francês, afirmou:

“Deus fez o ser humano, e este em resposta fez um deus à sua própria imagem”.

Assim, nossas idéias de Deus, ao invés de serem baseadas na revelação que Ele mesmo deu de si mesmo (seja na Palavra e principalmente na vida de Cristo), são fruto de nossa própria imagem fragmentada e visão míope. Uma caricatura grotesca: um Deus distante, alheio, impessoal e intransigente.

Igrejas que têm esta visão de Deus reproduzem pessoas na mesma imagem: gente rancorosa, amargurada, infeliz, legalista, moralista, derrotada. São na verdade uma caricatura de igreja. Como Deus disse ao seu povo: “vocês semeiam vento e colhem tempestade” (Oséias 8.7).

Já não chegou a hora de mudarmos?

Quantos de nós estão dispostos a viver caídos, abatidos, desolados, sem esperança?

Quantos de nós queremos nos arrastar pela vida com a sensação de estarmos perdidos, sem conexões, sem amparo, sem possibilidade de recomeçar?

É hora de reconhecer nosso orgulho, nossa falsa imagem de Deus, nossas feridas.

É tempo de voltar-nos para Deus!

Felizes aqueles que descobrem o amor incondicional de Deus por suas vidas.

Bem-aventurados aqueles que se deixam amar pelo Pai Celestial, que recebem o perdão e a reconciliação que jorram da cruz do Calvário.

Isto é boa nova. Isto é Evangelho. Isto é perdão, e isto faz “igreja”: gente sarada, reconciliada, amada e que por isso mesmo, é capaz de amar, de perdoar, de aceitar o outro.

Porque cair é humano, mas o levantar é divino.

Por mais tortos que sejam nossos caminhos, Ele é capaz de endireitar.

Por mais distante que pensemos estar, Ele nos estende a mão.

Por mais sujo que nos vejamos, Ele é capaz de perdoar.

Veja-o como de fato Ele é e está.

Com a mão estendida, em nossa direção, Ele diz:

Venha, LEVANTE-SE!

“O Senhor ampara todos os que caem e levanta todos os que estão prostrados” ~ Davi, no Salmo 145.14

Palavra de quem já caiu e foi levantado várias vezes…

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Publicado em 31 mar 2008

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