[Sabine Righetti, Folha SP, 18 jun 12] A ONU lançou no domingo (17) na Rio+20 uma nova forma para avaliar o desempenho econômico dos paÃses. A diferença para os Ãndices existentes, como PIB (Produto Interno Bruto) e IDH (Ãndice de Desenvolvimento Humano) é que nesse os recursos naturais entram na conta.
A métrica, batizada de IRI (Ãndice de Riqueza Inclusiva), inclui, no cálculo do crescimento econômico dos paÃses, recursos como áreas agrÃcolas, florestas, combustÃveis fósseis e reservas minerais.
Eles compõem o indicador de recursos naturais, um dos quatro analisados pelo IRI (veja infográfico).
“Há paÃses que tiveram um crescimento recente do PIB explorando seus recursos naturais. Mas essas fontes são esgotáveis”, explica Anantha Duraiappah, diretor executivo do Programa Internacional de Dimensões Humanas da Universidade das Nações Unidas, que criou o Ãndice.O objetivo, dizem os criadores da fórmula, é analisar o desempenho da economia e abater da conta a quantidade de patrimônio natural que os paÃses perdem, à medida que o PIB cresce.
A equipe da ONU analisou, no perÃodo de 1990 a 2008, o desempenho do IRI em 20 paÃses dos cinco continentes –incluindo o Brasil. Esses paÃses somam 56% da população e 72% do PIB mundial.
POSIÇÃO BRASILEIRA
O Brasil está em 5º lugar na média de crescimento do IRI per capita no perÃodo avaliado (com crescimento de 0,9%), empatado com Japão, Reino Unido e Ãndia. Trocando em miúdos: o Brasil obteve o 5º melhor crescimento econômico com sustentabilidade no perÃodo.
Mas isso não é exatamente uma boa notÃcia. De acordo com a ONU, o Brasil perdeu 25% dos seus recursos naturais de 1990 a 2008. Isso significa que o IRI do Brasil pode cair no futuro.
Dos 20 paÃses, 14 estão crescendo no IRI, ou seja, estão conseguindo progredir ao mesmo tempo em que preservam suas riquezas naturais.
O melhor Ãndice foi o da China, com 2,1% de crescimento no perÃodo. Já a Nigéria, paÃs com pior desempenho, teve uma queda de 1,8%, mas seu PIB per capita aumentou de 2,5% no mesmo recorte temporal.
“Isso mostra que analisar o PIB per capita não é suficiente para avaliar se a economia de um paÃs é sustentável”, explica Duraiappah.
COMPETIÇÃO
A ideia do IRI, dizem seus criadores, não é “concorrer” com o PIB ou com o IDH, mas sim possibilitar novas formas para analisar o desempenho dos paÃses, principalmente a longo prazo.
“São métricas complementares”, afirmou Pablo Muñoz, diretor cientÃfico do UNU-IHDP. O indicador é uma resposta da ONU à s crÃticas de que o PIB, principal métrica econômica vigente, está desatualizado. “O PIB é um pouco defasado, pois foi criado no pós-guerra, em outro contexto histórico”, disse.
O IRI não concorre com alternativas como o FIB (Felicidade Interna Bruta), adotado no Butão, que considera o bem-estar das pessoas. “O FIB avalia as pessoas e não a situação macroeconômica do paÃs. São objetivos diferentes”, diz Duraiappah.