[Folha SP, 6 out 11] Um estudo da ONU divulgado nesta quinta-feira afirma que as diferentes tendências nas taxas de homicÃdio nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo mostram que as polÃticas de prevenção de crime adotadas por governos locais podem ter impacto considerável nos Ãndices de criminalidade.
O Estudo Global de HomicÃdios 2011, produzido pela Agência da ONU para Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês), compara a evolução nos Ãndices de homicÃdios nas duas cidades desde 2001. À época, São Paulo tinha uma taxa de homicÃdios próxima de 120 por 100 mil habitantes, superior à do Rio, de cerca de 105 por 100 mil habitantes.
Em 2009, no entanto, São Paulo baixara sua taxa para 40 homicÃdios por 100 mil habitantes, enquanto no Rio o Ãndice permanecia próximo de 100 mortes por 100 mil.
“As tendências muito diferentes nos Ãndices de homicÃdio em São Paulo e no Rio de Janeiro mostram que as polÃticas de prevenção desses crimes podem fazer uma verdadeira diferença a nÃvel local”, afirma o estudo.
O relatório, que compila dados de homicÃdio em 207 paÃses, diz que, na primeira década deste século, o Brasil implantou leis que dificultam o acesso a armas de fogo e promoveu campanhas de desarmamento.
“Em nÃvel nacional, essas medidas provavelmente contribuÃram para a ligeira queda em taxas de homicÃdio após 2004, mas o impacto foi consideravelmente mais forte em São Paulo, onde a aplicação dessas medidas foi especialmente eficiente também devido a esforços preexistentes para combater crimes violentos através de novos métodos de policiamento”.
Apesar da tendência de baixa na última década, porém, os Ãndices de homicÃdios dolosos (com intenção de matar) em São Paulo subiram 23,8% em agosto deste ano em comparação com o mesmo mês de 2010, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Foi o segundo mês consecutivo de aumento nos casos de homicÃdios na cidade em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Disparidades regionais
O relatório afirma ainda que, assim como em outros paÃses da América Latina, como México, Colômbia e Peru, o Brasil apresenta grandes diferenças regionais em seus Ãndices de homicÃdios.
Um mapa do continente americano com divisões por Estados revela que, enquanto em Alagoas a taxa de homicÃdios é superior a 60 por 100 mil habitantes (a mais alta do paÃs e equivalente à dos Estados mais violentos do México), em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, PiauÃ, Maranhão e Roraima, ela está entre 5 e 14,9 homicÃdios por 100 mil – dado comparável aos Ãndices de quase todos os Estados do sul dos EUA.
O estudo afirma ainda que grandes cidades tendem a favorecer a ocorrência de crimes violentos, especialmente quando sofrem com desigualdade, segregação e pobreza.
“Avanços em condições sociais e econômicas estão ligados à redução de crimes violentos. A agenda de desenvolvimento deve incluir polÃticas de prevenção e o fortalecimento da aplicação da lei tanto em nÃvel nacional quanto internacional”, conclui o relatório.