[Luana Lourenço*, Agência Brasil, 17 nov 11] Belém (PA) – Se os indicadores sociais da Amazônia estão aquém da média nacional dos paÃses que compartilham a floresta, as populações indÃgenas são ainda mais vulneráveis. O relatório A Amazônia e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio avaliou indicadores de nove paÃses: o Brasil, a BolÃvia, Colômbia, o Equador, Peru, a Venezuela, o Suriname, a Guiana e a Guiana Francesa e identificou resultados piores para os indÃgenas.
O levantamento diz que nos nove paÃses há 1,6 milhão de indÃgenas, de 375 povos. Nem todos vivem em territórios reconhecidos, o que, segundo os pesquisadores, tem impacto direto na subsistência e na qualidade de vida das comunidades. “A erradicação da pobreza e da fome está intimamente associada à garantia do usufruto de seus territórios tradicionais. A consolidação territorial é que permite que as populações indÃgenas possam produzir seus alimentos por meio da pesca, caça, agricultura etc.”, destaca o trabalho.
Os piores resultados estão relacionados à saúde. A ausência de serviços básicos e as distâncias geográficas na região acabam excluindo as populações indÃgenas do atendimento de saúde. A alta incidência de malária, tuberculose  e doenças sexualmente transmissÃveis entre essas populações confirma a desigualdade. A taxa de incidência de tuberculose entre os indÃgenas do Brasil, por exemplo, é 101 para cada 100 mil pessoas. A média nacional é 37,9 casos para cada 100 mil. Na Venezuela, há tribos que registram 450 casos de tuberculose para cada 100 mil pessoas.
“A entrada do HIV [o vÃrus da aids] em comunidades indÃgenas representa risco imensurável para essas populações, já que em muitas delas a poligamia é parte da cultura e o acesso a informação e métodos de prevenção é escassoâ€, acrescenta o texto.
A mortalidade infantil também é um indicador crÃtico entre os indÃgenas. No Brasil, segundo o levantamento, a mortalidade de crianças indÃgenas em 2007 foi 50 para cada mil nascidos vivos, duas vezes maior que a média nacional. Na Venezuela, as taxas de mortalidade infantil entre os indÃgenas chega a ser dez vezes maior que a média nacional. Entre as principais causas de morte de crianças indÃgenas estão a desnutrição, a pneumonia e a desidratação, segundo a pesquisa.
O estudo também destaca o baixo número de escolas indÃgenas, apesar da existência de leis  nacionais que garantem educação escolar indÃgena diferenciada e adequada à realidade das comunidades.
Em relação aos indicadores ambientais, que estão incluÃdos entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, o relatório também aponta ameaças à s comunidades indÃgenas. Apesar de estarem entre as áreas mais preservadas da Amazônia em todos os paÃses analisados, as terras indÃgenas estão sob pressão por causa da exploração dos recursos naturais, principalmente do desmatamento e da mineração. No Brasil, segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA) citados no estudo, pelo menos 99 terras indÃgenas estão sob ameaça permanente.
*A repórter viajou a convite do Fórum Amazônia Sustentável//Edição: Graça Adjuto