Da BBC Brasil
A produção cientÃfica brasileira ultrapassou a da Rússia, antiga potência na área, caminha para superar também a da Ãndia e se consolidar como a 2ª maior entre os BRICs (Brasil, Rússia, Ãndia e China), segundo levantamento feito pela Thomson Reuters.
O levantamento acompanhou a produção cientÃfica nos quatro paÃses com base na análise das 10.500 principais revistas cientÃficas do mundo.
Segundo a pesquisa, a produção brasileira avançou de 3.665 para 30.021 artigos cientÃficos publicados entre 1990 e 2008. No mesmo perÃodo, a produção russa manteve-se estável – o número de 1990, de 27.603 artigos, é praticamente o mesmo que o de 2008 – 27.605 artigos.
A produção cientÃfica da Ãndia, que em 1990 contabilizava 13.984 artigos publicados, chegou a 38.366 artigos em 2008.
Se o Ãndice de aumento da produção cientÃfica dos paÃses se mantiver, o Brasil deverá ultrapassar a Ãndia nos próximos anos.
O levantamento indica ainda que a produção cientÃfica chinesa, que em 1990 ainda estava atrás da russa e da indiana, com 8.581 artigos, chegou a 2008 com 112.318 artigos, numa expansão que, se mantida, verá a China ultrapassar os Estados Unidos e se tornar lÃder mundial em produção cientÃfica até 2020.
Dados revisados
Segundo Jonathan Adams, diretor de avaliação de pesquisas da Thomson Reuters, os dados dos levantamentos foram revisados após 2007, para evitar que a base de revistas cientÃficas analisadas refletisse um viés pró-paÃses desenvolvidos.
“A revisão dos dados levou a uma considerável elevação do número de artigos cientÃficos de China, Brasil e Ãndia. Porém essas elevações refletiram tendências já evidentes nos dados, em vez de mudar a trajetória geralâ€, explicou Adams à BBC Brasil.
Segundo ele, os dados dos últimos anos já indicavam que a produção brasileira superaria a russa, o que ficou expresso nos números de 2008, mas ele observa que, se a base de análise já tivesse sido revista antes, isso já teria acontecido há vários anos.
De acordo com os últimos dados compilados, de 2008, a produção cientÃfica brasileira naquele ano representou 2,6% do total de 1.136.676 artigos publicados em todas as 10.500 revistas analisadas. Em 1990, o Brasil tinha apenas 0,6% da produção mundial.
A produção cientÃfica americana – 332.916 artigos em 2008 – ainda representa 29% de todos os artigos publicados no mundo, enquanto a chinesa é de 9,9%. Em 1990, porém, os Estados Unidos tinham 38% de toda a produção cientÃfica mundial, enquanto a China respondia por apenas 1,4% do total.
No mesmo perÃodo, a produção russa, que já foi considerada uma das mais avançadas do mundo, passou de 4,7% do total em 1990 para apenas 2,4% em 2008.
A produção indiana, por sua vez, teve sua participação no total mundial elevada de 2,3% para 3,4% no perÃodo, numa elevação proporcionalmente menor que as da China e do Brasil.
Gastos
Em sua análise da produção cientÃfica do Brasil, a Thomson Reuters observa que os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil chegaram em 2007 a quase 1% do PIB, proporção inferior aos cerca de 2% gastos nos Estados Unidos e na média dos paÃses de desenvolvidos, mas ainda bem acima de outros paÃses latino-americanos.
Segundo o levantamento, o Brasil tem 0,92 pesquisador para cada mil trabalhadores – bem abaixo da média de 6 a 8 pesquisadores por mil trabalhadores dos paÃses do G7, o grupo das nações mais industrializadas do planeta.
Apesar disso, o documento afirma que a proporção brasileira é semelhante à de outros paÃses em desenvolvimento, como a própria China, e que a base de pesquisadores vem crescendo.
Segundo a Thomson Reuters, o Brasil formou cerca de 10 mil novos pesquisadores doutores no último ano analisado, num crescimento de dez vezes em 20 anos.
O levantamento indica ainda que a produção cientÃfica do paÃs é mais forte em áreas como pesquisas agrÃcolas e ciências naturais.