O que leva uma pessoa perspicaz e culturalmente preparada à exposição desmedida via redes sociais?
Há pouco tempo, acompanhei de perto um fato que demonstrou, na prática, as consequências negativas geradas pela atitude de emitir opiniões impensadas via internet. O caso envolveu um alto-executivo que teve sua reputação, construÃda durante anos de esforço e dedicação, comprometida por desabafos expostos nas redes sociais.
[Denis Mello, Portal Administradores, Prestes a ser contratado por uma grande empresa para o cargo de diretor, o executivo teve suas pretensões comprometidas, depois de a área de Recursos Humanos localizar postagens no facebook e twitter, nas quais ele criticava uma companhia onde havia trabalhado. A consequência foi fatal, pelo menos para aquele momento da sua vida. Em poucos minutos, ele teve a imagem profissional, sua “marcaâ€, destruÃda. Nada mais desalentador para quem estava, em primeiro lugar, entre os três melhores candidatos.
Este caso leva-nos a refletir sobre o porquê e os riscos do uso inconsequente da internet. As novas tecnologias de comunicação estão aà à disposição de todos que queiram emitir seus pensamentos e ações, mas não levamos em conta o caráter público da comunicação virtual, ou seja, que o acesso às informações individuais também é livre, assim como a emissão. Elas podem ser abertas e lidas nas telas dos computadores de todos que se dispõem a procurá-las.
Mas o que leva uma pessoa perspicaz e culturalmente preparada à exposição desmedida via redes sociais? Acredito que de forma inconsciente somos levados pela maré, movidos pela hegemonia da auto-exposição, própria da atual Sociedade Excitada conceituada pelo filósofo alemão Christoph Türcke, época em que “quem não chama a atenção constantemente para si, quem não causa uma sensação corre o risco de não ser percebidoâ€.
De acordo com o autor, o homem contemporâneo sofre da compulsão de emitir opiniões para marcar sua presença “porque mais importante do que fazer uma boa figura é fazer alguma figuraâ€. Graças à internet, podemos estar na mÃdia, sem a necessidade de mediadores. Podemos fazer nossa autopropaganda independente de intermediários. E como, hoje, “ser é ser percebido†a presença nas redes sociais tornou-se um vÃcio da pós-modernidade, que pode fazer de nós vÃtimas das emissões de opiniões irrefletidas e infundadas.
Como ‘twitteiro’, constato diariamente, na prática, a teoria elaborada por Türcke. Todos querem estar na rede. E muitos fazem da internet um espaço de contraponto de opiniões emocionais, radicais e intempestivas. Agem por impulso, esquecendo-se de que, com certeza, essas posições serão consideradas por alguém, que, na ausência de interação humana, na impessoalidade da comunicação virtual, fará seus próprios julgamentos e dará sua sentença. E qualquer um pode ser a próxima vÃtima.
Denis Mello - diretor-presidente do FBDE | NEXION Consulting – www.fbde.com.br – Consultores e Auditores em Marketing, Vendas e Gestão Empresarial.