“Quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um paÃs, diz pesquisa”
Esta foi a chamada do texto de Hélio SCHWARTSMAN, articulista da Folha SP, publicado 27 set 2010.
Veja o texto. Concorda com a tese? deixe sua opinião.
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Quanto mais religiosos são os habitantes de um paÃs, mais pobre ele tende a ser. Essa é a conclusão de uma pesquisa Gallup feita em 114 nações e divulgada no último dia 31 que mostra uma correlação forte entre o grau de religiosidade da população e a renda “per capita”.
Correlação, vale lembrar, é um conceito traiçoeiro. Quando duas variáveis estão correlacionadas, tanto é possÃvel que qualquer uma delas seja a causa da outra como também que ambas sejam efeitos de outros fatores.
Desde o século 19, a sociologia tem preferido apostar na tese de que a pobreza facilita a expansão da religião. “Em geral, as religiões ajudam seus adeptos a lidar com a pobreza, explicam e justificam sua posição social, oferecem esperança, satisfação emocional e soluções mágicas para enfrentar problemas imediatos do cotidiano”, diz Ricardo Mariano, da PUC-RS.
“As religiões de salvação prometem ainda compensações para os sofrimentos e insuficiências desta vida no outro mundo”, acrescenta.
O sociólogo, porém, lembra que há outros fatores: “A restrição à liberdade religiosa, ideologias secularistas e o ateÃsmo estatal dos paÃses socialistas contribuÃram para a baixa importância que sua população atribui à religião, como ocorre na Estônia, campeã nesta matéria, e na própria Rússia”.
Já na Europa Ocidental, diz Mariano, “modernização, laicização do Estado e relativismo cultural erodiram bastante a religiosidade”.
A grande exceção à regra são os EUA. Com uma das maiores rendas “per capita” do planeta, 65% dos norte-americanos atribuem importância à religião em sua vida diária. Tal Ãndice é bem superior à média dos paÃses mais ricos, que é de 47%.
Sem descartar um papel para as explicações sociológicas mais tradicionais, que chama de “fator ópio do povo”, Daniel Sottomaior, presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) aventa algumas hipóteses na direção contrária, isto é, de que a religião é causa da pobreza. “Ela promove o fatalismo e o deus-dará”, diz.
Em certos lugares, notadamente alguns paÃses islâmicos, ela desestimula a educação e impede a adoção do pensamento cientÃfico.
Além disso, afirma Sottomaior, “a religião não apenas não gera valor como sequestra bens, dinheiro e mentes que deixam de ser empregados em atividades econômicas e de desenvolvimento”.
RELIGIOSOS
Para religiosos ouvidos pela Folha, é a riqueza que pode reduzir o pendor das pessoas à religiosidade.
Segundo o padre jesuÃta Eduardo Henriques, “a abertura a Deus é inversamente proporcional à segurança oferecida pela estabilidade econômico-financeira, com exceções, é claro. Espiritualmente falando, os pobres tornam-se sinais mais eloquentes de que ninguém, pobre ou rico, basta a si mesmo. Por isso Jesus chamou os pobres de bem-aventurados”.
Já para o pastor batista Adriano Trajano, a pesquisa mostra que quanto maior for o estado de pobreza e pouco desenvolvimento econômico no paÃs, “maior será a busca por subterfúgios sobrenaturais, pois a religião tem esse poder de transportar o necessitado a um mundo de cordas divinas”. “Que a religião desempenha um papel importante nas sociedades, não há dúvida, resta saber até que ponto esse papel favorece a vida?”, pergunta.
O teólogo adventista Marcos Noleto é mais radical: “Há uma incompatibilidade da fé prática com a riqueza. Assim como dois corpos não podem ocupar um mesmo lugar no espaço, na mente do homem não há lugar para duas afeições totais. Veja que Deus escolheu um carpinteiro e não um banqueiro para ser o pai de Jesus”.
Excelente matéria… Agrego apenas que os Estados Unidos, que figuram na metade do caminho, difere em crença dos demais paÃses ricos, porque o moralismo republicano tratou de prender e condenar um professor por ensinar a “Evolução”, em 1925 no Tennessee… Além do professor Scopes ter sido condenado a pagar US$ 100, muito dinheiro na época, as consequências foram aterradoras… Somente 30 anos depois a Evolução voltou aos livros de Biologia americanos… Estima-se 60 anos de atraso… Este julgamento ficou conhecido como Julgamento do Macaco… Pelo menos Scopes não foi queimado… Dizer a verdade costumava ser mortal nos tempos bÃblicos e na idade média…