Síria: ditador altera registro de cadáveres

[Jamil Chade, de Genebra, JT, 13 fev 12] Hospitais públicos, por ordem do regime de Bashar Assad, estariam manipulando o registro de mortos no conflito no país para elevar o número de pessoas supostamente mortas por “terroristas”. A informação foi passada ao JT por altas fontes diplomáticas ocidentais presentes em Damasco. Mais de 5.400 pessoas morreram na Síria desde o início da revolta, em março, segundo a ONU.

Dezenas de famílias que buscam os corpos de seus parentes em hospitais descobrem que só podem retirar o cadáver, receber o atestado de morte e a autorização para o sepultamento se assinam um documento em que reconhecem que a morte foi causada por um ataque de “terroristas”, forma que o governo utiliza para qualificar a oposição armada.

Diplomatas ocidentais em Damasco dizem que a violência está sendo conduzida tanto pelo regime quanto por opositores. Mas não resta dúvida de que grande parte dos assassinatos é conduzido pela máquina do regime.

A manipulação dos registros dos mortos teria começado há menos de um mês, em especial em Homs. Mas a exigência de assinar a documentação com essas ressalvas também já existe em Damasco e Alepo.

Segundo os diplomatas que receberam as denúncias e estariam usando seus informantes para entender o que ocorre no país, mais de cem famílias já passaram por esse constrangimento.

Brasileiros

Edgard Casciano, embaixador do Brasil em Damasco, disse que ordenou um reforço da segurança da embaixada brasileira na Síria. “Com o agravamento da crise, reforcei a segurança da embaixada e de seus funcionários”, declarou.

Sobre a situação dos brasileiros, o embaixador revela que a família que estava presa no meio da violência em Homs já está a caminho de Damasco. O casal e seus dois filhos deverão embarcar para o Brasil nos próximos dias.

Haveria ainda uma segunda família, também de Homs, em situação crítica. Mas os confrontos, pelo menos na região, diminuíram, o que permitiu a saída da área para viver em um local mais seguro.

A embaixada do País em Damasco iniciou em março uma atualização dos registros dos brasileiros no país, assim como de passaportes.

 

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