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Alemanha debate acolhida de cristãos sírios

Defensores da ideia dizem que tradição cristã da Alemanha obriga o país a receber os cristãos sírios. Críticos afirmam que não se deve diferenciar por confissão religiosa na hora de oferecer ajuda a refugiados.

[Martin Koch, DW, 14 nov 12] O deputado Volker Kauder, líder da bancada dos partidos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) no Bundestag, afirmou ao jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung que acolher cristãos sírios na Alemanha é um ato de humanidade. Em declaração ao mesmo jornal, o ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, da CSU, também afirmou ser favorável à acolhida aos cristãos sírios, pois, segundo ele, eles são a minoria mais perseguida na Síria. Continue lendo

Jovens refugiados na Alemanha sofrem com deportação para o Kosovo

A cada ano, centenas menores de idade precisam deixar a Alemanha em direção ao Kosovo. Estudo do Unicef revela sofrimentos com a deportação. Os menores entrevistados apresentam muitas vezes distúrbios pós-traumáticos.

[Ajete Beqiraj e C. Albuquerque, DW, 16 abr 12] Desde 2009, a Alemanha está autorizada a deportar kosovares. Em 2010, o então ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, assinou um acordo de repatriação com a República do Kosovo, que previa o retorno de até 12 mil membros de minorias dos Bálcãs, já que o Kosovo é considerado, atualmente, um país seguro. Continue lendo

Caça às bruxas perdura pelo século 21 adentro

Acusações de bruxaria ainda custam vidas. Processos de reabilitação na Alemanha tentam sensibilizar para atualidade do tema. Na África, caça às bruxas matou, ultimamente, mais do que durante Inquisição.

[Insa Moog, DW, 4 mar 12] Hartmut Hegeler tem uma grande meta na vida. O pastor luterano e professor de Religião aposentado se bate pela recuperação da honra de Katharina Henot, mesmo que com quase 400 anos de atraso. Antes de ser executada por estrangulamento e ter seu corpo incinerado em 1627, a comerciante de Colônia foi difamada como bruxa.

Hegeler apresentou ao conselho municipal da cidade renana uma petição pela reabilitação moral de Henot e de outros colonianos perseguidos como feiticeiros. Na época, 38 sentenças de morte foram infligidas em Colônia. Entre os executados, encontravam-se também três homens e um menino. Continue lendo

Era da globalização trouxe de volta os dialetos, afirma linguista

Placa de trânsito em dialeto alemannisch na Floresta Negra, sul da Alemanha

Os dialetos, para muitas pessoas um sinal de falta de formação, estão de volta na era da globalização. Segundo o germanista Karl-Heinz Göttert, eles reforçam a identidade local numa época que estimula a uniformidade.

[DW, 19 dez 11] Após o divertido Deutsch, Biografie einer Sprache (Alemão: biografia de uma língua), de 2009, o linguista Karl-Heinz Göttert agora promove uma expedição pelos dialetos alemães com sua nova obra, intitulada Alles außer Hochdeutsch (Tudo menos Hochdeutsch, nome dado à variante oficial do alemão).

No livro ele aborda, entre outros temas, como os dialetos mudaram, por que o saxão tem pior fama do que outros dialetos do alemão e por que em tempos de globalização os dialetos ganham ainda mais apelo emocional em todo o mundo. Continue lendo

Analfabetismo continua sendo problema na Alemanha

Pensar que há analfabetos apenas em países em desenvolvimento é mero clichê. Em nações industrializadas, como a Alemanha, o problema atinge, há muito, um número considerável de pessoas.

[DW, 2 out 11] Tim-Thilo Fellmer é um entre os chamados “analfabetos funcionais” na Alemanha, termo usado para designar as pessoas que sabem ler e escrever frases soltas, mas que não estão em condições de ler e entender textos corridos, como por exemplo instruções no ambiente de trabalho.

Quando ainda frequentava o segundo ano escolar, Tim Thilo Fellmer recebeu o diagnóstico de “dislexia”. Hoje, o bem-sucedido autor de livros infantis e proprietário de uma editora guarda poucas lembranças positivas de sua fase escolar. Para ele, sempre foi um peso enorme não conseguir executar as tarefas como os colegas de escola e acima de tudo ter sempre que ocultar o problema. “Sempre tinha que dar um jeito usando truques. E sempre vivi com medo de ser descoberto”, conta ele, ao lembrar “desse tempo difícil e muito negativo”. Continue lendo

Bento 16 vai encontrar Igreja dividida e cada vez menor na Alemanha

De um lado estão os movimentos conservadores que o apoiam; do outro, os liberais que pedem mudanças: Bento 16 inicia nesta quinta uma visita a um país onde a Igreja Católica está dividida e perde fiéis.

[DW, 21 set 11] Queixas sobre a posição do Vaticano em relação a temas como sexualidade, divórcio e celibato deverão acompanhar a visita do papa Bento 16 ao seu país natal, que se inicia nesta quinta-feira (22/09) em Berlim.

Embora não se espere que Bento 16 faça qualquer concessão aos que clamam pela modernização da Igreja Católica, a Santa Sé está bem consciente do crescente esvaziamento por que passa a igreja na Alemanha, na Áustria e na Suíça alemã. Só em 2010, mais de 180 mil alemães cancelaram sua filiação à Igreja Católica, quase 50% mais que no ano anterior.

A frustração frente ao comprometimento da Igreja com valores tradicionais veio à tona na Alemanha após o Concílio Vaticano 2° (1962-65), com o surgimento de movimentos de reforma como o Wir sind Kirche (Nós somos Igreja). Continue lendo

Duzentas igrejas à venda como mercadorias comuns na Alemanha. Um escândalo mais, ou um grande sinal dos tempos?

[IHU Online, 12 set 11] “Deus está fazendo Sinal aos cristãos que em vez de templos de pedra os templos vivos que são as pessoas pobres sofrendo são muito mais importantes”, escreve Antonio Cechin, irmão marista, miltante dos movimentos sociais, autor do livro  Empoderamento Popular. Uma pedagogia de libertação. Porto Alegre: Estef, 2010.

Segundo ele, “que se acabe com as igrejas mortas, quando a Igreja Viva na pessoas dos oprimidos e famintos está nas vascas da agonia! O Mestre de Nazaré canonizara Davi roubando os “Pães da Proposição” do templo por causa da fome de seus companheiros!”.

Eis o artigo.

“Nada se parece tanto com um edifício em construção quanto um edifício em demolição!” (Tristão de Ataíde). Parafraseando Tristão, a fim de entendimento mais fácil, imediato e com mais força de expressão, podemos nós dizer: “Nada se parece tanto com um por de sol, quanto um nascer do sol. Só que um anuncia as trevas e o outro anuncia a luz!” Continue lendo

Alemanha: Evangélicos diminuem e somarão 16 milhões em 30 anos

[IHU, 5 abr 11] Até 2040, a Igreja Evangélica da Alemanha (EKD, a sigla em alemão) deverá perder um terço dos seus atuais 24,2 milhões de membros. A previsão, com base em dados estatísticos, é do secretário de finanças da igreja, Thomas Begrich, em entrevista ao Serviço de Imprensa Evangélica (EPD). A informação é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 05-04-2011.

A Alemanha tem uma das menores taxas de natalidade do mundo, lembrou Begrich, assim que o déficit de nascimentos tem reflexos nas estatísticas da igreja.

A saída voluntária de membros da igreja caiu pela metade nos últimos anos, em comparação à década de 90 do século passado. Ainda assim, a EKD registra uma diminuição de 150 mil pessoas por ano. “Aqui conseguimos fazer alguma coisa”, afirmou, reportando-se às quedas de evassão.

Mesmo com esses indicativos de secularização na sociedade alemã, 11,3% dos alemães entrevistados pela “Apotheken Umschau”, revista editada pela associação de farmácias, observam algum preceito ligado à Quaresma, período que compreende o fim do Carnaval e a Páscoa, este ano de 9 de março a 24 de abril. Continue lendo

Escândalos de pedofilia provocam êxodo de fiéis da Igreja Católica alemã

[Mark Hallam, DW, 19 dez 2010]

Dezenas de milhares de alemães cancelaram sua filiação à Igreja Católica em 2010 – muito mais do que em anos anteriores – privando-a de seus impostos. Escândalos de abuso sexual parecem ser motivo central de deserções.

O número de alemães que abandonaram a Igreja Católica em 2010 é superior, em vários milhares, ao dos anos anteriores, revelou um estudo realizado pelo jornal Frankfurter Rundschau. Há indicadores de que a motivação central dos fiéis tenha sido a recente onda de escândalos de abuso sexual de menores.

A diocese de Augsburg, na Baviera, acusou uma das piores cifras: até meados de dezembro, 11.351 de seus fiéis desertaram, contra 6.953 em 2009. Seu antigo bispo, Walter Mixa, foi forçado a renunciar em abril último, devido a acusações de abuso físico e fraude.

Em Rottenburg-Stuttgart, no sudoeste do país, 17.169 católicos deixaram a diocese até meados de novembro de 2010, quase 7 mil a mais do que no ano anterior. Trier, Würzburg, Osnabrück e Bamberg igualmente acusaram altas taxas de deserção. Continue lendo

Vítima relata vida marcada por violência de rituais satânicos [ÁUDIO]

Estupro, tortura e dor fazem parte de rituais

Após crescer em ambiente de brutalidade das missas negras frequentadas por seus pais, vítima contou à DW o que acontecia em tais cerimônias. Ela vive hoje em asilo para mulheres traumatizadas.

Ouça a reportagem completa

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Fonte: DW, 17 ago 2010

Aumenta crença de alemães em superstições

Contrariando estereótipo de povo frio e racional, estudo mostra que a superstição faz eco na vida dos alemães. Apenas 32% das pessoas negam influência do sobrenatural.

Nos tempos da ciência e da evolução tecnológica, o medo e as crenças em poderes ocultos se mostram a cada dia mais presentes no cotidiano alemão. Foi isso o que mostrou uma pesquisa realizada pelo Instituto de Opinião Pública Allensbach.

E a crença irracional em símbolos que representam boa ou má sorte aumentou entre o povo da Alemanha, revelou também o estudo.

Talismãs e medos

As estatísticas mostram que 42% dos alemães acreditam no trevo de quatro folhas, 36% gostariam de cruzar de vez um quando com um limpador de chaminés e 40% crêem na sorte associada a uma estrela cadente.

Os maus presságios associados a número 13 são muito mais temidos. Mais de um quarto da população alemã não descarta o sentido da magia dos números. E não é piada, com tantas coincidências relativas ao 13.

Na Última Ceia havia 13 pessoas, a vinda do Anticristo acontece no capítulo 13 do Apocalipse, e no tarô este número faz referência à morte.

Por outro lado, 25% dos alemães evitariam, se pudessem, que um gato preto cruzasse o seu caminho. No Egito o gato já era considerado um animal de poder. Além disso, na Idade Média, se associava o gato preto com as bruxas – o que certamente deu origem à superstição.

Aumenta a tendência

O instituto realiza estes estudos sobre as superstições desde 1973. E das conclusões se deduz que estas crenças atingem muito mais gente agora do que em épocas anteriores.

Comparando os números atuais com os dos anos 70, somente a metade das pessoas acreditava na relação entre um meteorito que caía do céu e a boa sorte que isso traria a quem o observasse.

No caso do trevo de quatro folhas, somente 26% acreditava em seus “poderes”, enquanto agora o número de fãs da planta chega a 42% – o índice dos que temem o número 13 aumentou de 17% para 28% nos últimos trinta anos.

Fonte: DW, 10 mai 2005

A terceira revolução industrial ~ por Georg Meck

Um gigantesco parque eólico offshore no mar do Norte, uma grande usina geotérmica perto de Hannover e um projeto bilionário de energia solar no deserto. A Alemanha enfrenta, em grande estilo, os desafios da mudança climática com alta tecnologia verde

A Alemanha está surfando na onda verde. A indústria ambiental irá se transformar, até o ano 2020, no mais importante ramo e, assim, na máquina de empregos do país. “A tecnologia ambiental é a indústria guia do século 21”, diz Burkhard Schwenker, presidente da empresa de consultoria Roland Berger. Os consultores analisaram as perspectivas do ramo e ouviram 1300 empresas e 200 instituições de pesquisa. O resultado é motivo para esperanças impressionantes. O faturamento da indústria ambiental mundial deverá mais que dobrar até o ano 2020, alcançando 3100 bilhões de euros. E a Alemanha está marchando bem à frente, graças a seus campeões verdes. Negócios com sol, vento e água são hoje vitoriosos bens de exportação.

Empresas alemãs estão entre as líderes tecnológicas mundiais. Suas fatias no mercado internacional, em ramos promissores como o fotovoltaico, o termo-solar e o de energias eólica e hidráulica, estão entre 21 e 35%. Na produção de biogás, a Alemanha domina o mercado. “90% das instalações são fabricadas em nosso país”, diz o consultor Torsten Henzelmann. No ano 2020, 14% do produto interno bruto alemão virão da conta do novo ramo. Em uma década, 2,2 milhões de pessoas encontrarão trabalho no setor. No momento, o número está pela metade, com 1,1 milhão de postos de trabalho.

A economia, consequentemente, está diante de uma mudança profunda. Não será mais a indústria automobilística, nem a química, nem a mecânica que irá marcar o país, mas sim a alta tecnologia verde. Ela gerará empregos e bem-estar. Fato é que, há tempos, a alta tecnologia verde deixou de ser um nicho para tornar-se o centro das atenções. Nesta evolução, o movimento ecológico dos primeiros anos favoreceu o sucesso, sem dúvida. Ele preparou o terreno na sociedade e na formação política. Leis ambientais rigorosas e apoio, na forma de subvenções, contribuíram para o despontar das empresas ambientais. “A tecnologia ambiental é um dos filhos mais queridos da política e recebe o correspondente apoio”, diz Henzelmann.

Afinada com o espírito da contemporaneidade, a habilidade engenheira alemã pôde desdobrar-se e comprovar sua maestria numa série de áreas: energias renováveis, eficiência em matérias-primas e em materiais, mobilidade sustentável, economia hídrica ecológica e eliminação de resíduos. A tecnologia verde made in Germany disputa sempre a dianteira. Os Estados Unidos e a China, entretanto, estão recuperando terreno, diz Dietmar Edler, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW) de Berlim. “A Alemanha poderá manter sua posição competitiva. Sua vantagem tecnológica e seu know how são apreciáveis”.

Como os lucros no ramo ambiental são atraentes, investidores privados destinam cada vez mais recursos para a tecnologia verde. Empresas start up associam-se a indústrias consolidadas. Elas colocam no ramo seu capital e sua experiência. A empresa de autopeças Bosch, por exemplo, declarou a tecnologia ambiental como um novo pilar de existência e está engajando-se, com altas somas, em firmas do setor. Mesmo representantes da velha economia não demonstram medo algum de interagir no setor ambiental. Assim, a indústria suábia Voith, um conglomerado familiar, com seus orgulhosos 140 anos, está realizando um projeto de geração de energia a partir das ondas do mar na costa da Escócia.

A Siemens, um dos maiores global players alemães e também já com 160 anos de idade, igualmente reconheceu a tendência, designando ultimamente a si própria “o maior conglomerado de infraestrutura verde do mundo”. Sob a palavra de ordem “­Complete Mobility”, a empresa de Munique se faz presente em todo o mundo quando se trata de eficiência energética. No Estado da Renânia do Norte-Vestfália, sob o título “Ruhr­pilot”, acontece o maior projeto europeu de gestão de trânsito. Em metrópoles como Oslo e Lisboa, a Siemens atua no transporte público urbano. E o conglomerado está entre a dúzia de renomadas firmas que propuseram o visionário projeto Desertec.

A ideia é ousada. O sol no Saara resolverá problemas energéticos. No deserto do norte da África, espera-se produzir energia sem CO2, que deverá satisfazer 15% das necessidades da Europa e grande parte da demanda nos países produtores. Os custos do projeto são estimados em aproximadamente 400 bilhões de euros. O início das obras ainda está em aberto. A energia deverá ser obtida em usinas termo-solares. Neste processo, a luz solar refletida por espelhos aquece um meio condutor de calor em tubos. Através de uma nova rede de condutores, a eletricidade será transportada por 3 mil quilômetros à Europa. Com seu alto grau de eficiência e os baixos custos de geração de eletricidade com tecnologias solares, usinas termo-solares já oferecem potencial para produzir, em médio prazo, eletricidade em regiões próximas à linha do Equador a custos comparáveis aos das usinas a combustíveis fósseis. Em outubro, deverá ser fundada a empresa planejadora do empreendimento. “Tanto o potencial ecológico quanto o econômico são enormes”, diz Torsten Jeworrek, membro do conselho diretor da Münchner Rück, uma das impulsionadoras do projeto.

A tecnologia necessária já pode ser vista em Jülich, cidade próxima a Aachen, mesmo que ainda em proporções modestas. Lá entrou em operação em agosto uma inédita usina solar: 2500 espelhos conduzem a luz do Sol para o topo de uma torre com 50 metros de altura. Nela, a energia solar é transformada em eletricidade. “Um portão para o futuro das energias regenerativas”, diz o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel. Por ano, a instalação, que custou 22 milhões de euros, deverá colocar 1,5 megawatts na rede: o suficiente para abastecer 350 residências.

A busca por energias renováveis permanece como um dos maiores desafios da atualidade. Pesquisa-se e desenvolve-se em todas as direções, em geral com participação dos grandes conglomerados de energia, como no caso do primeiro parque eólico em alto-mar, o Alpha Ventus, 45 quilômetros ao norte da ilha Borkum, no mar do Norte. Nos próximos anos, devem surgir nos mares do Norte e Báltico, instalações com até 40 mil megawatts de potência. Elas irão abastecer então oito milhões de residências com eletricidade.

Sol, vento e água já são empregados para a geração de energia. O calor do interior da Terra desponta igualmente como alternativa. Esta auspiciosa tecnologia chama-se geotermia. O governo alemão dotou um programa de fomento a ela com 400 milhões de euros. Em 2008, o número de profissionais nesta área dobrou, de cerca de 4500 para 9100. Perto de Hannover, está nascendo uma usina geotérmica, na qual calor do interior da Terra é trazido à superfície. Um propósito sedutor, uma vez que a fonte de energia é inesgotável e o calor está disponível a qualquer tempo, ao contrário do Sol e do vento.

Em junho de 2009, o projeto piloto GeneSys começou a realizar as primeiras perfurações. Em quatro anos, a usina deverá estar extraindo do solo dois megawatts de energia calorífica. Os tubos irão penetrar quatro quilômetros até encontrar o calor. A cada quilômetro, a temperatura no interior da Terra sobe cerca de 30 graus. Mas como transformar o calor em energia? A usina geotérmica bombeia água até as profundezas, onde é aquecida pelo calor da Terra até aproximadamente 150 graus. Depois, é conduzida novamente para cima, onde aquece prédios. O projeto visa economizar 15 milhões de euros em combustíveis. Se tudo correr bem com o experimento, “teremos conquistado um modelo para grandes áreas da Europa”, diz o gerente do projeto, Michael Kosinowski.

Seja qual for a tecnologia verde pesquisada e testada pelos conglomerados alemães, tem-se sempre o mercado mundial em vista. Os prognósticos para o setor ambiental apontam ricas chances mundialmente. Os indícios disso são claros. A população mundial não para de crescer, mas os recursos naturais são esgotáveis. No ano 2030, dois terços da população viverá em metrópoles, que terão de administrar gigantescos desafios ecológicos. Se os países emergentes superarem o atraso industrial e o bem-estar social global crescer, a demanda por energia limpa e mobilidade ambientalmente sustentável aumentará obrigatoriamente e a proteção ao clima ganhará um valor ainda maior.

Com o presidente Barack Obama, os Estados Unidos também apostam pesado em energia verde. Até 2025, 25% da eletricidade deverá vir de fontes energéticas renováveis – brilhantes chances de vendas de fotocélulas e cata-ventos made in Germany. A eficiência de tais instalações cresce continuamente, enquanto os custos caem dramaticamente. E não está longe o dia em que serão competitivas. “Logo que as energias renováveis tiverem preços compatíveis com os das energias tradicionais, a demanda por elas explodirá”, acredita Torsten Henzelmann, da Roland Berger.

A atual crise econômica mundial poderia prejudicar um pouco os campeões verdes. Entretanto, alguns estão até lucrando com ela. Finalmente eles têm maior facilidade para encontrar engenheiros. E ainda mais importante: os governos elaboram pacotes conjunturais contra a recessão, com critérios ecológicos. Praticamente não há país em que não exista um programa de fo­mento às tecnologias verdes.

Os EUA, por exemplo, estão investindo 112 bilhões de dólares em tecnologias verdes. O aperfeiçoamento de automóveis híbridos e a pesquisa de baterias de alto rendimento estão no centro das atenções. A China está destinando quase 20 bilhões de dólares às tecnologias ambientais. Pacotes conjunturais da Europa colocaram à disposição seis bilhões de euros para energias renováveis, 3,5 bilhões para a infraestrutura energética, 500 milhões para instalações eólicas offshore, sete bilhões para eficiência energética, isto é, automóveis, prédios e fábricas mais econômicos. O governo alemão aplicará de 2009 a 2011 o total de 500 milhões de euros em pes­quisa na área da mobilidade elétrica. O investimento visa tecnologias-chave para a integração de veículos elétricos e híbridos em redes de trânsito.

O potencial para tecnologias pobres em emissões para os automóveis é enorme, enfatiza a consultoria de empresas McKinsey. Em breve, o faturamento no setor poderá chegar a 325 bilhões de euros. Os consultores preveem crescimento anual de 30%. Veículos híbridos, nos quais um motor elétrico apoia um motor a combustão, deverão, segundo eles, responder no ano 2020 por 16% a 24% do mercado. O motor a combustão vem igualmente sendo aperfeiçoado em sua eficiência. Os componentes para a redução do consumo geram um movimento de 30 a 35 bilhões de euros. Afinal, automóveis elétricos e os chamados veículos híbridos plug in (a bateria pode ser carregada a partir da rede elétrica) irão ter igualmente um papel significativo para a indústria automobilística.

“O futuro, isto é certo, pertence aos automóveis elétricos, sem emissões”, confirma o presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, que lançou o Golf Twin Drive em Berlim, que é também a capital da e-mobilidade. A Mercedes está testando na cidade, com a RWE, o Smart elétrico, e a BMW, com a Vattenfall, o Mini E, com uma tomada atrás da tampa amarela do tanque. Os fabricantes estão investindo maciçamente em tecnologias para baterias, embora, durante muito tempo, tenha parecido que os japoneses estavam muito à frente. “Se tudo continuar a correr como agora, a Alemanha tem boas chances de integrar a liderança mundial no desenvolvimento do carro elétrico”, diz Martin Winter, professor de ciências de materiais.

Não há dúvida: ecológico é in. Ecológico cria empregos. Mesmo conglomerados automobilísticos, que reduzem seus quadros de pessoal, procuram engenheiros eletricistas que os ajudem a preparar-se para a era pós-motor a combustão. Para bons profissionais, as campeãs do setor verde são um campo recompensador, diz o consultor Henzelmann: “É possível subir na carreira mais depressa do que nos ramos clássicos da engenharia. Pode-se fazer mais e assumir responsabilidades mais rapidamente”.

Fonte: Deutschland Online, 07 set 2009