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Paralisia global ~ por Rubens Ricupero

Todos os problemas globais estão parados: a reforma financeira, a mudança climática, o comércio mundial. Enquanto a Europa se afunda, não há consenso sobre as causas da crise financeira ou as reformas para evitar-lhe a repetição. Impotente, o G20 resvala para a irrelevância das instituições que deveria substituir.

[FSP, 16 abr 12] O aquecimento global e as negociações comerciais padecem de mal igual: ausência de consenso, falta de vontade política, paralisia do processo negociador. O que está acontecendo? Todo poder tende a gerar uma determinada ordem. Estaríamos, como comentava Celso Lafer anos atrás, ante situação de desconexão entre o poder existente e a ordem desejada? Continue lendo

Estudo americano confirma aquecimento da superfície terrestre

Uma nova análise de um grupo de cientistas dos Estados Unidos concluiu que a superfície da Terra está ficando mais quente.

[Richard Black, BBC Brasil, 21 out 11] Desde 1950, a temperatura média em terra aumentou em um grau centígrado, segundo as descobertas do grupo Berkeley Earth Project.

O Berkeley Earth Project usou novos métodos e novos dados, mas as descobertas do grupo seguem a mesma tendência climática vista pela Nasa e pelo Escritório de Meteorologia da Grã-Bretanha, por exemplo.

“Nossa maior surpresa foi que os novos resultados concordam com os valores de aquecimento publicados anteriormente por outras equipes nos Estados Unidos e Grã-Bretanha”, afirmou o professor Richard Muller, que estabeleceu o Berkeley Earth Project na Universidade da Califórnia reunindo dez cientistas renomados.

“Isto confirma que estes estudos foram feitos cuidadosamente e que o potencial de (estudos) tendenciosos, identificados pelos céticos em relação ao aquecimento global, não afetam seriamente as conclusões”, acrescentou. Continue lendo

Indústria do turismo não para de crescer e enfrenta desafio ambiental

Quase 1 bilhão de viajantes cruzaram fronteiras internacionais em 2010: o crescimento do turismo chama a atenção para o balanço ambiental de um setor cada vez mais importante para a economia mundial.

[DW, 29 set 11] “Viajar apura o espírito e acaba com os nossos preconceitos”, constatou o escritor irlandês Oscar Wilde já no século 19. Para a Organização Mundial do Turismo (OMT), ligada às Nações Unidas, “viajar é um ato democrático, todo ser humano tem o direito de se locomover livremente. Trata-se de um direito humano e não de um luxo”.

Apesar de todas as crises – como a recente agitação política no mundo árabe ou catástrofes naturais –, o turismo vem crescendo constantemente. O setor já é responsável por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Um em cada 12 postos de trabalho no mundo depende do turismo, e 6% de todas as exportações e serviços são gerados pela indústria turística.

Em 2010, 940 milhões de viajantes cruzaram fronteiras internacionais. Em 2020, serão 1,6 bilhão, segundo as previsões da OMT. Porém, o crescimento aparentemente ilimitado coloca novos desafios para operadores turísticos, políticos e até mesmo para os próprios viajantes. Taleb Rifai, secretário-geral da OMT, incentiva um incremento do turismo, mas de maneira responsável e sustentável. Continue lendo

Partes da África sofrem pior seca dos últimos 60 anos, diz ONU

[BBC Brasil, 28 jun 11] A ONU afirmou nesta terça-feira que algumas partes da região conhecida como “chifre” da África, localizado no nordeste do continente, foram atingidas pela pior seca dos últimos 60 anos, com mais de 10 milhões de pessoas afetadas.

O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários afirmou que a crise relativa à falta de alimentos na região, que inclui países como Somália, Etiópia, Quênia, Uganda e Djibuti, é a pior do mundo.

Além da seca, os conflitos na Somália têm forçado um número sem precedentes de somalis a fugir para o Quênia, segundo informações da ONG Save the Children.

A organização humanitária relata que, diariamente, cerca de 1,3 mil pessoas – sendo ao menos 800 delas crianças – têm chegado ao campo de refugiados queniano de Dadaab.

O número mensal de chegadas ao campo mais do que dobrou no período de um ano, afirma a Save the Children. Continue lendo

Organização Meteorológica Mundial diz que os governos devem se preparar porque eventos como o do Rio vão se repetir

[O Estado SP, 21 jan 2011] Cientistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertam que os governos do Brasil e, principalmente, dos Estados do Sudeste devem se preparar para enfrentar eventos climáticos extremos nos próximos anos. “Esse não foi um evento isolado (a devastação na região serrana do Rio). Os acontecimentos no Brasil confirmam uma tendência mundial de que tempestades tendem a ser cada vez mais fortes e em locais onde não ocorriam com a mesma força”, afirmou Rupakumar Kolli, especialista da OMM.

A entidade diz que ainda não pode confirmar se a intensidade das chuvas no Rio foi causada diretamente pelas mudanças climáticas que afetam o planeta, mas tudo indica que sim. “É difícil dizer se as mudanças climáticas já atuam nesse caso”, afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. “O que está claro é que vemos um aquecimento do planeta e um número cada vez maior de eventos climáticos extremos e o que aconteceu no Brasil vai nessa direção.” Continue lendo

Triplica número de afetados pelo clima no Brasil

[Wilson Tosta, O Estado SP, 15dez 2010]

Em 2009, 5,8 milhões de brasileiros foram impactados por inundações, secas e vendavais, segundo o Atlas Nacional do Brasil, lançado pelo IBGE

De 2007 a 2009, triplicou o número de brasileiros afetados por inundações, secas, vendavais e temperaturas extremas. É o que revela o Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, lançado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento mais impressionante ocorreu no item inundações. Em 2009, as enchentes – que em 2007 haviam afetado 1 milhão de pessoas – impactaram 3,2 milhões de brasileiros. No item secas, o salto foi de pouco mais de 750 mil para cerca de 1,8 milhão, e nos desastres com causas eólicas e temperaturas extremas, o número de afetados passou de 200 mil para 800 mil.

As informações do atlas foram divulgadas três dias após o fim da Conferência do Clima das Nações Unidas, realizada em Cancún, México. Continue lendo

Nordeste é a região do país mais vulnerável às mudanças climáticas

O primeiro quadrimestre de 2010 foi o mais quente já registrado no planeta, de acordo com dados de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos. No Brasil, a situação não foi diferente, principalmente na região Nordeste do país. Entre 1980 e 2005, as temperaturas máximas medidas no estado de Pernambuco, por exemplo, subiram 3ºC. Modelos climáticos apontam que, nesse ritmo, o número de dias ininterruptos de estiagem irá aumentar e envolver uma faixa que vai do norte do Nordeste do país até o Amapá, na região Amazônica.

Os dados foram apresentados pelo pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), durante a 62ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Natal, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A conclusão é que a região Nordeste do país é a mais vulnerável às mudanças climáticas.

Além da expansão da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste deverá sofrer também com as alterações nos oceanos, cujos níveis vêm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre não somente pelo derretimento das geleiras, mas também devido à expansão natural da água quando aquecida. Cidades que possuem relevos mais baixos, como Recife, sentirão mais o aumento do nível dos oceanos. E Nobre alerta que a capital pernambucana já está sofrendo as alterações no clima.

– Com o aumento do volume de chuva, Recife tem inundado com mais facilidade, pois não possui uma rede de drenagem pluvial adequada para um volume maior – disse.

Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento da região Nordeste seria a constante associação entre seca e pobreza. A pobreza, segundo o pesquisador, vem de atividades não apropriadas ao clima local e que vêm sendo praticadas ao longo dos anos na região. Plantações de milho e feijão e outras culturas praticadas no Nordeste não são bem-sucedidas por não serem adequadas à caatinga, segundo Nobre.

– A agricultura de subsistência é difícil hoje e ficará inviável em breve. Para que o sertanejo prospere, teremos que mudar sua atividade econômica – disse.

O cientista citou um estudo feito na Universidade Federal de Minas Gerais e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indicou que o desemprego no Nordeste tenderá a aumentar caso as atividades econômicas praticadas no interior continuem.

Nobre sugere a instalação de usinas de energia solar como alternativa.

– A Europa está investindo US$ 495 bilhões em produção de energia captada de raios solares a partir do deserto do Saara, no norte da África. O mercado de energia solar tem o Brasil como um de seus potenciais produtores devido à sua localização geográfica e clima, e o Nordeste é a região mais adequada a receber essas usinas – indicou.

– Ficar sem chuva durante longos períodos é motivo de comemoração para um produtor de energia solar – disse Nobre, que ressaltou a importância dessa fonte energética na mitigação do aquecimento, pois, além de não liberar carbono, ainda economiza custos de transmissão por ser produzida localmente.

O potencial do Nordeste para a geração de energia eólica também foi destacado pelo pesquisador do Inpe. Devido aos ventos alísios que sopram do oceano Atlântico, o Nordeste tem em seu litoral um constante fluxo de vento que poderia alimentar uma vasta rede de turbinas.

Além da economia, Nobre chamou a atenção para as atividades que visam a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, que seriam importantes também para o Nordeste.

– Os efeitos dessas mudanças são locais e cada lugar as sofre de um modo diferente – disse.

Um dos efeitos dessas alterações é o aumento dos eventos extremos como tempestades, furacões e tsunamis. Em Pernambuco, as chuvas de volume superior a 100 milímetros em um período de 24 horas aumentaram em quantidade nos últimos anos.

– Isso é terrível, pois as culturas agrícolas precisam de uma precipitação regular. Uma chuva intensa e rápida leva os nutrientes da terra, não alimenta os aquíferos e ainda provoca assoreamento dos rios, reduzindo ainda mais a capacidade de armazenamento dos açudes – disse.

Nobre propõe que os governos dos estados do Nordeste poderiam empregar ex-agricultores sertanejos em projetos de reflorestamento da caatinga com espécies nativas. A reconstrução dessa vegetação e das matas ciliares ajudaria a proteger o ecossistema das alterações climáticas e ainda contribuiria para mitigá-las.

A implantação de uma indústria de fruticultura para exportação é outra sugestão de Nobre para preparar o Nordeste para as mudanças no clima e que poderia fortalecer a sua economia.

– A relação seca-pobreza é um ciclo vicioso de escravidão e que precisa ser rompido. Isso se manterá enquanto nossas crianças não souberem ler, não aprenderem inglês ou não conseguirem programar um celular, por exemplo – disse.

Por isso, o cientista defendeu também o acesso à educação de qualidade a toda a população, uma vez que a porção mais afetada é aquela que menos tem acesso a recursos financeiros e educacionais.

Fonte: O Globo, 29 jul 2010

Aumento da temperatura no sertão nordestino ultrapassa média global

Segundo o especialista Paulo Nobre, do Inpe, algumas regiões do semiárido nordestino, como a cidade de Vitória de Santo Antão, apresentaram aumento de temperatura de 3ºC nos últimos 40 anos, enquanto a média global apontou um crescimento de 0,4ºC na temperatura do planeta

A sensação compartilhada pelos sertanejos nordestinos de que o clima da região onde vivem está se tornando mais quente e seco nos últimos anos e que as chuvas estão cada vez mais raras e fortes já tem comprovação científica. Segundo o metereologista Paulo Nobre, do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, as temperaturas máximas registradas no semiárido do Nordeste estão, de fato, ficando mais altas a cada ano.

Estudos do Instituto, baseados em séries históricas de dados meteorológicos, mostram, inclusive, que algumas regiões do sertão nordestino, como a cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão, já apresentam aumento de 3ºC na temperatura máxima diária, se comparado há 40 anos. O crescimento é preocupante e bastante superior à média global de aumento da temperatura, que registrou “apenas” 0,4ºC a mais nas últimas quatro décadas.

Com isso, a disponibilidade de água no solo nordestino é cada vez menor, o que compromete a agricultura de sequeiro na região, que depende da chuva para o cultivo de culturas de subsistência, como feijão e milho. A solução, na opinião de Nobre, é investir em novas atividades econômicas na região, que apresentem menor dependência da água: como as dos setores de tecnologia e energias renováveis.

Ainda de acordo com o especialista, o fenômeno não é exclusividade do semiárido do Nordeste. Em outras regiões do país, como São Paulo e Amazônia, a temperatura também vem aumentando rapidamente. No entanto, ainda não é possível sentir o calor com tanta facilidade porque são regiões onde há maior incidência de chuvas.

Diante dos novos dados, Nobre defende uma maior capacitação nos estudos de metereologia regional no Brasil, para que os governantes de cada região saibam exatamente o que está acontecendo no clima e o que pode ser feito para evitar a intensificação das mudanças climáticas.

Fonte: Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky
Planeta Sustentável – 25/06/2010