[Texto de Sabine Righetti, publicado na Folha SP, 21 nov 2010]
A bióloga paulistana Silvana Santos foi para o Nordeste há cerca de uma década por causa da sua vizinha. Ela quis entender a origem da misteriosa doença da moradora da casa ao lado.
Como relatava a própria mulher, a moléstia era comum na sua cidade natal, Serrinha dos Pintos, no sertão do Rio Grande do Norte. Santos descobriu no Nordeste mais 70 casos de uma doença até então desconhecida, a sÃndrome Spoan, que paralisa os membros inferiores e afeta a visão. Era o mesmo mal de sua vizinha.
Depois de descrever a Spoan pela primeira vez em artigo cientÃfico de 2005, a bióloga encontrou outros problemas genéticos no sertão, causados por um mesmo motivo: o casamento consanguÃneo entre primos.
Em Serrinha dos Pintos, 32% dos casamentos envolvem primos de primeiro e segundo grau. Todos os afetados pela sÃndrome são descendentes de um ancestral comum, que chegou à região há mais de século.
“As famÃlias conhecem a sua árvore genealógica, mas a maioria não aceita que as doenças genéticas são causadas pelos casamentos com pessoas do mesmo sangue”, afirma a pesquisadora.
Hoje, Santos é professora da UEPB (Universidade Estadual da ParaÃba), instituição à qual se vinculou de tanto estudar a região. Continue lendo