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Cérebro fica mais ativo em interações com pessoas do mesmo status social

[BBC Brasil, 3 mai 11] Nosso cérebro tende a ficar mais ativo quando nos relacionamos com pessoas que julgamos pertencer a um nível socioeconômico semelhante ao nosso, dizem especialistas do Instituto Nacional de Saúde Mental, nos Estados Unidos.

Os especialistas dizem que este comportamento é determinado pela percepção que as pessoas têm das outras à sua volta. Seu trabalho foi publicado na revista científica Current Biology.

Estudos anteriores já haviam constatado que macacos se comportam desta forma, mudando seu comportamento em interações com outros macacos de acordo com sua percepção da posição do outro animal no grupo.

Estudo

Como parte do experimento, 23 pessoas com diferentes níveis sociais receberam informações sobre outros indivíduos também com status sociais variados.

A equipe usou exames de ressonância magnética para medir a atividade na região do cérebro conhecida como striatum ventral, associada à sensação de prazer.

Os cérebros dos participantes que achavam ser de status social e econômico mais alto apresentaram maior atividade em relação a outros indivíduos tidos como do mesmo nível. Cérebros de voluntários com status mais baixo ficaram mais ativos em resposta a indivíduos percebidos como de status semelhante. Continue lendo

Cérebro é menos hierarquizado do que se imaginava, sugere estudo

A organização no cérebro segue uma estrutura mais parecida com a internet (dispersa) que com o exército (hierarquizada)

O cérebro parece estar organizado mais como a internet (vasta rede interconectada com poucos centros com maior poder de processamento) do que como uma organização militar (rede altamente hierarquizada, com ordens vindo de cima para baixo e respostas de baixo para cima).

Uma nova técnica que rastreia sinais ao longo de regiões cerebrais diminutas revelou conexões entre áreas ligadas a estresse, depressão e apetite. O método, descrito na última edição da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” poderia levar ao mapeamento de todo o sistema nervoso.

O procedimento foi testado no cérebro de ratos. Larry Swanson e Richard Thompson da Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles, isolaram uma pequena seção do núcleo accumbens – região associada a prazer e recompensa.

A técnica envolve a injeção de marcadores em locais precisos do tecido cerebral. Os marcadores são moléculas que não interferem na comunicação entre neurônios, mas podem ser iluminados e identificados usando um microscópio.

A novidade foi o uso concomitante de dois marcadores. Um mostra para onde os sinais estão indo; o outro, de onde estão vindo.

Se o cérebro tivesse uma organização hierárquica, como no exército, o diagrama de conexão mostraria linhas retas de regiões diferentes seguindo para uma unidade central, o “general”.

Em vez disso, os pesquisadores observaram vários circuitos em diferentes regiões, alguns retroalimentando-se, ligando áreas que antes não se sabia conectadas. Esse tipo de organização assemelha-se mais à internet.

“Você ficaria abismado de quanto do pensamento corrente em neurociência experimental é dominado pela visão do ‘general’, que remonta ao século 19”, afirmou Swanson à BBC News.

Segundo Swanson, praticamente todo o sistema de conexões do cérebro poderia ser mapeado.

“A analogia direta é com o Projeto Genoma Humano (…) conhecer a sequência completa do DNA humano é uma pedra fundamental para a biologia, não importa quanto tempo leve para que desemboque em aplicações práticas.”

Fonte: Folha SP, 10 ago 2010

Internet remodela o cérebro e prejudica poder de concentração dos jovens, diz novo e polêmico estudo

O Globo, 11 fev 10

Os jovens estão perdendo a capacidade de concentração por causa da internet, diz um novo e polêmico estudo da University College de Londres. Segundo os pesquisadores, a revolução digital estaria remodelando o funcionamento do cérebro de crianças e adolescentes, tornando-as mais hábeis para executar tarefas múltiplas, mas prejudicando o poder de concentração. A descoberta corrobora a ideia de que a internet e os aparelhinhos eletrônicos não estão apenas mudando o comportamento das pessoas, mas também a maneira como elas pensam.

O pesquisador David Nicholas, da Universidade College London, avaliou a capacidade de 100 voluntários e pediu para que respondessem a uma série de questões a partir da navegação na internet. Os primeiros resultados mostraram que aqueles entre 12 e 18 anos gastam menos tempo na busca pela informação antes de darem a resposta do que os voluntários mais velhos. Este grupo de 12 a 18 anos, em média, respondeu a uma pergunta depois de olhar metade do número de sites e gastar 1/6 do tempo olhando a informação quando comparado ao grupo mais velho.

Os adolescentes que cresceram no mundo da web se destacaram na realização de tarefas múltiplas. Os voluntários mais jovens – nascidos depois de 1993 – também consultaram mais as respostas dos amigos ao invés de buscarem suas próprias informações e deram respostas mais incompletas. Os mais novos também usaram a internet de uma maneira diferente dos mais velhos: navegaram por um maior número de sites e raramente voltavam para uma mesma página duas vezes.

– A maior surpresa foi que os jovens pareciam estar saltando na web. Eles entravam em sites, olhavam uma ou duas páginas, e continuavam em frente. Ninguém pareceu se dedicar um tempo maior a qualquer assunto – diz Dave Nicholas.

Esse novo modo de pensar estaria associado uma capacidade menor de lidar com disciplinas lineares, como leitura e escrita, porque as mentes dos jovens estariam remodeladas para pensar de uma maneira diferente.

– Está claro que, para o bem ou para o mal, essa nova geração está sendo remodelada pela web – garante o psicólogo Aleks Krotoski, ligado ao estudo.

O cientista político David Runciman, da Universidade de Cambridge, conta a sua experiência em sala de aula:

– Todos os alunos no primeiro dia de aula perguntam: ‘o que teremos que ler?’ Quando digo que será um livro, todos reclamam, como se não fizessem isso há dez anos. Para logo depois perguntarem: ‘De quantas páginas?’.