O Estado as ignora na falta de postos de saúde, de médicos, de vagas nas escolas e de professores capacitados e bem remunerados; na falta de praças e quadras, na falta de propostas culturais, enfim, elas são ignoradas na falta de polÃticas públicas que as protejam.
O mercado não as ignora, pelo contrário, as explora.
Aproveita sua ingenuidade, sua não-resistência aos complexos mecanismos de manipulação marqueteira e sua incomparável capacidade de convencimento dos mais velhos.
O mercado as forma, conforma, transforma e deforma em ávidos consumidores, clientes acrÃticos e fiéis dos supérfluos, das marcas, das novidades de cada estação.
A famÃlia, na maioria das vezes, não lhes ignora nem explora.
A famÃlia simplesmente as abandona.
Não se ofenda e nem se engane. São pessoas corretas, pais e mães responsáveis, preocupados com o futuro, comprometidos a proporcionar-lhes educação, saúde e claro, um lazer de vez em quando.
Para a grande massa da população brasileira, proporcionar estes “privilégios†significa que ambos, pai e mãe, trabalhem fora em jornadas de trabalho que chegam a 14 horas por dia.
Com grande sentimento de culpa, é verdade, seus pequenos são deixados aos cuidados ininterruptos e corruptos das sofisticadas e multicoloridas telas das “babás eletrônicas†– entenda-se Tvs, DVDs, Videogames e computadores.