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Crise síria completa um ano com 8.000 mortos e muitas incertezas

Um ano após milhares de manifestantes terem saído às ruas da Síria pela primeira vez exigindo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, o futuro da revolta popular no país ainda é incerto.

[BBC Brasil, 15 mar 12] Com um saldo de mortos estimado em 8 mil e crescentes temores de que a guerra civil instale disputas entre grupos religiosos rivais, o confronto ainda divide as potências na ONU, onde Rússia e China têm vetado resoluções contra o regime.

Nesta quinta-feira, enquanto refugiados tentavam cruzar a fronteira com a Turquia, setores simpáticos a Assad fizeram protestos a favor do regime em Damasco e em outras cidades. A TV estatal mostrou imagens de milhares de pessoas com bandeiras e retratos do presidente.

Entre as principais organizações de direitos humanos mundiais, no entanto, o tom é de condenação e revolta pelo que consideram ser uma posição de inércia da comunidade internacional. Continue lendo

Para especialistas, falta de perspectiva motiva violência em Londres

Insatisfação com as severas medidas de austeridade implementadas pelo governo britânico e o alto nível de desemprego gerariam frustração principalmente entre os jovens britânicos, acreditam observadores.

[DW, 10 ago 11] A dimensão e a intensidade da recente onda de violência em Londres, Manchester, Birmingham, e a velocidade com que os tumultos se espalharam pela capital e arredores, chocou as autoridades e a população.

Comportamentos antissociais e ações criminosas entre jovens britânicos, no entanto, não são novidade. No ano passado, 19 jovens foram mortos em Londres em crimes relacionados a gangues. Um relatório do governo concluiu que os ataques e o vandalismo praticados por essas gangues são uma “influência maligna na vida de milhões”. Continue lendo

Metade das famílias no noroeste do Quênia come uma vez por dia

Mulheres e crianças da região de Turkana, no noroeste do Quênia, aguardam pela distribuição de comida- Simon Maina/France Presse

[Folha SP 8 ago 11] Cerca de metade das famílias vivendo na região de Turkana, no noroeste do Quênia, não consegue se alimentar mais de uma vez ao dia, segundo relatos do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), por causa da grave seca que assola a região do Chifre da África.

A situação dos quenianos na região fronteiriça com Uganda, Sudão do Sul e Etiópia fica pior devido à ameaça de ladrões sudaneses e etíopes que criam obstáculos à distribuição da ajuda alimentar, de acordo com a Cruz Vermelha local. Continue lendo

O que causou a crise de pedofilia na Igreja?

[IHU, 3 jun 11] Kathleen McChesney, que atuou de 2002 a 2005 como a primeira diretora-executiva do recém-criado Escritório para a Proteção da Criança e da Juventude da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, analisa aqui as principais conclusões do relatório do John Jay College sobre o abuso sexual por parte do clero. O artigo foi publicado na revista dos jesuítas dos EUA, America, 06-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Eis o texto:

O tão esperado relatório As causas e o contexto do abuso sexual de menores por padres católicos nos Estados Unidos, 1950-2010 oferece respostas bem pesquisadas às perguntas-chave sobre a crise dos abusos. O John Jay College de Justiça Criminal passou quase cinco anos realizando esse estudo inédito, que foi encomendado pela Conferência dos Bispos dos EUA a um custo de 1,8 milhões de dólares.

O relatório não identifica uma causa específica definitiva para os abusos – não há nenhuma “prova cabal” para a vitimização dos milhares de meninos e meninas pelo clero católico durante as últimas seis décadas. Houve, ao contrário, uma confluência de fatores organizacionais, psicológicos e situacionais que “contribuíram para a vulnerabilidade dos padres” durante esse período, que levou a que 4% a 6% deles cometessem atos de abusos. Por que os outros 94% a 96% dos padres, sujeitos às mesmas vulnerabilidades, não ofenderam os menores não está claro e pode estar além dos limites da pesquisa psicológica e social. Fatores não são desculpas, no entanto, e a excessiva dependência a influências externas pode levar à complacência na prevenção dos abusos. Continue lendo

Em crise, magistério atrai cada vez menos

[Texto de Alessandra Duarte e Carolina Benevides, O Globo, 20 nov 2010]

RIO – Com a professora de História doente, e sem que a escola conseguisse substituto, o jeito foi os alunos fazerem as vezes de professor: em julho de 2009, três alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Ernesto Faria deram aula dessa disciplina para colegas que estavam no 1º e no 2º ano. A falta de professores que atinge os ensinos fundamental e médio é um problema que começa nos bancos das universidades, onde os alunos não querem mais se formar como professor.

Um levantamento dos últimos censos escolares do Inep mostra que, de 2005 a 2008, caiu 12,4% o número de concluintes de cursos superiores de “formação de professores de matérias específicas” – o item, no censo escolar, que abriga licenciaturas como as de Português, Matemática, Química e Física. Se eram 77.749 em 2005, foram para 68.128 em 2008 – ano que viu 817 alunos concluírem cursos de “formação de professores em Português”, enquanto o de Direito formou 85 mil, e cursos de Administração, 103 mil.

O dado vai ao encontro de números da Fundação Carlos Chagas que dão conta de que, em média, 70% dos alunos que entram em cursos de licenciatura desistem antes de completá-lo. Continue lendo

O colapso dos seminários [católicos]

Vivemos um momento fascinante da história eclesial. Para aqueles que acompanham os comentários nas publicações mais intelectualmente atentas ao redor do mundo, o colapso agora é quase palpável, apesar de acontecimentos como a canonizações em Roma há poucas semanas.

O Vaticano II tem sido visto por muitos como uma oportunidade para a Igreja se renovar e manter sua relevância no mundo moderno. Tom McMahon, como muitos de nós, ficou muito animado com o horizonte que o Concílio entreabriu. Hoje, a iniciativa se perdeu, e a instituição parece estar desmoronando em um museu e em uma reminiscência, largamente irrelevante para as necessidades da grande maioria que ela uma vez batizou em nome de Jesus.

McMahon continua sua exploração do colapso. Hoje, ele chama a atenção para o sistema de seminários, que está no núcleo do poder da instituição desde o Concílio de Trento.

Tom McMahon é ex-padre e agora casado, vive em San Jose, nos EUA, e continua contribuindo com a discussão católica em diversos âmbitos. O artigo foi publicado no sítio Catholica, 26-10-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto. Continue lendo

Por que persiste a Igreja-poder? ~ Leonardo Boff

Vou abordar um tema incômodo, mas incontornável: como pode a instituição-Igreja, como a descrevi num artigo anterior, com características autoritárias, absolutistas e excludentes se perpetuar na história? A ideologia dominante responde: “só porque é divina”. Na verdade, este exercício de poder não tem nada de divino. Era o que Jesus exatamente não queria. Ele queria a hierodulia (sagrado serviço) e não a hierarquia (sagrado poder). Mas esta se impôs através dos tempos.

Instituições autoritárias possuem uma mesma lógica de autoreprodução. Não é diferente com a Igreja-instituição. Em primeiro lugar, ela se julga a única verdadeira e tira o título de “igreja” a todas as demais. Em seguida cria-se um rigoroso enquadramento: um pensamento único, uma única dogmática, um único catecismo, um único direito canônico, uma única forma de liturgia. Não se tolera a crítica nem a criatividade, vistas como negação ou denunciadas como criadoras de uma Igreja paralela ou de um outro magistério.

Em segundo lugar, se usa a violência simbólica do controle, da repressão e da punição, não raro à custa dos direitos humanos. Facilmente o questionador é marginalizado, nega-se-lhe o direito de pregar, de escrever e de atuar na comunidade. O então Card. Joseph Ratzinger, Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, em seu mandato, puniu mais de cem teólogos. Nesta mesma lógica, pecados e crimes dos sacerdotes pedófilos ou outros delitos, como os financeiros, são mantidos ocultos para não prejudicar o bom nome da Igreja, sem o menor sentido de justiça para com as vítimas inocentes.

Em terceiro lugar, mitificam-se e quase idolatram-se as autoridades eclesiásticas principalmente o Papa que é o “doce Cristo na Terra”. Penso eu lá com meus botões: que doce Cristo representava o Papa Sérgio (904), assassino de seus dois predecessores ou o Papa João XII (955), eleito com a idade de 20 anos, adúltero e morto pelo marido traído ou, pior, o Papa Bento IX (1033), eleito com 15 anos de idade, um dos mais criminosos e indignos da história do papado, chegando a vender a dignidade papal por 1000 liras de prata?

Em quarto lugar, canonizam-se figuras cujas virtudes se enquadram no sistema, como a obediência cega, a contínua exaltação das autoridades e o “sentir com a Igreja (hierarquia)”, bem no estilo fascista segundo o qual “o chefe (o ducce, o Führer) sempre tem razão”.

Em quinto lugar, há pessoas e cristãos com natureza autoritária, que acima de tudo apreciam a ordem, a lei e o princípio de autoridade em detrimento da lógica complexa da vida que tem surpresas e exige tolerância e adaptações. Estes secundam esse tipo de Igreja bem como regimes políticos autoritários e ditatoriais. Aliás, há uma estreita afinidade entre os regimes ditatoriais e a Igreja-poder como se viu com os ditadores Franco, Salazar, Mussolini, Pinochet e outros. Padres conservadores são facilmente feitos bispos e bispos fidelíssimos a Roma são promovidos, fomentando a subserviência. Esse bloco histórico-social-religioso se cristalizou e garantiu a continuidade a este tipo de Igreja.

Em sexto lugar, a Igreja-poder sabe do valor dos ritos e símbolos pois reforçam identidades conservadoras, pouco zelando por seus conteúdos, contanto que sejam mantidos inalteráveis e estritamente observados.

Em razão desta rigidez dogmática e canônica, a Igreja-instituição não é vivida como lar espiritual. Muitos emigram. Dizem sim ao cristianismo e não à Igreja-poder com a qual não se identificam. Dão-se conta das distorções feitas à herança de Jesus que pregou a liberdade e exaltou o amor incondicional.

Não obstante estas patologias, possuímos figuras como o Papa João XXIII, Dom Helder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Luiz Flávio Cappio e outros que não reproduzem o estilo autoritário, nem apresentam-se como autoridades eclesiásticas mas como pastores no meio do Povo de Deus. Apesar destas contradições, há um mérito que importa reconhecer: esse tipo autoritário de Igreja nunca deixou de nos legar os evangelhos, mesmo negando-os na prática, e assim permitindo-nos o acesso à mensagem revolucionária do Nazareno. Ela prega a libertação mas geralmente são outros que libertam.

Leonardo Boff é teólogo e professor emérito de ética da UERJ.

Pastor de aeropuerto: entre el cielo y la tierra

Gudrun Bauer recuerda perfectamente aquel día terrible, hace un año. Esta mujer de 66 años esperaba a su hermano mayor en la sala de llegadas. Ella lo había llamado por teléfono a Múnich la noche anterior para pedirle que viniera a Düsseldorf lo más pronto posible.

Gudrun estaba enferma y necesitaba su apoyo, le dijo. Pero el verdadero motivo de la llamada era en realidad más triste: su hermano tenía una hija única – su sobrina – que residía en este Estado de Renania del Norte Westfalia y acababa de fallecer en un accidente automovilístico.

“Estaba desconsolada”

Bauer estaba en schock, absolutamente perpleja, desconsolada.  ¿Cómo decirle a su hermano que su hija adorada, la que él habría preferido tener siempre cerca en Múnich, estaba ahora muerta? No se atrevía.

Por suerte, Gudrun Bauer recordó un reportaje televisivo sobre el pastor del aeropuerto. Así que lo buscó y le pidió ayuda. Detlef Toonen, párroco evangélico del aeropuerto de Düsseldorf, supo enseguida qué hacer.

Toonen recibió al anciano y le transmitió la dramática noticia. Cuando el hermano de Gudrun se deshizo en lágrimas, el religioso halló las palabras adecuadas para consolarlo en su dolor. Estos casos son parte del trabajo diario de Detlef Toonen, presente desde 2006 en las terminales de Düsseldorf, para confortar a pasajeros y sus familiares en momentos duros.

Muerte a bordo

Unos 50.000 a 60.000 pasajeros pasan diariamente por el aeropuerto de Düsseldorf. La misión del pastor consiste en cuidar de ellos, acompañarlos, escucharlos, hablarles: “por supuesto existen situaciones de emergencia. Las más frecuentes involucran personas que fallecen a bordo o en sus vacaciones, en un lugar lejano, en vez de aterrizar aquí con vida como alguien espera”.

El pastor debe informar a los miembros de la familia, al tiempo que se ofrece para brindarles el primer consuelo. Toonen se ocupa también de inmigrantes que serán desplazados de Alemania. Los acompaña en sus últimas horas en el aeropuerto, antes de que se los obligue a regresar a su país de origen y, con ello, las más de las veces, a la incertidumbre.

“Con una mano delante y otra detrás”

Toonen, de 54 años, realiza también una labor social que, a primera vista, no pertenecen a su misión religiosa en el aeropuerto. El pastor recibe, por ejemplo, a alemanes que regresan a su país sin recursos luego de largas estancias en el extranjero. Con frecuencia estos pasajeros se regresan desde EE.UU., Tailandia, el Caribe, las Islas Canarias, Baleares y recientemente también desde el Cercano Oriente, apenas “con una mano delante y la otra detrás”.

Hace poco tuvo uno de estros casos: “un alemán que había vivido como dos años ilegal en EE.UU. Había ingresado como turista y se le había vencido la visa. Las autoridades americanas lo encerraron en prisión y luego lo deportaron a Alemania”. Tonnen se encargó de recibirlo y acompañarlo en el camino a su antiguo lugar de residencia.

Experiencias positivas

Antes de asumir esta responsabilidad Detlef Toonen fue pastor durante 12 años en una comunidad de Oberhausen, en la Cuenca del Ruhr, que pertenece también al Estado de Renania del Norte Westfalia. Además, daba clases en escuelas de oficios. Aceptó con entusiasmo la oferta de convertirse en pastor de aeropuerto.

Su trabajo es diverso, dice Toonen, y en él vive también muchas experiencias positivas. En un sitio conmemorativo especial del tercer piso el párroco oficia misas al inicio de las vacaciones de verano. Si se lo solicitan, bendice también a los viajeros antes de echar a volar.

Justo hace unos días bendijo a una familia que viajó a donde unos amigos en África, por medio año: “madre, padre, dos niños, ojos brillantes y grandes expectativas. Me preguntaron si podía estar presente cuando despegaran”. El pastor se retiró con la familia a un espacio de meditación e hizo sólo para ellos una pequeña ceremonia de despedida.

“En contacto con Dios y con el Mundo”

El día de trabajo de Detlef Toonen dura oficialmente 8 horas, pero muchas veces su jornada acaba más bien tarde en la noche, pues las situaciones de emergencia no se pueden planear. El pastor está a disposición de los pasajeros y de los 18.000 trabajadores del aeropuerto.

Cuando tiene tiempo, Toonen recorre las terminales y le habla a los pasajeros. La Iglesia no sólo está presente en situaciones de emergencia, dice el pastor. “Siempre digo: ‘Yo estoy ahí, en contacto con Dios y con El Mundo. Soy parte del personal de Dios en la Tierra’”.

Por eso, para Toonen, su misión en el aeropuerto consiste en establecer contacto con las personas, preguntarles sobre lo que tienen más cerca del corazón y desearles unas lindas vacaciones.

Autora: Nadja Baeva / RML

Editor: José Ospina Valencia

Fonte: DW, 20 jul 2010

Onde está a verdadeira crise da Igreja ~ Leonardo Boff

A crise da pedofilia na Igreja romano-católica não é nada em comparação à verdadeira crise, essa sim, estrutural, crise que concerne à sua institucionalidade histórico-social. Não me refiro à Igreja como comunidade de fiéis. Esta continua viva apesar da crise, se organizando de forma comunitária e não piramidal como a Igreja da Tradição. A questão é: que tipo de instituição representa esta comunidade de fé? Como se organiza? Atualmente, ela comparece como defasada da cultura contemporânea e em forte contradição com o sonho de Jesus, percebida pelas comunidades que se acostumaram a ler os envangelhos em grupos e então a fazer a suas analises.

Dito de forma breve mas não caricata: a instituição-Igreja se sustenta sobre duas formas de poder: um secular, organizativo, jurídico e hierárquico, herdado do Império Romano e outro espiritual, assentado sobre a teologia política de Santo Agostinho acerca da Cidade de Deus que ele identifica com a instituição-Igreja. Em sua montagem concreta não é tanto o Evangelho ou a fé cristã que contam, mas estes poderes, considerados como um único “poder sagrado” (potestas sacra) também na forma de sua plenitude (plenitudo potestatis) no estilo imperial romano da monarquia absolutista. César detinha todo o poder: político, militar, jurídico e religioso. O Papa, semelhantemente detém igual poder: “ordinário, supremo, pleno, imediato e universal” (canon 331), atributos só cabíveis a Deus. O Papa institucionalmente é um César batizado.

Esse poder que estrutura a instituição-Igreja foi se constituindo a partir do ano 325 com Imperador Constantino e oficialmente instaurado em 392 quando Teodósio, o Grande (+395) impôs o cristianismo como a única religião de Estado. A instituição-Igreja assumiu esse poder com todos os títulos, honrarias e hábitos palacianos que perduram até os dias de hoje no estilo de vida dos bispos, cardeais e papas.

Esse poder ganhou, com o tempo, formas cada vez mais totalitárias e até tirânicas, especialmente a partir do Papa Gregório VII que em 1075 se autoproclamou senhor absoluto da Igreja e do mundo. Radicalizando, Inocêncio III (+1216) se apresentou não apenas como sucessor de Pedro mas como representante de Cristo. Seu sucessor, Inocêncio IV(+1254), deu o último passo e se anunciou como representante de Deus e por isso senhor universal da Terra que podia distribuir porções dela a quem quisesse, como depois foi feito aos reis de Espanha e Portugal no século XVI. Só faltava proclamar Papa infalível, o que ocorreu sob Pio IX em 1870. O circulo se fechou.

Ora, este tipo de instituição encontra-se hoje num profundo processo de erosão. Depois de mais de 40 anos de continuado estudo e meditação sobre a Igreja (meu campo de especialização) suspeito que chegou o momento crucial para ela: ou corajosamente muda e assim encontra seu lugar no mundo moderno e metaboliza o processo acelerado de globalização e ai terá muito a dizer, ou se condena a ser uma seita ocidental, cada vez mais irrelevante e esvaziada de fiéis. O projeto atual de Bento XVI de “reconquista” da visibilidade da Igreja contra o mundo secular é fadado ao fracasso se não proceder a uma mudança institucional. As pessoas de hoje não aceitam mais uma Igreja autoritária e triste como se fosse ao próprio enterro. Mas estão abertas à saga de Jesus, ao seu sonho e aos valores evangélicos.

Esse crescendo na vontade de poder, imaginado ilusoriamente vindo diretamente de Cristo, impede qualquer reforma da instituição-Igreja, pois tudo nela seria divino e intocável. Realiza-se plenamente a lógica do poder, descrita por Hobbes em seu Leviatã: “o poder quer sempre mais poder, porque não se pode garantir o poder senão buscando mais e mais poder”. Uma instituição-Igreja que busca assim um poder absoluto fecha as portas ao amor e se distancia dos sem-poder, dos pobres. A instituição perde o rosto humano e se faz insensível aos problemas existenciais, como da família e da sexualidade.

O Concílio Vaticano II (1965) procurou curar este desvio pelos conceitos de Povo de Deus, de comunhão e de governo colegial. Mas o intento foi abortado por João Paulo II e Bento XVI que voltaram a insistir no centralismo romano, agravando a crise.

O que um dia foi construído pode ser num outro, desconstruído. A fé cristã possui força intrínseca de nesta fase planetária encontrar uma forma institucional mais adequada ao sonho de seu Fundador e mais consentânea ao nosso tempo.

Fonte: Adital, 12 jul 2010

Los alemanes desconfían de la Iglesia Católica

Después de los numerosos escándalos de abusos sexuales en el seno de la Iglesia Católica alemana, ésta ha perdido credibilidad ante la población, según una encuesta que arroja datos alarmantes.

Ni siquiera una tercera parte de los alemanes considera a la Iglesia una institución honesta, según una encuesta realizada por el instituto de Demoscopia Omni Quest, realizada entre un millar de personas y publicada por el diario Kölner Stadt-Anzeiger.

“Las cifras son alarmantes y no sólo son reflejo de la actual situación sino también son el resultado de una pérdida de credibilidad de largo plazo”, afirma Christian Weisner, co-iniciador del movimiento Somos Iglesia. Llama la atención a observadores que menos de la mitad de la población considerada católica, cree que su Iglesia es honesta y cercana a la gente.

“La Iglesia ignora a la gente en sus problemas cotidianos, pide por ejemplo, oraciones para las familias, pero se olvida de mencionar a aquellos que son padres o madres solteras o incluso a los solteros mismos”, afirma Weisner. Un 73,3 por ciento de los encuestados considera que la vida de los sacerdotes en celibato y los abusos sexuales a jóvenes están relacionados.

Tras los recientes escándalos de abusos sexuales por parte de sacerdotes católicos, el Partido Demócrata Liberal (FDP) exhortó a la Iglesia Católica a crear un fondo para compensar económicamente a las víctimas. (dapd, kna)

Edición: Eva Usi

DW Español, 27 fev 2010

Uma nova igualdade depois da crise

Stock Market Diagram

Por Eric Hobsbawm -  24 Fev 2010

O “Século Breve”, o 20, foi um período marcado por um conflito religioso entre ideologias laicas. Por razões mais históricas do que lógicas, ele foi dominado pela contraposição de dois modelos econômicos – e apenas dois modelos exclusivos entre si – o “Socialismo”, identificado com economias de planejamento central de tipo soviético, e o “Capitalismo”, que cobria todo o resto.

Essa contraposição aparentemente fundamental entre um sistema que ambiciona tirar do meio do caminho as empresas privadas interessadas nos lucros (o mercado, por exemplo) e um que pretendia libertar o mercado de toda restrição oficial ou de outro tipo nunca foi realista. Todas as economias modernas devem combinar público e privado de vários modos e em vários graus, e de fato fazem isso. Ambas as tentativas de viver à altura da lógica totalmente binária dessas definições de “capitalismo” e “socialismo” faliram. As economias de tipo soviético e as organizações e gestões estatais sobreviveram aos anos 80. O “fundamentalismo de mercado” anglo-americano quebrou em 2008, no momento do seu apogeu. O Século 21 deverá reconsiderar, portanto, os seus próprios problemas em termos muito mais realistas.

Como tudo isso influi sobre países que no passado eram devotados ao modelo “socialista”? Sob o socialismo, haviam reencontrado a impossibilidade de reformar os seus sistemas administrativos de planejamento estatal, mesmo que os seus técnicos e os seus economistas estivessem plenamente conscientes das suas principais carências. Os sistemas – não competitivos em nível internacional – foram capazes de sobreviver até que pudessem continuar completamente isolados do resto da economia mundial.

Esse isolamento, porém, não pôde ser mantido no tempo, e, quando o socialismo foi abandonado – seja em seguida à queda dos regimes políticos como na Europa, seja pelo próprio regime, como na China ou no Vietnã – estes, sem nenhum pré-aviso, se encontraram imersos naquela que para muitos pareceu ser a única alternativa disponível: o capitalismo globalizado, na sua forma então predominante de capitalismo de livre mercado.

As consequências diretas na Europa foram catastróficas. Os países da ex-União Soviética ainda não superaram as suas repercussões. A China, para sua sorte, escolheu um modelo capitalista diferente do neoliberalismo anglo-americano, preferindo o modelo muito mais dirigista das “economias tigres” ou de assalto da Ásia oriental, mas abriu caminho para o seu “gigantesco salto econômico para frente” com muito pouca preocupação e consideração pelas implicações sociais e humanas.

Esse período está quase às nossas costas, assim como o predomínio global do liberalismo econômico extremo de matriz anglo-americana, mesmo que não saibamos ainda quais mudanças a crise econômica mundial em curso implicará – a mais grave desde os anos 30 –, quando os impressionantes acontecimentos dos últimos dois anos conseguirão se superar. Uma coisa, porém, é desde já muito clara: está em curso uma alternância de enormes proporções das velhas economias do Atlântico Norte ao Sul do planeta e principalmente à Ásia oriental.

Nessas circunstâncias, os ex-Estados soviéticos (incluindo aqueles ainda governados por partidos comunistas) estão tendo que enfrentar problemas e perspectivas muito diferentes. Excluindo de partida as divergências de alinhamento político, direi apenas que a maior parte deles continua relativamente frágil. Na Europa, alguns estão assimilando o modelo social-capitalista da Europa ocidental, mesmo que tenham um lucro médio per capita consideravelmente inferior. Na União Europeia, também é provável prever o aparecimento de uma dupla economia. A Rússia, recuperada em certa medida da catástrofe dos anos 90, está quase reduzida a um país exportador, poderoso, mas vulnerável, de produtos primários e de energia e foi até agora incapaz de reconstruir uma base econômica mais bem balanceada.

As reações contra os excessos da era neoliberal levaram a um retorno, parcial, a formas de capitalismo estatal acompanhadas por uma espécie de regressão a alguns aspectos da herança soviética. Claramente, a simples “imitação do Ocidente” deixou de ser uma opção possível. Esse fenômeno ainda é mais evidente na China, que desenvolveu com considerável sucesso um capitalismo pós-comunista próprio, a tal ponto que, no futuro, pode também ocorrer que os historiadores possam ver nesse país o verdadeiro salvador da economia capitalista mundial na crise em que nos encontramos atualmente. Em síntese, não é mais possível acreditar em uma única forma global de capitalismo ou de pós-capitalismo.

Em todo caso, delinear a economia do amanhã é talvez a parte menos relevante das nossas preocupações futuras. A diferença crucial entre os sistemas econômicos não reside na sua estrutura, mas sim na suas prioridades sociais e morais, e estas deveriam, portanto, ser o argumento principal do nosso debate. Permitam-me, por isso, a esse ilustrar dois de seus aspectos de fundamental importância a esse propósito.

O primeiro é que o fim do Comunismo comportou o desaparecimento repentino de valores, hábitos e práticas sociais que haviam marcado a vida de gerações inteiras, não apenas as dos regimes comunistas em estrito senso, mas também as do passado pré-comunista que, sob esses regimes, havia em boa parte se protegido. Devemos reconhecer quanto foram profundos e graves o choque e a desgraça em termos humanos que foram verificados em consequência desse brusco e inesperado terremoto social. Inevitavelmente, serão necessárias diversas décadas antes que as sociedades pós-comunistas encontrem uma estabilidade no seu “modus vivendi” na nova era, e algumas consequências dessa desagregação social, da corrupção e da criminalidade institucionalizadas poderiam exigir ainda muito mais tempo para serem combatidas.

O segundo aspecto é que tanto a política ocidental do neoliberalismo, quanto políticas pós-comunistas que ela inspirou subordinaram propositalmente o bem-estar e a justiça social à tirania do PIB, o Produto Interno Bruto: o maior crescimento econômico possível, deliberadamente inigualitário. Assim fazendo, eles minaram – e nos ex-países comunistas até destruíram – os sistemas da assistência social, do bem-estar, dos valores e das finalidades dos serviços públicos. Tudo isso não constitui uma premissa da qual partir, seja para o “capitalismo europeu de rosto humano” das décadas pós-1945, seja para satisfatórios sistemas mistos pós-comunistas.

O objetivo de uma economia não é o ganho, mas sim o bem-estar de toda a população. O crescimento econômico não é um fim, mas um meio para dar vida a sociedades boas, humanas e justas. Não importa como chamamos os regimes que buscam essa finalidade. Importa unicamente como e com quais prioridades saberemos combinar as potencialidades do setor público e do setor privado nas nossas economias mistas. Essa é a prioridade política mais importante do Século 21.

Publicado originalmente no jornal La Repubblica. Tradução de Moisés Sbardelotto em Envolverde/ECO 21.

Christian institutional leaders who ditch church ~ Melissa Wiginton

Autumn forest

Melissa Wiginton

“I just don’t know what is going to happen to the church.”

I’d had this conversation dozens of times. It ends with everyone agreeing that the church might be completely different than it is now — not a bad thing. But this time, my interlocutor, an Episcopal priest, added something I’d never heard anyone say.

“You know what I’m afraid of?” She sounded light-hearted, but I knew a kernel of truth was about to pop. “I’m afraid I won’t like it and I won’t want to go.”

I thought to myself, I don’t like it now. I don’t want to go as it is.

“Really?” she said.

Did I say that out loud?

Many of my colleagues, friends and acquaintances are church people. They are involved with church-related institutions, doing work on behalf of congregations, ministry, theological education and the coming of the kingdom. Every once in a while I ask them to tell me honestly whether they go to church.

Many, of course, are active members of congregations, not only regular worshippers but teachers, elders, lay leaders, choir members, part of the engine that makes the place run. But some of us are not. Some of us are just phoning it in, putting in appearances, marking time until the church gets completely different.

For all the talk about differences in generations, I know lots of Boomers who are as discontent as the people under-35 are said to be. It seems especially poignant for those of us whose vocations lie in the dream of the church and whose work takes place outside of congregational ministry.

We spend our working lives talking and thinking about the church, its leadership and its myriad complexities. We critique and deconstruct, searching for ways to respond with the creativity and resources available to us. Maybe we are just worn out when Sunday comes. Maybe we feel we have done our part for ministry before the Lord’s Day, that we’ve given what we have to give to the institution and now just need to watch “Meet the Press” or read the paper at IHOP. Who needs to get up early and put on a suit to go see what we are devoted to changing?

What do you think? Do you know people who make a living by working for good leadership, good education and good structures for the church — and don’t go to church? What do you think that’s about? Let me turn the screws a little more: how many pastors do you think would ditch church if they weren’t the ones preaching, praying and leading?

Melissa Wiginton is Vice President for Ministry Programs and Planning at the Fund for Theological Education.

Posted on http://www.faithandleadership.duke.edu

February 22, 2010