Equilibradas sobre o fio da dÃvida pública, as economias ocidentais pulam de crise em crise. Cúpulas em que se decide a sorte de um paÃs são rotina para os polÃticos, que, há três anos, assumem um papel de pronto-socorro das finanças. Mas um outro caminho tem sido aberto, quem tem medo da desglobalização?
[Frédéric Lordon, Le Monde Diplomatique, 16 nov 11] No inÃcio, as coisas eram simples: havia a razão, que andava em cÃrculos, e a insanidade. Os racionais estabeleceram que a globalização era a realização da felicidade, e todos aqueles que não tivessem o bom gosto de acreditar nisso deviam ser trancafiados. Por duas décadas, essa “razão†impediu metodicamente qualquer debate, concordando em abrir-se apenas quando sobreveio o espetáculo da maior crise do capitalismo.
Os terrÃveis efeitos da mega-austeridade europeia se farão sentir realmente na França a partir do primeiro semestre de 2012. No cruzamento entre delÃrio financeiro, polÃtica econômica tutelada pelo mercado e deslocalizações que prosseguem durante a crise, a globalização promete mostrar-se em seus mais ofuscantes trajes: desemprego, precariedade, desigualdade, perda da soberania popular.
A liberalização financeira e o poder acionário, a construção da Europa com base na escolha deliberada de expor a polÃtica econômica à disciplina do mercado financeiro, a concorrência livre e leal são todas aquelas coisas intocáveis que devem ser ditas (contra o inferno das que não devem ser ditas) para poder continuar apertando a mão do ministro, ser convidado para falar na televisão, ser consultado pelos partidos (de esquerda e direita) – em uma palavra, ser amado pelas instituições. Continue lendo