Segundo o dicionário, hiato é uma fenda, um intervalo, uma lacuna. Uma espécie de espaço-tempo onde o que existe é o vazio, onde reina o caos. Sua principal caracterÃstica é a ausência, a falta de algo e não um conteúdo.
Para muitos, a vida parece estar presa a um hiato. Como um buraco-negro existencial, deslizamos entre dias rotineiros, casamentos falidos, agendas ocupadas, contas a pagar e fotografias sorridentes na coluna social. Todos os nossos dias sem sabor, vividos no hiato… Sem sentido.
Esta percepção incômoda zomba de nós com sua gargalhada insolente especialmente quando algo de ruim, de extraordinário, chega até nós. Basta um telefonema, um diagnóstico, e lá vamos nós. Como a barragem trincada de uma represa, nossos piores temores brotam do interior de nossas almas com uma força que desconhecÃamos. Os dias ficam cinzentos, as noites mais longas, o apetite se vai e o copo não se esvazia.
A vida no hiato é capaz de provar por “a + b†que os muros dos condomÃnios, com suas cercas elétricas e vigilância monitorada, não conseguem impedir a entrada do sofrimento em nossas casas. Planos de saúde não são capazes de barrar os vÃrus, bactérias e células cancerÃgenas. Religiosidade sincera, velas acesas, promessas, figas e pés-de-coelho não impedem que sejamos vÃtimas de seqüestros-relâmpago, assaltos à mão armada, arrastões, balas perdidas. Continue lendo