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Limpadores de latrinas marcham contra discriminação na Índia

Centenas de limpadores de latrinas na Índia estão se concentrando na capital do país, Nova Déli, para exigir que o governo se desculpe por séculos de discriminação contra a comunidade.

Eles começaram a marchar há um mês, cruzando o país para divulgar suas reivindicações e conscientizar o público sobre sua situação.

Retirar manualmente excrementos humanos de latrinas ou privadas que não possuem descarga automática é uma prática feita há séculos na Índia.

‘Os intocáveis’

Esse tipo de trabalho é feito em grande parte pelos Dalits, conhecidos anteriormente como “os intocáveis”, a casta mais inferior da sociedade segundo o hinduísmo, principal religião do país.

Por um salário médio de menos de US$ 4 por mês, esses trabalhadores vão de casa em casa, todas as manhãs, para coletar os excrementos dos moradores. Continue lendo

[ÁUDIO] Membros das etnias sinto e rom sofrem discriminação na Europa

Eles são discriminados e indesejados: em torno de 10 milhões de membros das etnias sinto e rom vivem na União Europeia. Eles têm licença para circular pelo continente, apesar disso enfrentam resistência da política.

Membros das etnias sinto e rom sofrem discriminação na Europa (3.03′)

Fonte: DW, 8 ago 2010

‘É impossível descrever a dor’, diz modelo sobre circuncisão feminina

waris dirieSomali Waris Dirie escreveu livro que inspirou filme em cartaz esta semana. Em todo o mundo, até 140 milhões de mulheres sofrem com mutilação.

As histórias são parecidas: sem aviso, as meninas são levadas pelas mães a um local ermo, onde encontram uma espécie de parteira que as espera com uma navalha. Sem qualquer anestesia ou assepsia, a mulher abre as pernas das garotas – muitas vezes, crianças de menos de dez anos – e corta a região genital, num procedimento que varia da retirada do clitóris ao corte dos grandes lábios e à infibulação (fechamento parcial do orifício genital).

Com Waris Dirie não foi diferente. “Desmaiei muitas vezes. É impossível descrever a dor que se sente”, disse em entrevista ao G1 a hoje modelo e ativista contra a mutilação genital feminina. Dirie nasceu num vilarejo da Somália e foi circuncisada aos cinco anos.

Após conseguir fugir de um casamento arranjado por seu pai aos 13 anos, ela foi parar em Londres, onde chamou a atenção de um fotógrafo. Dirie se tornou modelo internacional e uma ferrenha ativista contra a circuncisão feminina. Sua história, contada no livro “Flor do deserto”, virou filme com o mesmo nome – em cartaz em São Paulo.

“É uma vergonha que uma tortura bárbara, cruel e inútil continue a existir no século XXI”. Dirie diz que sempre sentiu que aquilo não estava certo e quando se tornou uma ‘supermodelo’ pode começar a luta contra a prática. Aos 45 anos, ela é fundadora de uma organização que leva seu nome e embaixadora da ONU contra a mutilação feminina.

Ela mora com a família em uma casa alugada na Etiópia e disse que está tentando convencer a cunhada a não circuncisar as filhas. “Estou confrontando a mutilação na minha própria família. Meu irmão tem seis meninas, todas menores de idade e que vivem no deserto. Minha cunhada quer mutilá-las. Por causa disso eu estou tentando trazer as meninas para um lugar seguro. Isso tira meu sono todas as noites.”

mapa mutilação genital feminina
mapa mutilição genital feminia

Ocorrências
Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que entre 100 e 140 milhões de meninas e mulheres vivem hoje sob consequências da mutilação – a maioria na África. A organização tem uma campanha contra a prática, que considera prejudicial à saúde da mulher e uma violação dos direitos humanos.

A mutilação ocorre em várias partes do mundo, mas tem registro mais frequente no leste, no oeste e no nordeste da África e em comunidades de imigrantes nos EUA e Europa. Em sete países africanos – entre eles Somália, Etiópia e Mali – a prevalência da mutilação é em 85% das mulheres.

Um estudo da ONG Humans Rights Watch de junho deste ano (clique para ler a pesquisa, em inglês) mostra que, no Curdistão iraquiano, 40,7% das meninas e mulheres de 11 a 24 anos passaram por mutilação.

Uma declaração da OMS de 2008 contra a prática diz que a mutilação “é uma manifestação de desigualdade de gênero, […] uma forma de controle social sobre a mulher” e que é geralmente apoiada tanto por homens quanto por mulheres. Segundo o texto, algumas comunidades entendem a circuncisão como artifício para reprimir o desejo sexual, garantir a fidelidade conjugal e manter as jovens “limpas” e “belas”.

“Não tem nada a ver com religião. Todas as meninas que são vítimas de FGM [mutilação genital feminina, na sigla em inglês] também são vítimas do casamento forçado. A maioria é vendida quando criança a homens mais velhos. Eles não pagariam por uma noiva que não é mutilada. É uma vergonha para nossas comunidades, para os países que permitem a prática. Os homens temem a sexualidade feminina, essa é a verdade”, explica Dirie.

E ela não é a única a falar abertamente sobre o assunto. A médica egípcia Nawal El Saadawi, também circuncidada, chegou a ser presa em seu Egito natal após falar do tema e fazer campanha contra a prática. Sua história foi contada no livro “A daughter of Isis” (‘Filha de Isis’), e em outros em que aborda a questão feminina nos países do Oriente Médio.

Danos à saúde
A OMS divide a prática em quatro tipos: o tipo 1 é a remoção total ou parcial do clitóris; o tipo 2 é a retirada do clitóris e dos pequenos lábios; o terceiro tipo envolve o estreitamento do orifício vaginal pela criação de uma membrana selante, corte ou aposição dos pequenos lábios e/ou dos grandes lábios (a chamada infibulação); o tipo 4 é qualquer outra forma de intervenção por razão não médica. Os primeiros dois tipos correspondem a 90% das ocorrências de mutilação, segundo a OMS.

De acordo com a ginecologista da Escola Paulista de Medicina (Unifesp) Carolina Ambrogini, a circuncisão traz riscos imediatos, como hemorragia e infecção. “Não temos registros dessa prática no Brasil. A vagina é uma região muito vascularizada, e há perigo de sangramento intenso, infecção e até de morte. As consequências a longo prazo são um possível trauma psicológico e a perda do prazer na relação sexual.”

Os casos de infibulação também trazem riscos durante o parto: segundo um estudo da OMS, a mortalidade de bebês é 55% maior em mulheres que sofreram procedimentos para redução do orifício vaginal.

Polêmica nos EUA
No começo do mês de junho, a Academia Americana de Pediatria (AAP) dos EUA emitiu uma declaração indicando que talvez fosse melhor que os médicos fossem autorizados a realizar uma forma leve de circuncisão feminina nas clínicas americanas do que deixar as famílias enviarem as filhas para os países de origem que realizam o procedimento de maneira rudimentar e sem segurança. O texto gerou polêmica e muitas críticas de organizações de direitos humanos – a mutilação genital feminina é proibida por lei nos EUA – e foi retirado pela AAP.

Em entrevista ao G1 por e-mail, a presidente da AAP, Judith Palfrey, disse que a AAP “é contra todas as formas de mutilação e nunca recomendou a prática. Uma confusão foi gerada a partir de uma discussão acadêmica”. A relatora da declaração, Dena Davis, disse que médicos acreditam que algumas meninas estão sendo levadas a países africanos para a realização da prática, embora não haja dados sobre isso. “O objetivo do texto era educar os médicos para tentar orientar as famílias que pedem pelo procedimento.”

A última declaração da OMS contra a prática afirma que o trabalho junto às comunidades está tentando reverter o costume e tem obtido sucesso em algumas regiões, apesar da lenta taxa de redução.

“A prática continua porque o mundo não toma nenhuma atitude séria contra isso. nem a ONU nem nenhum outro país do mundo. Encontrei muitos políticos. E ouvi muito blábláblá. Mas não vejo nenhuma atitude séria para acabar com esse crime”, protesta Dirie.

Fonte: Portal G1, 3 jul 2010

Mulheres árabes pagam até R$ 4,6 mil para restaurar virgindade

Jovens mulheres de países ou de origem árabe estão pagando cerca de 2 mil euros (aproximadamente R$ 4,6 mil) por uma cirurgia realizada na França para restaurar a virgindade, um procedimento que, em alguns casos, pode salvar suas vidas.

A clínica que faz a cirurgia de restauração do hímen fica em Paris e é liderada pelo médico Marc Abecassis. De acordo com ele, são feitas entre duas ou três cirurgias por semana, que duram em média 30 minutos e requerem apenas anestesia local.

Abecassis afirma que a média de idade de suas pacientes é de 25 anos e que elas são de todas as classes sociais.

Apesar de a cirurgia já ser feita em muitas clínicas em todo o mundo, Abecassis é um dos poucos médicos árabes que fala abertamente sobre o procedimento. Ele afirma que algumas das mulheres que o procuram precisam do certificado de virgindade para conseguir se casar.

“Ela pode estar em perigo, pois, em alguns casos, é uma questão de tradições e família”, disse o médico. “Acredito que nós, como médicos, não temos direito de decidir por elas ou julgá-las.”

Para estas mulheres existe também uma opção sem cirurgia. Um site de uma fábrica chinesa vende hímens artificiais por 23 euros (cerca de R$ 54). O hímen chinês é feito de elástico, contém sangue artificial e é colocado dentro da vagina para a mulher simular virgindade, de acordo com a companhia.

Suicídio

Em partes da Ásia e no mundo árabe mulheres que mantiveram relações sexuais correm o risco de ficar isoladas em suas comunidades ou até mesmo mortas.

A pressão social é tão grande que algumas mulheres chegaram a cometer suicídio.

Um dos exemplos da pressão social enfrentada pela mulheres é o de Sonia, que estuda artes em uma universidade de Paris.

Apesar de ter nascido na França, a cultura e as tradições árabes estão no centro da vida de Sonia e a vigilância da família é severa. Mas ela perdeu a virgindade fora do casamento.

“Pensei em suicídio depois da minha primeira relação sexual, pois não conseguia ver nenhuma outra solução”, disse.

No entanto, a jovem foi a Paris, na clínica de Marc Abecassis, para fazer a cirurgia de restauração do hímen. E afirma que nunca vai revelar o segredo para ninguém, especialmente para seu futuro marido.

“Acho que é minha vida sexual e não tenho que falar para ninguém a respeito”, afirma e acrescenta que são os homens que a obrigam a fazer isso.

Nara (nome falso), de 40 anos, chegou a tentar o suicídio quando jovem. Ela teve um longo relacionamento com outro jovem, quando morava na zona rural do Líbano, um relacionamento que a família dela não aprovava, e perdeu a virgindade.

“Eu estava apavorada, com medo que eles me matassem”, disse.

Depois de sete anos de relacionamento, a família de seu namorado quis que ele se casasse com outra. Nara tentou o suicídio tomando remédios e produtos químicos.

Nara agora está com 40 anos e soube da cirurgia de restauração do hímen há seis anos. Ela se casou e teve dois filhos, mas passou a noite de núpcias chorando.

“Eu tive muito medo, mas ele não suspeitou”, afirmou. “Vou esconder até a morte, apenas Deus vai saber disso”, acrescentou.

Controle

Não são apenas as gerações mais antigas que mantêm o tabu a respeito do sexo antes do casamento.

Noor é um jovem profissional que trabalha em Damasco, na Síria, e pode ser considerado um representante dos jovens sírios em uma sociedade secular. Mas, apesar de afirmar que acredita na igualdade para mulheres, Noor ainda expressa conservadorismo quando fala da escolha de uma esposa.

“Conheço garotas que passaram pela restauração que foram descobertas pelos maridos na noite do casamento”, disse. “Eles perceberam que elas não eram virgens. Mesmo se a sociedade aceita este tipo de coisa, eu ainda me recusaria a casar com ela.”

Clérigos muçulmanos afirmam que a questão da virgindade não está relacionada à religião.

“Devemos lembrar que, quando as pessoas esperam que o sangue da virgem seja derramado no lençol, é uma questão de tradições culturais. Não está relacionada à lei da Shariah”, fairmou o clérigo sírio Sheikh Mohama Habash.

Comunidades cristãs no Oriente Médio também são, com frequência, tão firmes quanto as comunidades muçulmanas em relação à exigência de virgindade da mulher antes do casamento.

Para a escritora e comentarista social árabe Sana Al Khayat, a questão está relacionada ao “controle”.

“Se ela é virgem, ela não tem como comparar (o marido com outros homens). Se ela esteve com outros homens, então ela tem experiência. Ter experiência torna as mulheres mais fortes”, afirmou.

Fonte: BBC, 27 abr 2010

Relatório mostra que 70% dos pobres do planeta são mulheres

Por Karol Assunção – 12 mar 2010

A Anistia Internacional do Uruguai aproveita o mês dedicado às lutas das mulheres de todo o mundo para apresentar, nesta quinta-feira (11) na Biblioteca Nacional, em Montevideu, o relatório “A armadilha do gênero – Mulheres, violência e pobreza”. Na oportunidade, foram discutidas as atividades realizadas nos seis anos da campanha “Não mais violência contra as mulheres” e divulgada a nova ação: “Exige Dignidade”.

Segundo informações do relatório “A armadilha do gênero”, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que mais de 70% das pessoas que vivem em situação de pobreza são mulheres. “Por que mais de dois terços das pessoas pobres do mundo são mulheres, se estas constituem somente a metade da população mundial?”, questiona.

A resposta é encontrada no próprio relatório: discriminação. Segundo a Anistia, este é um dos principais fatores que explicam a pobreza feminina. “Em alguns países, a discriminação contra as mulheres impregna na legislação e, em outros, esta discriminação persiste apesar da adoção de leis de igualdade”, afirma.

Isso pode ser constatado com uma simples comparação entre os benefícios que os homens e as mulheres recebem. De acordo com o estudo da Anistia, o acesso a recursos e meios de produção como terra, crédito e herança, por exemplo, não é igual para os dois sexos.

Da mesma forma, em média, as mulheres recebem salários mais baixos e, muitas vezes, o trabalho nem sequer é remunerado. “As mulheres, com frequencia, trabalham em atividades informais, sem segurança de emprego nem proteção social. Ao mesmo tempo, seguem responsabilizando-as do cuidado da família e do lar”, lembra.

Vale ressaltar que as mulheres não sofrem apenas com pobreza e discriminação. Segundo o documento da Anistia, elas ainda são as mais afetadas pela violência, pela degradação do meio ambiente, pelas enfermidades e até mesmo pelos conflitos armados.

De acordo com a organização, apesar de algumas conquistas e avanços nas garantias de direitos das mulheres – por exemplo, o reconhecimento de que os direitos delas são direitos humanos -, ainda há muito que ser feito. Para Anistia, o reconhecimento dos direitos das mulheres apenas melhorou a vida de algumas. Por conta disso, considera que os Estados e as instituições internacionais devem ter mais vontade política para garantir tais direitos e para assegurar a igualdade.

Além disso, a organização acredita que as demandas das mulheres precisam ser ouvidas e respeitadas. “A voz das mulheres deve ser escutada. Suas contribuições devem ser reconhecidas e alentadas. A participação ativa das pessoas que se veem afetadas é um elemento essencial de qualquer estratégia de luta contra a pobreza”, afirma.

O relatório “A armadilha do gênero” completo está disponível em: http://www.amnesty.org/ar/library/asset/ACT77/009/2009/ar/b2f94dc6-69e2-4c83-9310-c892bdd03c8c/act770092009spa.pdf

Publicado por Adital.

Papa critica projeto de lei britânico contra a discriminação de homossexuais

BBC Brasil, 2 fev – O papa Bento 16 pediu que bispos católicos na Inglaterra e no País de Gales se empenhem com “zelo missionário” em combater um projeto de lei que pode obrigar as igrejas a contratar homossexuais ou transexuais, contrariando dogmas da Igreja Católica.

O papa Bento 16 disse que a legislação “viola lei natural”. O papa também confirmou que visitará a Grã-Bretanha neste ano, a primeira visita papal desde 1982.

O governo britânico diz que a legislação, chamada de Equality Bill, tornaria o país um lugar mais justo.

O projeto está sendo debatido pelo Parlamento em Londres.

Vaticano

“Seu país é conhecido pelo forte compromisso com a igualdade de oportunidades para todos os membros da sociedade”, disse Bento 16 um grupo de bispos britânicos que visitaram o Vaticano.

“Ainda assim, o efeito de algumas leis criadas para atingir esses objetivos tem sido impor limites injustos à liberdade das comunidades religiosas para agir de acordo com suas crenças”, disse ele.

Bento 16 estimulou os bispos a defender “convincentemente” os ensinamentos morais católicos.

“Continuem a defender seu direito de participar no debate nacional por meio de um diálogo respeitoso com outros elementos da sociedade”, disse ele.

Líderes religiosos na Grã-Bretanha temem que a lei obrigue as igrejas a empregar homossexuais e transexuais.

Defendendo a lei, um porta-voz do governo britânico disse: “Acreditamos que todos devem ter chances justos na vida e não sofrer discriminação”. “A Equality Bill tornará a Grã-Bretanha um país mais justo e igualitário.”

A Igreja Anglicana britânica mostrou-se preocupada com a legislação, argumentando que seus padres podem se ver forçados a celebrar casamentos nos quais um dos noivos sofreu uma mudança de sexo.