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Relatório aponta violações de direitos humanos de dependentes químicos em comunidades terapêuticas

[Daniella Jinkings, Agência Brasil, 28 nov 11] Embora sejam usadas como uma forma alternativa de tratamento de pessoas viciadas em drogas, as comunidades terapêuticas registram graves violações de direitos humanos de dependentes químicos. A denuncia é do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que divulgou hoje (28) o Relatório da 4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos.

Em setembro, membros da Comissão de Direitos Humanos do CFP visitaram 68 instituições de internação para usuários de drogas, em 24 estados e no Distrito Federal. De acordo com a conselheira do CFP e membro da comissão, Ana Luiza Castro, foram observados indícios de violações em todas as instituições visitadas, como imposição de credo, desrespeito à orientação sexual, além de casos de violência física, castigos e torturas.

O relatório aponta que em alguns locais há espaços de isolamento, ou seja, quartos fechados com cadeado, escuros e pouco arejados para os quais são levados os usuários recém-chegados ou os que têm comportamento agressivo. Em outras instituições, os internos são enterrados até o pescoço e sofrem castigos como beber água do vaso sanitário, comer refeições preparadas com alimentos estragados. O trabalho forçado, sob o nome de laborterapia, é outra característica recorrente dos tratamentos propostos. Continue lendo

Pesquisa aponta problemas com crack em municípios brasileiros

Segundo pesquisa, uso de crack no Brasil se alastrou por todas as camadas da sociedade

Dados referentes a 4.430 cidades analisadas também revelam que a droga está substituindo o álcool nas cidades de pequeno porte e áreas rurais

[Estadão, 7 nov 2011] Um panorama sobre a presença do crack e outras drogas no Brasil foi apresentado nesta segunda-feira, 7, pelo presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski. A pesquisa foi elaborada com os gestores municipais de 4.430 cidades. Cerca de 84,5% afirmaram que enfrentam problemas com a circulação de drogas em seu território. Na pesquisa divulgada há um ano, 98% dos pesquisados confirmaram a presença do crack.

A maioria dos gestores apontou ocorrências com outras drogas, mas 90,7% consideram que o crack é o problema e 93,9% registram existência de transtornos por causa da circulação do entorpecente. “Verificamos que o uso de crack se alastrou por todas as camadas da sociedade, a droga que, em princípio, era consumida por pessoas de baixa renda, disseminou-se por todas as classes sociais”, aponta a pesquisa. Continue lendo

Total de mulheres viciadas aumenta 158% em Ribeirão Preto (SP)

[Juliana Coissi, Folha SP, 7 nov 11] Durante os 44 anos de casada, Helena, 64, acostumou-se a tomar uma cervejinha com o marido todo fim de tarde. Juntos, os dois chegavam a consumir cinco garrafas por dia.

Só depois de procurar o Caps-AD (centro de atenção para dependentes químicos), em Ribeirão Preto (313 km de SP), ela percebeu que o hábito inocente a tornou viciada em álcool.

Helena, que preferiu não revelar seu nome verdadeiro, é apenas uma das muitas mulheres que aparecem nas estatísticas do centro.

O número de dependentes químicas –principalmente de álcool– que buscam pela primeira vez ajuda do Caps-AD cresceu 158% na comparação entre 2010 e 1996, quando o centro foi criado.

Nos primeiros sete meses deste ano, já há quase o mesmo número de mulheres atendidas do que em todo o ano passado (104 contra 111). O ritmo de crescimento entre mulheres é 15,5% maior do que entre os novos pacientes homens. Continue lendo

Nordeste na rota do tráfico

[Carta Capital, 12 out 11] Após a apreensão de 530 quilos de cocaína na sexta-feira 7 e sábado 8 no Porto de Suape, em Pernambuco, a Polícia Federal acionou a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) para colaborar com as investigações. A remessa, encontrada dentro de 3,5 mil sacos de gesso em cinco contêineres, é a maior interceptada na história do Nordeste do Brasil e a contagem ainda pode aumentar, pois outros 3,4 mil pacotes de gesso serão analisados.

A droga seguia em direção à África, de onde partiria para a Europa. Uma rota que tem ganhado importância junto aos traficantes, antes focados em escoar as drogas por aeroportos e portos do Sudeste, principalmente. De acordo com um relatório divulgado no início do ano pela Junta Internacional de Entorpecentes, órgão ligado às Nações Unidas, a proximidade da região com a África Ocidental despertou a atenção de organizações de tráfico internacional.

A apreensão da PF em Pernambuco, segundo os próprios investigadores, aparenta ter características de um cartel internacional de drogas, uma vez que o produto teria valor estimado de 24 milhões de dólares. A ação corrobora um estudo da instituição apresentado no Senado em abril, indicando a região como uma das principais rotas de tráfico de maconha do Brasil.

Além da proximidade com a África, o diário americano The New York Times aponta em reportagem de agosto que o crescimento econômico e de renda no Nordeste brasileiro na última década atraíram traficantes para um novo mercado em potencial, gerando aumento da violência. Segundo o Mapa da Violência 2011, a taxa de homicídios na região subiu 74% entre 1998 e 2008, passando de 18,5 para 32,1 casos a cada 100 mil habitantes. Continue lendo

23,9 mil crianças vivem nas ruas em todo país

[Agora MT, 28 mar 11] O relatório traça um perfil deste público infanto-juvenil e mostra que a violência dentro de casa, as drogas e o alcoolismo são as principais causas do abandono do lar.

Primeira pesquisa censitária mostra que a violência dentro de casa, as drogas e o alcoolismo são principais causas do abandono do lar. Falta de liberdade, proibição do uso de drogas e álcool e obrigatoriedade em respeitar horários são motivos principais para não frequentar abrigo.

Cerca de 70% das crianças e adolescentes, que abandonaram a casa dos pais, vivem e dormem nas ruas há mais de 6 meses em todo o país. Destas, somente 23,3% preferem buscar abrigo em instituições de amparo para dormir, 64% passam as noites em companhia de amigos, 14,6% perambulam sozinhas e 13,8% não se alimentam diariamente. Estes são alguns dados da primeira Pesquisa Censitária Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua (PDF), encomendada pela Secretaria de Direitos Humanos (SeDH).

O relatório traça um perfil deste público infanto-juvenil e mostra que a violência dentro de casa, as drogas e o alcoolismo são as principais causas do abandono do lar. As brigas entre pais e/ou irmãos, a violência doméstica e o abuso sexual são responsáveis por 71,6% das razões que levam essas pessoas a deixarem a família. O alcoolismo e as drogas representam 30,6% dos fatores.
O levantamento foi realizado entre 10 de maio e 30 de junho de 2010 pelo Instituto de Pesquisa Meta para auxiliar na elaboração de estratégias para desenvolvimento de políticas públicas dirigidas às crianças e adolescentes. O estudo foi realizado em 75 cidades brasileiras, abrangendo todas as capitais e alguns municípios com mais de 300 mil habitantes. Continue lendo

Pesquisa: 98% das cidades brasileiras têm problemas ligados ao crack

[Texto de Rafael M Moura, O Estado SP, 13 dez 2010] BRASÍLIA – O consumo de crack já se alastrou pelo País, aponta pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgada na manhã de hoje, em Brasília. Levantamento feito com 3.950 cidades mostra que 98% dos municípios pesquisados enfrentam problemas relacionados ao crack e a outras drogas.

Falta uma estratégia para o enfrentamento do uso do crack. Não há integração entre União, Estados e municípios”, alertou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Ziulkoski criticou o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, lançado pelo governo federal em maio deste ano.

“É um programa que não aconteceu, praticamente nenhum centavo chegou”.

Ao apresentar os números, ele disse que não avaliaria se a iniciativa teve intenções eleitoreiras. “Apenas estou trazendo números e realidades”.

A CNM observa ainda que, embora haja um grande esforço para a redução da mortalidade infantil, não há política de Estado de prevenção à mortalidade juvenil. A confederação também ressalta a importância de ações na região de fronteira para impedir a entrada de droga no País.

Números. O estudo da CNM constatou que, dos municípios pesquisados, apenas 14,78% afirmaram possuir Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que oferece atendimento à população e acompanhamento clínico de pessoas com transtornos mentais, entre eles usuários de drogas. Continue lendo

El consumo de droga en Europa: un informe de 2010

Cultivo de cannabis en Holanda.

La crisis financiera, los programas de ahorro puestos en marcha por los gobiernos comunitarios, el envejecimiento de la población son cuestiones que afectan también, se recuerda en Lisboa, a la lucha antidrogas europea.

Cada año, el Observatorio Europeo de las Drogas y las Toxicomanías (OEDT)- con sede en Lisboa- presenta un estudio que incluye los datos recopilados por el organismo a lo largo de los últimos 12 meses. En él, se describen las nuevas tendencias en el consumo de drogas dentro de los 27 países miembros de la Unión Europea, en el origen de las mismas y en las políticas aplicadas para combatirlas.

En este 2010, los funcionarios han lanzado desde Portugal una señal de alerta dirigida a las restantes capitales del continente: el ahorro estricto impuesto por la mayoría de los gobiernos para frenar el déficit público tras el terremoto de la crisis financiera internacional será una cuenta de resultado negativo si acaba con los programas para el tratamiento de drogodependientes, una de las “columnas”, dice la institución, de la política antidrogas europea. Continue lendo

Drogas e adolescência ~ Dartiu Xavier [Entrevista]

 

"As classes mais abastadas também estão consumindo crack. Nessas classes, a situação de abandono psicológico e descaso é algo muito presente". Foto: Masao Goto Filho

O psiquiatra e especialista em dependência química Dartiu Xavier alerta para o aumento de consumo de crack e defende uma prevenção na escola menos policialesca

Um estudo inédito sobre o perfil e a quantidade dos usuários de crack no Brasil está sendo preparado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), órgão do Ministério da Saúde. O mapeamento vai analisar os 26 estados brasileiros, o Distrito Federal e as nove regiões metropolitanas e é reflexo de um grave problema de saúde pública.

Embora sejam escassas as pesquisas sobre o crack, sabe-se que o consumo da droga derivada da cocaína (restrito a São Paulo na década de 90) vem se espalhando pelo País em diferentes classes sociais – não se restringe mais aos moradores de rua e grupos menos favorecidos. Além do aumento da apreensão de crack no Brasil (de 200 quilos, em 2002, para 580 quilos, em 2007, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), os serviços de atendimento a dependentes químicos relatam que a droga já é a segunda maior causa de procura por atendimento nos centros do SUS especializados em abuso de álcool e drogas, o Caps-AD. Nesses locais, o crack só perde para a bebida.

É uma realidade que o psiquiatra Dartiu Xavier, da Faculdade Paulista de Medicina, conhece bem. Coordenador do Programa de Orientação e Tratamento a Dependentes (Proad) há mais de duas décadas, ele vem realizando estudos na área. Um deles foi interrompido pela polêmica que gerou. A experiência consistiu em acompanhar um grupo de 50 usuários de crack que passaram a utilizar maconha na tentativa de conter o impulso de consumir crack. Conforme os dados, 68% deles haviam trocado de droga depois de seis meses. Passado um ano do início do tratamento, quem fez a substituição deixou também a maconha. Nessa entrevista, Xavier fala sobre os fatores de risco que podem levar adolescentes e jovens a se viciarem em drogas, explica as características do crack e defende a quebra de paradigma dos programas de prevenção às drogas. Continue lendo

Narcofobia – Proibição às drogas e geração de abusos contra os direitos humanos

A poor man sitting at the helm of a boat deep ...

FERNANDA MENA e DICK HOBBS
Centre for Human Rights, departamento de sociologia, London School of Economics, Londres, Reino Unido

RESUMO: Este estudo trata dos aspectos negativos da proibição mundial às drogas. O estudo argumenta que a proibição, propelida por moralismo e não por pesquisa empírica, cria um mercado negro regulado por empreendedores violentos e que, especialmente nos países em desenvolvimento, onde há falta de oportunidades econômicas para os pobres, oferece as únicas opções viáveis de emprego. O estudo sugere que os resultados de legislações experimentais deveriam ser levados a sério. A militarização dos esforços de aplicação da proibição restringiu os avanços da democracia e gerou violência e intensificação dos abusos contra os direitos humanos. Em conclusão, o trabalho argumenta que o atual sistema de proibição mundial cria mais problemas do que resolve, e que as questões de produção e comércio de drogas precisam ser enfrentadas por meio de regulamentação e com base em uma perspectiva de desenvolvimento. Continue lendo

OMS: mais de 1,8 milhão de jovens morrem todos os anos por causas preveníveis

A cifra é alta e assusta: a cada ano, mais de 1,8 milhão de jovens entre 15 e 24 anos morrem em todo o mundo por causas que poderiam ser prevenidas. Isso é o que afirma o Relatório Mundial de Saúde 2010, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Gravidez precoce, HIV, tabaco, álcool e violência são alguns dos problemas destacados no informe.

A preocupação com a saúde desse público não é por acaso. De acordo com informações do relatório, apesar de a maioria dos jovens estar em boas condições de saúde, muitos sofrem com doenças que prejudicam o crescimento e o desenvolvimento pleno.

Além disso, muitas ações que são iniciadas na juventude podem prejudicar a pessoa na vida adulta, como o consumo de álcool e tabaco. “Quase dois terços das mortes prematuras e um terço da carga total de morbidade em adultos associam-se a enfermidades ou comportamentos que começaram em sua juventude, entre elas o consumo de tabaco, a falta de atividade física, as relações sexuais sem proteção e a exposição à violência”, destaca o resumo do documento.

O número de casos de infecção por HIV, por exemplo, é crescente entre os jovens. Segundo a OMS, 40% dos novos casos de HIV registrados entre adultos em 2008 foram de pessoas entre 15 e 24 anos. Acredita-se que há, em todo o mundo, mais de 5,7 milhões de jovens afetados pelo HIV/Aids. “Na atualidade, entre os jovens, só 30% dos homens e 19% das mulheres têm conhecimentos amplos e corretos para proteger-se contra o vírus”, aponta.

As drogas consideradas lícitas em muitos países, como álcool e tabaco, também são causas de problemas de saúde entre a população jovem. A OMS estima que cerca de 150 milhões de jovens consumam tabaco, número que vem aumentado em nível global, principalmente entre as mulheres.

O uso do álcool também é destaque no relatório, o qual aponta que o consumo excessivo da bebida “reduz o autocontrole e aumenta as condutas de risco”. De acordo com o documento, o uso abusivo do álcool é uma das causas principais de acidentes de trânsito e de violências, situações que tiram a vida de milhares de jovens todos os anos.

Prova disso são os números revelados pela OMS. Segundo o informe deste ano, a cada dia, aproximadamente 565 pessoas de 10 a 29 anos morrem por conta da violência interpessoal. Número não muito distante das mortes no trânsito. “Estima-se que os traumatismos causados pelo trânsito provoquem a morte de uns mil jovens a cada dia”, apresenta.

Outro ponto que preocupa a Organização Mundial da Saúde é a saúde mental. Conforme o relatório, em um ano, aproximadamente 20% dos adolescentes sofrem problemas desse tipo, como depressão ou ansiedade, que podem aumentar quando passam por experiências de violência, humilhação e pobreza.

A gravidez precoce também não é deixada de lado pela OMS no documento. De acordo com ele, a cada ano, pelo menos 16 milhões de meninas entre 15 e 19 anos tornam-se mães, o que representa aproximadamente 11% dos nascimentos registrados em todo o mundo.

“A grande maioria desses nascimentos são produzidos em países em desenvolvimento. O risco de morrer por causas relacionadas com a gravidez é muito maior nas adolescentes que nas mulheres adultas. Quanto mais jovem a adolescente, maior é o risco”, comenta.

O relatório completo ainda não está disponível para consulta online, mas o resumo já pode ser lido em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs345/es/index.html

Fonte: Adital, 19 ago 2010

Maconha sintética começa a virar problema de saúde pública nos EUA

rendering of medicine pill

Número de complicações causadas pelo produto salta de 13 para 766 em um ano, diz especialista.

Uma mistura de ervas e produtos químicos apelidada de K2, que é vendida legalmente nos Estados Unidos como incenso mas que produz efeitos semelhantes aos da maconha quando fumada, está levando um número crescente de pessoas aos hospitais, informam médicos.

O aumento súbito no número de chamadas de emergência já levou dez Estados a banir o K2 e outras marcas dos chamados produtos de maconha.sintética. Médicos que trataram usuários de K2 também estão emitindo alertas.

“Minha primeira reação a um produto é, ‘cuidado, comprador'”, disse o diretor de toxicologia do Cardinal Glennon Children’s Medical Center, Anthony Scalzo. “Você não sabe exatamente o que há no produto, as doses relativas no produto, e não há garantia de qualidade”, explicou.

K2, definido pelo Centro de Venenos do Missouri como uma mistura de ervas e especiarias salpicada com uma substância psicoativa, é comparado à maconha porque o composto químico interage com o cérebro de forma semelhante à droga.

A despeito da advertência no rótulo contra a ingestão, fumar K2 tornou-se um modo popular de drogar-se e escapar da polícia. O produto é vendido pela internet e em lojas de conveniência por US$ 30 ou US$ 40 o pacote de 3 gramas.

Usuários, desde adolescentes a adultos na faixa dos 60 anos, queixam-se de sintomas como agitação, ansiedade, hipertensão, vômitos e, em alguns casos, paranoia severa e alucinações.

“Essas pessoas vão parar na emergência e estão extremamente agitadas”, disse Scalzo. “Elas sentem como se o coração fosse pular para fora do peito”.

Ele disse que complicações do uso de K2 eram consideradas raras um ano atrás, com 13 casos informados em todos os Estados Unidos. Mas neste ano o total já chega a 766.

Fonte: Estadão, 30 julho 2010

Peru supera Colômbia e é maior produtor em toneladas de folha de coca

Um estudo das Nações Unidas divulgado nesta terça-feira em Viena afirma que o Peru passou a ser o maior produtor mundial de folha de coca, superando a Colômbia pela primeira vez em dez anos.

De Bogotá, na Colômbia, o coordenador técnico do estudo, Leonardo Correa, disse à BBC Brasil que em 2009 o Peru foi responsável por 45% da produção da folha de coca da região andina, e a Colômbia, por 39%.

“O Peru produziu 119 mil toneladas e a Colômbia 103 mil toneladas. Em termos de área cultivada, a Colômbia continua a ser líder, mas em toneladas volta a ser o Peru”, afirmou Correa, do Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos da ONU.

O especialista observou ainda que o Peru registrou o quarto ano seguido de expansão de área cultivada, e a Colômbia, o segundo.

“Ainda falta muito para a Colômbia, mas o país tem registrado avanços neste setor. No caso do Peru, a tendência é contrária”, disse.

Queda no cultivo

De acordo com o levantamento da ONU, o cultivo na Colômbia diminuiu 16%, no ano passado, chegando a 68 mil hectares, uma queda de quase 60% em relação há dez anos.

No Peru a produção aumentou pelo quarto ano consecutivo, passando de 56.100 hectares, em 2008, para 59.900, em 2009.

“As notícias sobre o Peru são preocupantes”, disse em Viena o diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), Antonio Maria Costa.

Costa sugeriu que o governo peruano implemente medidas, “em todas as frentes” para reverter esta expansão da produção da folha de coca.

O diretor-executivo do escritório da ONU atribuiu ao “enorme” investimento em “recursos humanos e financeiros” os resultados positivos registrados na Colômbia.

A ONU informou ainda que a produção da folha de coca caiu 5% na região andina, em 2009 comparando a 2008. A redução foi de 167 mil hectares em 2008, para 158 mil hectares em 2009.

O resultado ocorreu devido à queda de 16% deste cultivo na Colômbia e apesar da forte alta nesta produção no Peru e leve expansão, de 1%, na Bolívia – terceiro produtor mundial – com 30.900 mil hectares cultivados.

De acordo com a ONU, a rentabilidade das folhas de coca caiu 10% na Bolívia em 2009 frente a 2008, passando de US$ 293 milhões para US$ 265 milhões.

Em Lima, o chefe da entidade estatal Devida, de combate às drogas, Rómulo Pizarro, disse ao jornal El Comercio que existe “um sentimento de frustração” diante da expansão da área plantada com folhas de coca, apesar das medidas do governo.

Fonte: BBC, 22 jun 2010