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Relatório da ONU vê ‘diversificação’ no mercado de drogas ilegais no mundo

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A produção e o consumo das principais drogas tradicionais estão em queda ou controlados no mundo, mas há sinais do aumento do uso de novas substâncias sintéticas, principalmente em países em desenvolvimento, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas.

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas da UNODC (agência da ONU para drogas e crime), o cultivo de coca, matéria prima para a cocaína, caiu entre 12% e 18% entre 2007 e 2009.

No mesmo período, segundo o relatório, o cultivo da papoula, matéria prima do ópio e da heroína, teria caído 23%. A agência espera uma queda ainda mais acentuada neste ano, por conta de uma praga que ataca as plantações no Afeganistão, o maior produtor mundial.

O relatório não traz dados específicos sobre cultivo de maconha, mas a agência da ONU observa uma redução no consumo da droga nos seus principais mercados – América do Norte e Europa.

Ainda assim, a maconha se mantém como a droga ilegal mais consumida no mundo. O relatório estima que entre 130 milhões e 190 milhões de pessoas consumiram a droga no último ano.

Anfetaminas

Segundo a UNODC, porém, o uso de estimulantes do grupo anfetamínico (ATS, na sigla em inglês) está em alta no mundo e deve ultrapassar em breve o número combinado de usuários de heroína e cocaína.

O relatório também menciona o aumento no abuso de drogas legais.

A agência da ONU observa que o combate ao tráfico e ao consumo de drogas sintéticas, produzidas em laboratórios, é mais difícil do que o combate às drogas tradicionais, produzidas à base de plantas.

Muitas vezes essas drogas sintéticas não são proibidas pelas leis dos países ou são produzidas a partir de substâncias legais. Além disso, muitos laboratórios estão localizados próximos aos consumidores, evitando longas rotas de tráfico internacional, como acontece com as drogas tradicionais.

“Essas novas drogas provocam um duplo problema. Primeiro, elas são desenvolvidas a uma velocidade muito maior do que as normas regulatórias e a aplicação da lei consegue acompanhar. Em segundo, o marketing é muito perspicaz, já que elas são produzidas para atender a preferências específicas em cada situação”, afirma o diretor-executivo da UNODC, o italiano Antonio Maria Costa.

Segundo o relatório, o número de laboratórios clandestinos de drogas sintéticas detectados cresceu 20% em 2008, incluindo países onde nunca antes haviam sido detectados laboratórios do tipo – o Brasil é citado como um desses países.

Para Costa, os dados mostram a dificuldade no combate às drogas. “Não resolveremos o problema das drogas no mundo se simplesmente empurrarmos o abuso de cocaína e heroína para outras substâncias que provocam dependência. E há um número ilimitado delas, produzidos em laboratórios mafiosos a custos baixos”, disse.

Novos mercados

O relatório da UNODC também destaca um aumento no consumo de drogas em geral em países antes livres do problema.

Entre os movimentos detectados estão o aumento no consumo de heroína no leste da África, o aumento do consumo de cocaína na América do Sul e no oeste da África e o aumento da produção e do consumo de drogas sintéticas no Oriente Médio e no Sudeste Asiático.

“Não resolveremos o problema mundial das drogas transferindo o consumo do mundo desenvolvido para o mundo em desenvolvimento”, advertiu Costa.

“Os países mais pobres não estão em uma posição de absorver as consequências do aumento do consumo de drogas. O mundo em desenvolvimento enfrenta uma crise iminente que poderia escravizar milhões na miséria da dependência de drogas”, afirma.

O documento adverte ainda para a influência desestabilizadora do tráfico de drogas sobre países de trânsito no tráfico de drogas, principalmente a cocaína.

Segundo a agência da ONU, o poder econômico e a violência relacionados ao tráfico pode ameaçar a segurança e a soberania dos países. O relatório cita a preocupação com o aumento da violência no México, na América Central e no oeste da África em particular.

Apesar de a coca ser cultivada apenas em três países – Colômbia, Peru e Bolívia -, o relatório identifica uma crescente diversificação nas rotas de tráfico da cocaína.

Segundo o relatório, 51% das drogas apreendidas em carregamentos marítimos com direção à Europa entre 2006 e 2008 tinham origem na Venezuela. O Brasil era a origem de 10% dos carregamentos. A Colômbia, maior produtor mundial de coca até o ano passado, foi identificada como a origem de apenas 5% da droga apreendida.

Fonte:  BBC, 23 jun 2010

Consumo de maconha entre adultos e idosos aumenta com envelhecimento da geração ‘baby boom’ nos EUA

Do Globo – 22 fev 2010

Aos 88 anos, Florence Siegel costuma relaxar ao som de Bach, lendo o jornal “New York Times” e tomando uma taça de vinho. Ela completa sua receita todas as noites fumando um cachimbo de maconha. E recomenda para outros idosos, sem entender por que muitos de sua idade ainda não adotaram o mesmo hábito, que está se popularizando nos Estados Unidos entre adultos com mais de 50 anos, apesar de advertências de médicos.

– Eles estão perdendo muita diversão e muito alívio também – diz a americana, que anda com uma bengala e sofre com artrite nas pernas e nas costas.

O uso da droga ilícita mais comum nos EUA está aumentando à medida que os chamados “baby boomers” chegam à velhice. Nascida a partir de 1945, quando soldados voltaram para casa ao fim da Segunda Guerra Mundial e quando a economia americana ganhou força, essa geração protagonizou os movimentos jovens dos anos 1960 e 1970. Agora, mais velhos, eles cultivam práticas que marcaram sua juventude.

O número de pessoas com 50 anos ou mais que declara fumar maconha subiu de 1,9% para 2,9% entre 2002 e 2008, de acordo com pesquisas da Administração de Serviços de Abusos de Substâncias e Saúde Mental dos EUA. Entre os americanos de 55 e 59 anos, o aumento foi ainda maior: o consumo declarado da droga mais que triplicou, passando de 1,6% em 2002 para 5,1%. Pesquisadores esperam um crescimento ainda maior, já que 78 milhões de “boomers” nasceram nos 20 anos que marcaram o surgimento da geração.

Em 14 estados dos EUA pacientes podem usar a droga legalmente

Em 14 estados dos EUA pacientes são beneficiados por legislação que permite usar a droga legalmente sob recomendação médica, mas aqueles que fumam nos outros 34 estados do país precisam infringir as leis. Do ponto de vista político, defensores da legalização da maconha acreditam que o número de usuários idosos pode representar um reforço importante para a campanha que promovem há décadas em favor da mudança da legislação americana.

– Por um longo tempo, nossos adversários políticos eram americanos idosos que não eram familiarizados com a maconha e consideravam a droga muito perigosa – afirma Keith Stroup, fundador e advogado do grupo NORML de defesa do uso da maconha que, aos 66 anos, mantém o hábito de fumar a erva enquanto assiste ao noticiário da noite. – As crianças estão criadas, estão fora da escola, você tem seu tempo nas suas mãos e, francamente, é um tempo em que você pode realmente curtir a maconha.

A droga é tida como fonte de alívio para problemas relacionados ao envelhecimento. Seu uso pode, entretanto, representar riscos maiores para os idosos, que ficam sujeitos a quedas e problemas no coração, além de comprometimento cognitivo, segundo William Dale, chefe de medicina geriátrica do Centro Médico da Universidade de Chicago.

– Há outras maneiras melhores para alcançar os mesmos benefícios – afirma Dale, dizendo que faria ressalvas contra o consumo de maconha mesmo que o paciente citasse benefícios.

Consumo de crack cresce sem controle no Brasil

Fonte: O Globo, 7 fev 10

O crack, droga derivada da cocaína, está se tornando um flagelo nacional, espalhada pelo país em diferentes classes sociais e tomando até salas de aula, contam Catarina Alencastro e Odilon Rios em reportagem publicada pelo GLOBO neste domingo.

Em Maceió, a imagem dos santos despedaçados, num altar da escola estadual Benício Dantas, virou o símbolo da derrota dos professores na luta contra o tráfico de drogas. Invadida várias vezes, a escola já teve salas, pavilhões, corredores e banheiros destruídos e reconstruídos várias vezes. Há dois registros de tiroteio na escola, o ginásio de esportes virou uma cracolândia, e os alunos fumam maconha nas salas de aula. No turno da tarde, 25% dos estudantes desistiram de estudar na escola ano passado. Casos como esse são rotina em Maceió. Dados do Ministério Público Estadual indicam que 30% dos alunos das 120 escolas da rede pública estadual na capital alagoana, entre 10 e 20 anos, estão envolvidos com o tráfico ou viraram viciados.

Os dados oficiais mais recentes mostram que essa tragédia se repete em outras capitais e cidades brasileiras. O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em sua última publicação, revelou um aumento na circulação do crack no Brasil. Em 2002, 200 quilos da droga foram apreendidos. Em 2007 – último dado disponível – foram 578 quilos apreendidos. O montante equivale a 81,7% do crack apreendido na América do Sul.

Em todo o país, os serviços de atendimento a dependentes químicos relatam que mais e mais pessoas, independentemente da classe social, vêm nos últimos anos procurando ajuda para se livrar do vício do crack. A droga já é a segunda maior causa de procura por atendimento nos centros do SUS especializados em abuso de álcool e drogas, o CAPS-AD. Nesses locais, o crack só perde para a bebida.

– A rede de tratamento em algumas regiões foi surpreendida pelo aumento da procura pelo tratamento (do crack), principalmente nas grandes cidades – constata Pedro Gabriel Delgado, coordenador do Programa de Saúde Mental do Ministério da Saúde.

No Rio, o Programa de Estudos e Assistência ao Uso Indevido de Drogas (Projad), ligado ao Instituto de Psiquiatria da UFRJ, tem dados preliminares de um estudo ainda não publicado. Nele, constata-se que, em março de 2007, só 15% dos entrevistados haviam experimentado o crack. Em junho de 2008, esse percentual subiu para 25%. O número de pessoas que tinha usado a droga nos últimos 30 dias em março de 2007 não chegava a 1%; em junho de 2008, eram 10%. A prefeitura do Rio estima que pelo menos 800 pessoas em situação de risco (moradores de rua, principalmente) são viciadas em crack.

Em Salvador, de 2006 a 2009, 5.618 novos usuários passaram a ser atendidos pelo Programa de Redução de Danos da Universidade Federal da Bahia, um dos principais centros de estudos sobre o assunto. O alvo da pesquisa foi a população de rua e se refere só aos que aceitaram começar um processo para abandonar o vício. Para se ter uma ideia do problema, em 2006, só 26% dos novos usuários de drogas atendidos eram consumidores de crack. Em 2009, a proporção pulou para 34%; em 2008, chegou a 37,8%. Já uma pesquisa de amostra realizada com pacientes internados por dependência química, em 2006, em Porto Alegre, revelou que 43% estavam ali por conta do crack.

Um dos motivos do aumento do consumo da droga é que muitos usuários de cocaína injetável migraram para o crack, após o boom da epidemia de HIV que surpreendeu esse grupo, diz o professor Félix Henrique Kessler, vice-diretor do Centro de Pesquisa em álcool e drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

” Depois que se fica dependente de crack, é difícil sair. O melhor é não entrar nessa “

– Quase todos os usuários de cocaína injetável migraram para o crack – diz.

Os dados oficiais mais recentes sobre o tema são de 2005 e dão conta de que pelo menos 380 mil brasileiros fumavam, regularmente, a pedra feita com o subproduto da cocaína. Para combater o problema, o Ministério da Saúde aposta em diversificar o tratamento. A abordagem de usuários nas ruas é uma das estratégias. A exemplo do que ocorre em Salvador, Rio e outras 12 capitais montarão consultórios de rua para atrair pacientes que resistem a procurar ajuda.

– Depois que se fica dependente de crack, é difícil sair. O melhor é não entrar nessa – alerta o professor Kessler.

João Pessoa é a capital brasileira com maior consumo de crack

Fonte: www.onorte.com.br

O ex-integrante da Polícia Federal na Paraíba, Deusimar Guedes, que atualmente está aposentado e dedica-se a realizar palestras educativas junto ao público jovem, apontou que a capital paraibana tem o maior consumo de crack do país: “João Pessoa é a capital brasileira com o maior consumo de crack”, disse, referindo-se ao estudo apresentado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid).

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