Há dois estudos mundiais publicados esse ano em que a cidade de São Paulo se destacou. Um é o Benchmarking the Future Competitiveness of Cities, feito pelo grupo que publica a revista The Economist, que aponta que São Paulo é a cidade que mais cresce em competitividade econômica no mundo. Já de acordo com o ‘Megacity Mental Health Survey’, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), São Paulo é a cidade com maior incidência de transtornos mentais no mundo. Ou seja, a cidade que mais aumentou sua competitividade é também a mais doente do mundo. E, ao que tudo indica, essas duas informações estão relacionadas. Continue lendo
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A fome: desafio ético e polÃtico ~ Leonardo Boff
Por causa da retração econômica provocada pela atual crise financeira, o número de famintos, segundo a FAO, saltou de 860 milhões para um bilhão e duzentos milhões. Tal fato perverso impõe um desafio ético e polÃtico. Como atender as necessidades vitais destes milhões e milhões?
[Adital, 29 out 12] Historicamente este desafio sempre foi grande, pois a necessidade de satisfazer demandas por alimento nunca pôde ser plenamente atendida, seja por razões de clima, de fertilidade dos solos ou de desorganização social. À exceção da primeira fase do paleolÃtico quando havia pouca população e superabundância de meios de vida, sempre houve fome na história. A distribuição dos alimentos foi quase sempre desigual. Continue lendo
Brasil importa até BÃblia da China
Ãndia e Chile também fornecem o livro a preço inferior; gráfica já demitiu e ameaça mais 40
[Marcelo Rehder, O Estado de SP, 02 jul 12] Depois do livro didático, as gráficas brasileiras enfrentam agora forte concorrência das importações de bÃblias. A Palavra de Deus está sendo impressa em português em gráficas na China, na Ãndia e no Chile, entre outros paÃses, a custos considerados imbatÃveis pela indústria.
Para driblar o chamado “custo Brasil” e ainda obter alguma vantagem com o câmbio, editoras de publicações católicas e evangélicas aceleraram as encomendas no exterior. A vantagem comparativa em relação ao impresso nacional chega a superar 50%. Continue lendo
Brasil teve maior crescimento de milionários, aponta estudo
O Brasil foi o paÃs com o maior aumento percentual no número de milionários em 2011, de acordo com estudo da consultoria Capgemini em parceria com a RBC Wealth Management.
[Folha SP, 20 jun 12] Enquanto em 2010 o Brasil tinha 155,4 mil milionários, no ano passado o número era de 165 mil –um crescimento de 6,2%.
A pesquisa lista as doze nações com o maior número de pessoas com patrimônio de ao menos US$ 1 milhão (excetuando a sua principal residência). Continue lendo
ONU cria outra forma de medir riqueza; Brasil fica em 5ª posição
[Sabine Righetti, Folha SP, 18 jun 12] A ONU lançou no domingo (17) na Rio+20 uma nova forma para avaliar o desempenho econômico dos paÃses. A diferença para os Ãndices existentes, como PIB (Produto Interno Bruto) e IDH (Ãndice de Desenvolvimento Humano) é que nesse os recursos naturais entram na conta.
A métrica, batizada de IRI (Ãndice de Riqueza Inclusiva), inclui, no cálculo do crescimento econômico dos paÃses, recursos como áreas agrÃcolas, florestas, combustÃveis fósseis e reservas minerais.
Eles compõem o indicador de recursos naturais, um dos quatro analisados pelo IRI (veja infográfico). Continue lendo
São Paulo é 4ª cidade do mundo com mais investimentos estrangeiros em 2011, diz estudo
A cidade de São Paulo é a quarta no mundo que mais recebeu investimentos estrangeiros em 2011, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira em Paris e que integra 22 grandes cidades internacionais.
[Daniela Fernandes, BBC Brasil, 14 mar 12] A capital paulista avançou três posições no ranking em relação ao ano anterior, segundo o estudo “Observatório dos Investimentos Internacionais” – realizado pela consultoria KPMG e pela agência de investimentos francesa Paris-Ile de France Capital Économique. Continue lendo
Alguém Superior a Você ~ por Stephen Kanitz
Viajei uma vez de classe executiva, e ao meu lado um senhor de terno, cara de executivo, lendo a BÃblia.
Achei que fosse um destes bispos de igrejas que visam o lucro viajando com todo o conforto do mundo, mas era na realidade um Vice Presidente de uma empresa subsidiária da Alcoa.
Perguntei porque ele estava lendo a BÃblia.
“Como Vice Presidente de uma grande empresa eu tenho muita influência e poder sobre a vida de milhares de pessoas. Se eu não tomar cuidado, este poder pode subir à minha cabeça, o que causaria muita infelicidade.
Por isto, acho importante ir todo domingo à Igreja, para relembrar que existe uma pessoa mais poderosa e muito mais sábia do que eu.”
Eu já ouvi muitas razões para se ir todo domingo à Igreja, mas esta era uma ideia nova.
Achei uma razão muito interessante para ir até uma Igreja toda semana, não para pedir perdão ou pedir ajuda. Continue lendo
A renda do brasileiro ~ por Silvio Caccia Bava
O IBGE acaba de divulgar os primeiros resultados do Censo 2010. E os dados sobre a renda dos brasileiros contrastam com a imagem, difundida com sucesso, de que o Brasil está se tornando um paÃs desenvolvido, que está erradicando a pobreza.
[Le Monde Diplomatique Brasil, Edição 53] Ainda que nos últimos anos tenha havido uma melhora em quase todos os indicadores sociais, a questão é o piso de onde partimos e as polÃticas públicas praticadas. Um piso muito baixo, fruto de um arrocho de muito anos, e polÃticas públicas que não enfrentam com o devido rigor o núcleo gerador da pobreza: a produção da desigualdade.
Os dados do Censo que identificam o rendimento domiciliar per capita, divulgados no mês de novembro, mostram um cenário de pobreza que não está sendo debatido no espaço público: 25% da população têm uma renda mensal de até R$ 188. Cinquenta por cento da população têm uma renda mensal que não ultrapassa R$ 375. Traduzindo numa renda diária, os primeiros têm R$ 6,27, e os segundos, R$ 12,50. E estamos falando de metade da população brasileira. Continue lendo
Renda sobe e classe média vira maioria no campo
[Mauro Zanatta, Valor, 21 dez 11] Do ano 2003 até 2009, 3,7 milhões de pessoas passaram a fazer parte da agora predominante classe C, aponta um estudo inédito do Centro de PolÃticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) feito para o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A nova classe C rural, cuja renda domiciliar varia de R$ 1.126 a R$ 4.854 por mês, passou a dominar o cenário ao expandir-se 72% desde 2003. O estudo “Pobreza e a Nova Classe Média no Brasil Rural”, coordenado pelo pesquisador Marcelo Cortes Neri, mostra que esse estrato social somava 35,4% da população rural no ano passado – em 2003, era 20,6%. “A redução da desigualdade foi mais forte e mais rápida na área rural, sobretudo nas regiões mais pobres”, diz Neri. Em 2009, o segmento tinha 9,1 milhões dos 25,7 milhões de habitantes rurais.
A proporção de pobres, cuja renda per capita situa-se abaixo de R$ 145 mensais, é menor na área rural (39,5%) que na urbana (46%), mostram os microdados originados pelo IBGE. “A base é menor no rural, mas a queda é maior no Ãndice de desigualdade com indicador mais baixo”, diz Neri. Continue lendo
O violento silêncio de um novo começo ~ Slavoj Zizek
[IHU, 18 nov 11/El PaÃs, 17 nov 11; tradução Cepat] O que fazer depois da ocupação de Wall Street, com os protestos que começaram longe (Oriente Médio, Grécia, Espanha, Reino Unido) atingiram o centro e agora, fortalecidos, estão se espalhando pelo mundo? Um dos maiores perigos que enfrentam os manifestantes é enamorarem-se por si mesmos. Em São Francisco, numa concentração de solidariedade a Wall Street, no 16 de outubro de 2011, se ouviu um convite para participar no protesto, como se fosse uma concentração hippie dos anos sessenta: “Perguntaram qual é o nosso programa. Estamos aqui para nos divertirâ€.
Organizar uma acampamento é legal, mas o que realmente importa é o que sobra no dia seguinte, o que muda em nossa vida cotidiana. Os manifestantes devem enamorar-se do trabalho duro e paciente. Não são um final, mas um começo, e sua mensagem fundamental é: quebrou-se o tabu, não vivemos no melhor mundo possÃvel, e temos o direito e mesmo o dever, de pensar em alternativas. Em uma espécie de trÃade hegeliana, a esquerda ocidental voltou aos seus princÃpios depois de abandonar o chamado “fundamentalismo da luta de classes” pela pluralidade de lutas anti-racistas, feministas, etc, o problema fundamental volta a ser o “capitalismo”. A primeira lição deve ser: não devemos culpar as pessoas, nem atitudes. O problema não é a corrupção ou a ganância, é o sistema que nos empurra a ser corrupto. A solução não é “a rua em frente a Wall Street”, mas sim mudar o sistema no qual a rua não pode funcionar sem Wall Street. Continue lendo
A desglobalização e seus inimigos ~ por Frédéric Lordon
Equilibradas sobre o fio da dÃvida pública, as economias ocidentais pulam de crise em crise. Cúpulas em que se decide a sorte de um paÃs são rotina para os polÃticos, que, há três anos, assumem um papel de pronto-socorro das finanças. Mas um outro caminho tem sido aberto, quem tem medo da desglobalização?
[Frédéric Lordon, Le Monde Diplomatique, 16 nov 11] No inÃcio, as coisas eram simples: havia a razão, que andava em cÃrculos, e a insanidade. Os racionais estabeleceram que a globalização era a realização da felicidade, e todos aqueles que não tivessem o bom gosto de acreditar nisso deviam ser trancafiados. Por duas décadas, essa “razão†impediu metodicamente qualquer debate, concordando em abrir-se apenas quando sobreveio o espetáculo da maior crise do capitalismo.
Os terrÃveis efeitos da mega-austeridade europeia se farão sentir realmente na França a partir do primeiro semestre de 2012. No cruzamento entre delÃrio financeiro, polÃtica econômica tutelada pelo mercado e deslocalizações que prosseguem durante a crise, a globalização promete mostrar-se em seus mais ofuscantes trajes: desemprego, precariedade, desigualdade, perda da soberania popular.
A liberalização financeira e o poder acionário, a construção da Europa com base na escolha deliberada de expor a polÃtica econômica à disciplina do mercado financeiro, a concorrência livre e leal são todas aquelas coisas intocáveis que devem ser ditas (contra o inferno das que não devem ser ditas) para poder continuar apertando a mão do ministro, ser convidado para falar na televisão, ser consultado pelos partidos (de esquerda e direita) – em uma palavra, ser amado pelas instituições. Continue lendo
Metade da população brasileira vivia com menos de um salário mÃnimo em 2010
[Flávia Villela, Agência Brasil, 16 nov 11] Metade da população recebeu mensalmente, durante o ano de 2010, até R$ 375 – valor inferior ao salário mÃnimo, de R$ 510, pago na época, embora a média nacional de rendimento domiciliar per capita fosse R$ 668. Apesar da tendência de redução observada nos últimos anos, os resultados do Censo Demográfico 2010 mostram que a desigualdade de renda ainda é bastante acentuada.
Além disso, os 10% mais ricos da população brasileira ficaram, em 2010, com 44,5% do total de rendimentos, enquanto os 10% mais pobres, 1,1%.
Os dados fazem parte dos resultados definitivos do universo do Censo 2010 divulgado hoje (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica.
No que se refere ao rendimento médio mensal domiciliar per capta, os 10% com os rendimentos mais elevados ganhavam R$ 9.501, enquanto as famÃlias mais pobres viviam com apenas R$ 225 por mês.
De todos os brasileiros acima de 10 anos de idade que têm com rendimentos, 0,5% recebiam mais de R$ 10,2 mil mensais na cidades e 0,1% no campo. Na área rural, 46,1% recebiam R$ 596. Na zona urbana, esse valor alcançou R$ 1.294. Continue lendo