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A Igreja-instituição como “casta meretriz” ~ Leonardo Boff

Quem acompanhou o noticiário dos últimos dias acerca dos escândalos dentro do Vaticano, trazidos ao conhecimento pelos jornais italianos “La Repubblica” e o “La Stampa”, referindo um relatório com trezentas páginas, elaborado por três Cardeais provectos sobre o estado da cúria vaticana deve, naturalmente, ter ficado estarrecido. Posso imaginar nossos irmãos e irmãs piedosos que, fruto de um tipo de catequese exaltatória do Papa como “o doce Cristo na Terra” devam estar sofrendo muito, pois amam o justo, o verdadeiro e o transparente e jamais quereriam ligar sua figura a notórios malfeitos de seus assistentes e cooperadores.

O conteúdo gravíssimo destes relatórios reforçaram, no meu entender, a vontade do Papa de renunciar. Aí se comprovava uma atmosfera de promiscuidade, de luta de poder entre “monsignori”, de uma rede de homossexualismo gay dentro do Vaticano e desvio de dinheiro do Banco do Vaticano. Como se não bastassem os crimes de pedofilia em tantas dioceses que desmoralizaram profundamente a instituição-Igreja. Continue lendo

‘É difícil separar religião e política’, afirma d. Odilo Scherer

À frente da arquidiocese de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer cuida de cerca de 4,5 milhões de almas católicas e cumpre, com afinco, determinação do papa Bento 16: levar o rebanho a confirmar e redescobrir sua fé.

[Paula Bonelli, O Estado de S.Paulo, 30 abr 12] O trabalho envolve liderar as fileiras de bispos e outros sacerdotes, mas também garantir a presença da Igreja na mídia e ocupar espaços públicos – em um campo religioso cada vez mais competitivo. Continue lendo

Ravasi, o cibercardeal: ”Assim levamos a fé à rede”

Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, usa redes sociais, abriu um blog, fala com o administrador do Google e explica por que a Igreja deve ir para rede.

[Marco Ansaldo, La Repubblica, 14 dez 11/IHU 16 dez 11, tradução Moisés Sbardelotto] “O homem é o único animal capaz de corar. Mas também é o único que precisa disso (Mark Twain)”. “Cair não é perigoso, nem é desonroso. Mas não se levantar é as duas coisas (Konrad Adenauer)”. O comentário de um dos seus 4.419 seguidores: “Se todos seguissem @CardRavasi ninguém pediria que a Igreja pagasse o ICI [imposto municipal sobre os imóveis]”. Uma piada, obviamente, mas que dá conta da popularidade de um cardeal agora ativo também no Twitter.

Um cardeal que estreou na rede com um blog pessoal, que colabora com jornais “seculares” online, que vai à TV, que escreve todos os dias a coluna Mattinale do jornal dos bispos Avvenire, que participa em conferências que vão desde a mídia à música contemporânea, que organiza encontros inéditos noVaticano para blogueiros jovens. Ele defende que a Igreja está para trás, e que chegou a hora da Internet. Ele também viaja o mundo com a sua iniciativa do”Átrio dos Gentios”, que se abriu aos seculares e até mesmo aos ateus. Continue lendo

Milhares sofreram abuso em instituições católicas na Holanda, diz relatório

[BBC Brasil, 16 dez 11] Dezenas de milhares de crianças sofreram abuso sexual em instituições católicas holandesas desde 1945, segundo um relatório preparado por uma comissão independente no país.

O documento diz ainda que líderes da Igreja Católica sabiam dos abusos, mas não tomaram medidas para acabar com os frequentes episódios que aconteciam em escolas, seminários e orfanatos.

Após realizar uma pesquisa com mais de 34 mil pessoas, o relatório estima que uma em cada cinco crianças em instituições católicas sofreram algum tipo de abuso.

Denúncias

A investigação foi realizada após uma série de denúncias no leste da Holanda. Em agosto de 2010, a comissão independente começou a analisar 1,8 mil relatos e acabou identificando 800 supostos responsáveis pelos abusos, 100 dos quais ainda estão vivos.

A comissão buscou ainda descobrir detalhes do que aconteceu e sugerir que tipo de indenização deveria ser oferecida às vítimas.

No mês passado, a Igreja Católica na Holanda criou um sistema de indenizações entre 5 mil e 100 mil euros (R$ 12 mil – R$ 240 mil), dependendo da gravidade do abuso sofrido.

Segundo analistas, a população holandesa, 29% católica, aguardava ansiosamente os resultados da pesquisa realizada pela comissão.

Igreja católica dos Estados Unidos sofre evasão crônica de fiéis

Dois milhões “estão em fuga” de Roma. É o efeito causado pelos abusos: uma hemorragia de fiéis nos Estados Unidos. 3% dos católicos norte-americanos abandonaram a Igreja por causa dos escândalos dos sacerdotes pederastas, segundo um estudo da Universidade de Notre Dame realizado por Daniel M. Hungerman.

[Giacomo Galeazzi, Vatican Insider/IHU, 25 nov 11]. E quem tira maior proveito da crise do catolicismo norte-americano é a confissão batista. Guido Mocellin, na revista dos padres dehonianos Il Regno, já havia chamado a atenção sobre o propósito de uma “crise de credibilidade” da Igreja nos Estados Unidos. A culpa é sobretudo da linha de conduta de omissão aplicada pelos bispos antes que a “tolerância zero” fosse imposta por Bento XVI. Continue lendo

Os que se afastaram da Igreja. Um desafio

[IHU, 21 nov 11] Ir ao encontro das pessoas que se afastaram da Igreja é um  desafio que as igrejas, em diferentes países procuram responder. Esta foi o tema central abordado pelo novo presidente da Conferência Episcopal dos EUA. O discurso do arcebispo de Nova York é tema do editorial da revista inglesa The Tablet, 19–11-2011. A tradução é de Benno Dischinger. Eis o editorial.

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Jesus Cristo e a Igreja são um todo único. Assim o afirmou o arcebispo Timothy Dolan de Nova York diante de seus colegas bispos: este princípio é, segundo ele, a chave para inverter o declínio da participação à missa dominincal nos Estados Unidos, fato que caracteriza a Igreja Católica naquele país e, – teria podido acrescentar,- também alhures. “Talvez, irmãos, o nosso desafio pastoral mais urgente seja hoje o de reafirmar a verdade, para atualizar o brilho, a credibilidade e a beleza da Igreja “sempre antiga e sempre nova”, e inovarmos sua face que é a de Jesus, assim como Ele é a face de Deus. Continue lendo

Bento 16 vai encontrar Igreja dividida e cada vez menor na Alemanha

De um lado estão os movimentos conservadores que o apoiam; do outro, os liberais que pedem mudanças: Bento 16 inicia nesta quinta uma visita a um país onde a Igreja Católica está dividida e perde fiéis.

[DW, 21 set 11] Queixas sobre a posição do Vaticano em relação a temas como sexualidade, divórcio e celibato deverão acompanhar a visita do papa Bento 16 ao seu país natal, que se inicia nesta quinta-feira (22/09) em Berlim.

Embora não se espere que Bento 16 faça qualquer concessão aos que clamam pela modernização da Igreja Católica, a Santa Sé está bem consciente do crescente esvaziamento por que passa a igreja na Alemanha, na Áustria e na Suíça alemã. Só em 2010, mais de 180 mil alemães cancelaram sua filiação à Igreja Católica, quase 50% mais que no ano anterior.

A frustração frente ao comprometimento da Igreja com valores tradicionais veio à tona na Alemanha após o Concílio Vaticano 2° (1962-65), com o surgimento de movimentos de reforma como o Wir sind Kirche (Nós somos Igreja). Continue lendo

Hans Küng, teólogo alemão, questiona beatificação de João Paulo 2°

O teólogo alemão Hans Küng critica a beatificação de João Paulo 2°, afirmando que isso implica, na verdade, a beatificação de uma política eclesiástica reacionária.

[DW, 1 mai 11] Milhares de pessoas presenciaram no Vaticano neste domingo (01/05) a missa celebrada pelo papa Bento 16 para a beatificação de seu antecessor, João Paulo 2º, falecido em 2005.  Essa foi a penúltima etapa no reconhecimento do papa polonês como santo pela Igreja Católica.

Em entrevista à emissora Deutschlandfunk, o teólogo alemão Hans Küng criticou o papa João Paulo 2°, classificando-o de intolerante, reacionário e sem disposição para o diálogo. O teólogo, que foi proibido de lecionar teologia católica em 1979 por João Paulo 2°, afirma na entrevista “não entender como se pode beatificar tal homem, como se pode fazer dele um exemplo para a Igreja”.

Küng também criticou a violação do direito canônico devido ao desrespeito dos prazos de beatificação por parte da Santa Sé. Continue lendo

Nem padre nem leigo ~ José Arregui

[Adital, 14 mar 11] Eu ia dar a este artigo o título: “Eu sou leigo”. Agora, por causa de doutrinas e interpretações que nunca nos deveriam ter trazido até aqui, comecei o duplo processo de exclaustração (abandono da “Vida Religiosa”) e de secularização (abandono do sacerdócio), eu queria fazer um brinde ao meu novo estado e dizer “Estou honrado por ser leigo, pela graça de Deus. Fico feliz em ser um de vocês, a imensa maioria na Igreja”.

Mas tenho de me corrigir desde já. Leigo? Não, realmente não sou leigo nem quero sê-lo, pois este termo só tem sentido em contraposição a clérigo e sempre no sentido de menos importante, de falta de alguma coisa. Não sou leigo nem quero sê-lo, porque esse nome foi inventado pelos clérigos que – ninguém se admire – sempre foram os poderosos que impuseram a sua linguagem. Não quero ser leigo, que seria como dizer cristão raso e de segunda, cristão subordinado.

O Direito Canônico vigente dá uma estranha definição do termo: “leigo” é aquele que não é clérigo ordenado nem religioso com votos. Não designa algo que é, mas algo que não é. Leigo, então, por definição canônica, não tem identidade nem função na Igreja, por ter sido despojado. Leigo é o que não fez os três votos canônicos de pobreza, castidade e obediência, ainda que, quase com certeza, tenha de cumprir esses votos e até vários outros, tanto ou mais que os religiosos instalados em seu “estado de perfeição”.

Leigo é o que não pode presidir a “fração do pão”, a ceia de Jesus, a memória da vida. Leigo é o que não pode dizer, em nome de Jesus, de maneira efetiva: “Irmão, irmão, não te aflijas porque estás perdoado e sempre o estarás. Ninguém te condena, não condenes a ninguém. Vai em paz, vive em paz”. Leigo, que não pode dizer a um casal apaixonado: “Vou abençoar o seu amor; seu amor, enquanto ele durar; é um sacramento de Deus”. Continue lendo

Escândalos de pedofilia provocam êxodo de fiéis da Igreja Católica alemã

[Mark Hallam, DW, 19 dez 2010]

Dezenas de milhares de alemães cancelaram sua filiação à Igreja Católica em 2010 – muito mais do que em anos anteriores – privando-a de seus impostos. Escândalos de abuso sexual parecem ser motivo central de deserções.

O número de alemães que abandonaram a Igreja Católica em 2010 é superior, em vários milhares, ao dos anos anteriores, revelou um estudo realizado pelo jornal Frankfurter Rundschau. Há indicadores de que a motivação central dos fiéis tenha sido a recente onda de escândalos de abuso sexual de menores.

A diocese de Augsburg, na Baviera, acusou uma das piores cifras: até meados de dezembro, 11.351 de seus fiéis desertaram, contra 6.953 em 2009. Seu antigo bispo, Walter Mixa, foi forçado a renunciar em abril último, devido a acusações de abuso físico e fraude.

Em Rottenburg-Stuttgart, no sudoeste do país, 17.169 católicos deixaram a diocese até meados de novembro de 2010, quase 7 mil a mais do que no ano anterior. Trier, Würzburg, Osnabrück e Bamberg igualmente acusaram altas taxas de deserção. Continue lendo

O colapso dos seminários [católicos]

Vivemos um momento fascinante da história eclesial. Para aqueles que acompanham os comentários nas publicações mais intelectualmente atentas ao redor do mundo, o colapso agora é quase palpável, apesar de acontecimentos como a canonizações em Roma há poucas semanas.

O Vaticano II tem sido visto por muitos como uma oportunidade para a Igreja se renovar e manter sua relevância no mundo moderno. Tom McMahon, como muitos de nós, ficou muito animado com o horizonte que o Concílio entreabriu. Hoje, a iniciativa se perdeu, e a instituição parece estar desmoronando em um museu e em uma reminiscência, largamente irrelevante para as necessidades da grande maioria que ela uma vez batizou em nome de Jesus.

McMahon continua sua exploração do colapso. Hoje, ele chama a atenção para o sistema de seminários, que está no núcleo do poder da instituição desde o Concílio de Trento.

Tom McMahon é ex-padre e agora casado, vive em San Jose, nos EUA, e continua contribuindo com a discussão católica em diversos âmbitos. O artigo foi publicado no sítio Catholica, 26-10-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto. Continue lendo

Igreja pede contribuições de fiéis para ver o papa na Grã-Bretanha

A Igreja católica da Grã-Bretanha pediu que os fiéis do país paguem entre 10 e 25 libras (equivalente a entre R$ 27 e R$ 70) para assistir a missas e outros eventos públicos do papa Bento 16 durante sua visita ao país em setembro, de acordo com o jornal britânico The Times.

Os donativos vão ser usados para pagar parte dos custos da viagem de quatro dias, calculados em 12 milhões de libras (aproximadamente R$ 33,5 milhões) para o contribuinte do país.

A Igreja britânica deve contribuir com 7 milhões de libras (cerca de R$ 19,5 milhões).

Bento 16 deve passar quatro dias viajando pela Grã-Bretanha e irá visitar Londres, Edimburgo, Glasgow e Birmingham.

Produtos

O alto custo da viagem do papa – e o seu ônus para o contribuinte – provocaram polêmica no país, onde a maioria da população é anglicana, não católica.

O evento mais caro (25 libras) será a missa em Birmingham dia 19 de setembro, na qual o cardeal John Henry Newman será beatificado, diz uma nota divulgada pela Conferência de Bispos da Inglaterra e do País de Gales.

O evento mais barato será uma vigília de orações no parque londrino Hyde Park, dia 17, com ingressos a cinco libras.

Cada fiel que contribuir financeiramente receberá, além do ingresso para o evento, um CD comemorativo e um cartão postal.

De acordo com o jornal italiano Corriere della Sera, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, salientou que aqueles que não possam pagar para ver o papa serão isentos da contribuição.

O coordenador da visita papal, monsenhor Andrew Summersgill, também enfatizou que o que a igreja está pedindo “é uma contribuição, não uma taxa”.

Merchandising

Também começaram a ser comercializados na Grã-Bretanha produtos comemorativos da visita, como camisetas, bandeiras, bonés, velas e canecas.

As camisetas têm estampas variadas e preços que variam de 15 a 20 libras (cerca de R$ 42 a R$ 55). Os bonés saem por 15 libras e canecas, por entre oito e dez libras (R$ 22 e R$ 28).

A última visita de um papa ao país foi em 1982, quando João Paulo 2º fez uma visita pastoral.

Bento 16 foi convidado pela rainha Elizabeth 2ª para uma visita tanto pastoral, como de chefe de Estado.

Fonte: BBC Brasil, 5 ago 2010