Santo e senha da Teologia da Libertação, o jesuÃta salvadorenho de origem basca Jon Sobrino continua sendo uma referência mundial aos que, na Igreja, buscam um Deus encarnado que opta pelos seus preferidos, os pobres. De passagem por Bilbao, ele diz que, “em conjunto, a Igreja costuma se distanciar de Jesus para não incomodar”. E também assegura que o “enoja e envergonha” a situação do mundo atual, porque “o primeiro mundo continua colocando o sentido da história na acumulação e no desfrute que a acumulação permite”. [Asteko Elkarrizketa, Jornal Gara, 19 dez 10/IHU 21 dez 2010] Eis a entrevista.
Contam-me – de brincadeira – que o senhor está cansado do mundo e também lhe ouvi dizer mais de uma vez que o senhor quer poder viver sem sentir vergonha do ser humano. Qual é a razão?
Às vezes, eu sinto vergonha. Por exemplo, interessamo-nos de verdade pelo Haiti? Obviamente, ele levantou interesse no começo e teve algumas respostas sérias. Mas passa um tempo e já não importa… Outro exemplo que contei outras vezes: em um jogo de futebol de equipes de elite jogando a Champions [League], calculei que, no campo, entre 22 jogadores, havia duas vezes o orçamento do Chade… Isso me enoja e me envergonha. Algo muito profundo tem que mudar neste mundo… Continue lendo