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Situação dos índios brasileiros é crítica também fora da Amazônia

Neste Dia Internacional dos Povos Indígenas, podem-se comemorar avanços nos direitos indígenas e 400 terras demarcadas no Brasil. Mas índios brasileiros ainda enfrentam adversidades. E não apenas no norte do país.

[DW, 9 ago 11] Pouco antes deste Dia Internacional dos Povos Indígenas (09/08), criado pela ONU em 1994, a organização Anistia Internacional divulgou um relatório alarmante sobre a situação dos povos indígenas no continente americano.

Intitulado Sacrificando Direitos em Nome do Progresso: povos indígenas ameaçados nas Américas, o documento cita o emblemático caso brasileiro de Belo Monte, no rio Xingu, e o dos Guaranis em Mato Grosso do Sul. Especialistas revelam que também as condições de vida dos índios no sul do país são preocupantes. Continue lendo

Mortalidade infantil indígena cresce 513%

[Leonardo Sakamoto, 1 jul 11] De tempos em tempos, vem à tona a notícia de que mais uma criança indígena morreu por desnutrição em algum lugar do Brasil. O avanço da agropecuária e das cidades têm expulsado muitos povos tradicionais de suas terras ou transformando-as em favelas, o que tira deles sua autonomia alimentar. Não é coincidência, portanto, que o Estado que é a principal ponta-de-lança do agronegócio nacional, o Mato Grosso, seja também o que apresenta os números mais preocupantes de morte de crianças. É claro, sem contar o sempre presente Mato Grosso do Sul, que é hour concours no quesito “roubo de terras de populações indígenas e apropriação ilegal de sua força de trabalho” .

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou, nessa quinta, o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil -2010 destacando que a mortalidade infantil indígena cresceu 513% se comparada a 2009. Ao todos, foram 92 crianças mortas por desnutrição ou por doenças facilmente tratáveis. O Cimi destacou a situação do povo Xavante da Terra Indígena Parabubure, no Mato Grosso, onde 60 crianças morreram vítimas de desnutrição, doenças respiratórias e doenças infecciosas – o que equivale a 40% do total de nascimentos no período.

De acordo com o Conselho, o fato é conseqüência do descaso e do abandono em que vivem os indígenas do país, sendo as crianças a população mais vulnerável. No Mato Grosso, a assistência médica é precária, faltam equipamentos, médicos, enfermeiros, medicamentos e transporte para levar os doentes até a cidade. Continue lendo

Quem são os ianomâmis?

Visitantes de outras aldeias se preparam para a entrada na maloca onde se realizou a Quarta Assembleia da Hutukara Associação Yanomami, em Toototobi (AM)

[Texto de Marcelo Leite, publicado na Folha SP, 21 nov 2010]

Os primeiros contatos sistemáticos de brancos com ianomâmis, em território brasileiro, aconteceram nos anos 1940. Antes disso, só se conheciam as informações coletadas por viajantes como o etnógrafo alemão Theodor Koch-Grünberg, que travou contato com os ianomâmis em 1911-1913 e escreveu sobre suas guerras com a etnia dos iecuanas, e os relatos esporádicos de seringueiros, castanheiros e piaçabeiros que topavam acidentalmente com aqueles índios nômades, falantes de uma língua desconhecida e temidos por povos vizinhos como poderosos guerreiros e feiticieiros. Militares da Comissão Brasileira de Demarcação de Limites (CBDL) percorrem várias vezes as montanhas que servem como divisor de águas entre as bacias do Orenoco e do Amazonas, entre 1938 e 1945, com a missão de fixar a fronteira entre Brasil e Venezuela.

Foi o início de uma demanda irreprimível dos índios por objetos de metal, como machados e terçados. E foi também o início de uma fabulação ambígua sobre os ianomâmis, em que se misturam imagens de um povo idilicamente isolado, ainda chamado de “guaharibos”, com as de grupos violentos e vingativos. Imbuído do positivismo benevolente que o futuro marechal Rondon imprimiria ao Serviço de Proteção ao Índio, Rubens Nelson Alves relata a expedição de 1942-1943 à região do rio Mucajaí como emissária do mundo civilizado, portadora de paz e amizade para “um grande império silvícola”. Dois anos antes no Demini, porém, um acampamento de base da CBDL sofrera um ataque dos ianomâmis, com vários feridos. Continue lendo

Kuntanawa: memórias de um povo amazônico

Eles foram quase exterminados no início do século 20 com o avanço dos seringais no estado do Acre, na região norte do Brasil. Sua língua se extinguiu e sua cultura praticamente desapareceu. Os Kuntanawa são um povo que hoje luta pelo resgate de sua identidade e tradição. Eles se misturaram com a população cabocla local no oeste do Acre e estiveram prestes a perder seus traços indígenas.

Em 1911, durante as perseguições armadas aos povos indígenas que acompanharam a abertura e a instalação dos seringais em todo o Acre, a etnia Kuntanawa, ou inicialmente grafada ‘Kontanawa’ – o povo do côco –, contabilizava apenas cinco sobreviventes. Atualmente, soma cerca de 400. Eles não falam mais a sua língua tradicional, pertencente ao tronco linguístico Pano, falam apenas o português. Continue lendo

Situação de Guaranis no Brasil é a pior entre os indígenas das Américas

As condições de vida e os direitos dos povos indígenas Guarani do Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste brasileiro, estão sendo extremamente violados e ameaçados. Se comparados com outras etnias das Américas, os indígenas estão entre os que vivem em piores condições.

Foram estas as constatações do relatório produzido pela Survival International para o Comitê para Eliminação da Discriminação Racial da Organização das Nações Unidas (Cerd ONU).O relatório, que será divulgado em 21 de março, Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, revela que problemas como assassinatos, suicídios, desnutrição, alcoolismo e deslocamentos forçados estão no topo das situações extremas enfrentadas pelos Guarani. O fator predominante para o desencadeamento das problemáticas é o não reconhecimento do direito a terra.

Após visita ao Brasil, em novembro de 2009, a comissária para Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, constatou que a situação de descaso com os indígenas Guarani se contrapõe totalmente ao progresso econômico do país.Em outubro do mesmo ano, a ex-ministra do Meio Ambiente, Senadora Marina Silva, também esteve no Mato grosso do Sul e declarou que “os problemas enfrentados pela população indígena ‘são de natureza muito grave’ e que os 45 mil índios do Estado enfrentam um verdadeiro ‘apartheid social’, devido à falta de garantias para que possam exercer seus direitos”.

Após assistirem de mãos atadas ao roubo de suas terras e constatarem as recusas do governo brasileiro e do Estado do Mato Grosso do Sul em reconhecerem seus direitos a terra, o povo Guarani está sendo obrigado a “se envolver em trabalhos forçados” ou oferecer sua mão de obra por uma remuneração miserável para sobreviver.

Uma das principais causas da tomada de territórios Guarani é o crescente interesse nas terras para a produção de cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, e para a plantação de soja e chá, além da criação de gado e para programas de assentamento do governo. Por estes motivos, grandes comunidades indígenas têm como última opção montar acampamentos na beira de rodovias, onde são alvos fáceis de atropelamentos e da ação de pistoleiros contratados por fazendeiros.

O saqueio das terras também acarreta a existência de “aldeias superlotadas”, onde a população depende de ajuda do governo para sobreviver e passa por problemas de deterioração da saúde e desnutrição. A prova, é que os Guarani do Brasil tem expectativa de vida mais de 20 anos abaixo da média nacional.

Esta soma de fatores é também o principal motivo desencadeador de suicídios. De acordo com o relatório da Survival que será encaminhado para a ONU, o índice de suicídio entre os Guarani é um dos mais altos no mundo. Mais de 625 indígenas tiraram a vida desde 1991, entre eles, crianças de apenas nove anos. Em 2005, o índice de suicídio entre os Guarani foi 19 vezes mais alto do que o índice nacional.

Com o inevitável deslocamento para outros territórios, ocorre uma desestruturação da sociedade Guarani. Os homens vão em busca de trabalhos temporários em fazendas e refinarias saindo do convívio de suas famílias e abandonando seus modos de organização social. A não aceitação dos despejos forçados ocasiona detenções injustas, destruição de casas e comunidades e assassinatos.

Em suas conclusões, a Survival International apela ao Cerd a fim de que o governo brasileiro tome uma série de medidas que visem garantir os direitos e o respeito ao modo de vida dos Guarani. No topo das reivindicações está a finalização, em caráter de urgência, do programa de demarcação das terras. Também é pedido que seja respeitada a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e a Convenção 169 da OIT sobre os direitos de povos indígenas. Outras reivindicações estão relacionadas à agilização dos casos de disputa de terras, fim da impunidade dos crimes cometidos contra os Guarani e medidas para que os indígenas não sejam ilegalmente detidos.

Para ler o relatório na íntegra, acesse: http://assets.survival-international.org/documents/208/Survival_Guarani_Report_Portuguese-2.pdf

Fonte: Natasha Pitts, Adital, 18 março 2010

Operação do GOE prende 10 índios Potiguaras

O Norte, 4 fev 2010

Operação do GOE prende 10 índios potiguaras acusados latrocínios e assaltos no litoral

A Operação “Potiguara” prendeu no início da manhã desta quinta-feira, dia 4, um grupo formado por 10 índios de aldeias do litoral norte do estado acusados de assaltos e latrocínios. Um dos presos é filho de um cacique. A ação foi realizada por policiais civis e miltiares.

Os índios aterrorizavam principalmente a região que envolve os municípios de Mataraca, Marcação, Rio Tinto e Baia da Traição.

O delegado Valber Virgulino, que comanda o Grupo de Operações Especiais (GOE), informou que os índios foram levados para a Central de Polícia, em João Pessoa.

As prisões ocorreram com autorização da Justiça. Foram expedidos 13 mandados de prisão, sendo que 10 foram cumpridos. Os índios moravam em aldeias dos municípios de Rio Tinto, Baía da Traição e Mataraca. O delegado informou que uma arma foi apreendida na casa de um dos acusados.

Na Operação Potiguara também foi encontrada uma arma que teria sido utilizada em um dos crimes praticados pelo grupo. Segundo a polícia, há indícios de que os acusados atuavam em conjunto, mas ainda não é possível caracterizar formação de quadrilha.

Índios da PB e PE fecham sede da Funai em Brasília durante protesto

Fonte: Da Agência Brasil

Cerca de 500 índios fecharam nesta terça-feira, dia 12, a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) protestando contra o Decreto 7.056, editado em 28 de dezembro do ano passado, que, segundo eles, extingue administrações e postos do órgão.

“Esse decreto, que havia sido anunciado como uma medida de reestruturação da Funai, nada mais significa do que a extinção de 24 das cerca de 50 administrações regionais [do órgão indigenista] e de todos os postos indígenas no país”, afirmou o cacique geral Caboquinho Potiguara, indicado porta-voz das cerca de 20 etnias que participam do protesto.

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Marina Silva chama atenção para situação do povo guarani-kaiowá

Da Redação / Agência Senado

A senadora Marina Silva (PV-AC) comentou nesta quarta-feira (21) sua visita à terra indígena Yvy Katu, em Mato Grosso do Sul, onde foi realizada a Grande Assembléia Guarani Kaiowa. Ela explicou que, durante esse evento anual, os índios praticam suas rezas e discutem os problemas da comunidade.

Segundo a senadora, os problemas enfrentados pelos indígenas “são de natureza muito grave” e de difícil solução. A senadora explicou que os índios guarani-kaiowá estão distribuídos em comunidades, mas grande parte deles se localizam às margens de estradas federais da região, em acampamentos, esperando o reconhecimento do direito de posse de suas terras tradicionais. Na reserva que fica perto de Dourados (MS), informou a senadora, 13 mil indígenas habitam apenas 3.500 hectares.

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